Calor/Frio: a circunstância climática que poderia (ou não) determinar a severidade da pandemia por COVID-19 no planeta. A conexão entre o clima e a pandemia, segundo a percepção científica, resvalou para tudo o que pudesse ser mais mediático e menos conciso com o que de futuro se veio a observar: «Que a temperatura e a humidade, afinal, não desempenham de todo um papel relevante ou preponderantemente significativo na disseminação do coronavírus».
Morta essa esperança, como muitas outras perspectivas que entretanto se foram esboroando à medida que se ia conhecendo em maior pormenor as vísceras deste desgraçado vírus que se apelidou de COVID-19, também se foi aplacando muitas outras medidas e considerações sobre o mesmo. Ficou claro assim que, o clima por si só, não contribuía para o agudizar - ou amenizar - da pandemia.
Seja Inverno seja Verão, o COVID-19 caminha imperturbável no meio da multidão; aquela que nós permitimos que se faça, que se aglomere e que, esquecidos de todas as recomendações, todos os avisos e todas as regulamentações estatais, nós quebramos e nos destituímos de uma civilidade que há muito devia de ser intuída e nunca ignorada.
No entanto, a liberdade pode estar condenada. E ninguém está preparado para a perder, para conceder a uma pandemia e a um coronavírus a primazia - ou o abuso - de nos sequestrar a todos em casa. Até porque, a economia colapsa como todos sabemos.
Há que cuidar da saúde e do espaço que nos une ou divide; há que haver prevenção mas também a noção de que não somos seres individuais, pelo que as comunidades são necessárias e o colectivo tenha de ser uma prerrogativa e nunca uma impugnação ou, obstaculização. Mas há que tomar cuidados, ou em breve, talvez já não haja nem Inverno nem Verão que nos assista... pelo menos sem o COVID...
Inverno/Verão: «está-se bem», diz o COVID-19
Como é do conhecimento geral (e por todos nós reconhecido hoje), que, no início da pandemia do coronavírus, se chegou mesmo a acreditar de que - As Altas Temperaturas de Verão - pudessem efectivamente reduzir a sua propagação numa desmedida esperança de maior contenção, controlo e diminuição. Não foi assim. Segundo se verificou, esta estação não trouxe alívio generalizado ou freio contemplado sobre as muitas dúvidas e angústias - observadas e sentidas à escala global - de um surto epidemiológico grave que veio para ficar.
Muitos cientistas aferem de que a ligação entre o clima e o COVID-19 é complicada; ou pelo menos tão intrincada e complexa que se não pode pôr desde logo um ponto final em executada conclusão sobre a mesma. No entanto, esclarecem «O clima influencia o ambiente no qual o coronavírus deve sobreviver antes de infectar um novo hospedeiro». Mas também influencia o Comportamento Humano - que move o vírus de um hospedeiro para outro.
A Pesquisa elaborada e conduzida agora pela Universidade do Texas, em Austin (EUA), veio adicionar alguma clareza sobre esta questão; ou seja, sobre o papel que o clima exerce - em influência ou ausência deste - na infecção por COVID-19. Descobriram então que nem a Temperatura nem a Humidade tinham qualquer influência na disseminação do coronavírus.
Em termos mais banais «Faça calor ou frio» nada incomoda ou perturba este nosso rival COVID-19. De acordo com o entendimento dos investigadores, a transmissão deste coronavírus de uma pessoa para outra depende somente ou quase inteiramente do Comportamento Humano.
Dev Niyogi - professor da Jackson School of Geosciences da UT Austin e da Cockrell School of Engineering - e que liderou esta investigação/pesquisa, afirmou:
"O efeito do clima é baixo assim como o de outras características, como a mobilidade, têm muito mais impacto do que o clima. Em termos de importância relativa, o clima é um dos últimos parâmetros."
De registar que esta pesquisa foi publicada em 26 de Outubro de 2020 pela revista científica «International Journal of Environmental and Public Health» (Jornal Internacional de Pesquisa Ambiental e Saúde Pública) com o título «Análise de clima, densidade urbana, mobilidade, casa de família e uso de máscara em escala global para condado dos EUA no COVID-19»
Os seus autores são: Dev Niyogi (da Jackson School of Geociences, no Texas, Austin); Sajad Jamshidi - um assistente de pesquisa na Purdue University (Indiana`s Land Grant University), localizada em West Lafayette, no Estado do Indiana - e Maryam Baniasad, uma candidata a doutorado na Ohio State University, nos EUA.
Por vezes existem certos comportamentos de risco, aferem certos órgão de saúde pública nacionais e internacionais, pelo que nem a OMS está de fora sobre alguns seus intervenientes e colaboradores que têm de manter quarentena devido ao factor de contágio; individual ou em massa.
Transportes, reuniões de trabalho, viagens, convívios, comemorações, eventos esporádicos de certas aglomerações populacionais e afins são dados como os grandes inimigos do ser humano na propagação do vírus (e amigo deste, na inversa conformidade/deformidade dele se estabelecer em larga e franca contagiosidade e infecção nos diversos pontos do globo).
Comportamentos desviantes...?
Errar é humano, já o sabemos. Ser negligente e ausente de certos costumes e obrigações (pelo menos nestes últimos tempos covidianos) também. Somos o que somos; personagens de um papel mal estudado e muitas vezes pouco calibrado com o que devemos ou não fazer, segundo novas regras e hábitos impostos por cumprimento cívico ou legislativo de regras a seguir. E a cumprir.
O Comportamento Humano nem sempre se rege e conduz por certos limites; limites esses muitas vezes questionados e nem sempre identificados com todas as nossas liberdades e garantias, sobre um tempo mais liberto e feliz, dengosamente fluente e ausente de pandemias ou certas virologias que nos impõem um maior controle sobre o que fazemos, como fazemos, com quem nos cruzamos e conversamos, e até com quem nos interligamos individual e globalmente.
São os novos tempos, tempos difíceis dirão alguns. Outros nem tanto, subestimando esta pandemia (denominando-se de «negacionistas»), avessos a qualquer constrição ou anulação dos seus passos e companhias. Diminuem-se contactos, festas de família e eventos maiores para que a disseminação se não faça; ou se não expanda significativamente. Mas nem sempre é assim.
Neste já mencionado estudo dos investigadores do Texas, em Austin, foi definido o clima como «Temperatura do Ar Equivalente» que combinou assim a temperatura e a humidade num único valor. Os cientistas avaliaram então de como esse valor rastreado com o coronavírus se espalhou nas diferentes áreas entre Março e Julho de 2020 - com a sua escala variando de Estados e Condados dos Estados Unidos, a países, regiões, e ao restante mundo em geral.
Na escala de Condado e Estado, os investigadores estudaram também a relação entre a «Infecção por Coronavírus e o Comportamento Humano», usando para isso os dados recolhidos de telefones celulares (telemóveis) para estudar assim os hábitos de viagem dos seus portadores.
Este estudo foi mais longe ainda, pelo que se propôs analisar o Comportamento Humano de um modo geral, não tentando aliás relacioná-lo a, como o clima o poderá tê-lo influenciado. Numa determinada escala, os investigadores ajustaram as suas análises para que as diferenças populacionais não pudessem distorcer os resultados.
Em todas as escalas, os cientistas descobriram que o clima quase não teve influência. Quando houve a comparação com outros factores usando uma Métrica Estatística - que divide a contribuição relativa de cada factor para um determinado resultado - a importância relativa do clima na escala do Condado foi inferior a 3% sem nenhuma indicação de que, um tipo específico de clima, tenha promovido a propagação sobre outro.
Em contraste, os dados revelaram a influência clara do Comportamento Humano - e a influência descomunal dos comportamentos individuais. Viajar e passar algum tempo fora de casa foram os dois principais factores que contribuíram para o crescimento do COVID-19, com uma importância relativa de cerca de 34% e 26% respectivamente.
Os Próximos dois factores Mais Importantes foram a População e a Densidade Urbana, com uma importância relativa de cerca de 23% e 13%, respectivamente.
"Não devemos pensar no problema como algo impulsionado pelo tempo e pelo clima. Devemos tomar precauções pessoais, estar cientes dos factores de exposição urbana." (Refere o co-autor do estudo, Sajad Jamshidi)
Maryam Baniasad - bioquímica e farmacêutica - afirmou também por sua vez que as suposições sobre como o coronavírus responderia com o clima são amplamente informadas (e divulgadas dizemos nós) por estudos conduzidos em laboratório sobre vírus relacionados. Reafirmou além disso, que este estudo ilustra bem a importância dada aos estudos que analisem de como o coronavírus se espalha nas comunidades humanas.
"Quando você estuda algo em laboratório, é um ambiente supervisionado. É difícil escalar para a sociedade. Esta foi a nossa primeira motivação para fazer um estudo mais amplo." (Anui Baniasad)
Marshall Shepherd, professor de Ciências Atmosféricas da Universidade da Geórgia, em Athens (UGA) que não fez parte do estudo, corroborou de igual forma a afirmação de que, este estudo, oferece assim importantes informações sobre o clima e o coronavírus em várias escalas.
"Este importante trabalho esclarece algumas das insinuações sobre as conexões «Weather-COVID-19» e destaca a necessidade de se abordar os desafios da Ciência em escalas apropriadas." (Realça Shepherd)
O Prof. Dr. Dev Niyogi (Ph.D.) da Universidade do Texas, Austin, e responsável por este estudo, registou publicamente que "Uma das principais lições da Pandemia do Coronavírus, é a importância de se analisar os fenómenos na «escala humana» - a escala em que os humanos vivem as suas vidas quotidianas." Niyogi afirmou também que esta pesquisa é bem o exemplo disso ou desse tipo de perspectiva.
Em jeito de conclusão, o professor Niyogi especifica de modo elucidativo:
"O COVID - alega-se - pode mudar tudo. Temos olhado para as perspectivas do tempo e do clima, como um sistema que reduzimos, diminuímos e diminuímos... e depois vemos como isso pode afectar os seres humanos. Agora, estamos a inverter o caso e a aumentar - começando na escala de exposição humana e depois indo para fora. Este, é um novo paradigma que nos diz irmos precisar para se estudar a exposição ao vírus e aos sistemas de modelagem ambiental humana, envolvendo assim novas técnicas de detecção e de IA (Inteligência Artificial)."
(Em Registo): A Universidade do Texas, em Austin (EUA), a NASA e a National Science Foundation financiaram esta investigação/pesquisa.
Em conclusão meramente pessoal: Imperturbavelmente este COVID-19 faz-se sentir; seja Verão ou Inverno, esteja calor ou frio, no quente do veraneio ou nas baixas temperaturas invernosas, sendo quase um estigma certo que todos ou quase todos o teremos de transportar - em maior ou menor escala patogénica - consoante a gravidade ou resistência imunológica com que o enfrentaremos.
Mesmo sendo um tema quente (ainda) para alguns que continuam a persistir no longo debate sobre se o COVID é ou não mais amplamente disseminado no frio do que no calor - ou do quente das altas temperaturas de Verão - este continua a debitar razões e outras tantas preocupações para que o continuemos a estudar e a analisar esteja frio ou calor.
Com ou sem Estações do Ano, os estudos e as investigações não acabam nunca. Nem poderiam, pois que é para isso que todos contribuímos, para que haja sempre um florir depois da geada, um reviver depois do hibernar, ou simplesmente, o assomar de uma luz na escuridão, seja Inverno seja Verão...
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