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segunda-feira, 21 de abril de 2014

As Quatro Verdades


Jardim Sagrado de Lumbini - Nepal

Será a «Grande Ordem», a lei cósmica a que obedece o nosso mundo, a verdade de todas as coisas em manifestação e fenómeno no que todos desejamos alcançar em «darma» subsequente? Entraremos no Nirvana se seguirmos a mesma via de Buda num caminho «desperto» em postura física e moral mais sãs e, conectadas com o grande ventre materno do Universo?

As Quatro Nobres Verdades
O conhecimento fundamental que foi revelado a Siddharta Gautama (Buda) através da iluminação são as «Quatro Nobres Verdades».
Primeira: Toda a existência é dolorosa e todas as alegrias e prazeres são efémeros e sem valor duradouro.
Segunda: Considerando que o sofrimento tem uma razão, cada elemento da nossa experiência surge em consequência dos que o precederam, num processo cíclico contínuo.
Terceira: A causa do sofrimento pode ser determinada.
Quarta: O sofrimento pode ser eliminado se o ser humano seguir o caminho que Siddharta (agora Buda, literalmente «um desperto») caracterizou como a «nobre via de oito braços», o âmago do budismo, de onde derivam a forma de vida, a postura moral e a prática religiosa dos budistas.

A Via de Oito Braços
A via de oito braços incita o ser humano à compreensão correcta, à decisão correcta, à palavra correcta, à acção correcta, aos meios de existência correctos, ao esforço correcto, à atenção correcta e, à concentração correcta. A compreensão correcta significa o conhecimento das quatro nobres verdades e, da impessoalidade da existência. A decisão correcta refere-se sobretudo, à renúncia dos bens terrenos e à preservação de todos os seres vivos. A atenção ou vigilância correcta é um conceito central em Buda. Refere-se às práticas de meditação, mas deve estar presente em toda a vida do budista, isto é, uma vigilância (smriti) perfeita de corpo, sentimentos e pensamentos.
Buda ensinou a evitar os extremos e, a seguir um «caminho intermédio», o único que leva ao conhecimento, compreensão e iluminação e que, desemboca na extinção, no Nirvana. A via de oito braços, encerra assim o conjunto da doutrina de Buda. É tanto o ponto central dos seus ensinamentos como o Sermão da Montanha o é para os de Jesus Cristo.

Tradição Oral
Os sermões de Buda não foram escritos. Provavelmente falava «magadhi», o dialecto da região onde cresceu. Uma das características dos seus ensinamentos (sutra) - proferidos em forma poética - são as repetições pausadas e frequentes, com o objectivo de ser assim mais fácil recordá-los.
O fundador do budismo confiou aos seus seguidores a missão de espalharem a sua doutrina por toda a terra, para que esta estivesse sempre à disposição de todas as criaturas que sofrem.
Siddharta Gautama criou assim a primeira religião de carácter missionário, cujo sucesso dependia decisivamente do estabelecimento de uma tradição oral, repetida da forma mais fiel possível ao original.

Hinayana
Com o passar do tempo, desenvolveram-se várias correntes doutrinárias, entre as quais o «Hinayana» (pequeno veículo) e o «Mahayana» (grande veículo) são as mais importantes.
O budismo Hinayana abstém-se de especulações metafísicas, considera real o mundo e o sofrimento humano e, ensina que a libertação só é possível, através da vida monacal. O Hinayana transformou-se assim numa religião de elite, pois são poucos os que podem renunciar aos laços terrenos e, familiares.

Mahayana
O Mahayana, mais popular, aponta vários caminhos para a libertação, já que a «natureza de Buda» está presente em cada ser humano, embora a maioria não o saiba. Para os místicos do Mahayana, o mundo dos fenómenos e o sofrimento humano são meras ilusões. A realidade é apenas a origem transcendental, incaracterística e existente por si só, da qual derivam todos os fenómenos. O Mahayana - em cujo ponto central se encontra a compaixão por todos os seres vivos - é uma concepção grandiosa, baseada na realização da piedade e do amor universal. Esta atitude é concretizada no ideal do «bodhisattva» (ser iluminado). Um «bodhisattva» é um ser que seguiu o caminho budista até ao fim, mas que renunciou por altruísmo a penetrar no Nirvana, regressando de livre vontade à roda do renascimento, até à extinção de todos os seres. Os actos de «bodhisattva» são determinados pela compaixão, por sua vez resultante da sabedoria e, do conhecimentos supremos.

O Darma
Imediatamente a seguir à extinção (Nirvana) de Buda, os monges reuniram-se em Rajagriha, onde Ananda - o discípulo preferido de Buda - voltou a proferir os ensinamentos do seu mestre, palavra por palavra.
Foi graças à sua excelente memória, que a «Sutra-Pitaka» (Cesto das Escrituras) - o núcleo da doutrina budista - chegou aos nossos dias. A doutrina de Buda chama-se «Darma» em sânscrito.
Este conceito essencial do budismo é usado com vários significados: um deles é «Grande Ordem», a lei cósmica a que obedece o nosso mundo. Designa também a doutrina de Buda, porque esta proclama a verdade da lei cósmica. Mas o «Darma» também é a manifestação de todas as coisas, o mundo dos fenómenos, pois representa o desenvolvimento da lei cósmica. O crente refugia-se no «Darma» e, alcançá-lo, é o desejo de todos os que se dedicam à prática meditativa budista.

A Revelação
Em 2013 foram feitas descobertas assaz surpreendentes: no Jardim Sagrado de Lumbini, no Nepal, em escavações arqueológicas feitas pelo professor e arqueólogo Robin Coningham da Universidade de Durham, no Reino Unido - conjuntamente com Kosh Prasad Acharya, arqueólogo nepalês - foram detectadas a presença de raízes no santuário de madeira, naquele que se especula já ter sido o local do nascimento de Buda no século VI a. C. e, muito antes do que até aqui se evidenciava em século III a. C.
Segundo os próprios, a prova disso mesmo está reflectida na evidência do que poderia ter albergado uma árvore nesse local pela efectiva presença de raízes de árvores antigas no espaço central do santuário. Foram detectados e, examinados, vários fragmentos de carvão, areia, grãos nos testes de radiocarbono e luminescência opticamente estimulada por parte dessa pesquisa geoarqueológica - para assim estabelecer a idade do santuário e, da estrutura sobreposta de tijolos aí soterrados.
Esta imponente e, importante pesquisa e investigação no Nepal, foi partilhada, autenticada e revelada ao mundo com a cumplicidade e aval financeiro da ONU, UNESCO e Governo do Japão. Para além da óbvia cooperação e participação de várias outras entidades afectas a estas escavações nepalesas. Sendo Lumbini considerado Património Mundial da Humanidade desde 1997 e, visitado por centenas de milhares de peregrinos todos os anos, este local tem suscitado a veneração e respeito por todos os que aí se deslocam em romaria espiritual incomensurável. Há que referir também a Sociedade Geográfica Nacional para a Exploração Global, localizada nos EUA que também participaria nestes eventos e custos para uma verdade a buscar, no que se considera então ter sido, eventualmente, o local de nascimento de Buda no século VI a. C.
O Ministro da Cultura, Turismo e Aviação Civil do Nepal, Ram Kumar Shrestha corroboraria de igual forma em conivência e licenciamento de interesses, tendo assim afirmado: "O meu Governo (Nepal) não poupará esforços para preservar este local de tamanha importância!"
Pois que assim seja, dizemos todos nós, aqueles bem aventurados que querem e desejam que desta forma venha a lume toda a verdade dos factos, acontecimentos e redescobrimento de uma outra realidade em que Buda terá nascido, vivido e eclodido toda a sua sabedoria e luminescência. Não seremos todos «bodhisattvas» ou seres iluminados mas...a bem de toda uma luz interior que nos guia, vigia e ilumina também (acredita-se) teremos a ousadia de nos deixarmos conduzir por esse novo caminho da luz e, dessas tão reais e iluminadas e mui nobres quatro verdades fundamentais sobre o ser humano. Que assim seja então, a bem da Humanidade que somos todos nós!

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