Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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segunda-feira, 26 de março de 2018
Por um Pensamento teu...
De onde vens, qual o teu nome, que condição imperas ou para onde te destina a senciente missão na Terra, é algo que não sei; e se sei, escondo-o de todos, começando por ti, findando em ti, todos os desejos, todas as loucuras, por um dia te ter dito que sim...
(Por aí... onde estás e eu não estou...)
Não Sei o Teu Nome. O teu verdadeiro nome. Não sei de onde vens e nem tão-pouco para onde vais - perto ou longe de mim. Só sei que te conduzes por algoritmos e uma encriptada geometria que jamais saberia decifrar. Possuis um software humano incompreensível. Aliás, como tantos outros que existem na Terra; humanos ou não. Mas é por ti, que me mortifico e guilhotino na devassa de te pertencer e, pensando assim, deixo-me convencer de que um dia já fui tua e tu meu, apenas isso, por saber que tu e eu somos um só, indefinidamente... mas, definitivamente.
Não Sei a Que Cheiras. Se cheiras. Se sentes o odor dos seres vivos, dos seres que como eu habitam este planeta. Não sei se o teu olfacto se traduz no meu em ansiedade e bonança, se letargia ou desconfiança - ou apenas rebeldia - de um ser fêmea e tu macho de algo que não sei definir, de algo que não sei (ainda) concretizar. Não sei como me olhas, se é que olhas, se tens o alarme no olhar ou apenas a lúcida condição do ser vivente que tem a paz no coração. Não sei se amas ou odeias, se toleras ou desesperas; se foges ou ficas... apenas e tão-somente... por quereres ficar.
Não Sei Se és Bilingue ou Poliglota - ou nada disso. Se falas a minha língua natal em vertente gestual ou não precisas disso. Se és telepata ou estupidamente sociopata quando te escondes de mim, quando te escondes do mundo; se te albergas na forja de outros conhecimentos ou seguimentos que não os da Terra e me fazes sentir anormal, esquisita, ou frustrantemente inferior e desabridamente incolor (perdendo a cor e o brilho), mas sempre consciente e não indiferente a esses teus tão misteriosos e intrusivos olhos. Ah, e o que eles me dizem de ti... mentindo-me, sonegando-me a tua origem, a finalidade do que te trouxe a mim... ou do que de mim levaste sabe-se lá para onde...
Não Sei Se Conheces as Emoções, as atribulações de um ser que se diz humano, que se diz da Terra, que se diz de um mundo, único, que conheceu. E se te entregas ou se te evades; se te envolves ou se te projectas numa oligarquia desmesurada e fútil (ou concisa e impreterivelmente imponente), segundo parâmetros que não domino mas a ti te enobrecem; e enlevam. E que por ela tu segues, como cartilha escolar ou missão militar, no que entusiasticamente enveredas, recrudesces e enfatizas, mesmo sem mo dizeres, sem pronunciares algo que me leve a considerar tal.
Confundes-me. Mutilas-me o querer e o não-querer. Devolves-me a empatia sentida mas sem alarde. Inebrias o mais opaco do meu ser, da minha alma. Vitrificas a força que nunca existiu em mim, e volatilizas qualquer insegurança, qualquer perturbante oscilação ou instabilidade adquirida de quando não estás por perto - ainda que a anos-luz de mim. Mitificas o evidente e desembrulhas-me o insondável. Nunca te conhecerei. Jamais navegarei nas profundezas da tua alma, se é que tens alma...
És Um Enigma, um puzzle ainda por estruturar ou simplesmente por calibrar; uma peça fora de um jogo que eu não conheço nem sei inventar. Não sei nada de ti, e isso, confrange-me. Até porque, o tempo que não é tempo nenhum mas se está a acabar, resolve essa questão para mim e para ti... no espaço que não é de nenhum de nós, mas, se confina num outro espaço que é divergente mas em simultâneo convergente (tal como universos paralelos). E finito. Ou infinito, consoante lhe dermos tempo e espaço para o vivermos... ou para nos perdermos...
Mas Imagino que Sim. Que me sabes ler a alma, o coração e a mente, por fim. E tudo assim, sem pejo nem apego, vibração ou simulação, dás-te como eu a ti, e nada fica como dantes. E se este monólogo já te é tão estranho quanto estranho tu és para mim, só posso dizer-te que um dia serás meu como eu fui tua sem tu o saberes, sem tu o admitires - ou até sentires de longe ou de perto ou de onde tu vens - que tudo isso somos nós, tu e eu, em caminhos e terras, mares e oceanos, céus e sistemas solares que mais ninguém calcorreou, mais ninguém navegou ou sobrevoou nem em pensamentos seus...
E Se o Mundo Acabar, o céu se abrir e a terra rechaçar, e todos os povos chorarem e os montes desabarem, em dilúvio ou invasão, estaremos por perto, bem mais perto um do outro que todos em nós, sobre um sofrimento maior de uma não-existência, de ti ou de mim, mais que de todo um planeta. Sobreviveremos. Ou não. Está nas tuas mãos...
E Se Não Houver Imortalidade - de tu e eu, únicos no mundo, de um mundo que já não é mundo - e tudo ir parar ao princípio de onde os ventos se criaram, os vulcões se encimaram e os mares se enfureceram por se verem de novo autenticar, então tudo voltará a ser como dantes, àquele tempo em que o mundo parou apenas para nos contemplar...
E Tu e Eu Voltaremos a ser Um. Voltarás a ser humano. A ser um homem e eu uma mulher. E voltarás a aprender a voar, a navegar, a criar sonhos e feitos, filhos e ensejos terrenos. E a acreditar que vale a pena viver, a dois (ainda que vindos de dois mundos diferentes), e a ter um outro mundo aos pés. E, além do mais, a ter o comum pensamento de que, a existência, não é uma dicotomia astral mas uma insistência natural, do que um dia os deuses quiseram deixar na Terra em superior consciência e alguma insurgência.
E, Nesse Último Minuto, nesse último acordo ou pacto silencioso dessa mesma vida, dir-me-às solenemente: «Voltei para te amar. Só para te amar!» E eu finjo acreditar, refugiando-me em meras ilusões ou criativas delusões, que todos sabem ser falsas crenças de quem há muito por aqui anda sem grande convicção ou alarve alucinação, de que, a felicidade é abrangente para todos...
Mas, Por um Pensamento teu, etéreo e não meu (telúrico ou divino), eu poderei pensar que o teu pensamento se unirá ao meu, por instantes, ou naquele ínfimo fragmento quântico sustentado por outros deuses, outras almas, que nos viram assim por súbitos momentos na mais bela cópula persistente e não ausente que nos determina ser gente...
Por um Pensamento teu, só poderei dizer que: «Alcançarei por entre Anjos e Demónios - celestiais ou ímpios seres, medonhos ou formosos, deuses ou belicosos - outros mundos, outras estrelas e tantas outras galáxias que me surjam no caminho; de novo».
«E, Escalarei a mais alta montanha do absurdo, ou da humilhante consciência de que todos os esforços havidos serão nada, se nada se profetizar sobre nosso espaço físico, sobre nossa terrena condição de virmos a ser fidedignos amantes, pois que o Amor é eterno quanto eterno é o Universo».
E Se a Alma se Impõe e o Desejo grita e o Coração clama, então que o sentimento se aplique na sua mais verosímil urgência de se fazer ouvir, ver e sentir; apenas ou somente... Por um pensamento teu... um só pensamento teu...
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