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segunda-feira, 6 de abril de 2015

A Fulgurante Mineração


Mina de Bingham Canyon - Utah (EUA)

Pressupondo que os bens naturais da Terra são fontes inesgotáveis na economia mundial (sendo este pensamento absurdo e falso), que mais se imporá o Homem na extracção de recursos da Terra em solvência de si próprio? Haverá estoicismo exacerbado - ou mais prosaicamente mediocridade acentuada - no que o ser humano faz em si mesmo, na dissecação completa de um ventre materno terrestre? Existirão limites para esse esventrar impúdico na Mãe-Terra, de toda uma ganância efectiva que não só nos irá fazer lamentar essa voracidade quanto essa mesma capacidade finita de recursos? Ou mesmo do pensamento humano que julga - à priori (e à posteriori) - que tudo é racionalmente infindável ou abundantemente interminável? Ser-nos-à punitivo (um dia) essa louca busca e tomada de poder que não é nosso, nunca foi nem nunca será nosso? Teremos a sã consciência de que estamos a matar a nossa própria fonte de alimento «mater-natura» como bolsa amniótica que nos sustenta e dá o equilíbrio geo-estratégico para a nossa própria criação, desenvolvimento e proliferação? O útero-mater da Terra já tão fenestrado pelo Homem não se revoltará um dia por essa nossa não consciência? Não será esta Fulgurante Mineração esse mesmo projecto letal que os deuses certo dia nos concederam mas agora, extrapolados e esmiuçados até ao limite de tudo - em reversibilidade sua - nos farão sentir, na pele e na alma, a devassa de um planeta como violação de algo que nunca nos pertenceu? Saberemos arcar com essas culpas ou continuaremos a fingir que tudo é nosso e tudo podemos cometer em nome e benefício de coisa nenhuma, espoliando a nossa amada Terra???

Industrias Extractivas - Os «Tesouros» Enterrados
(Como se extraem os Recursos Minerais da Terra...)
A Mineração é fulcral para a civilização humana; de facto, são os seus produtos minerais - Pedra, Bronze e Ferro - que identificam as eras culturais da Humanidade.
Actualmente, a Mineração é levada a cabo numa escala maior do que nunca: todos os anos se extraem cerca de 4 biliões de toneladas de Carvão em todo o Mundo e há minas - como a Mina de Cobre a Céu Aberto de Bingham Canyon, no Utah (EUA) - que podem produzir até 270.000 toneladas de Minério e desperdícios rochosos por dia. Tanto nas minas subterrâneas como nas a Céu aberto, as novas técnicas e a crescente mecanização, continuam deste modo a melhorar a eficiência.

Indústria Mundial
A Indústria Mundial depende de cerca de 80 Minerais, que vão desde os mais vulgares, como o Ferro, o Cobre e o Calcário, aos mais exóticos, como a Platina e o Molibdénio. Desenvolveram-se então muitas técnicas de mineração diferentes para extrair estes Minerais dos vários locais e, ambientes em que aparecem na Natureza.
A Extracção de Minerais é mais fácil e menos dispendiosa nas Minas a Céu Aberto, que produzem mais de 80% dos Minerais (excluindo o Petróleo e o Gás) extraídos nos Estados Unidos. Nas mais simples destas minas, o Mineral é simplesmente apanhado com pás (minérios macios) ou por meio de explosões (minérios duros), sendo depois transportado para fora da mina por maquinaria pesada.
À medida que o Poço da Mina vai aumentando de tamanho, podem criar-se terraços em degraus para assim aumentar a estabilidade e permitir que se efectuem Operações de Extracção em muitas partes do poço ao mesmo tempo!

Faixa a Faixa
A Mineração a Céu Aberto é apropriada para depósitos grandes e profundos situados perto da superfície, mas para Depósitos Superficiais - relativamente pouco espessos mas largos - utiliza-se a Mineração em Faixa. É uma técnica utilizada sobretudo para o Carvão, mas aplicada também por vezes a outros materiais de textura - e resistência - semelhantes.
Na Mineração em Faixa, o material superficial conhecido por «Terreno Móvel», é removido então por potentes bulldozers, faixa a faixa, pondo o Mineral a descoberto. Este é em seguida quebrado e apanhado por meio de «cabos de arrasto» com baldes cujas capacidades podem atingir 180 metros cúbicos. Os desperdícios de uma Faixa recém-escavada são depositados no espaço deixado pelo anterior.
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Mineração a Céu Aberto

Escavar até...Grandes Profundidades!
Nos lugares onde o terreno móvel tem mais de 30 metros de espessura, a Extracção à Superfície torna-se economicamente ineficiente, no que se tem de obrigatoriamente utilizar outros métodos de Mineração Subterrânea.
Todas estas operações começam com a Escavação de uma abertura para a Mina, que é muitas vezes uma abertura vertical - ou Poço - com um diâmetro de cerca de 7/8 metros, equipada com um sistema de elevação para a superfície.
O acesso ao Minério Enterrado pode também fazer-se por «Galeria» - uma passagem quase na horizontal, escavada ao longo de um monte ou montanha - ou por uma rampa em Espiral de declive suave.
As Galerias e as Rampas são preferíveis aos poços como meio de entrada numa Mina, porque desta forma se podem utilizar camiões a diesel para transportar Minério da Mina, sem ter de o transferir para Sistemas de Elevação.
Os Corredores Horizontais chamados «Níveis», saem do Poço da Galeria e são utilizados para a circulação do pessoal, do equipamento e do Minério.
Uma técnica de extracção vulgar é a Mineração de Sala e Pilar, em que se escavam «salas» de Minério e o tecto é sustentado por pilares intocados. Este método é particularmente apropriado para o Carvão, porque, esta aparece muitas vezes em Depósitos Horizontais rodeados de duras paredes rochosas. Contudo, Muitos Minérios aparecem sob a forma de «veios» muito inclinados, requerendo então uma técnica de extracção diferente, por exemplo, a de degraus de nível inferior. Aqui, os Minérios abrem «Níveis Inferiores» - galerias transversais através do minério. Em seguida faz-se explodir o Minério, que é retirado, formando uma caverna - ou degrau.
À medida que a Extracção prossegue, o degrau aumenta de tamanho: os Fragmentos de Minério espalhados pela explosão caem para o fundo do degrau, onde são então recolhidos.
Numa situação em que, as Paredes de Mina (ou o próprio minério) são fracas ou os trabalhos têm lugar a grande profundidade (e, consequentemente, pressão), a Mina tem de ser escorada durante a Extracção do Minério, o que é de facto executado por Escoras Hidráulicas ou estruturas de madeira - ou simplesmente enchendo os degraus com resíduos, por exemplo: areia ou desperdícios.

Trabalhar numa Mina de Carvão
As Minas de Carvão são ligadas à superfície por meio de pelo menos 2 túneis verticais - ou poços - com cerca de 500 metros de profundidade.
O Poço de Ventilação é o poço através do qual se transporta o Carvão. Por cima da entrada fica a Torre de Extracção, que tem o equipamento de Elevação que faz subir e descer o Carvão, assim como a maquinaria para fora e para dentro da Mina.
O Poço de Saída é aquele que leva os mineiros até às Galerias de Acesso, que levam à face do Carvão. Um corredor inclinado vai dar a um Ventilador que extrai do poço de saída mais de 400 metros cúbicos de ar por segundo. O ar puro entra através do Poço de Ventilação e passa por toda a Mina.
A uma grande profundidade, Perfuradoras - veículos equipados com grandes cabeças de corte - abrem então as galerias que dão acesso aos Veios de Carvão.
Hoje em dia, o Carvão é normalmente extraído por Mineração de Sala e Pilar - ou em cortes. na primeira, os Mineiros fazem explodir e perfuram o Carvão, deixando para trás pilares suficientes para sustentar as rochas sobrejacentes ( a chamada Parede Suspensa). Esta técnica é a mais utilizada nos Estados Unidos.
No Sistema em Cortes, os Mineiros utilizam uma Cisalhadora - máquina com uma cabeça de corte rotativa - para arrancar o Minério de uma única face (Grande Corte) com uma largura entre 100 e 300 metros. Suportes Hidráulicos sustentam então a Parede Suspensa por cima dos mineiros. À medida que a Cisalhadora vai cortando a face do Carvão (da esquerda para a direita), os Suportes vão avançando para proteger os Mineiros, deixando então que a Parede Suspensa - que fica para trás dos mineiros - caia. O Carvão Extraído é de seguida levado por transportadores para Vagonetas de Carvão, que são de imediato puxadas para a superfície.

Não sendo um processo em nada fácil (ou aligeirado) do que muitos de nós perspectivamos única e exclusivamente por meio dos cinéfilos - ou da realidade nem sempre feliz de Mineiros que se deixam falecer debaixo dessas catacumbas malditas de gás e carvão - o certo, é que temos a nobre consciência do árduo trabalho da prospecção e extracção dos Minérios.
Sente-se que, por vezes, não se reconhece esse esforço ou essa hombridade - física e mental - de quem nestes escuros e obscuros subterrâneos faz o seu modo de vida. Tem de se lhes fazer a justa homenagem - tantos aos mortos que aí morrem todos os anos em estatística deveras insidiosa na escadaria ascendente, ou no número que gradualmente vai aumentando (por muitos esforços também para que se evite tal), mas, acima de tudo, para com os vivos que nestas andanças da Mineração andam, com o mesmo garbo de outros em chefias ou hierarquias da alta engenharia.
Não é dispicienda a forma como muitos produtores de cinema aludem a estes tabernáculos nas profundidades da Terra, para assim poderem executar as mais belas (e terríveis por vezes) filmagens, em que o belo se mistura com o feio ou o exótico - ou mesmo o cruel, aquando se verifica a explosão de gás aí contido, sem avisos ou indícios de tal. Para além, de outras hipotéticas surpresas que, dos confins do planeta, bem se podem fazer emergir em consonância com o silêncio que lhes «roubaram» - a essas muitas criaturas desconhecidas que, provavelmente, habitam nessas virgens zonas da escuridão...!?

Desde o infantil filme de Walt Disney «A Branca de Neve» (em que os sete anões iam e vinham todos contentes das suas minas) até ao mui britânico e exemplarmente gentleman 007 (passando pelo inesquecível Indiana Jones na sequencial saga cinéfila do realizador Steven Spielberg, na sua segunda metragem «O Templo Perdido» ou da Perdição), e todos eles em comum, a expectativa, a audaz perfuração humana sobre carris nas catacumbas de minas  e, toda a sua excentricidade algo assustadora (e receosa) de se cair num buraco fundo - ainda mais fundo do que qualquer buraco negro do Espaço...presume-se. Daí que, sim, seja de facto de pressupor uma certa consideração e, respeitabilidade para quem faz estes trabalhos no meio ou no centro da Terra. Contudo, há que se evitar os excessos, os confrontos com a Mãe-Natureza, no fundo, conceptualizar que apenas somos uns meros passageiros deste planeta que, mesmo em prol de uma actividade honrosa ou de maiores benefícios económicos no mundo, teremos de ter, igualmente, essa mesma consciência do uso-fruto mas também causa-efeito, se Lhe (Terra) estivermos a secar os recursos, se Lhe estivermos a extrair em ablação uterina o que esta tem de melhor em si. A pior coisa que o Homem se poderá abjurar (ou perjurar) será, porventura, a histerectomia abusiva que estará - nos próximos séculos - a cometer nesta, para além de, em si próprio (em sentido figurado ou em metáfora sobre si, do que não possui em si mas executa nos outros). Pior ainda, se, ao sentir-se superior e no domínio sobre todas as coisas, se identificar com aqueles mesmos deuses que um dia também prevaricaram pela escravidão imposta sobre o mundo inferior (à Terra) em seu benefício e, acordo. E isto sim, será um enorme cancro de muitas e nefastas metástases ou horrendas neoplasias (tumores malignos) dos quais o Homem jamais se livrará se o planeta Terra entrar em convulsão, abatimento e padecimento atrozes sobre o terminal destino a que foi abjecta e liminarmente consagrado.

A «Serpente» bíblica que tentou um Adão indefeso (ou não muito esperto) e uma sacrílega Eva do Paraíso, terá por certo muitos nomes, muitas denominações e outras tantas configurações (sejam estas de civilizações e génese reptilárias, ou outras...), no que ambos fatalmente concederam - e conceberam - em práticas mundanas de várias manipulações genéticas sobre os mesmos. Poucas ou nenhumas dúvidas se tem sobre isso actualmente. Não obstante estarmos a falar de um planeta de barriga aberta, semelhante a uma cesariana de parturiente, o facto é que, se a deixarmos esvair em sangue num hemorrágico deslace de tudo - ou em analogia clínica numa septicemia letal - a certeza que todos teremos em breve, será o de uma Mãe-Terra que já partiu há muito de nós em pulsação, sentidos - e Esperança - de recobrar ou sequer ressuscitar para nós, Humanidade.
Eu confio que não. Por muito Fulgurante que esta Mineração planetária nos seja, há que soçobrar na mente e na consciência de todos nós que algo tem, inevitavelmente, de estancar. Nada é ilimitado. Nada é inesgotável. Nada é infinito, a não ser o Universo e mesmo sobre este, já há quem afirme o contrário. Seja como for, que haja a razão do lado de quem se reconhece merecedor de neste belo planeta azul viver, sem ser em estertor de uma morte anunciada - ou em bulícios de um tormento maior - que nos possa a todos deixar órfãos um dia...desta nossa amada Terra que nos protege, cuida e abraça com o sorriso da bela anã amarela (Sol) e, uns quantos olhos de outros nossos irmãos planetários que também sabem e sentem como nós...que tudo tem um término, um finito, mas que não o é por próprias mãos em flagelação ou acto impuro sobre nós mesmos. Só o Universo o sabe e o faz ou nem isso...deixando que algo ou alguém o incite ou cometa em si. Quanto a nós...vamos continuando a ser esta Humanidade cheia de qualidades e defeitos num processo contínuo de evolução, sabendo de antemão que, também «eles» o terão...

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