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quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

No Limite

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(Foto de 24 de Agosto de 2016): Um menina síria que, aguardando tratamento num hospital improvisado, se vê de imediato sobre os holofotes dos média (após um ataque aéreo na cidade de Douma, a leste da sua capital, Damasco). Uma menina ferida que se vê observada - e novamente violada - pelo olhar da câmara, ou de uma objectiva menor que não espelha toda a sua tristeza, toda a sua raiva ou desalento, apenas por sentir que, nada nem ninguém a protegeu da cruel guerra dos homens da Terra...

"Não faço grandes milagres, mas faço vários pequenos milagres!" (Madre Teresa de Calcutá)
                                                  (Algo que a ONU tenta em vão...)

Este olhar, esta imagem que vale por mil palavras, diz tudo. E sugere-nos que nem o mais enigmático e famoso olhar de Mona Lisa nos poderia ser tão misterioso, infame e sedutor, tudo em simultâneo (ainda que numa inversão e certa perversão do que se obtém do quadro pintado por Leonardo da Vinci), no que esta menina nos reproduz, em seu pequeno espaço interior, em seu olhar redutor, reportando-nos a nossa mais incómoda verdade - ou mediocridade! - de a não termos salvaguardado, de a não termos reservado aos males do mundo.

E isso, lamentavelmente, ficará para a História dos homens e mulheres da Terra que, por um punhado de nada, se legitimam a matar o seu semelhante...

Teremos o direito civil de o expor ao mundo...? Este olhar, esta carência, esta tão guilhotinada indiferença até para com a dor, até para com as figuras presentes mas ausentes de si, que apenas desejam catapultar para o outro lado do mundo um sofrimento que vem de dentro e se não mostra porque, simplesmente, já não tem forças até para se rebelar...?!

Poderemos ficar imunes à destruição da sua infância, da sua meninice e crendices infantis de que, os que a deram à luz e ao mundo, os mesmos que a deveriam proteger e guardar destes pecados dos homens grandes, mortos também, a não tenham avisado de que não valia a pena viver...?

Poderemos, algum dia, fazê-la esquecer desta guerra, desta hedionda pulhice bélica dos homens que falam através das armas...? Poderemos invocar o seu perdão para o que perdão não tem...? Penso que não, mas posso estar enganada...

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(Foto de 4 de Abril de 2017) Abdulhamid al-Youssef a carregar nos braços os dois filhos gémeos de 9 meses, mortos pelo ataque de gás sarin, na cidade de Khan Sheikhun, na Síria: A terrível exposição (da incompreensão ou negação do que está iminente?!) que, estampada no rosto deste pai sírio, expõe toda a sua angústia, medo, e por certo confusa tristeza por uma guerra que jamais entendeu, colaborou ou incentivou sobre políticos meandros que também jamais conjecturou...

Porque o expomos? Porque o motivamos mesmo sem querer...? E, porque nos não empenhamos mais em ajudar quem desta guerra foge; desta e de outras igualmente castradoras de todos os Direitos Humanos, de todos os direitos na vida...???

E porque continuamos a divulgar as múltiplas imagens do terror apresentado (como se fosse um filme de ficção passado vezes sem conta) no que fingimos sentir ou, nem sequer imaginamos sentir, mesmo que em total solidariedade para com essa dor?!

Ou pior, dizendo-nos tão afastados e tão distantes desta realidade - por muito que o terrorismo e esta extensa era do medo nos esteja igualmente colada à pele como sarna de caprino ou carraça de cachorro - nos demitamos de ser mais piedosos e mais voluntários para com eles?! Por que somos tão pouco diligentes? Por que lhes somos assim tão indiferentes???

Exposição e Violação de Direitos
Mesmo sentindo estar, possivelmente, a invadir esse esconso e caprichoso tugúrio onde estão guardados todos os segredos e infortúnios do mundo, não deixarei de aqui o mencionar - admitindo reconhecer (infelizmente) esse tão faccioso espaço de todas as violações - expondo a imagem desta menina ou, a deste pai agora, segurando nos braços o poder da vida que quase se esvai, na morte anunciada que entretanto veio e levou consigo mais duas almas.

E por estas almas, de tantas outras que perfazem a montanha mais agreste dos horrores ou dos muitos tormentos de uma qualquer guerra, que sinto que terei de questionar esses mesmos senhores da guerra, os senhores do mundo, deste nosso imperfeito e amarfanhado mundo (que vão de Putin a Trump, de Kim Jong-un a Bashar al-Assad, entre outros, muitos outros) que, de longe, vêem as atrocidades e todas as ignomínias aplicadas por uma sua ordem, por um só gesto seu. Que me diriam se fossem os seus filhos...???

Que poderes teriam então se, por um bastião de outrem ou de seus conhecidos inimigos, seus rivais belicistas em hegemonia militar e territorial, contra os seus filhos se debatessem, e sobre eles, todos os demónios, todos os sofrimentos se revertessem, sem que se ouvissem as vozes dos lamentos entre tantos outros abatimentos...? Que fariam então?

Se deixados para trás ou deixados na fraca memória de quem, sem já memória, se deixa contorcer pelas armas e morre num chão que foi seu de nascença e é seu de mortalha... E todos o vimos, e assim o observamos, sem o sentir, na pele e na alma... a muitos e muitos quilómetros de distância...

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Fugindo da guerra, dos estilhaços, dos escombros ou simplesmente da morte em total evasão de espaços ou de maior alento que não seja o correr dali para fora, sem saber para onde, sem saber como ou porquê, do tudo ou do nada que lhe roubaram...

Alertas da UNICEF...
Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) cerca de 3,7 milhões de crianças - uma em cada três no país - não conhecem outra realidade além do conflito instalado que dura há quase 7 longos anos de tortura, martírio ou dolorosa punição só por se ter nascido em tão duro chão.

«O UNICEF renova novamente o apelo a todas as partes envolvidas no conflito, na Síria, e aos que influenciam sobre elas para tornar a protecção das crianças, primordialmente, e assim cumprir as suas obrigações  nos termos do Direito Internacional Humanitário», comunicado emitido no último trimestre de 2016, por Hanaa Singer, representante da UNICEF, na Síria.

Foi ouvida a suprema voz de Hanaa Singer...? Sabemos que não. Tal como este comunicado de 2016, reiterados apelos da UNICEF foram sendo feitos - e esquecidos - ao longo destes anos, sobre a preocupação de, haver um maior desvelo e protecção nas crianças que ficam à mercê da sua própria sorte e condição, pelo que esta guerra civil de grande monta tem destilado e produzido.

E, ceifando tudo, vai colhendo tudo também, desde as suas famílias até à escassa vida inerente da sua cidade e dos seus jardins de infância. A catástrofe é geral e ninguém está a salvo, nem mesmo as organizações mundiais que actuam no terreno, quando podem ou quando lhes é permitido agirem.

«Os ataques a todas as infraestruturas civis, incluindo escolas, jardins de infância, «playgrounds», educação e instalações de saúde, devem parar imediatamente».

Este, o imperativo apelo ou réstia de oração de Hanaa Singer a uma maior consciência e, consideração, pelos mais inocentes; ou que se não sabem defender tão resolutamente dos ataques infligidos na Síria. Infelizmente, constata-se que sem grande efeito...

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(Foto de Abdulmonan Eassa/AFP) - Ghouta oriental (Síria): O único (ou último reduto ainda) do grande enclave insurgente das forças rebeldes afectas ao Estado Islâmico, segundo o Observatório Sírio sediado no Reino Unido. Um dia mortífero! (71 mortes só num dia! E, em 5 dias, o terrífico número de 380 civis mortos, numa calamidade sem precedentes a que a ONU já chamou de «Inferno na Terra»).

No dia 19 de Fevereiro de 2018 e pela mão da Reuters, via Beirute, chegava-nos esta imagem, igual a tantas outras, ou talvez não, documentando na perfeição o que pode ser a sublevação da vida, de raras semanas ou meses, em bruços de uma protecção que o não é. E tudo fica mais amargo ao sabermos que de nada podem valer estes esforços até ao próximo ataque...

O Ocidente a leste...
O Mundo está estranho, deveras estranho. Se num lado se matam às dezenas, centenas ou mesmo às milhares de pessoas num conflito armado pungente de larga escala mas de há vários anos, ninguém liga, ninguém parece assumir grande importância. Mas se se ouvem os tiros, os disparos e os muitos disparates de uma nação armada até aos dentes, então a coisa é bem mais acirrada e, cruel, para quem sente nesta proximidade anglo-saxónica, a verdade de todos os males.

Donald Trump não desmobiliza e pensa armar, agora, os professores. Não opino sobre isso. Não me imiscuo na política interna dos países, muito menos de um que é «meu» aliado (aliado de Portugal, e que ainda por cima é um dos fundadores da NATO...). No entanto, como diria Fernando Pessoa: «Primeiro estranha-se e depois entranha-se», ainda que esta seja uma verdade muito pouco digerível no meu país, onde o uso de armas se confina - ou deve confinar - às forças e autoridades militares e policiais e nunca por nunca ao cidadão comum ou civil, salvo raras excepções de âmbito profissional.

Nikolas Cruz, de 19 anos, o ex-aluno que perpetrou (entusiasticamente, segundo consta) um terrível tiroteio numa escola secundária, em Parkland, na Florida, no dia 14 de Fevereiro de 2018 (estranhamente no dia de São Valentim, o dia dos namorados...), causando a morte de 17 pessoas e outros tantos feridos, teve maior relevância no mundo ocidental do que os 71 mortos reportados cinco dias depois sobre terras sírias. É assim este mundo. Chora-se mais o que perto do nosso coração está e a a nossa alma sente, por muito abnegados que sejamos na dor vizinha ou naquela outra que não está assim tão distante de nós...

Em relação a Ghota, na Síria, a ONU (Organização das Nações Unidas) afirmou em comunicado que cerca de 400 mil pessoas que vivem ainda em Ghouta oriental, numa bolsa de cidades-satélite e pequenas fazendas que estão sob o domínio governamental de Bashar al-Assad desde 2013, sentem a asfixia de uma turbulenta vida em múltiplas carências. Sem alimentos, água ou medicamentos, os recursos são, a cada dia que passa, menores. E sem um fim à vista...

Neste mês de Fevereiro de 2018, a situação tem-se avolumado de episódios nefastos. Algumas facções resistentes de rebeldes, disparando contra Damasco, vão continuamente matando crianças e ferindo outras, provocando em sucedâneo, a retaliação de tropas e forças armadas aliadas contra estes (Daesh/Isis).

Sabe-se que, Milhares de Sírios, permaneceram presos ou sitiados em cidades de domínio do Estado Islâmico durante largas épocas ou anos. Contudo, nestes últimos tempos, tem havido uma maior luta na diminuição desses efectivos rebeldes, ainda que se saiba que bairros inteiros foram dizimados e 11 milhões de habitantes estejam ainda sem tecto, ou sobre outro tecto, refugiados noutros países ou mesmo ainda escondidos, sobrevivendo às duras condições em chão sírio.

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A Guerra que ninguém quer: Ataques com Armas Químicas. Em Abril de 2017, o exército norte-americano lançou 50 mísseis (U.S.Tomahawk) em direcção à Síria como retaliação ao ataque com armas químicas. O Governo Russo repudiou de imediato. Uns e outros, na maior confusão destes últimos tempos em conflito armado não desistente, confundem o inimigo (Estado Islâmico) e guerreiam entre si...
                                                                          (2017/2018)
(2018): No entanto, sobre as últimas notícias vindas a público (Fevereiro de 2018), há o registo de que a Rússia já pediu a intervenção da ONU, pelo que o seu exército tem perecido igualmente nesta frente de guerrilha aberta que se está a tornar, dia a dia, cada vez mais um conflito a nível internacional com o Irão, a Turquia, a Arábia Saudita (entre outros) não numa mediação, mas, na inferência ou ingerência sobre a mesma...

(Espera-se entretanto um cessar-fogo de 30 dias, a partir da reunião da ONU, no dia 23 de Fevereiro de 2018, com os seus cinco membros do Conselho de Segurança da ONU, entre os quais a Rússia, no qual ela (Rússia) só participará dando o seu aval, se não houver jihadistas ou islamitas da Jihad no pedaço...).

Ou seja, não vetará como já sucedeu antes, a agora iniciativa francesa na tomada de posição de solicitar sanções contra os responsáveis pelo uso de armas químicas, na Síria. A Comissão de Inquérito da ONU denuncia assim a Síria por crimes de guerra ao usar de armas químicas contra civis. (A UE nessa «démarche» (marcha), sancionou também 16 pessoas envolvidas nos ataques químicos contra civis, na Síria - dados de Fevereiro de 2018).

(Entretanto, e já com a aprovação do cessar-fogo reiterado pela ONU - em caminho humanitário até à Síria - soube-se este acordo ter sido violado pela forças aliadas de Bashar al-Assad que continuaram com os bombardeamentos e lançamento de 6 mísseis no terreno, imediatamente nos dias que se seguiram, em 24/25 de Fevereiro de 2018, continuando a chacina...).

Mas voltando atrás no tempo, ao ano transacto...
(2017): «Acho que o que Assad fez é terrível. O que aconteceu na Síria foi uma desgraça para a Humanidade», palavras compungidas de Donald Trump (aquando o ataque químico perpetrado pelas forças militares afectas a Bashar al-Assad, na Síria, em 2017).

No que anteriormente se induziram como aliados (ou indiferentes nessa causa), tornaram-se depois inimigos figadais. Trump não se queria meter mas a precipitação dos acontecimentos e deste agora volte-face por parte de Bashar al-Assad, fez o resto.

 Assad utilizaria as armas químicas - na região de Khan Sheikhoun, na província de Idlib - contra o inimigo mas também contra o seu próprio povo (muitas vezes usado como arma de arremesso ou alvo em efeito colateral). Foi usado então o poderoso e mui fatal gás sarin - o propulsor que faria atiçar a acção imediata.

A Morte foi unânime e impiedosa sobre 86 pessoas - entre elas 26 crianças - segundo o levantamento do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (OSDH), registando-se que tal não podia, ou não deveria, ficar impune. Verificou-se então que esta medida terrível saiu da Base Aérea de Homs, sem justificação possível para tal demanda bélica.

Daí que houvesse a urgência de se estancar outras similares medidas, segundo evocou o Exército dos Estados Unidos por voz do seu Presidente que afirmou em toda a linha de que: «O Regime de Bashar al-Assad já foi longe de mais e, para parar o banho de sangue, uma acção foi necessária».

O que se lamenta é que, para estancar uma se tenha de inaugurar outra. E, nessas investidas, se não asfixie e mate de vez o mal. Supõe-se que muitas outras investidas surjam sem que esta maldita guerra do Oriente possa de facto parar. Mas não desesperemos, pois há sempre fulgurantes e mui felizes notícias no que se relaciona não só com os seres humanos vítimas da guerra mas, com os ainda mais desprotegidos além as crianças: Os Animais.

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Os Animais no Zoo. Neste caso, no zoológico sírio que já não o é, na ainda interminável guerra que mataria os seus animais (os já encarcerados e enjaulados por habitat próprio neste circunscrito espaço), além a fome, a falta de cuidados, e a muita debilidade havida entre todos, os sobreviventes que, muitas vezes, deambularam perdidos por entre escombros, cadáveres e ruínas do que lhes fora abrigo ou dera alimento...

(Transcrevendo a Madre Teresa): «Não faço grandes milagres, mas faço vários pequenos milagres». «E foi isso que escolhi fazer», afirmação de Eric Margolis, patrocinador da empreitada que levaria ao resgate destes infelizes animais sobreviventes, no zoológico de Aleppo (na Síria), para a Jordânia.

Do Trauma ao Resgate...
A maioria dos animais existentes no Zoológico de Aleppo (de seu nome «Mundo Mágico») , em cerca de 150 animais no seu todo, foram mortos pelos ataques à bomba aí infligidos. Sem recurso de fuga ou por entre ruínas, foram vendo a sua sorte ditada por um sem número de aflições, passando muita fome e muita sede, supõe-se, sem o tratamento obviamente devido. Nem sequer se pode imaginar o sofrimento a que estiveram sujeitos...

Completamente abandonados (uma vez que todos haviam fugido da guerra, desde os proprietários do Zoo até aos tratadores, assim como pela restante população da cidade de Aleppo e do próprio país, fazendo dele sair cinco milhões de habitantes e outro tanto como refugiados), estes animais terão «clamado» (ou rugido) em vão por socorro - ainda que pontualmente alguns moradores ali tivessem deixado alguns alimentos e água, ambos escassos até para eles mesmos. Até que uma voz se fez sentir e os ouviu nessa consternação...

13: os animais sobreviventes. De 150... restaram somente 13 animais: Uma calamidade! Mas foi este o número que se encontrou, recolhidos e subnutridos, enfezados e muito tristes, os pobres animais que a ONG Four Pawns International resgatou então com a colaboração ou mui estimável apoio do Governo Turco e do seu Presidente (por muito questionável que Erdogan seja, aqui mostrou-se efectivamente à altura, na minha modesta opinião).

Na contabilidade havida, recolheram-se: 5 Leões (um deles, uma fêmea que se encontrava grávida, dando à luz posteriormente já em segurança na sua nova casa, um lindo leãozinho); 2 Tigres; 2 Ursos; 2 Hienas e 2 Cães. E, ao que se sabe, estão agora todos bem e de saúde; e com mais um elemento activo no grupo. Assim continue a ser, deseja-se.

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Imagem da destruição, na Síria. Um ataque cerrado do qual ninguém foge, na mais imperfeita imagem do que se não quer viver em supliciante inferno, na Terra. O cheiro a morte, no sentir de todos, no limite de todas as forças, de todas as orações não ouvidas... (por seres humanos ou animais...)

«Não havia o que eles pudessem fazer para escapar desta armadilha mortal», acentuada afirmação de Amir Khalil, o médico-veterinário - líder desta tão honrosa e linda missão conseguida - explicando ainda de que, os animais em questão, estavam muito debilitados, e sumamente traumatizados física e psiquicamente.

Levaria ainda algum tempo a quebrar esse trauma, admitiu, sentindo ir ser uma missão deveras sensível, no entanto, exequível e de sucesso, se tratados conveniente e futuramente com todos aqueles carinhos e cuidados que anteriormente lhes foram negados.

Esta operação levaria ainda três meses a ser realizada, tendo sido estes animais resgatados em duas fases ou etapas: primeiro, levados para uma espécie de Centro de Reabilitação Veterinária, na Turquia. Numa segunda fase, estando já os animais estabilizados, passaram para a que seria de futuro a sua nova casa, na Jordânia, em autêntico santuário para animais.

Amir khalil merece toda a nossa reverência, mas também Eric Margolis, o tão persistente e apaixonado impulsionador desta acção de resgate, como patrocinador também desta árdua empreitada - não sem alguns dissabores que o conotaram de alguma insensibilidade para com os que fugiam da guerra, ou os que ficaram.

«Ninguém queria patrocinar essa ousada missão de resgate», disse, por sua vez, Eric Margolis, naquela que terá sido sem dúvida a sua mais difícil missão na Terra até à data...

Daí que Margolis tivesse anunciado nessa sequência, a já tão célebre frase de Madre Teresa, pois que, tal como ela, se não podem «fazer todos os milagres do mundo...», só os que nos são possíveis ou atingíveis, mesmo que de rude condição ou grave situação...

E assim é, de facto. Margolis fez algo que muitos nem sequer se debruçariam a empreender, por tão graves riscos poderem correr. A morte estava sempre à espreita, insinuou...

Desde já o meu grande afecto e apreço, eu, que não sou ninguém mas que sempre me comovo e, solidarizo com quem salva, protege e cuida dos mais desprotegidos; neste caso, os animais, pois que quanto às crianças, o caso é muito mais complexo - ou absurdamente negligente - por quem deveria tomar medidas nesse sentido, num chamamento e presença, em que nem UNICEF nem ONU estarão de fora... ou completamente inocentadas...

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(Foto da Reuters/Sultan/Kitaz, de 2 de Junho de 2014): Membros da Defesa Civil de Resgate a Crianças, em Aleppo, na Síria.  Como é perceptível, há sempre quem por entre a guerra faça a paz... e tente salvar quem deve ser salvo: As Crianças! E todos os que, não tendo culpa alguma das estúpidas e ímpias decisões dos homens e mulheres da Terra, sinta que ainda há tempo para tudo solucionar num anátema que pode ainda ser reversível e, contido, à imagem de quem nos fez...

No Limite de tudo ou nada...
No Limite de tudo - ou de tudo o que se poderá viver, mesmo que em sofrimento - ou até mesmo no que nos poderá ser uma crença que não uma só questão ou arbitrariedade de se estar a viver um inacreditável e inenarrável inferno, na Terra (ainda que à distância de tudo), sinta que há algo mais para fazer, para ser dito e consumar que não só em meras palavras de conforto ou solidariedade.

E, consagrar, todos aqueles que se não deixam intimidar ou imobilizar, por todos os crimes de guerra, por todas as atrocidades cometidas, seja em crianças, seja em animais, seja em quem quer que seja.

Havendo sempre quem escolha o bem e por ele se reja - mesmo que no Limite das suas Forças e na grandiosidade de uma maior humanidade, na Humanidade - acredite ser possível serem banidas as guerras e mesmo a morte, num destino que se presume também sem limite.

No Limite... iremos até ao fim... até que não haja limite algum para que esta e outras guerras se imponham no meio de nós, no meio dos mais desprotegidos, das crianças e dos animais da Terra.

Sabe-se ser urgente e imperativo combater-se o Estado Islâmico (na sua mais prepotente e facínora razão irracional de um Estado que o não é, caótico e desmembrado de qualquer consistência, aptidão e consciência), sobrepondo-se despótica e usuriamente sobre outros.

Contudo, há que ter em conta todo o sofrimento por detrás da longa cortina dos infelizes e, inocentes, que não sabem ou não podem partir, vedando-lhes os acessos, anulando-lhes os ímpetos de liberdade ou, simplesmente, a vontade de salvarem os seus das garras quase omnipotentes de um «deus» que não escolheram para si; nem para ninguém, acredita-se!

E talvez por outros deuses ou por um que se não faça de orelhas moucas, é que espero que estas minhas preces me sejam ouvidas e, jamais imagens como as que aqui coloquei se tornem a ver, se tornem a repetir, numa mimetização constante dos factos e das sempre iguais e punitivas guerras (ainda que seja utópico assim acreditar).

Todavia, não denegrindo a esperança que ainda subsiste sobre a Humanidade... desejando que, sem sombras de mais fantasmas de outras guerras entretanto havidas e não suprimidas, haja um consenso mundial - explanado de razões e plasmado de outras versões - mesmo que nem tudo possa finalizar num idílico e beneplácito Éden, possa haver no Limite de todos os limites planetários, uma breve fresta de outra tangível esperança.... É nisso que acredito ou quero acreditar...

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