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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

A Constelação de Ingá


Itaquatiara de Ingá  -  Nordeste do Brasil  -  Amazonas

Terão os indígenas que viviam na selva há dez mil anos conhecido e, utilizado, uma escrita simbólica? Que quereriam estes artistas Pré-Históricos comunicar através destas representações figurativas? E a quem seriam destinadas...? Aos deuses, aos povos contíguos ou aos seres vindos das estrelas e, estabelecido contacto com essas forças superiores através dos seus símbolos?

Os Símbolos da Itaquatiara de Ingá
Um dos documentos mais invulgares da História da Humanidade permaneceu durante milénios escondido nas florestas tropicais do Amazonas. Na região Nordeste do Brasil, oitenta quilómetros a leste da cidade de Manaus - uma verdadeira metrópole no meio da selva - ergue-se nas margens do rio Ingá um imponente bloco de pedra com 23 metros de largura e 3 metros de altura.
A sua superfície está repleta de enigmáticos símbolos: linhas serpenteantes, espirais, seres de aspecto humano, outros deles estranhos e também animais que se assemelham a dinossauros. Daí as muitas perguntas que hoje fazemos perante tamanha dimensão artística: Que quereriam eles comunicar através destas representações figurativas? E a quem terão sido destinadas? Terão os indígenas que viviam na selva há dez mil anos conhecido e, utilizado, uma escrita simbólica? Terão sido os Egípcios a deixar aqui esta mensagem lavrada em pedra, como alguns acreditam? Ou terá em tempos longínquos existido uma cultura megalítica que se espalhou pelo mundo inteiro?...
Nenhuma destas questões pode até hoje ser respondida satisfatoriamente, mesmo sendo cada uma delas parte integrante de uma hipótese arrojada.

Descobertas Fantásticas
Foi em 1944 que o brasileiro Anthero Pereira, professor de Arqueologia na Universidade de São Paulo, se deparou na região de Ingá - até então inacessível - com uma itaquatiara, uma palavra de origem Tupi que designa um enorme bloco de granito coberto de gravuras, desenhos ou pinturas.
No decurso das investigações realizadas em torno deste bloco de pedra, os cientistas chegaram à conclusão de que, já há 5000 anos, muito antes do aparecimento dos primeiros sinais de escrita na Suméria ou no Egipto, os indígenas do Amazonas usavam símbolos que se assemelhavam em muito a uma língua escrita.
As expedições de investigação realizadas a regiões do Nordeste brasileiro deram conta da existência de numerosos locais semelhantes, os quais haviam permanecido dez milhares de anos sob a protecção de grupos e, desfiladeiros de vertentes escarpadas. Terão os sacerdotes e os soberanos pretendido perpetuar conhecimentos, transmitindo-os aos vindouros através daqueles desenhos? Teriam através dos símbolos estabelecido contacto com forças superiores?
O que mais desperta a atenção, é efectivamente o enorme e, intencional esmero, com que aqueles sinais com apenas alguns milímetros foram gravados na pedra dura. Por que razão se teriam dado a tão grandes trabalhos, sendo eles simples caçadores, recolectores e, pescadores?

Cultos Cósmicos
O bloco de pedra de Ingá parece ter sido o centro de um culto religioso, no âmbito do qual se realizavam observações astronómicas que se deverão ter revestido de grande importância. Já em 1974 o doutor José B. Medeiros, do Rio de Janeiro, publicou um estudo no qual demonstrava a semelhança entre determinados círculos na itaquatiara e, a Constelação de Orion, bem como a própria Via Láctea. Com base noutros desenhos - que foram identificados como sendo representações de Marte, de Júpiter e de Saturno - fica a ideia de que astrónomos antigos terão calculado há 6095 anos a localização concreta de uma determinada constelação. A Itaquatiara de Ingá parece também ter sido um calendário solar, uma vez que a sombra que projecta vai passando, uns após os outros, por 114 pequenos círculos, os quais demonstram claramente o ciclo solar anual. Por fim, o doutor Francisco C. Pessoa, do Rio de Janeiro, reconheceu constelações que, nas narrativas mitológicas dos índios brasileiros Tupi-Guarani, desempenham um importante papel espiritual.
Certas ideias religiosas e culturais dos tempos mais primitivos da Humanidade, mantêm-se até aos nossos dias praticamente inalteradas: lavradas em pedra e, transmitidas oralmente. As gravuras rupestres brasileiras constituem assim uma ponte fantástica entre a actualidade e aqueles seres humanos que, há centenas de gerações, começaram a questionar o mundo em que viviam, enviando os resultados dessa reflexão - registados em pedra - numa viagem pelo tempo até ao futuro.

Culturas Universais
Em 1945, o linguista brasileiro Alberto Childe, do Rio de Janeiro, foi a primeira pessoa a reparar nas assombrosas semelhanças entre as inscrições rupestres da Itaquatiara de Ingá e, outros sinais que foram encontrados nos Andes peruanos e na distante ilha da Páscoa, no meio do Oceano Pacífico.
Passado pouco tempo, um explorador francês, o professor Marcel Homet, entusiasta da Pré-História, visitou os locais megalíticos da selva brasileira e comparou os glifos aí encontrados com a escrita grega antiga e, com os sinais da escrita fenícia. A representação de uma flor de lótus parece indiciar uma ligação à Sardenha, assim como aos Celtas. Talvez os criadores das gravuras tenham pertencido a uma cultura que terá outrora estado espalhada por todo o mundo. Representações de navios encontradas na Amazónia poderão indicar a existência - já remota no tempo - desses contactos, com uma civilização entretanto desaparecida. Toda esta demonstração pictórica revela-nos também a existência de chefes tribais e xamãs, uma vez que, estão representadas não só corpos celestes e constelações mas, figuras com as respectivas cabeças ornamentadas.

Os seres humanos que há dez mil anos cobriram com figuras simbólicas este bloco de rocha situado na região de Ingá, no Amazonas, deverão ter tido de facto, estes conhecimentos de Astronomia bastante exactos. Daí que se questione então, toda esta simbologia na pedra em revelação ou mesmo comunicação com os seres estelares que provavelmente os visitariam e, interagiam com eles. São meras suposições mas que, existencial e razoavelmente nos intriga, pelo tanto que é exposto nesse imenso bloco de pedra na Amazónia. Acredita-se que algo de muito evocativo e superior aí se terá gerado no que hoje em dia apenas podemos supor, especular e mesmo insinuar desses povos ancestrais em selva cerrada mas, agora, aberta ao mundo num portentoso tesouro pré-histórico, mitológico e astronómico. Que se preserve, que se estude e se nos revele na verdadeira dimensão de conhecimentos havidos como uma espécie de constelação terrestre em sapiência e, sabedoria futuras. Assim seja!

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