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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Genética: A Evolução XI (Fundos Genéticos/Mudança de Populações)


Chita e sua prole (animal de difícil reprodução - em risco de extinção actualmente)

Sabe-se hoje que, a maximização da prole, não é de todo uma realidade (seja no âmbito do ser humano, seja no dos animais) em que as circunstâncias actuais se desenvolvem deixando a Natureza mais pobre. Factores ambientais e culturais (no caso do Homem) têm aí a sua irrefutável realidade. Contudo, haverá essa mesma consciência de se estar a continuar essa redução e, indefectivelmente essa extinção (no caso dos Animais), em favor ou despudor de um ecossistema adulterado ou execravelmente não compreendido e muito menos incentivado pelo Homem?

Muitas espécies - tais como a Chita - que estão indubitavelmente em vias de extinção por diversos factores associados, não poderá ter uma reversível verdade e, continuidade, se acaso nada se fizer nesse sentido, perdendo-se imbecil e, negligentemente, toda uma história de fauna esplendorosa que outrora percorreu todo o nosso vasto e florescente planeta Terra? E que faz o Homem para que tal não suceda? Age, ou limita-se a constatar os erros e a ganância criminosa como quando se assiste ao contínuo abate, envenenamento e demais genocídio nas espécies do globo? Seremos julgados por isso... ou, pugnando pela indiferença e pela chacina acometidas, vamos deixando atrás de nós um deserto de tudo o que até aqui expunha vida?

Estaremos a assinar a nossa própria condenação - e morte - ou, como muitos pensam, a tentar modular a esfera planetária à nossa maneira e, pensamento, numa acefalia congénita, ignóbil e completamente idiota de sentir que só a nossa espécie poderá sobreviver...? Que julgamento final o Homem comportará, se se vir só e sem meios de subsistência (ou resiliência) num planeta careca de meios e seres vivos alados, por todos os dislates que cometeu em todo um planeta que até nem era seu? Terá essa consciência, ou será já tarde de mais para o fazer retornar, para se redimir ou expugnar todos os males da intensa ferida aberta - hemorrágica - que na Terra consagrou???


Zebra (Equus Zebra - grande parte mantida em cativeiro, reservas ou nos Zoos do planeta)

Genética de Populações
A Selecção Natural não é a única causa de mudanças que ocorrem no fundo genético (gene pool) das populações. Ao logo de um grande período de tempo, os efeitos dos acasalamentos, das mortes e das mutações aleatórias podem dar origem a alterações consideráveis.
Esta flutuação aleatória da frequência dos Alelos com o tempo (devida inteiramente ao acaso), chama-se: Deriva Genética.

A Deriva Genética é muito rápida em pequenas populações, em que cada elemento (ou indivíduo) é portador duma proporção mais elevada do Fundo Genético total, do que numa população grande. O resultado é o Aumento de Variação entre populações diferentes!
As Mudanças Mais Dramáticas do Fundo Genético ocorrem quando uma nova população é iniciada por um número pequeno de indivíduos que colonizam uma nova área ou ficam isolados da população principal. Se o número de elementos ou indivíduos for pequeno, o equilíbrio dos seus Alelos pode ser diferente do da população principal, assim como as pressões selectivas podem também ser diferentes.
Este «Efeito de Fundação» é uma ocorrência comum quando novas Ilhas Vulcânicas são colonizadas.


Foto tirada na África do Sul

Fenómenos que se registam...
Observa-se também na incidência da doença humana - «porphyria variegata» - que causa reacções severas ou mesmo letais aos barbitúricos.
Nas Populações Africânderes da África do Sul, há uma frequência invulgarmente elevada desta doença e todos os 30.000 portadores podem ser relacionados com um casal de imigrantes que chegou da Holanda (ou Países Baixos) em 1685 e 1688.

Um fenómeno semelhante ocorre quando uma população está sujeita a uma doença ou a uma catástrofe; os eventuais sobreviventes ficam então com um Fundo Genético limitado, cujas frequências podem ser muito diferentes das da população original - diz-se que houve um estrangulamento.
Um outro processo é o Fluxo de Genes, pelo qual o fundo genético de uma população é alterado pelos indivíduos que deixam a população ou se reúnem a ela.


Pisco-de-Peito-Ruivo (Erithacus rubecula) Ave comum em Portugal

O Problema de Fundos Genéticos Pequenos afecta particularmente as espécies em extinção constituídas por populações sobreviventes de reduzida dimensão. Não só possuem pequena Variação para enfrentar as mudanças ambientais - nomeadamente as que são impostas pela actividade humana - como também a reprodução entre indivíduos de parentesco próximo tende a reduzi-la, dado que os Alelos Recessivos se manifestam então com mais frequência no Fenótipo, podendo ser eliminados por Selecção Natural, de modo que a espécie caminha mais rapidamente para a... extinção!

A Endogamia também tende a reduzir a fertilidade, por motivos ainda não inteiramente compreendidos. Muitos programas de reprodução em cativeiro destinados a salvar espécies ameaçadas  implicam a manutenção de um livro de Registo Genealógico, com a história genética de cada indivíduo ou ser animal, com o fim de minimizar tanto quanto possível a consanguinidade.
Se bem que a consanguinidade seja usualmente fatal em casos extremos de Endogamia, nem sempre assim acontece: O Pisco-Negro das ilhas Chatham, na Nova Zelândia, conseguiu recuperar a partir de apenas quatro seres ou indivíduos.

As Populações que possuem muita Variação no seu Fundo Genético apresentam um bom potencial de sobrevivência a longo prazo. No entanto, a posse de tanta variação impõe um esforço à população, pois muitos dos seus membros não possuem composições genéticas óptimas - considera-se que a população transporta então uma elevada «Carga Genética».
É este o custo escondido da Selecção Natural: quanto mais elevada for a intensidade da pressão selectiva, mais serão os seus elementos ou seres pouco adaptados que morrem, à medida que a frequência de Alelos se aproxima do óptimo nas condições dominantes. Quando as condições continuam a mudar, de tal modo que o equilíbrio óptimo nunca se atinge, esta carga pode ser considerável.


População Humana e seus padrões de reprodução

A Evolução Cultural
Alguns cientistas pensam que, ao nível molecular, A Evolução é conduzida principalmente pelos processos aleatórios da deriva genética e do fluxo de genes e não pela Selecção Natural. Trata-se então da Teoria Neutral.
De acordo com esta teoria, muitas Mutações não são nem benéficas nem prejudiciais - são neutras e, por esse mesmo factor, a selecção não actua em seu desfavor!

A Maioria das Mudanças Evolutivas que têm lugar no ADN não são portanto adaptativas. O efeito principal da Selecção Natural é o de favorecer caracteres adaptativos. Há, de facto, uma grande quantidade de variações em pequenas sequências  de proteínas que se reflectem no Fenótipo e, portanto, não são assim susceptíveis à Selecção Natural!

Nas Populações Humanas existe ainda um outro processo que actua nos Fundos Genéticos - A Evolução Cultural. Em muitas sociedades humanas, os padrões de reprodução já não apontam para a maximização da prole: novos objectivos culturais tais como a realização profissional ou de carreira assumida integralmente (em direccional fluxo de vida intensa nas grandes cidades e no pensamento humano que em si estabelece metas, vectores e talvez uma total submissão a esses valores...), assim como a aquisição de riqueza, afectando dessa forma (muitas vezes) o «timing» e extensão da reprodução; ficando estas inevitavelmente adiadas ou nem sempre concretizadas...


Quaga (Equus quagga quagga) - Foto última de um exemplar Quaga - Animal Extinto

A Lamentável Extinção das Espécies
O Quaga foi caçado até desaparecer em 1883. A análise de ADN retirado da pele de espécimes empalhados mostrou que o Quaga era provavelmente uma subespécie de Zebra e talvez se pudesse cruzar com esta. Até mesmo diminutos fragmentos de ADN presentes em animais mortos há muito tempo, podem então ser amplificados pela reacção em cadeia pela Polimerase, obtendo-se assim amostras para análise.

Quando se comparam as Sequências  de bases de certos fragmentos do ADN de espécies diferentes, o grau de semelhança dá uma indicação da proximidade do seu parentesco.
A partir desses estudos traçou-se uma Árvore Evolutiva  que mostra que o Quaga e a Zebra-de-Montanha descenderam ambos de um ancestral comum. Ambos estão assim afastados da Vaca e, ainda mais, dos seres humanos.

Em relação à Chita - animal quase em vias de extinção - as tentativas de aumentar a sua população (por meio de reprodução em cativeiro) tiveram pouco êxito até agora.
A População da Espécie (Chitas) possui muito pouca variabilidade genética; há cerca de 10-13.000 anos esteve provavelmente à beira da extinção, de modo que a população actual das Chitas descende muito poucos indivíduos ou seres dessa mesma espécie.
A Reprodução entre Animais de parentesco próximo raramente é bem sucedida e, a baixa natalidade, está a ameaçar a sobrevivência da espécie nos dias de hoje, o que se lamenta obviamente...


Selva Africana em seu esplendor

Que Mundo queremos...?
Poder-se-à negar as evidências até ao limite das nossas consciências humanas, mas, já não se poderá todavia recuperar o que levou a que muitas espécies sucumbissem ao devaneio geográfico (ou mesmo alterações climáticas) ao devaneio da caça e, ao pior de todos: ao devaneio humano da irracionalidade!
Não se sabe se nos próximos tempos muitas das espécies que tínhamos como adquiridas e, mantidas, se vão perpetuar em continuação e desenvolvimento de descendências efectivas, pelo que hoje se sabe de uma rasante eliminação de muitas delas (mesmo na actualidade) em mortandade não natural e, por mão do Homem. Lamentável, de facto!

Apesar disso, há muitas organizações mundiais e de maior consciência humanitária, que têm levado a uma mudança de mentalidades, não sendo contudo ainda suficientes essas medidas de cuidado, protecção e preservação das espécies, sendo ainda um longo e árduo caminho na prevenção e aconselhamento global de se estancar essa hemorragia de longo genocídio animal.
E, tudo isso, revertido num imenso retrocesso (algo irreversível de matança e extinção), no que acabará assim com toda uma diversidade animal e vegetal - de futuro - e, a que o Homem se tem remetido ao longo dos séculos. Há que mudar também essa consciência. Há que mudar... pura e simplesmente!

A Humanidade também não está fora disto; não pode, não deve e nem sequer pode se omitir ou renegar de responsabilidades (ou refugiar na sua pseudo-superioridade racional da espécie...) quanto a este facto indelével através dos tempos. Até porque, poderá inclusive flagelar-se e deixar-se extinguir suposta e, identicamente, se acaso surgir uma outra espécie superior que nos cace a todos nós, Humanidade!...

É bom pensar nisso. Somos todos uma selva humana, um poderio de massa populacional que, de um dia para outro, também poderá ser extinto; poderá fazer-se erradicar do planeta por algo ou alguém que, sem ser propriamente de lança na mão, petardo, projéctil ou arma laser da mais evoluída tecnologia (entre outras coisas desconhecidas que nos mantenham reféns ou absolutamente vulneráveis a uma morte certa...) nos mate, sentindo nós, humanos, que os nossos dias estão perto do fim. Se o não desejarmos também não o poderemos fazer em relação aos nossos animais, pois somos todos parte de um Todo do qual fazemos parte mas, não somos senhores de Nada! E a Humanidade sabe disso; ou deveria de o saber...

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