A Alma Portuguesa

Bandeira da Republica Portuguesa                                       União Europeia

Poder-se-à dividir um coração em dois...? Poder-se-à exigir que me recorte em dúbia condição e dissociável situação de, a minha alma ficar ilustrada - e quiçá manchada - pela óbvia oscilação entre a nação que me viu nascer e, uma outra que me recebe de braços abertos mas eu temo trair, pelo que o coração me dita? Poderei trocar uma alma lusitana de Fado, Fátima e Futebol por...«fast food», baseball e...a Paris Hilton que sempre será um entrave na minha vida, desde que poisou os olhos no Cristiano Ronaldo...? E como farei, para tudo abortar sem magoar ninguém, sem me magoar a mim própria, no tanto que já suportei em dor, sofrimento e pancadaria de alma por amar alguém tão diferente de mim....como o Sol da Lua? Como a Terra de Marte...ou a NASA do esférico estelar implementado na Lua...? Ou os Alienígenas Reptilianos de nós, humanos??? Que fazer então...?

Os Lusíadas
                                                      Canto Primeiro
As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares, nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
                                                            - Luís de Camões -
Ser Português
Que raio de coisa esta, o ser-se português. Primeiro...éramos selvagens! Perguntassem aos bravos guerreiros do Império Romano, e eles dir-lhes-iam que éramos uns meros selvagens de primitiva condição, de usos e costumes tão preocupantes quanto os mesmos que um dia veio dar razão a Castela, Leão e Aragão de « um filho ter batido na mãe» em separação de bens terrenos - e terrestres - de querer um seu pecúlio territorial - Portucalem - que o pai lhe havia dado e, pelos vistos, o padrasto castelhano façanhudo lhe quereria usurpar, apenas por se deitar com tão prestigiosa dama de Castela que até era sua mãe, do nosso fundador e venerando Dom Afonso Henriques.
Eu sei. Isto não é uma lição de História, ou talvez seja. Tem de ser...ou nunca compreenderiam, o que é de facto ser-se português das nossas Cinco Quinas e, dos nossos Sete Castelos adejantes em rebordo e distinção por entre os verdes prados e, sem o esquecer nunca, do vermelho sangue derramado dos nossos bravos soldados - desde o tempo do Viriato aos nossos dias em Primeira Grande Guerra (no século XX) e por terras germânicas, pairando na não muito orgulhosa de nós, Guerra Colonial que nos levou os homens e, a esperança de termos família, aprumos e vida feita sem grande perturbação.
E estava eu a falar do Império Romano...pois sim, dizem as más línguas que o nosso célebre e muito pouco dado a grandes falas, de seu nome Viriato, se terá dado de cumplicidade, suborno ou ainda pior....terá adormecido nas fileiras das catacumbas terrestres em que se isolava e, permita ao sono...ou talvez a outras coisas tão furtivas e simplórias, quanto o deixar-se entregar, zurzir ou esfolar na alma o que os sentidos lhe ditavam...nos braços de uma bela mulher lusitana!
Fosse o que fosse, a minha nação-berço nunca mais foi a mesma! Deixou-se levar, deixou-se trair e mumificar ante a perspectiva lúdica de se ver esventrar em violação cáspide por uns quantos romanos de bebedeira assente e vómito consequente, nas muitas orgias que então faziam. Violaram-nos as mulheres, mataram-nos os homens, escravizaram-nos as crianças e...hipotecaram-nos o futuro! Se forem ler a História, haverá quem diga e afirme o contrário - que, como sempre nestas coisas do contraditório há quem venda a mãe, se possível, arrevesando que nada disto é verdade. Mas é! Eu estive lá! E isso...já é mais difícil de explicar...mas vou tentar.

Ser História
É como nos filmes. Vemos tudo à nossa frente, sem nos ser permitir interagir, colaborar ou sequer intervir em gargalhada solta e obreira, sobre tudo o que estamos a presenciar! E aquilo dói. Muito!
Vamos por partes. Ser português não é fácil. Não é nada fácil, mesmo! Temos de sempre de dar espadeirada na mãe, no pai, no padrasto, ou seja em quem for que se atravesse no nosso caminho e nos delimite as fronteiras do senso e, da magra condição de querermos um pequeno quintal. Há piores, pois há. Mas no meu país, nação há mais de 900 anos de História e outras tantas quezílias em que entraram os Templários - e por certo nos ajudaram a ser Nação, no belo ano de 1143 - o meu peito clama que terá havido muita conversação, muita conspiração (sempre endémica nos países do Sul...e não só!) e por portas e travessas, como por aqui se diz, ter havido talvez - e também - uma certa intervenção divina ou estelar que lá terá auxiliado o bom e gigante (supõe-se) do meu primeiro Rei de Portugal, homem de alta estatura, ombros, ossada e lombo semelhante a um boi (dos grandes!) que não teria de comportamento, feição e consciência, muita compaixão e complacência com quem lhe fizesse frente! Nem Mouros, nem Castelhanos nem o que houvesse...pois que um homem que luta pela sua nação, pelo seu território, é mais bravo que mil toiros em campo aberto e, esfomeados mais de fêmeas do que de alimento! E assim foi! Portugal vingou...e cá estou eu. Isto é, tendo de perfilhar e sujeitar-me a um poder fraticida de união estranha - e muito pendente para o lado britânico - de uma velha aliança com a nossa inquebrantável senhora dona Inglaterra, na qual compusemos em namoro e união matrimonial, uma nossa Dona Catarina de Bragança que, levou chá e asseio para a Corte Real Britânica de então. Numa carta desta a sua mãe, Dona Catarina soluçava por todos os pergaminhos, sobre o desvelo, o desmando e a pouco nobre submissão de, ter de se deitar e cingir naqueles leitos agora seus de origem inglesa, em que os piolhos eram tantos que até saltavam da cama para o chão e, vice-versa! Como são limpos e asseados estes povos, dizia ela em asco e ironia evidente de, sempre terem considerado os povos do Sul, os maiores porcos da História!...A verdade agora, está reposta e, recomenda-se! Em honra, memória e homenagem à minha santa Rainha Dona Catarina de Bragança que até teve de arcar com amantes e filhos das amantes desse despótico e mui leviano - e muito pouco asseado - Rei de Inglaterra, Dom Carlos II! A nossa comitiva e séquito Real de então, levaria um dote que deu para efectivar e, eliminar, todas as dívidas sequenciais deste estouvado rei que nem soube fertilizar a nossa tão frágil e inocente rainha, tendo esta regressado a Portugal, muitos anos após tantas humilhações, traições e desvios deste seu rei que, pelos vistos, nunca foi seu de verdade! Mas isto...é História Universal, que não do meu reino, propriamente dito.

Os Castelhanos e os Mouros
Foi uma tragédia, século após século. Batalhas campais, sangue esparramado e vítimas a lamentar que hoje se chamariam de «baixas militares», danos colaterais ou apenas...efeitos secundários - à semelhança de alguma nossa medicação actual, que tanto nos pode curar as dores dos joanetes como fazer estabilizar o colesterol em comprimidos mínimos, que nem sabemos muito bem a composição laboratorial - tais são os nomes intraduzíveis que, a nível clínico, nos induzem a emborcar.
Voltando aos Castelhanos e aos Mouros - os nossos sete castelos que estão exibidos na nossa garbosa e mui colorida bandeira - na que se instalou após a revolta contra a Monarquia, sendo esta agora de índole republicana, revolucionariamente Verde, Vermelha e Amarela (em detrimento do Azul e Branco com Brasão ao meio da agora nula, bandeira monárquica) e, como tal, em expoente máximo, ser arremessada ao vento até aos dias de hoje. Tudo isto, depois de uns quantos sublevados terem morto o nosso penúltimo Rei Dom Carlos com dois tiros à queima roupa (de supetão) quando este vinha de Vila Viçosa e ia passar em marcha militar sob Alcântara (Lisboa) em desfile seu com a sua esposa, a rainha Dona Amélia do seu lado que saiu ilesa deste terrível atentado. Só restaria Dom Manuel II, o segundo filho que não herdaria trono nenhum nem deixaria descendência, vivendo exilado do seu país até à sua morte.  Mas já lá vamos. Primeiro, temos de evocar a célebre e mui guerreira, Padeira de Aljubarrota - Brites de Almeida - que de beleza não tinha nenhuma, mas braços fartos sim, para dar com a sua espátula de padeira, a todos os castelhanos (espanhóis agora) que se lhe defrontassem no caminho. E isto depois, de muitas guerras, muitas batalhas sangrentas no terreno em que até uma nossa infeliz e mui amada rainha galega foi morta, pelo implacável Rei Dom Afonso IV, e pai de Dom Pedro I, o jovem amante e depois esposo, da nossa ainda tão chorada Dona Inês de Castro! Que raio de História esta, Santo Deus...em que Reis e pais sem coração, arrancaram o de outros, mesmo que esses outros fossem os do seu próprio sangue!...E dizem alguns, que só na Roménia em dislates desumanos de um certo Vlad, é que estes desmando se deram...
Mas conseguimos! Não só pela aguerrida e mui valente Padeira de Aljubarrota que «aviou» uns quantos para debaixo do chão, mas acima de tudo, pela acirrada bravura dos nossos homens que se terão batido com todas as armas de que dispunham na época...patroas suas incluídas, que só do susto de tanta fealdade...uns quantos mouros se tomaram em debandada!
E depois vieram as Invasões Francesas com o seu imponente e, prepotente Napoleão Bonaparte que a tudo queria tomar, e não fosse o gélido e cruel clima e atmosfera únicas na Rússia - em frio glacial - e ainda hoje o Bonaparte se faria sentir, acredito. Mas vencemos, Mais uma vez. Apesar das muitas mortes, das muitas violações, das muitas percas em animais, bens e...dignidades pessoais. Foi tudo arrasado, trespassado a pente fino, rasurado pelos homens de Napoleão em três chefes seus militares de alto gabarito que, por fim, lá se retiraram para terras de França. E nós ficámos. À míngua! Ou seja, esfomeados, esfarrapados,maltratados e...sem quase esperança de recuperar de tudo isso, mas sobrevivemos! Quando...por vias do destino e da obra do Homem que nunca pára com as guerras, lá foram da nossa terra, do nosso solo lusitano, mais uns quantos para a Primeira Grande Guerra em auxílio de aliados que éramos à Inglaterra. E por lá ficámos...muitos de nós que não voltaram jamais!
Depois...a Segunda Grande Guerra - novamente contra a poderosa Alemanha de Hitler - em aliança de novo com a Inglaterra, mas onde éramos neutros por imposição e manobra muito bem jogada de Salazar (que muitos ainda hoje chamam de tirano, ditador e fascista) mas, para mim e para muitos de nós, o homem certo na hora certa, em nos privar de mais uma guerra de sangue e morte em chão luso! Só errou...ao demitir sem honra ou glória, um tal herói (hoje!) de seu nome Aristides Sousa Mendes que salvou da morte com os seus muitos vistos passados de Paris para Lisboa, os muitos judeus - muitas crianças incluídas - que tentou e conseguiu livrar dos horrores daquela tão triste e hedionda guerra Nazi! Este maravilhoso homem morreu na miséria, no que Salazar pouco se importou ainda em vida deste, na dita precária mesura em que vivia, tendo sido Cônsul e pessoa de bem e depois...nada. Espero bem que num futuro próximo lhe façam a devida homenagem, pois merece-o! Nem só de Schindlers se viveu então, nem tão-pouco com a mesma sublevação mediática de cinéfilos na actualidade, no que, reponho eu agora!

A Actualidade
Pois bem. Somos todos muito calmos, mas temos pêlo na venta, como diria a minha santa avó. Não fazemos mal a ninguém e acusamo-nos a nós próprios desta nossa polarizante - mas de certa forma doentia - condição de passivos, inactivos e pobres...não tanto como a Albânia mas tão-menos em relação à nossa vizinha Espanha que sempre tentou ficar com este pequeno rectângulo, à beira-mar plantado. Se soubessem no que se iam meter, teriam estado quietos estes séculos todos...pois nem sei se valeria o esforço - e digo isto displicente e amargamente, pois sou uma defensora acérrima, com unhas e dentes pelo meu país, acreditem. Mas daria muito mais problemas do que efectivas glórias...acreditem também. Passámos fome. Muita fome. Nos anos trinta, quarenta, cinquenta...vivia-se em quartos alugados e os ordenados mal davam para manter uma família de dois, quanto mais de três ou quatro pessoas em família nuclear, como agora se diz. Éramos neutros - assim como a Suíça - mas sem os dinheiros e fortaleza financeira desta! Éramos...e somos, ainda somos, muito pobres mas obreiros, lavadinhos e sérios - como mandaria a boa cartilha salazarista de então. Mas somos íntegros. Somos sérios, de facto...exceptuando alguns políticos prevaricadores. Dizemos mal, muito mal do nosso pequeno país em «cauda europeia« que abana, gesticula, mas não comanda nenhum cérebro...em particular, o macrocéfalo do Parlamento Europeu onde pouco ou nada somos ou mandamos - ainda que tivéssemos ficado todos vaidosos e por certo orgulhosos, de ainda há pouco termos lá colocado um português como Presidente da Comissão Europeia. Mas já saiu, dando lugar a um outro senhor de grande renome, Jean Claude Juncker e, noutro assento parlamentar, um polaco, um senhor que até parece muito simpático, com certeza! E, ambos competentes também!
Andávamos descalços e agora...já calçamos meio-mundo por outro que, continua a acreditar que tem nos pés uns sapatos caríssimos «Made in Italy» e são, portugueses. Mas isso tem tendência a acabar. Assim como ao nosso azeite, que é dos melhores do mundo e vendemos ao desbarato aos italianos, aos espanhóis e aos franceses, pondo eles o rótulo e fica tudo bem na mesma. Menos...nos nossos bolsos de uma economia tão frágil, quanto debilitante, em quase recomeço dos dias de um tal Viriato que viajava por toda a Estremadura Ibérica e se deixou corromper pelos vinhos e, quiçá, pelas belas mulheres romanas da época. Lá estou eu a fazer juízos de valor...não o desejo; não o quero, mas tenho de reconhecer que, por tantos bravos homens, houveram outros que nem o nome terão merecido. Espero que não tenha sido o caso do Viriato, ou as boas gentes de Viseu excomungar-me-iam como Cristo na Cruz, suponho! E temos vinho! Muito e bom! Temos o célebre Vinho do Porto e o Mateus Rosé que, há quem afirme que é um elixir fantástico de fertilidade nos homens e, nas mulheres, quando bebido a dois e em noite de Lua Cheia...quem sabe? E temos a melhor cortiça do mundo, para isolamentos e afins. Temos praias belíssimas e paisagens de ficar a ver e, se possível, a absorver nos dias e nas noites em que não se dorme e só se ama! E continuamos a dizer mal de nós próprios...! Mas, ai de quem nos pise o orgulho, nos enfarpele a alma ou emprenhe os ouvidos por outros que dizem que somos pequenos, que não temos garbo, que não temos estima e pior...que não temos homens que se empenhem. Aí, tiramos as tamancas, arremessamos dos nossos maiores pergaminhos em alta voz e vamo-nos a eles, a quem nos difamou, a quem nos entregou de lessa bandeja (que agora tantos clamam de, «Lessa-Pátria») e engalfinhamo-nos como nunca se viu, na maior zaragata europeia ou mesmo mundial em Parlamento ou Organização dos Estados(U.E/ONU) e, impomo-nos como gato a bofes (nunca percebi muito bem esta frase...coitado do bicho!) e pumba, lá estamos nós de garra afiada como leões, disfarçando o medo, o temor e mesmo a fraqueza de que nos sintam como pequenos felinos que, no final somos, nestas coisas dos grandes poderes, mas lá que disfarçamos bem...disso ninguém tem dúvida. Mas até damos a vida, se nos contrariarem no acto e, na vã solicitude de nos fazermos grandes, aquando somos depostos em injustiça-mor!
Lembro-me bem do caso recente da Indonésia em invasão a Timor. Aí...fomos grandes! Muito grandes! E batemo-nos de igual para igual, nas altas esferas de Washington e até da Austrália que até já celebrara um tristemente célebre negócio de petróleos com a Indonésia nas nossas lusitanas costas, sem dar cavaco. Unimo-nos de razões e de laços, e fizemo-nos à vida, dizendo ao mundo que, antes de Timor ser da Indonésia (que nunca o foi, a não ser por ilícita invasão territorial) era nossa, e muito mais certificadamente depois...dela mesma, como se veio a registar! Bill Clinton foi impecável e aceitou ver em beneplácito e alguma ingenuidade lusitana nos seus telejornais, toda uma população civil portuguesa em cordão humano, pelas vítimas intermináveis dessa mesma invasão da Indonésia sobre Timor-Leste. O mundo mexeu-se e os nossos lusitanos corações também...porque simplesmente ganharam a causa. Mas quem finalmente ganhou verdadeiramente, foi Timor-Leste, que se consagraria nação valente e imortal - à semelhança dos pátrios portugueses - e se fez nação e bandeira em seu solo e, alma timorense! Nunca fomos tão felizes...nunca! Com excepção do recente Europeu de Futebol em que, quase ganhámos a taça, não fossem os deuses terem sido maiores que os santos, ou seja, os deuses da Grécia pactuarem melhor do que, os nossos santos cá da terra, que perderam e ficaram como os segundos melhores; no que se diz...nos primeiros do fim! Azar, pois foi! Mas batemo-nos bem, no que hoje se já não pode dizer ou tentar...a não ser que o drama do joelho do Cristiano Ronaldo sare, e ele possa ser de novo o Melhor do Mundo - com Irina ou sem Irina - mas sempre com a sua mãe e, a sua família de lado que se bate da mesma forma que todos nós lusitanos e vulgo portugueses, aquando nos pisam os calos, ou seja, aquando nos irritam e lesam o que é nosso por direito! Já não basta, termos perdido um dos nossos maiores ícones nacinais: o Pantera Negra, o nosso querido e amado Eusébio, futebolista extraordinário que também nos deixaria em pesar e, comiseração...deixando a todos órfãos - de pátria mais que lesada no seu âmago e coração prementes!

A Partida
E no meio disto tudo, me ficou agora a pergunta: Poderei eu trocar os meus pastéis de bacalhau, os de Belém, o Cozido à Portuguesa, as encharcadas, as tigeladas, os «papos de Anjo» (uns divinais doces conventuais que, em Alcobaça, na zona de Leiria fazem e são de comer e chorar por mais...) e, tudo o resto deste meu cantinho lusitano de mares e marés, Sol e Lua abençoados, de Aparições, de Senhoras Santas (Fátima), de Fenómenos não-identificados (Ovnis/Ufos), do Fado cantado e chorado como ninguém (que pena, a senhora Dona Amália já ter falecido...por tão bela voz possuir e podermos apenas ouvi-la agora na distância sofrida de umas gravações deixadas) e ainda, o Futebol, de novo. A coisa não está famosa mas, como sempre, haveremos de apelar à Santa, devemos de rezar e orar, chorar ao ouvir este nosso triste fado vadio de, estarmos sempre a levar pancada, a levar para trás, afogando-nos no mar ou no nosso indomável Atlântico que nunca nos vira as costas mais vai «comendo» a Costa Litoral e se deixa seduzir pelas nossas encostas. Que fazer então...? Partir ou ficar...? Emigrar ou zarpar como os nossos marinheiros quinhentistas que tão bravos foram e deram mundos ao mundo...? Que El-Rei Dom Joâo II não me ouça neste infortúnio, ele que amansou e domesticou o Adamastor, e hoje Cabo da Boa Esperança e eu...para aqui a desalmar, a desertificar o meu querido e lindo, mas mui pequeno país, para tantos disparates políticos que ainda hoje estamos a pagar. Que fazer então...? Trocar o meu berço, a minha Pátria de pai, mãe, irmãos e tudo o mais...por um Tio Sam que nem conheço, mas muitos dizem ser condescendente com quem vem de fora e quer trabalhar e não folgar em seu seio, e eu acredito! Mas poderei trocar o meu solo, o meu aconchego, o meu conforto por outro lugar que Colombo se outorgou ter descoberto, mas sabiamente o escondeu de Reis e Rainhas espanholas - Isabel, a Católica - tendo primeiro ido ter com a minha Rainha Dona Leonor e, sua prima (consta-se), no Paço de Lisboa - tendo primeiro arrastado os navios em terras dos Açores...? Será que sou menos portuguesa e mais estrangeira, americana ou assim...por ser da descendência de Colombo ou desta minha Rainha em confronto com Castela? Serei senhora do mundo como Cristóvão Colombo foi, que até teve de renunciar a dizer que era um português (de Cuba, no Alentejo) por vias de um compadrio e amor à causa e, à Casa Real Portuguesa??? Mesmo que tenham sido os nórdicos Vikings ou os distantes Asiáticos a ter descoberto as Américas que Colombo dizia serem as suas Índias, que ele tão bem sabia em negação ( e votado silêncio!) do seu Rei Português??? Terei eu o seu sangue, a sua genética força e a sua supremacia sobre estes mesmos mares por onde ando, por onde nado e sempre naveguei em sonhos meus???
Então se assim for, partirei! Partirei com essa mesma esperança e, essa mesma alma lusa, esta enormíssima alma portuguesa por terras minhas também...que alguém, certo dia por lá descobriu, esventrou e alcançou em gáudio, fortuna e venturas suas...dizendo-se Genovês...
Vou partir. Vou abarcar esta aventura com a alma solta, alma plena de emoção e carinho pelos que deixo, e vou à descoberta do meu Novo Mundo que, em bandeira de estrelas, riscas e muita heroicidade certamente, será minha também - no que concerne em Estados Federais de um só coração meu - uno - para todo o resto da minha vida. E vou ser feliz! Isso garanto-vos. Voltando sempre pelos mares e marés da Terra Nova que um dia os meus também zarparam e, navegaram...eu vou ser livre! E vou ter Portugal no Coração...sempre! E vou ter duas almas agora: Portugal e Estados Unidos da América por vias de uma estranha adopção que sempre foi minha pertença - em alma e, condição! Como Luís de Camões dizia:
"E entre gente remota edificaram
 Novo Reino, que tanto sublimaram;" - No que só posso acrescentar: Que assim seja!