Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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terça-feira, 20 de maio de 2014
A Casa dos Mortos
Complexo Funerário de Newgrange - Norte de Dublin Irlanda
Em espécie de «Milagre da Luz» sobre as almas dos mortos, terão querido estes atestar assim as suas reservas de energia ou em proveito próprio numa condição subliminar, colher esses raios de Sol numa tentativa de ascensão rumo ao Universo? Que fenómeno é este que parece sublevar estas almas aqui depositadas para o Além em ressurreição ou quiçá, numa outra espécie de vida?
Newgrange - A Ressurreição da Luz
A imponente «Casa dos Mortos» situada numa colina da Irlanda, sobranceira ao rio Boyne, existia já bem antes da cidade grega de Micenas ou de as pirâmides de Guiza terem sido construídas.
O complexo funerário de Newgrange - cerca de 30 quilómetros a norte de Dublin - pode ser considerado a maior maravilha arquitectónica da Antiguidade e, a mais antiga construção do mundo ainda existente. Calcula-se que surgiu por volta de 5000 a. C.
Terá sido necessário deslocar cerca de 200 mil toneladas de pedra para erigir este edifício. O mais fascinante de tudo é que, num único dia do ano - aquando do solstício de Inverno, por volta do dia 21 de Dezembro - a câmara funerária é iluminada durante 17 minutos por um raio de Sol que atravessa uma janela acima da entrada.
Escondido durante Milhares de Anos
Newgrange constitui o coração místico da Irlanda. Integrado nas verdejantes Midlands, ao longo da costa leste, esta construção pré-histórica esteve durante séculos escondida, julgando tratar-se apenas de uma elevação natural do terreno. Descoberta em 1690 - aquando de obras numa estrada vizinha - o monumento de pedra permaneceu durante bastante tempo, um solitário ponto de convergência de alguns raros visitantes.
Só em 1962 é que o professor Michael J. O`Kelly e a sua equipa da Universidade de Cork começaram a efectuar escavações e trabalhos de restauração. Nas urnas de pedra no interior do complexo funerário, para além de ossos, os investigadores encontraram restos de ornamentos e objectos de culto.
Quarenta e três blocos de pedra (43) de formato cúbico, que suportam lajes também de pedra, formam um corredor estreito com 20 metros de comprimento, que desta forma conduz às profundezas da coluna e termina num conjunto de três câmaras funerárias.
Nas pedras foram lavradas formas bastante curiosas: linhas serpenteantes e ziguezagueantes, duplas espirais e símbolos geométricos. As pedras de cantaria deste edifício pré-histórico estão perfeitamente unidas, para além de regos de drenagem que garantem um ambiente pouco húmido e que permite manter sempre uma temperatura constante. Ao longo de milhares de anos, os restos mortais aí preservados, deverão ter-se conservado em muito bom estado.
Indivíduos Proféticos?
"Não fazemos a mais pequena ideia de quem terão sido as pessoas que foram sepultadas desta maneira tão incomum..." - explicou então O`Kelly, que dirigiu as escavações em Newgrange até 1975.
"Não deverão, porém, ter sido reis, sacerdotes ou chefes de tribo. Possivelmente eram pessoas dotadas de poderes extraordinários , como o dom da cura ou o da profecia." - terá requerido ainda.
Alguns investigadores asseveram de que, estando estes envoltos na mais profunda escuridão, talvez aguardassem pacientemente o momento da ressurreição. Corroborantes desta tese por outros que a negam, Newgrange continua assim a ser um vasto tema de debate, contradição e alguma polémica.
Vestígios no Quartzo
Foi por acaso que O`Kelly e os seus homens constataram um fenómeno interessante: todos os anos, a quando do solstício de Inverno, entre as 8 h e 58 m e as 9 h e 15 m, a câmara funerária iluminava-se.
Acima da entrada, foram dar com uma abertura rectangular que estava meio tapada com um bloco de pedra também rectangular. Sulcos na pedra de quartzo pareciam indicar que no passado, esta teria sido dali retirada e novamente inserida com alguma frequência. Uma vez retirada esta tampa, ficava assim franqueada uma pequena abertura acima da entrada, tapada com um bloco de pedra de 5 toneladas - abertura essa que não deixava de ser demasiado estreita para impedir a entrada de pessoas.
Energia Solar
Os arqueólogos recordavam-se de velhas histórias contadas pelos habitantes das aldeias vizinhas, segundo as quais no dia do solstício de Inverno, a luz haveria de iluminar os sepulcros.
E, com efeito, a 21 de Dezembro de 1967, tal pôde ser comprovado. Deve ter sido um momento sublime aquele em que o Sol se levantou sobre a margem do rio Boyne, mesmo em frente do complexo, enviando um raio de cor alaranjada directamente através daquela fenda para o interior. Esse raio, que começa por ter a grossura de um lápis, vai-se progressivamente alargando até um feixe com cerca de 15 centímetros de largura. A claridade produzida pela luz que se reflectia no chão era tão grande que as câmaras funerárias ficavam completamente iluminadas.
"Quase fiquei à espera de escutar uma voz ou de sentir uma mão gelada no ombro!..." - recorda assim O`Kelly, afirmando ainda: "Mas nada disso aconteceu."
O Sol prosseguiu o seu curso para oeste e o feixe de luz estreitou-se, até finalmente reinar de novo a mais completa escuridão. Por muito fascinante que tenha sido esta experiência para os arqueólogos e os seus colaboradores, a razão para que ocorra um tal fenómeno num complexo funerário, não deixa de estar ainda por esclarecer. Daí que, se destaque uma interrogação que ficará pendente no ar: - Poderiam deste modo as almas dos mortos atestar anualmente as suas reservas de energia ou, aproveitariam eles desse modo os raios de Sol para por estes subirem rumo ao Universo?...
O Caminho para Newgrange
O complexo funerário de Newgrange é demasiado invulgar para se poder manter intacto: as paredes exteriores e o corredor que conduz às câmaras funerárias foram entretanto reforçados com betão armado, de tal modo que todo o local, na exactidão da sua forma redonda e com a cúpula coberta de terra e relva, deixa a impressão de ser o moderno edifício de um museu do século XX. Todos os anos acorrem milhares de visitantes de todo o mundo para observarem de perto esta maravilha ancestral.
Ao «Milagre da Luz», por altura do solstício de Inverno, apenas um punhado de convidados especiais pode assistir a este miraculoso evento; os demais têm de contentar-se com uma reconstituição do fenómeno com recurso a meios técnicos. recomenda-se então as primeiras horas da manhã e as últimas do dia, para a visita a este monumento situado próximo da Estrada Nacional 51 - já que o reduzido número de visitantes a essas horas e, o tom avermelhado que a luz do Sol adquire, proporcionam uma atmosfera inesquecível!
Para quem aprecie estes momentos verdadeiramente únicos na vida, há que acrescentar de que, como experiência pessoal e única também, se tem de referir as muitas dúvidas que se poderá ficar em toda esta insolvente atmosfera: a razão de tal. Para além, da enigmática escrita já referida (ou o que parece ser uma espécie de escrita em designação e comunicação entre si) nos tais símbolos geométricos ainda hoje indecifráveis e, nas linhas serpenteantes e ziguezagueantes aí apresentadas.
Entende-se a forma circular da construção de Newgrange como uma espécie de «anel protector» contra as forças malignas. Particularmente belas, são também as placas de pedra que ornamentavam os muros exteriores antes da renovação da estrutura levada a cabo no século passado.
Newgrange oferece assim ao visitante e, observador mais atento, uma grande riqueza em termos de símbolos e detalhes, confinando para si a reiteração própria do que vive e, assiste, neste belo e enigmático local da Irlanda. Que a todos essa luz alumie e, ilumine. A bem da cultura dos povos e de toda a Humanidade...no que as almas aí em repouso agradecem - em respeito e vigília - supõe-se. E que assim possa continuar a ser! A bem de todos!
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