Marte: os seus mistérios, ou os seus ainda muito lacrados segredos e outros tantos degredos planetários que se desejam brevemente revelados (possivelmente no ano de 2031 através das amostras recolhidas de um robô) de uma missão da NASA que se almeja de grande sucesso em termos de se saber, de vez, se Marte possuiu ou não há alguns milhares de anos vida em si.
No entanto, e apesar das expectativas serem altas, existe um sem número de contingências e muitas outras referências a nível científico que se vão desnudando.
Rios, mares e oceanos à imagem e semelhança da Terra poderiam ter sido iguais aos do nosso planeta. Mito ou realidade? Deixemos que os cientistas no-lo digam. Todos eles, os que acreditam e os que não acreditam que será possível «fabricarmos» uma outra casa fora da casa-mãe como esfuziantes noivos que procuram liberdade e propriedade inequívocas fora do berço materno, fora do colo quente da Terra.
Mesmo em relação à actual missão de Perseverance - que se estima ir procurar sinais de vida numa área em que existia um lago há cerca de 3 biliões de anos - os cientistas vêm agora pôr água na fervura; ou seja, dizerem-nos com toda a sumidade possível de que Marte nos seus primórdios estava efectivamente coberto de Mantos de Gelo e não, como se supunha, por fluentes rios.
Investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica (University of British Columbia) descobriram recentemente de que, um grande número de redes de vales que escavam a superfície de Marte, é assim apresentado ou como que esculpido pela água devido ao processo natural do derreter do Gelo Glacial.
Poder-se-à dizer que se trata de um verdadeiro «balde de água fria» ou mesmo logro, sobre o que se especulava existir em fluentes rios que, em imaginação mais caridosa e fértil, imaginámos este planeta interior do nosso sistema solar (e nosso vizinho) ter sido, em todo o seu planetário esplendor numa identidade ou especificidade quase idêntica à da Terra.
Mas nada de desmoralizar, pois o Planeta Vermelho ainda tem muito para nos contar; se não por agora talvez daqui a alguns anos (2031) onde certamente o estudo geológico das amostras recolhidas nos dará algumas respostas ainda não havidas.
Marte poderá não ter sido confortavelmente «Quente e Húmido» num manancial robusto de um planeta coeso de flora e fauna tal como no nosso planeta, todavia, o grande sarcófago que Marte nos é ainda, poderá sem sombra de dúvida fazer-nos suspeitar de que valerá de facto a pena explorá-lo. Investigá-lo. E, se os «deuses» deixarem... estudá-lo então um pouco mais para que sintamos e saibamos se devemos ou não fazer dele uma nossa futura casa ou não...
Lançamento do foguetão Atlas V que levará o veículo robótico Perseverance até Marte. Perseverance partiu do Cabo Canaveral, na Florida (EUA) no dia 30 de Julho de 2020, pelo que chegará ao Planeta Vermelho por volta do dia 21 de Fevereiro de 2021 com a magna missão de encontrar sinais de vida; sejam eles quais forem...
«A Recolha de Amostras e a Produção de Oxigénio» são agora as funções destinadas ao mais recente robô da NASA, que foi publicamente anunciado como «Perseverance», ou seja, Perseverança em português. Este robô (e um pequeno helicóptero de prospecção territorial) irão de forma exemplar tentar encontrar vestígios de vida microbiana ou qualquer réstia da existência de vida biológica que tenha porventura existido neste. Teremos em breve uma surpresa...??? Oxalá que sim!
Mantos de Gelo e não Rios...
Se aqui colocássemos um emoji certamente seria um dos que choram; ou dos que se lamentam, pelo que as noticias científicas nos divulgam agora de estarmos perante uma alusão e não uma ilusão utópica sobre Marte.
Como desejámos que Marte fosse como nós, Terra... mas não o sendo, segundo o mais actual estudo dos investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica, poderemos desistir já deste planeta?... Penso que não, ainda não é hora de deitarmos a toalha ao chão ou virarmos costas ao nosso até agora único ponto referencial de conquista (e presumível segunda casa em expansão, exploração e possível colonização) sobre este ainda ignoto mártir Planeta Vermelho.
Este estudo que foi publicado na revista científica «Nature Geoscience» do dia 3 de Agosto de 2020 e que tem por título «Formação de GR Valley no início de Marte por erosão subglacial e fluvial», sendo da responsabilidade dos investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), revela-nos agora de que Marte não foi de todo - como supúnhamos - aquele «El dorado» idêntico à Terra.
Desenvolvendo e utilizando novas técnicas para poderem ter a faculdade de examinar milhares de vales marcianos, assim como fazendo a comparação dos vales marcianos aos canais subglaciais do arquipélago do Árctico Canadiano ou Canadense, os investigadores descobriram semelhanças impressionantes.
Daí terem concluído que a afirmação dominante de, no Antigo Marte (no seu início), este ter sido «Quente e Húmido» poder afinal estar errada; ou seja, chuvas, rios e oceanos podem ser apenas uma miragem de todos nós sobre este planeta vizinho.
A principal autora do estudo, Anna Grau Galofre, ex-aluna de doutorado no Departamento de Ciências da Terra, Oceânicas e Atmosféricas, esclarece:
"Nos últimos 40 Anos, desde que os vales de Marte foram descobertos pela primeira vez, era de que rios já fluíram em Marte, corroendo e originando todos esses vales. Mas existem centenas de vales em Marte, e eles parecem muito diferentes uns dos outros. Se você olhar para a Terra a partir de um satélite vê muitos vales: alguns deles feitos por rios, outros feitos por glaciares/geleiras, outros feitos por outros processos, e cada tipo tem uma forma distinta.
Galofre enfatiza ainda: " Marte é semelhante, pois os vales parecem muito diferentes uns dos outros, sugerindo que muitos processos estavam em jogo para esculpi-los."
A Semelhança entre Muitos Vales Marcianos e os canais subglaciais da ilha de Devon, no Árctico Canadiano, motivou então os autores deste estudo a conduzi-lo num modo de comparação.
"A ilha de Devon é um dos melhores análogos que temos para Marte aqui na Terra - é um deserto frio, seco e polar, e a glaciação é amplamente baseada em frio." (A afirmação do co-autor do estudo da UBC, Gordon Osinski, professor do Departamento da Western University que coordena as Ciências da Terra e do Instituto de Exploração da Terra e do Espaço)
No Total, os investigadores analisaram então mais de 10.000 vales marcianos, usando para isso um Novo Algoritmo para inferir assim nos seus processos de erosão subjacentes.
Mark Jellinek, professor do Departamento de Ciências da Terra, Ciências Atmosféricas e Oceânicas da UBC, afirma de forma categórica:
"Estes resultados são a primeira evidência de Erosão Subglacial Extensa, impulsionada esta pela drenagem canalizada de água desse derretimento sob uma camada de gelo antiga em Marte."
Mas Jellinek acrescenta: "As descobertas demonstram que apenas uma fracção das redes dos vales corresponde a padrões típicos de erosão das águas superficiais - o que contrasta fortemente com a visão convencional. Usando a Geomorfologia da Superfície de Marte para reconstruir rigorosamente o carácter e a evolução do planeta de forma estatisticamente significativa, pode-se afirmar que o caminho é francamente revolucionário!"
A Teoria da Anna Grau Galofre também ajuda a explicar de como os vales se terão formado há cerca de 3,8 biliões de anos num planeta mais distante do Sol do que a Terra (este é o quarto planeta a contar do Sol, estando assim mais afastado da dita zona habitável para a vida) durante um período em que provavelmente o Sol era menos intenso do que o verificado agora.
Daí que Anna Galofre (actualmente bolsista/bolseira de pós-doutorado em Exploração do SESE na Arizona State University) especifique:
"A Modelagem Climática prevê que o clima antigo de Marte era muito mais frio durante o tempo da formação da rede do vale. Tentámos juntar tudo e levantar uma hipótese que realmente não havia ainda sido considerada: Que as redes de canais e vales podem muito bem formar-se sob camadas de gelo, como parte do sistema de drenagem que se forma naturalmente sob uma camada de gelo quando há água acumulada na base."
Colonizar Marte? Talvez. Mas não é fácil, nada fácil tal feito. Terraformar Marte é complexo, já o sabemos; todavia não impossível apesar dos contras (muitos!) que a futura população humana lá irá encontrar. Os espinhos serão bem mais do que as rosas, isto é, se um dia nos for possível fazer algo mais de Marte do que uma mera plataforma para outros voos, outras ambições interplanetárias e não só...
Para começar, a necessidade de haver um «Escudo Magnético Protector» que, criado artificialmente, nos bafejasse com a sorte de não sermos esmagados e de imediato mortos pelas excessivas cargas da radiação ionizada ou do enorme impacto provocado também pelos potentes ventos solares. Nada em Marte é simples; e se o foi há muito que está esquecido...
A Conclusão: Marte não é para velhos!
Sem querer menosprezar ou mesmo relativizar o que esta faixa etária nos dá e sempre deu em sabedoria, paciência e alegoria na Terra, há que convir que Marte não é para eles como não o é para ninguém que se fizesse de peito aberto e sem protecção rigorosa para enfrentar os tantos desafios que nele se encontram.
Em Primeiro: astronautas, médicos e engenheiros técnica e excelentemente preparados e só depois, muito depois, a populaça que, em comunidade viral, se faria reproduzir e desenvolver numa sociedade por certo bem diferente daquela que apresentamos no nosso planeta-mãe.
Mas isso já todos sabemos, sendo do conhecimento geral que as agruras, as dificuldades, muitas, não serão prontamente debeladas ou agilmente aceites ou torneadas de forma expedita como um bónus ou umas férias de prazer, mas antes, uma difícil e complexa missão que irá estruturar e complementar muitas das infraestruturas que hoje temos na Terra e, só lá instaladas, nos poderão dar a habitabilidade necessária. E a segurança ou fiabilidade para continuarmos.
Voltando ao nosso estudo, há que dizer que os investigadores da Universidade da Colúmbia Britânica reconhecendo a importância de haver um futuro em Marte, se não coibiram de nos mostrar aliás o seu passado, o passado antigo de Marte.
Revelam-nos assim de que o Planeta Vermelho nesses ambientes atrás referidos também suportariam melhores condições de sobrevivência para possíveis vidas antigas em Marte. Ou seja, nada seria incompatível com essa vida.
De acordo com os investigadores da UBC «Uma camada de gelo daria mais protecção e estabilidade à água subjacente, além de fornecer Protecção Contra a Radiação Solar na ausência de um campo magnético - algo que Marte já possuiu mas que, infelizmente, se fez desaparecer ao longo dos muitos milhares ou biliões de anos.
Enquanto a pesquisa de Grau Galofre foi focada em Marte, as ferramentas analíticas que ela desenvolveu para este trabalho podem ser aplicadas para descobrir mais sobre a História Inicial do nosso próprio planeta.
O Professor Mark Jellinek afirma neste artigo, notavelmente concebido pela Science Daily de 3 de Agosto de 2020 que tem por título «O início de Marte estava coberto de Mantos de Gelo, não rios que correm...», de que pretende utilizar estes Novos Algoritmos para analisar e explorar os recursos de erosão que sobraram da História Primitiva da Terra.
"Actualmente podemos reconstruir rigorosamente a História da Glaciação Global na Terra que remonta a cerca de um milhão a cinco milhões de anos. O trabalho da Anna vai-nos permitir explorar o avanço e a retirada das calotas de gelo de há pelo menos 35 milhões de anos atrás - até o início da Antárctida ou ainda mais cedo - naquele tempo, bem antes da «Idade» dos nossos Núcleos de Gelo mais Antigos que nos serão como ferramentas analíticas muito importantes."
(Refª da revista Nature Geoscience, 2020 «Formação de GR Valley no início de Marte por erosão subglacial e fluvial» Os seus autores são: Grau Galofre; A. Jellinek; AM e Osinski)
Repensando Marte. Ou mais exactamente, repensando o muito que ainda teremos de calcorrear e entender sobre este e muitos outros desconhecidos trâmites planetários do início até agora; em Marte, mas também na Terra.
Compreender o Passado é vital e mesmo crucial para podermos criar, inventar ou reinventar um Futuro; em Marte, ou em qualquer outro lugar que nos seja ainda incognoscível mas a ele tenhamos acesso e positivismo de um dia alcançarmos mais do que somente dentro de portas, dentro do nosso sistema solar. Consolidar vida e ser vida. E usar da tecnologia, dos avanços e da sabedoria de outros tempos que não lembrando sabemos terem existido...
"No Futuro, é bem possível que ela, a tecnologia, possa gerar um campo magnético de 1 a 2 Teslas contra o vento solar" (Jim Green, da Divisão de Ciência Planetária da NASA em afirmação pública em 2017)
Uma Magnetosfera Artificial é essencial (algo que os investigadores da NASA já têm em laboração, assim como a projecção de vários processos que implementem o aumento da temperatura marciana para criar um efeito de estufa que por sua vez vai fazer aumentar a temperatura até se alcançar as condições compatíveis com a presença de água no estado líquido).
2040 (ou em 2034 como Elon Musk tanto nos apregoa, enviando cerca de 10 mil pessoas até ao ano de 2050) mostrará subsequentemente um novo planeta Marte. Possivelmente uma Atmosfera Marciana com maior temperatura e pressão (na já referida subsistência de água em estado líquido na superfície do planeta vermelho em quantidade suficiente para assim se poder garantir a sustentabilidade de vida humana nessa dita exploração e colonização).
E cidades. Cidades de Marte. Cidades em cúpula, em pequenos (ou grandes) satélites habitacionais, laborais e laboratoriais em coesos aglomerados previamente considerados sobre quem neles habita, trabalha e pesquisa, numa contemplação urbanística marciana que só atingíamos em visão e explanação de ficção científica ainda há poucos anos.
Green afiançou há cerca de 3 anos de forma convicta «Se for criado um campo magnético artificial as novas condições em Marte permitirão que os investigadores e os exploradores estudem o planeta com muito mais detalhe. E se isso for alcançado... a colonização de Marte não estará muito longe."
Acreditamos que sim. Como acreditamos que hajam também grandes massas de água gelada nas calotas polares de Marte e, talvez, mesmo que certos investigadores o contradigam, água líquida à superfície (mera utopia ou o devaneio de vermos férteis os escombros geológicos de Marte?!) em possibilidade de um dia podermos ver e, viver, um outro Marte tão igual a nós, Terra.
Temos de Repensar Marte, pois temos. Começando por repensar tudo o que nos move e faz crescer e engrandecer na Terra.
Temos de saber do Passado, do Presente e até do Futuro de todos nós, repensando que talvez não seja mau de todo, o termos de ir pensando numa nova casa, num novo lar, embora esse lar, esse aconchego que ainda o não é, nos dite que são tenebrosos os caminhos. Mas até lá, vamos acreditando que é possível, que é perfeitamente credível que sejamos todos marcianos... um dia...!
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