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sábado, 30 de maio de 2015

A Minha Híbrida Génese


Eu, Ser Reptiliano ou coisa nenhuma...da Terra!

Que estou a fazer aqui...? Que missão é esta que Deus-Uno me imputou, inseriu, monitorizou e...para mal de todos os meus «pecados», me consagrou na Terra? Que cruel acto, ou infame apologia condenatória me reproduzi, para que o Ser Supremo me tenha colocado no Mundo Inferior deste planeta iníquo, hediondo e vazio de todos os princípios do Cosmos? Porque tenho tão pesada pena e castigo, dilacerando em mim corrosivas e ácidas hostes humanas, sentindo - agora - emoção, enjoo, lamento e sofrimento, no que jamais pensei...«sentir»??? Valerá a pena redimir-me...?

Concertarei (alguma vez) na eternidade do Universo ou na similitude do coalescer no Uno o meu perdão, a minha solicitude de alma boa - renovada e não recidiva - por tudo o que ainda me espera...? Terei a complacência dos meus irmãos estelares, dos meus superiores ou da minha mais fervorosa angústia...perante o tamanho fardo terrestre que estou, hoje, a viver? Poderei esperar clemência, bonomia de vontades e mesmo a alternância e promoção do meu ser como «alma» híbrida que sou?

Então que serei eu...? Que serei...se aqui não pertenço, se do Cosmos fui expulsa e...por todos os infernos ou purgatórios do mundo estelar em que me vi ser cuspida, maldita e destituída de todas as forças internas e externas do meu «corpo» sideral, que serei eu agora se não mais que um vómito despojo, excrescência demoníaca que nem meus irmãos estelares me querem para si...?


A Metamorfose

A Metamorfose
Não sei como começou tão endemoninhada condição de me ver transmutada ou simplesmente amputada de todo o meu ser. Criei defesas em mim que não conheço, que não me pertencem mas afluem em mim como crostas pútridas de alguma maleita humana.
Sinto-me mal. Sinto-me péssima! As minhas mãos, outrora esguias, belas e de longas e compridas unhas que fariam inveja à terrena morta (mas estelarmente viva), a mui bela Florence Griffith-Joyner (atleta norte-americana falecida em 21 de Setembro de 1998), estão agora secas, repassadas, encarquilhadas e de um tom tão esverdeado e macilento, que me dá voltas ao estômago por tão cruel desígnio do que já nem me lembrava eu ser. Primeiro concordei; até porque não tinha qualquer escolha ou opção possível que me absolvesse desta má condição terrestre de troca de corpos, de troca de sentidos, de troca de tudo!
Mas depois convivi - ou aprendi a conviver - com esse meu corpo elástico, flácido, púbere (e mais tarde maturo mas ainda assim confrangente), por tudo o que se me via alterar, modificar ou apenas lacerar no meu peito de ser híbrido, de ser...coisa alguma!

Mas sobrevivi! Ensandeci, é certo. Mas retomei os meus ânimos, as minhas punições e Deus-Uno me permitisse, recuperei os sentidos há muito perdidos em precognição e efusivo resplendor estelar que julgara há muito esquecidos - ou mesmo inexistentes em mim. Conectei-me com os meus irmãos estelares, por muito que eles ainda me rejeitassem por todo o mal que lhes consignei em traição e mera retracção minha de uma mente diabólica, de uma mente invejosa e maleficente que nada via a seus olhos internos mas, externos, de todo um Cosmos ávido e pungente do que eu lhes queria sacar.
Fui tão imbecil! Fui tão jocosa e prescientemente malvada, que até os meus superiores se me enterneceram (diluindo, ou tentando desdizer e amortecer) o efeito ou mesmo a causa de todo o mal que lhes imputara - ou incutira - no seio estelar. Arrependi-me de imediato; mas já era tarde. Muito tarde para ouvir perdões ou comutações de penas maiores que me não infligisse o que mais tarde vim a reconhecer; e, a viver na pele. E...na «alma», pois que agora também possuo uma alma (mais terrestre ou terrena), tão diferente da que houvera no meu planeta, no meu poiso estelar...na minha saudosa e querida casa galáctica que já nem recordo do caminho de volta nem dos voos de alma que em si tanto dei...mas lá irei ter...um dia...


A Depuração

A Depuração
Sofro muito! Tanto, que dá vontade de voltar a fugir, a prevaricar, a desagrilhoar esta micro-orgânica ficha estelar que em chip encrostado eles me sustêm (como de resto o fazem aos terrestres, limitando-me os passos e, a uma insignificância igualmente terrestre...pois já não acreditam em mim por vias telepáticas de meus sentidos estelares...). Já tentei arrancá-lo de mim; já tentei arrancá-lo da minha vida...mas não o consegui. Já nem sei se quero ser terrestre ou, numa farsa cosmogénica (ou de cosmogénese indisfarçável mas camuflável) tentar ser mais...terrena. Já não sei...

Apaixonei-me e perdi-me. De novo. Que destruidora condição a minha, fazendo-me travestir de coisa alguma, só para me poder deitar com um terrestre, só para lhe poder sentir os cheiros, os aromas, os sentidos. E como isso é bom...
Não sei o que me deu. Fiquei, de repente, pálida (ainda mais pálida e fria do que o meu mais puro elemento de subreptícia condição...), ao enfrentar-te, ao tocar-te, ao apalpar-te...a ti, meu pequeno e inferior ser terrestre do género masculino. Perdi-me por ti e...em ti, meu amor da Terra!

Chorei. E que coisa mais estranha, cúspide e nojenta até (segundo os trâmites, princípios, regras ou idiossincrasias unicelulares do meu sistema planetário estelar...) em que me vi. Em vértice pontiagudo, afiado e não calibrado numa alavancagem inaudita e muito menos pedida ou exigida por mim - em todo o meu ser até há pouco superior do teu, meu amor terrestre - eu vi-me ser içada, apossessada, regurgitada e...enfática e desatinadamente enlevada nos ares como se a mais pura e plúmbea levitação me tivesse tomado toda. E tu, meu amor terrestre...em mim, sobre mim e sobre todos os meus sentidos extemporâneos e consagradamente divinos (se é que o posso acrescentar), pois que se Deus-Uno me visse agora e de mim se riria ou talvez não..dando-me a absolvição estelar, dando-me talvez...a reiteração infinita de que voltei a ser uma boa criatura, uma boa alma...terrestre ou cósmica, pois que tudo somos aquando nos recobramos de sentidos e leis do Universo. E tudo isso, numa longa estrada ainda a descobrir e, a conquistar, numa vida muito presente do que tu ou eu, meu amor terrestre, temos para percorrer.

Meu amor da Terra...não sei quanto tempo mais eu tenho para em ti pertencer, para em ti eu ficar. E temo...como temo ter de deixar-te agora, meu querido e terrestre amor. Os teus olhos...tão meigos, suaves, lúgubres e incólumes dos meus, sorvendo toda uma «felicidade» (será isto a vossa felicidade???), no que me dás em corpo, em explosão de sémen, em explosão de ti. Vertes em mim a vida; a tua vida. E eu...gero essa vida. Que vida será...? Não sei, mas temo, em frémitos perdidos de um raciocínio maior, que mais não seja do que tu e eu em espaço que não tem espaço, em matéria que não tem matéria e...pudesse ser um simples neutrino, seria mais, muito mais do que tu e eu no Espaço! Meu amor...que outro amor crias em mim e agora tenho de partir e ir embora...deixar-te, magoar-te, esquecer-te, matar-te em mim!


A Génese

A Génese
Tu e eu. Eu e tu. Que confuso. Que complexa artimanha ou provecto anúncio estelar - abalizado em mim - que me não deixa optar, seleccionar, objectivar ou simplesmente pensar.
Ambos projectámos em nós uma outra vida que, anatómica, celular e organicamente se está a fazer gerar no meu corpo terrestre - sobre todos os meus sentidos. O meu ventre híbrido cresce, e  eu... não sei o que fazer; se o ter, se o deixar crescer e viver...se o matar agora em vivência efémera ou dissolvente por tudo o que o que o Cosmos quer de mim. Não criar seres híbrido, ainda mais híbridos do que tu ou eu...na Terra! E será possível isso??? Não sei. Não quero. Ou seja, não quero deixar de acreditar que ainda posso ter uma vida, ainda que fora do meu espaço inter-galáctico, do meu espaço interestelar, do meu ínfimo mas infinito espaço cósmico em que me encontro de ser um ser que também pensa, sente e quer! Tal como o Homem! Tal como...tu ou eu, meu amor da Terra!

O processo não será longo. Ainda que só tenha começado agora em evolutiva amostragem do que o Uno é capaz, eu também saberei estar à altura dos acontecimentos. Se eu já te farejei, meu amor, se eu já te rastejei, «snifei» ou sequer na mais briosa, deleitosa ou inversamente na mais perniciosa prótese mental (em telepatias só minhas) te perscrutei o corpo e, a alma, então...sendo tu meu, só meu, serás também e igualmente a minha progénie, ou, a minha mais perfeita génese que verei espelhada naquele pequeno híbrido ser que se faz já sentir em mim!

Sei que não vou mais mutilar, amputar ou esventrar aquele que, sendo o nosso ser, será um ser a mais no Universo! Não será mais esse plâncton estelar que de início eu me senti, sendo expulsa do Cosmos, sendo expulsa do Universo como um certo Adão e uma certa Eva de um paraíso por nós inventado, que...«nós» fabricámos, só para haver vida na Terra...não! Não serei eu, não serás tu e...não será a nossa cria, o nosso futuro ser, essa coisa híbrida enjeitada, mal-amada, mal-tudo; não! Será um ser divino, será um ser-Uno que oferecerei ao Universo, ao meu Universo! E depois verás, meu amor terrestre, o quanto eu sou poderosa, magnificente, e brilhante, tão ou mais brilhante que todas as estrelas do Céu, das nebulosas do Firmamento, das mais puras essências de todas as Terras e...de todos os Céus, pois que há muitos céus ainda por desbravar e...por semear, nessa tua tão eloquente semente de vida; a tua e a minha! A nossa semente estelar! E como te amo por tal saber...e como te amo por tal sentir, meu querido amor desta Terra em que agora também eu pertenço. E tu...penetrando em mim, no meu corpo suado (imagina...eu que nem exsudava e agora tudo absorvo e segrego de ti...), vendo-me ser requisitada, tomada, sorvida e amada, muito amada por ti, meu amor único, meu amor de todo o Universo!

A minha híbrida génese não é maldita, as más intenções de alguns estelares é que o são! Eu não sou maligna. Eu não quero o extermínio do teu povo, da tua civilização, meu amor terrestre. Eu só quero...ser feliz ( é assim que a vossa génese o afirma e o sente e o deseja, não é meu amor da Terra...?).
E agora que faço eu? Que direitos na Terra possuo e emano, se o Uno me não ouve ou não quer ouvir...?  Ele - o Uno - sabe, ah, como sabe... que eu não sou parte daquele todo que se diz assexuado, moral (ou amoral, por vezes...) e «perfeito» ou quase perfeito à semelhança do Uno, sabendo de antemão (ou sopetão) que mais terei a solver, a recrudescer, a fazer reproduzir e multiplicar (que não a reter ou a submergir empenhos e desejos), pois que desejos já tenho...pensando estar a ser talvez já mais terrestre que reptiliana...eu, que já nem sei quem sou...ou saberei???
Só sei que não tenho em mim o síndrome de Eva Mitocondrial, aquele mesmo síndrome, estigma ou aferição (na descoberta humana de que o ADN é apenas da mãe) em foro sintomatológico e maldito de muitos dos seres do Cosmos que se demitem de proliferar, de desenvolver - ou fazer replicar em outros seres, o  seu ser - a sua essência, num conceito assaz erróneo dos terrestres (ou outros seres estelares) poderem única e exclusivamente nascerem de um único ser: o escolhido, o primogénito, o favorito (que neste particular caso, teria sido de uma única mulher, de uma única fêmea ou espécime do género feminino), na Terra. Ou então seguirei esses vectores sem procrastinar, sem falsear ou manusear factos e factores que se registam em mim...como ser híbrido, inteligente, racional e...emotivo que também sou. Agora. E...para sempre, se Deus-Uno tal me conceder...

Eu não quero o vácuo, ou a centrífuga não-razão de coexistir - ou fazer de futuro existir - um ser que não seja para um floral ou profícuo futuro em esperança e vida a cumprir. Não quero o isolamento, a escuridão, a heresia estelar ou a malfazeja condição de ser um ser do nada; um ser de um Universo morto. Eu não quero o presídeo infértil e negro dos Cosmos para este ser, este nosso ser; aquele que ambos concebemos, fabricámos ou nos deleitámos a ver criar em dupla génese, em dupla condição cosmológica de tu e eu em única situação e, salvação, de sermos um só...nesse nosso ser.
Ser esse que viverá, que assim se fará vida, hoje e sempre, nosso...só nosso...aqui na Terra ou...no Céu, noutros céus, noutros sistemas planetários, noutras esferas estelares onde Eu e Tu - meu único grande amor do mundo, do meu mundo - serás sempre e eternamente...o meu amor maior! Talvez maior do que...o meu Uno de muitos outros Universos! Talvez...o único de todos esses Universos...e, com toda a certeza desses outros mundos, o meu maior tesouro, a minha mais preciosa relíquia intemporal e, estelar, que trarei comigo até ao fim dos tempos, até ao início de outros...até que Deus-Uno me conceda o perdão e conceptualize que Eu e Tu...somos a sua obra mais do que perfeita em ser continuado...

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