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sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Até sempre, Leonard...


 So Long, Leonard....Resultado de imagem para leonard cohen
De volta às Estrelas do Firmamento - de volta onde sempre se pertence - existe a magia da imortalidade nas palavras evocadas e, nos sentimentos havidos. Nunca te esqueceremos, Leonard Cohen!

«Everybody Knows/I`m Your Man»
Toda a gente sabe, Leonard, que tu és o meu homem...! Foste, e sê-lo-às sempre (impreterivelmente!) no coração-trovador do que cantavas ou nas palavras que embebias e sorvias como o mais doce néctar de um amor sentido - e consentido - sobre algo que só nós, mulheres, conhecemos: A vulnerável ou sustentável arbitrariedade de seres nosso, só nosso, sem o saberes. Toda a gente o sabe, ou sabia, do que tantos ou tantas de nós partilhávamos contigo do que só possuíamos em sonhos destruídos e desavindos dos que connosco, incapacitada ou impotentemente, se fizeram sonhar. Foste o nosso homem, indubitavelmente! (O homem de tantas mulheres por esse mundo fora...).

Nunca houve a vã ilusão de teres sido só meu, eu sei. Mas sendo tão amado e querido assim, sonhámos contigo, amámos-te em segredo e, no silêncio de nossas alcovas vazias, sentimos-te o cheiro de homem prenhe de inteligência, afecto, sensualidade, coerência, e mesmo até um pouco de sensatez por saber que não sendo tu eterno, eternizarias o teu canto, a tua alma devota a nós; homens e mulheres que te souberam escutar nos recantos de suas mundanas vidas...

«Dance Me To The End Of Love/Famous Blue Raincoat»
«Dança-me a tua beleza com um violino ardente (...) dança-me até ao fim do amor...»
Dançando-me até ao fim desse amor eterno que jamais se perderá ou esfumará no esboroar dos tempos, foste a minha mais famosa capa de chuva azul que tudo protegeu, que tudo demoveu de maus augúrios, tristes infortúnios e outros tantos intentos baratos, submissos ou voláteis, que mudassem ou apenas transformassem tão puros sentimentos teus por mim...

«Allelujah»
Aleluia agora sim, por todos os nossos irmãos perdidos, foragidos e não queridos, pelos que fugindo ou refugiando-se nesse outro lugar qualquer, dão esperança e guarida a todos os que ainda não partiram, como tu, que ainda está connosco, dentro de nós, encimado por nós, idolatrado por todos, emparedado em nossas almas soturnas - e confusas - de nos teres deixado assim...

«Suzanne/Nevermind»
Não me chamo Susana mas outro nome qualquer, não importa; esquece isso e tudo o resto, pois tu estás sempre presente em nome e palavra numa literatura conforme e não distante (ou displicente) que te segue os passos e te penetra na sombra, e te devolve à natureza de homem ímpar. Mas as noites perseguem-te, tal como esse teu cigarro sempre aceso, sempre diletante - e cativante - de te entregar à morte; e ela ronda, ténue e maldita, sobre os dias e as noites longas, escuras, escuras demais, inseguras demais, para quem já dissera reconhecer a partida (reconhecer a morte e esperar por ela!) na penumbra de todos os espaços dos encantos e desencantos de todos os lugares, de todas as circunstâncias, sem ter medo dela aparecer, sem ter medo desta lhe requerer a surpresa - ou o espanto - de com ela não querer ir ou simplesmente se deixar ir...

«First We Take Manhattan/A Thousand Kisses Deep»
É certo que fomos loucos, tão loucos e devassos ou tão belos e inomináveis por termos primeiro tomado Manhattan e só depois Berlim... e, um pouco por todo o lado e por todas as coisas, termos tomado o mundo! Mas soubemos abraçarmo-nos a Mil Beijos de Profundidade, no que, em palavra e em verso, se escoou e não reteve, de todo o amor que por mim sentiste em jogos e promessas virtuais, dizendo-me assim: «Por vezes, Quando a Noite é Lenta, o Miserável e o Manso, Nós juntamos nossos corações e vamos... A Mil Beijos de Profundidade!» e assim afogámos mágoas e sonhos, delírios e delações num quebranto só nosso, numa magia inquebrável, insuspeita sobre nós...

«Hey, That`s No Way To Say Goodbye»
Hey, Isto não é Maneira de se Dizer Adeus...! Não é nem pode ser, Leonard; Não, quando tanto ainda havia por dizer, por falar e cantar, versejar e memorizar nessas tuas lânguidas e roucas toadas que te saíam da alma, que te ressoavam de ti, sem que soubesses, no fundo, o tanto que davas ao mundo, que davas de ti, que exultavas sem esforço ou sem remorso de te saberes tão grande e tão profuso nas trovas que deitavas cá para fora... Não, não é mesmo maneira de te despedires, de te teres ido embora, mesmo que o soubéssemos, eu e tu, ao longo desta vida e desta história em que nenhum de nós se cruzou por aí... mas Adeus, sim. Adeus, até sempre; até que os nossos corações se cruzem no infinito de um Deus maior que tudo vê e abraça, como nós nos abraçámos numa vida que não conhecemos...

«The Stranger Song/In My Secret Life»
Na Minha Secreta Vida tu estás e estarás sempre presente; hoje e sempre! Ou, talvez, na mais longínqua, externa, estrangeira, ou quiçá extraterrestre canção que tu e eu pudéssemos compor na miríade dos espaços inabitados que não privámos e, dos tempos que não vivemos, tu e eu, como dois forasteiros, dois desconhecidos e ausentes um do outro que pelo mundo vaguearam, outro mundo, sem sequer se terem conhecido. Não, nesta física que não espiritual vida, tu e eu, como dois expulsos e renegados amantes de um Éden reinventado, de outro céu e outras estrelas, em que tu e eu somos um só no Firmamento... outro Firmamento!

«You Want It Darker»
Não. Não é Verdade que eu Deseje Mais Escuridão, mas a morte sim, ou talvez algum anjo caído mas nunca o Senhor, esse teu e meu Senhor de Todas as Coisas.
«Aqui Estou, aqui estou, Estou Pronto meu Senhor», ias dizendo... mas estarias...?
«Exaltado e Santificado seja o Teu sagrado Nome, Desprezado e crucificado na forma humana...Um milhão de velas ardem pelo amor que nunca veio...» e sim, esse amor ficou na escuridão mas não eu ou tu, que nunca soubemos matar ou sequer apagar a chama dessa ilusão, dessa fleuma perdida revoltada e esbatida num tempo sem tempo, de só ida...

«So Long Marianne»
É esta a minha singela homenagem a ti, Leonard Cohen, de todas as literaturas vocais, escritas e audíveis, de todas as missões audazes e nobres de peregrinas anunciações (ainda que não reconhecíveis de qualquer Nobel, injustamente...).
Que o Céu te seja um portal de caminho e entendimento que na Terra te não souberam conceder e, sabendo, te não deram o mérito total para tanto sentimento, para tanto e tão expansível ou remissível amor pela Humanidade, no que esta tinha ou poderia ter de seu melhor. Expressaste-lo. E, a nós, só nos compete, agora, guardá-lo bem em nossos corações pelo tanto outro bem que soube ouvir-te - e sentir-te - no mais profundo de nossos tão comuns seres de almas impuras...
«So Long, Leonard», descansa em paz no teu reino. Até sempre...

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