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terça-feira, 2 de setembro de 2014

A Magia Xamânica

Xamã do Norte da América (Feiticeiro da Tribo Oglala-Sioux)

Que força espiritual é esta - Wakan - que, a tribo dos Sioux (os Oglala) invoca, agindo sobre homens ou animais, no que determinam existir em toda a parte ou lugar nenhum? A activação da Energia Vital sendo efectivamente perigosa se, levada ao extremo - podendo inclusive ser fatal para o paciente - que vias poderosas serão seguidas pelo Mestre no caminho do Bem...ou do Mal? E haverá de facto a resultante da cura, no que o Xamá é auxiliado e, aliado, pelos animais do Além em espécie de diálogo com a divindade suprema?

Magia Xamânica
Os Xamãs são capazes de adivinhar o futuro, graças ao seu conhecimento íntimo dos Deuses e Demónios. Interpretam a vontade dos deuses examinando fendas «acidentais» (ou o que lhes foram «reveladas») nas pedras e o voo das aves ou escutando o restolhar da folhagem ao vento e, o murmúrio do regato no bosque.
Em transe, vêem os lugares onde os caçadores encontrarão as suas presas e têm a capacidade de curar os enfermos e, de enfeitiçar os que gozam de boa saúde.

A Força Omnipresente
A Adivinhação e a Cura - o domínio da Magia - são de importância fundamental para o Xamanismo. Para exercer estas capacidades, o Xamã tem de conhecer bem a Energia Vital que impregna todo o ser vivo e, que atravessa o universo Xamânico.
Os habitantes das numerosas ilhas da Melanésia, no Oceano Pacífico, chamam-lhe «Mana» - conceito que exprime uma força espiritual com a qual pode, por exemplo, agir-se sobre homens ou animais.
Os Oglala, uma tribo dos Sioux, falam do «Wakan» que, está em toda a parte e não possui lugar nenhum. Esta força não empírica encontra-se no entanto presente em todo o mundo dos Fenómenos.
Portanto, o ser humano também encerra esta Energia Vital, cuja falta ou perda conduz à doença e à morte. A missão do Xamã consiste em restabelecer o equilíbrio desaparecido.

A Activação da Energia Vital
Os King Sul-Africanos do deserto de Calaári chamam «N`um» a esta força sobrenatural que o Xamã emprega para curar, adivinhar, ver através de objectos opacos, fazer profecias e viajar em estado de transe. Só possui capacidades curativas e, divinatórias, quando a Energia Vital lhe percorre o corpo.
O Feiticeiro dos Kung aquece o seu organismo, levando a energia ao ponto de ebulição, por meio da «Kia» - uma dança curativa que o faz cair em transe. O «N`um» sobre do ventre para a cabeça.
Neste estado, o Xamã é capaz de ver tudo o que causa sofrimento ao ser humano. A Energia Vital activada pela dança permite-lhe afugentar a doença do corpo do paciente.
A activação da Energia Vital é considerada perigosa, pois o seu efeito é tão potente que, se utilizada ao extremo, pode ser mortal para o paciente. Os Kung chamam-lhe por isso «Remédio Mortífero»: está assim na mão do Mestre, utilizá-la para o Bem ou...para o Mal.

Um Conhecimento Ancestral
Para a Etnologia Académica, as aptidões mágicas dos Xamãs não passavam de comportamentos curiosos e, supersticiosos. Na verdade, só muito raramente considerava o Xamã, um estudioso da consciência e, especialista em Fenómenos Paranormais.
Faziam-se descrições minuciosas da sua indumentária, pinturas, ornamentos e atributos; e, numeravam-se os instrumentos que utilizava. Depois, anotava-se tudo o que dizia e relatava-se com exactidão os actos que realizava, mas se o seu ritual dava resultado...era coisa que não interessava a ninguém, subestimando assim esse resultado positivo. Só recentemente alguns cientistas comprovaram então que, a Magia dos Xamãs, funciona realmente! Os seus rituais milagrosos, transes e cânticos escondem um conhecimento ancestral das técnicas que permitem a realização de efeitos mágicos.

Aspiração da Doença
Os rituais de cura dos Xamãs assemelham-se em todo o mundo: o Feiticeiro entra em transe, dança em redor de uma fogueira e, tomba imóvel no chão! Tem então a experiência do voo. Depois, esgotado pela viagem perigosa e penosa, levanta-se, ajoelha-se ao lado do doente e chupa-lhe o corpo com energia. Treme com o esforço. Continua a aspirar por alguns minutos, afasta-se do enfermo com um salto, contorce-se no chão com o rosto descomposto pela dor e, por fim, cospe para a mão um pequeno animal ou uma bola de penugem cheia de sangue.

A Flecha Mágica
Muitos povos Xamânicos acreditam que a doença é causada por uma Flecha Mágica. É por isso que o Feiticeiro tem de a aspirar. A flecha é arrancada e a doença apresentada na forma de um pequeno seixo, um pedaço de cálamo de pena de ave, um escaravelho ou um grão. O importante é a extracção visível da doença e pouco interessa que se trate de um truque.
Tanto os Xamãs como os membros da tribo o sabem, mas o jogo da Flecha da Doença faz parte do ritual que, permite assim activar as defesas do enfermo. Durante o transe, o Xamã subiu a Árvore do Mundo com a ajuda dos seus aliados animais do Além, para regatear com a divindade a vida do seu doente. Se for um Xamã poderoso, conseguirá que esta lhe permita a cura.

Um Cargo Difícil
Para o Xamã, as suas funções são extremamente sérias e, difíceis. São poucos os que querem seguir a vocação, quando esta se faz anunciar por meio de sonhos ou doenças, resistindo a assumir esta perigosa missão entre os mundos.
Os falsos Xamãs não têm hipóteses: se o Mestre da Magia falha, é expulso e substituído por outro melhor. Talvez subsista na qualidade de charlatão e bruxo, mas não é um verdadeiro Xamã, que, este sim, tem de demonstrar continuamente as suas capacidades mágicas.
Neste campo, os membros da tribo são intransigentes. Ao fim e ao cabo, é do Feiticeiro que depende a benevolência do olhar dos Deuses!

Ausência de Dor
Existem actualmente alguns indícios científicos que apontam para o facto de o Xamã, no seu estado alterado de consciência, ser capaz de exercer influência sobre o Sistema Imunitário do seu organismo e, mediante fenómenos de ressonância - sobre o dos seus pacientes - que também se encontram em estado de transe.
Concretamente, o estado de transe provoca a libertação de Endorfinas - opiáceos próprios do organismo - que, como a Morfina, têm um efeito analgésico e provocam euforia.
É esta libertação de Endorfinas que permite ao Xamã suprimir a dor em determinados rituais perigosos, nos quais pega em brasas incandescentes com as mãos...ou até mesmo, as engole (por exemplo, na tribo dos Dama, no Sudoeste de África). Mas o mais misterioso é que, depois destes rituais, os Xamãs também não apresentam marcas de queimaduras, como se, durante a Feitiçaria, o organismo obedecesse a outras leis ou não fosse um corpo comum. Talvez o tambor, a dança e o transe constituam uma técnica de Programação das capacidades da consciência, cuja aplicação se perdeu nas sociedades civilizadas.

Na África Ocidental, o Feiticeiro ou Xamã pratica o ritual munido de um ceptro em espécie de fetiche e, objecto de culto na representação de Deuses e Demónios que, porventura possuíam poderes sobrenaturais.
Na tribo índia da costa noroeste do Canadá - o Feiticeiro dos Tsimshian - tem por hábito mostrar objectos diversos e, igualmente de culto típicos do Xamã: o fetiche talhado numa vara, uma matraca e uma coroa de garras de urso-cinzento.
Na Coreia do Sul, os «Mudangs» - Xamãs homens e mulheres - praticam a cerimónia Kut, durante a qual entram em transe. Espetam então a língua na «prova da faca», demonstrando assim que são totalmente insensíveis à dor.
Todos estes processos de indolor condição, mantêm no Xamã a perspectiva não só de representação ritual, como nessa sua demonstração efectiva de poderes incomensuráveis e, evidentes, na diferenciação ou superioridade em relação ao comum dos mortais. Que somos todos nós! Como tal, ante a sugestão e positiva amostragem de cura nos seus pacientes, na optimização que é feita desses mesmos poderes superiores, apenas nos resta dizer que, além a Humanidade - e todo o seu imenso poder votado nestes Xamãs pelo globo inteiro - que assim se repercuta em novos e futuros tempos nas gerações vindouras! E sempre a bem da Humanidade! Só e unicamente, pelo Bem!

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