Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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terça-feira, 8 de janeiro de 2019
Humanos: Seres Mutantes
Seres Mutantes: o futuro do ser humano. Graças à biotecnologia e à faustosa investigação científica na área da Edição Genética - em autêntica revolução e evolução no sector biomédico ou na complexa especificidade da medicina molecular - o Homem reluz numa esperança quase perdida na contenda de doenças até aqui irresolúveis de, um mais eficaz tratamento ou mesmo sanada perturbação, por vias de uma nova e já instaurada tecnologia designada CRISPR.
Seres Humanos versus Seres Mutantes
Muito diferentes do Homo sapiens sapiens de onde proviemos (e este porventura ainda mais distante do primeiro hominídeo que o originou e antecedeu) faz-nos reconhecer estarmos perante a realidade consumada de seres mutantes que hoje somos.
Seres que vamos aperfeiçoando e realizando por vias tecnológicas numa voraz corrente evolutiva sem precedentes; numa igualmente transcendente e tão extraordinária ascensão que por vezes sentimos que somos deuses - ou com eles parecidos na similar perceptibilidade e autenticidade do que vamos construindo e «endeusando» cientificamente, num fã irreconhecível e irreversível, que jamais o Homem pensou alcançar.
Estes novos séculos são-nos frutuosos e só não ruinosos se os soubermos identificar correctamente como também sábia e vertiginosamente auspiciosos, segundo algumas pré-estabelecidas regras e internacionais convenções éticas que nos não deixem ultrapassar o devido.
Os benefícios terapêuticos são-nos legítimos mas há que o saber convenientemente utilizar sem que para isso se sobreponham outros interesses e outras manigâncias que façam do Homem um ser autómato e desprovido de sensações - algo que até aqui o definiu e cingiu como ser humano que é. Todos ganhamos se o soubermos respeitar!
Seremos, no futuro, seres mutantes...? É de difícil resposta esta questão, pelo que actualmente se produz, potencializa e ostensiva de forma totalmente aberta (ainda que algumas vezes nem sempre transparente) estas experiências que se radicalizam sobre estranhos códigos éticos, tendo por base a melhoria das condições de saúde dos seres humanos.
Todavia, aplaudem-se os esforços e os sucessos, que, gloriosa e imponentemente ou dissecada e negativamente, se escalpelizam nos média.
O caso da ELA é evidente. Sendo uma doença neurodegenerativa sem cura, poder-se-à a breve prazo e através deste sistema CRISPR, melhorar a função motora, abrandar a atrofia muscular e, quase que milagrosamente, fazer aumentar a sobrevivência dos pacientes com esta doença. Somos deuses por isso?...
Nem tanto, mas sentimos que estamos perto deles ou, da sua sapiente e magnânima forma de ultrapassar defeitos e anomalias, erros genéticos e mutações desmedidas que até há pouco nos davam um elevado índice de mortalidade e uma quase desesperante franquia de estarmos a lutar contra moinhos de vento tal como Dom Quixote de la Mancha...
(Por explícita referência): «A Manipulação Genética em Embriões Humanos através do uso de Técnicas de Edição de Genoma encontra-se taxativamente proibida nos países que subscreveram em 2010, a Convenção dos Direitos do Homem e da Biomedicina do Conselho da Europa (entre os quais Portugal), reforçando-se a necessidade de se desenvolverem esforços adicionais de regulação científica e bioética, a nível internacional, que possam salvaguardar situações similares futuras».
Este, o Comunicado de 29 de Novembro de 2018 do CNEVC - Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, em Portugal (UE) - em posição oficial sobre a condenação pública nacional em relação a He Jiankui - o cientista chinês que desapareceu sem deixar rasto (e muitos alegam estar preso nas masmorras chinesas para jamais se dar ao luxo de apregoar ao mundo ter exacerbado poderes éticos), ou «por ter realizado com sucesso» uma modificação genética efectuada em embriões humanos com recurso à técnica de Edição de Genoma, designada por CRISPR-Cas9.
Edição Genética. Técnica CRISPR-Cas9: a tão falada técnica que irá alterar para sempre o nosso código genético. Somos seres em evolução e não retracção ou sequer contenção do que nos faz ser, a cada dia que passa, uns seres mais adaptados e conciliados com o meio ambiente em que vivemos; ou com a própria transformação planetária que o globo sofre à medida que se vão registando determinados eventos geológicos, os quais, também nos fazem simultaneamente readaptar a outras novas realidades.
Somos, como sempre fomos, seres mutantes. Sê-lo-emos sempre se, o soubermos providenciar mas também legitimar (e legislar), em concordância com a Comissão de Ética Internacional (no caso português, CNECV ou Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida), reedificando tudo o que nos define e anuncia como seres inteligentes que também somos.
Não reconhecer isso, é dar um passo atrás; ou entrar num estranho jogo de sedução tecnológico em que não havendo espaço nem simulação para se voltar atrás, se poderá ditar o Fim da Humanidade. Cabe-nos a nós (todos!) escolher qual das vias seguir...
A Técnica CRISPR
Em termos gerais (para se não aborrecer o leitor) sabe-se que o ADN (ácido desoxirribonucleico ou em inglês DNA «deoxyribonucleic acid») contém toda a informação genética das células electroquímicas/pilhas (sistema que converte energia química em energia eléctrica).
Biologicamente, quando uma proteína precisa de ser sintetizada, os genes relevantes estão transcritos no ácido ribonucleico (ARN/RNA «ribonucleic acid»), sendo processado e transportado fora do núcleo. A tradução de ARN forma uma sequência específica de Ácidos Nucleicos que conduz à produção de uma proteína específica.
O que os cientistas elaboram hoje, é uma manipulação de Sequências do Ácido Nucleico que serve como uma promissora e valiosa opção no tratamento de uma mais eficaz terapêutica para uma escala de doenças genéticas.
Alterando as sequências associadas e codificando o produto funcional da proteína, ou seja, manipulando essas sequências, poder-se-à observar com agrado a melhoria do paciente ou, nalguns pontuais casos, até mesmo a cura da doença ou patologia havida.
Um dos métodos utilizados pelos cientistas para alterar a Sequência do Ácido Nucleico é designado tecnicamente como «Aglomerado Interspaced», regularmente inter-espaçadas (curtas Cas) na tecnologia palíndroma (repetições palindrómicas/CRISPR) que são programados para alterar ácidos nucleicos.
Fora dos circuitos biomédicos, é mais comum designarmos estes procedimento científico como «tesouras moleculares», não só como potenciais terapêuticas e sequencial cura para as doenças genéticas, mas como a intrusão de se conhecer melhor (adicionalmente) as doenças genómicas ou do gene anómalo.
CRISPR ou «Repetições Palindrómicas Curtas Agrupadas e Regularmente Inter-espaçadas» (Clustered Regularly Interspaced Short Palindromic Repeats), que consiste em pequenas porções de ADN bacteriano compostas por repetições de nucleotídeos. Cada uma dessas repetições encontra-se adjacente a um proto-espaçador de ADN correspondente a uma região não-codificante inserida no ADN bacteriano, após o contacto com os Genomas Invasores provenientes de bacteriófagos ou plasmídeos.
(Em explicação mais científica e pormenorizada): A Transcrição do locus CRISPR resulta em pequenos fragmentos de ARN com capacidade de desempenhar o reconhecimento de um ADN exógeno - e específico! - actuando como uma espécie de guia de modo a orientar a nuclease Cas que irá promover a clivagem e consequente eliminação do ADN invasor, caso este entre novamente em contacto com a bactéria, actuando como Importante Mecanismo de Defesa contra ADNs invasores!
O CRISPR é frequentemente utilizado na referência à Edição Genómica ou Genética; todavia, é o acoplamento do CRISPR e do sistema Cas9 que vai permitir assim a deleção selectiva do ADN.
Para que tudo se torne mais abrangente no conhecimento público sobre esta temática, poder-se-à acrescentar que, com o sistema de CRISPR-Cas, o ADN viral é cortado nos fragmentos que são armazenados num «locus» de CRISPR.
Estes locus podem então ser transcritos, sendo que os ARNs daí resultantes possam ser utilizados para detectar assim o futuro bacteriófago do ADN, actuando desse modo como uma resposta imunológica adquirida.
Há que pormenorizar de que, a família de CRISPR, é originária de uma bactéria, como se induz logo de início, actuando como uma resposta imune às ameaças virais.
CRISPR-Cas9. Nos últimos anos, os estudos feitos pelos investigadores nesta área, vieram acrescentar que aparentemente - a Cas9 - é a principal nuclease envolvida no processo de clivagem de ADN invasor (de entre os vários tipos Cas exibidos).
O Revolucionário CRISPR-Cas9
No histórico deste sistema, há que reportar que já em 2011 foi demonstrada a possibilidade de transferir a memória-imune de uma espécie de bactéria para outra, gerando assim novas possibilidades de aplicações do mecanismo - o que levou aos subsequentes estudos que mostraram que Cas9 purificadas têm a capacidade de clivar o ADN-alvo in vitro quando guiadas por crARNs.
(Daí o que resultou na utilização do sistema CRISPR como uma ferramenta de Engenharia Genética, tornando possível e acessível editar com sucesso o Genoma de Células de mamíferos - assim como de inúmeros outros sistemas-modelos).
O Sistema de CRISPR-Cas foi adaptado pelos cientistas para editar sequências do ácido nucleico com a finalidade e assertivo objectivo de uma mais intensa investigação e conhecimento no tratamento da doença genética. Sabe-se assim de que o ARN/RNA é projectado deste modo para guiar Endonucleases - do Cas ao corte em pontos específicos - e editar as sequências do ácido nucleico.
O Sistema Tradicional de CRISPR-Cas - sistema Cas9 - foi identificado inicialmente pelos especialistas como «Streptococcus Thermophilus». Uma vez que Cas9 é introduzido nas células electroquímicas/pilhas, o ARN especialmente projectado do guia é utilizado para dirigir o endonuclease Cas9 para cortar o ADN de uma forma altamente específica.
Sem nos alongarmos em mais referências científicas deste método, há a registar que «A Descoberta de um Bacteriano Sistema Imune contra Plasmídeos Invasores», tenha sugerido um grande impacto na Comunidade Científica no que diz respeito a técnicas de Edição Génica e Genética - na obtenção de organismos geneticamente modificados - assim como na futura construção de moléculas de ARN.
Estas moléculas de ARN/RNA vão conquistar assim um mundo até aqui vedado. Ou incompreendido até agora. Desenvolvidas por meio biotecnológico, vão possuir de futuro a capacidade de mimetizar todo aquele natural processo bacteriológico, promovendo desta forma o direccionamento da Nuclease Cas9 para uma sequência-alvo específica para que esta promova a clivagem. E a sequência de interesse.
Processo este, que a tornará disponível para a actuação maquinal na reparação da célula, promovendo assim a porção de edição e de interesse presente no genoma-alvo.
É uma técnica até agora reconhecidamente benéfica e altruísta, não sem antes se rectificar alguns reparos se não houver consenso generalizado à escala global nos métodos a aplicar e, a legislar, consoante a ética instituída.
Técnica rápida e de fácil manipulação (além de baixo custo), reconhece-se contudo, que este sistema de defesa - Mimivírus - pode levar a novas ferramentas de Edição de Genoma, o que evidentemente transporta em si outras condições e imposições éticas que deverão ser rigorosamente observadas e devidamente legisladas.
No futuro, este tipo de tecnologia poderá ser usado para implementar o Sistema Imunológico Bacteriano CRISPR - para eventualmente afastar ou banir por completo os patógenos virais nocivos.
É o que determina convictamente David Savage, um professor associado da UC Berkeley (EUA), professor de biologia molecular e celular que refere: "Há muitas proteases que regulam as vias de sinalização nas células, e transformam as células normais em células cancerígenas, estando directamente envolvidas na infecção do patógeno. Se pudermos sentir esses sinais, poderemos no futuro tocar e responder em conformidade com essas vias importantes."
«Proteases (proteínases, peptidases ou enzimas proteolíticas): Enzimas que que quebram ligações peptídicas entre os aminoácidos das proteínas. O processo é chamado de clivagem proteolítica - um mecanismo comum de activação ou inactivação de enzimas envolvido principalmente na digestão e na coagulação sanguínea.»
Num estudo que elaborou, o professor Savage - em colaboração com outros seus colegas da Universidade da Califórnia - vieram demonstrar assim ao mundo em termos práticos sobre a eficácia desta técnica molecular, registando o Controle da Protease de Cas9, ao torná-lo sensível tanto nos vírus das plantas como nos vírus humanos - tais como nos incidentes Vírus do Nilo Ocidental.
Tudo isto só foi possível devido a esta equipa de Savage ter conseguido realizar um CRISPR-Cas9 mais versátil ao dar-lhe um «Switch On» (dispositivo eléctrico/interruptor de ligação) permitindo que os usuários mantenham o editor de genes Cas9 desligado em todas as células - excepto o seu designado alvo.
A Redesenhada Enzima Cas9 - que os investigadores se referem como Procas9 - é totalmente funcional, excepto por conter um comprimento de proteína que precisa ser cortado antes que a enzima se amarre (ou a isso se permita), amarrando e cortando o ADN.
Nesta medida, os cientistas arrogam de que se inserirem uma proteína de curto comprimento que possa ser cortada apenas por uma enzima específica - tal como uma que possa ser usada exclusivamente por células cancerígenas ou de um vírus infeccioso (ou mesmo de proveniência bacteriológica) - essa particular enzima torna-se assim um gatilho para se transformar em Cas9.
Procas9, é essencialmente (ou em todos todos os sentidos) o tipo de célula que é baseado na enzima de corte de proteínas-Um chamado de «Protease-presente», tendo esta uma camada extra de segurança que se poderá colocar na molécula para garantir um corte preciso. Quem o afirma é de novo, David Savage o tão ilustre professor de Berkeley, nos Estados Unidos que, deveras esperançoso e entusiasta desta nova tecnologia, nos reporta de como futuramente esta irá dar brado em toda a linha. Acreditamos que sim.
ELA: Esclerosa Lateral Amiotrófica., a terrível doença que aflige e afecta um grande número de pacientes - cerca de 0,002% da população mundial - sem que haja uma cura efectiva sobre esta neurodegenerativa maleita que muitos consideram tão debilitante quanto frustrante na acção que provoca em degenerescência irreversível. Contudo, há esperança. Como se tem por hábito dizer «A Esperança nunca morre!»
A ELA melhorou com a mutação genética desactivada, segundo foi divulgado há cerca de um ano (em Janeiro de 2018) sobre a melhoria da função motora, do abrandamento da atrofia muscular e do aumento da sobrevivência nas experiências de edição genética realizadas em ratinhos. Não é isto uma esperança??? Tem mesmo de ser!!!
ELA
Sabendo-se ser uma doença neurodegenerativa fatal, a esclerose lateral amiotrófica está nos anais clínicos como uma das mais temidas patologias apresentadas e, registadas no nosso século, como intransponível.
Reflectida numa base ainda cientificamente desconhecida - do que a origina ou provoca, a ELA é uma doença rara que afecta directamente os neurónios motores (MDM) responsáveis pelos movimentos voluntários. É caracterizada pela perda progressiva da força muscular que afecta os movimentos, a fala e a deglutição, causando paralisia.
A ELA não reporta demência ou qualquer outra perturbação cognitiva, fazendo permanecer o paciente lúcido e consciente do seu estado debilitado a nível muscular - em atrofia e falta de movimentos (além da dificuldade em falar).
A esperança de vida de um paciente com ELA é aproximadamente de 3 a 5 anos, sendo que a principal causa de morte pode estar directamente relacionada com os eventuais problemas respiratórios graves registados, que se adensam à medida que a doença progride.
Estatisticamente, esta doença tem-se registado mais em homens adultos (a partir dos 40 anos), sendo idêntica em ambos os géneros na idade sénior; ou seja, a partir dos 70 anos em que a incidência da patologia se verifica igual.
O admirável físico teórico e cosmólogo britânico Stephen Hawking experimentando as maravilhas da gravidade zero. Como ele próprio disse um dia "A Inteligência é a capacidade de se adaptar a mudanças" e, assim sendo, nada melhor do que mostrar essa mesma capacidade em fluir numa espécie de voo espacial capsular, sentindo que a liberdade tem asas e voa, mesmo quando se padece de ELA; algo que o acompanhou até à morte no dia 14 de Março de 2018. Vencendo a doença venceu a vida, muito além da morte...
As Previsões e as Descobertas
Stephen Hawking foi um físico brilhante. Um cosmólogo, astrofísico e tantas outras coisas em sua autoria e magnetismo triunfal que não chegariam os epítetos para o homenagear do que foi, descobriu e instituiu mundialmente sobre o mundo científico que actualmente se vive.
Ainda que em espécie de vidente nos profetizasse apenas um milénio de vida - para toda a Humanidade, e se não conseguíssemos entretanto colonizar outras esferas planetárias - este fabuloso físico britânico aludia a que o Universo era muito mais do que o que imaginávamos dele. Nem por um segundo duvidámos disso.
Mas, há que o dizer, nem a doença o travou. Publicou livros e deixou na Terra filhos e teorias; e de Tudo (na sua ilustre obra publicada da Teoria de Tudo) para o tudo, o mundo todo ouviu. No entanto, foi tarde para a sua cura, para a sua outra esperança de se ver andar, ainda que voar o Homem sempre pode desde que o deseje e sonhe assim ser!
Uma equipa dos Estados Unidos fez publicar um seu estudo na revista científica «Science Advances», em 2018, que referenciava precisamente o uso da técnica da Edição de Genes CRISPR-Cas9 para desactivar, em ratinhos recém-nascidos, uma mutação genética que está associada a 20% das formas hereditárias da Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA).
As Experiências «in vivo» tiveram como alvo uma mutação dominante (SOD1), que permitiu assim encarar esta abordagem como uma estratégia viável para tratar a ELA, esta tão terrível doença neurodegenerativa progressiva, rara e sem cura.
David Shaffer - do Departamento de Bioengenharia da Universidade da Califórnia, em Berkeley, nos Estados Unidos - coordenou o então projecto que mostrou como a Edição Genética poderia melhorar a função motora e aumentar a sobrevivência de futuros pacientes, pelo que a experiência lhes reiterou de tal, uma vez que os ratinhos deram mostras de uma melhoria significativa.
Não se tratando de uma cura mas de um possível tratamento - mais seguro, eficaz e de resultados surpreendentes (onde foi perceptível a verificação do atenuar dos sintomas desta doença altamente incapacitante) - que os investigadores se mostram de facto entusiasmados pelo ressurgir de uma certa esperança perdida em relação à ELA
Sendo uma doença deveras incapacitante como já se referiu e que é igualmente reportada por um progressivo enfraquecimento muscular que acaba levando à paralisia e à morte, é natural que o mundo científico tenha razões para estar de bem com a vida, pois é dela que se trata - da vida! - assim como da sua qualidade e do seu bem-estar em todos os seres humanos enquanto a sua estadia física permanecer sobre o planeta, supõe-se.
(Só por curiosidade): Algo que levou em campanha publicitária estranha mas eficaz e há uns anos a esta parte, ao atirar cabeça abaixo de arrepiantes baldes de água fria sobre figuras públicas em tomada de posição mediática de grande reflexão, para se falar da ELA, para se ter consciência mundial para quem sofre e padece de Esclerosa Lateral Amiotrófica. O repto foi aceite por todos até à exaustão, e até mesmo a uma possível gripe após tão esmerado duche público à moda do século XIX.
Em minha reflexão também, há que o afirmar: Somos todos (ou poderemos ser eventualmente um dia) potenciais pacientes d`ELA - se acaso a ELA nos perseguir e «punir» com as suas ainda tantas contrariedades; além da doença de Parkinson ou Alzheimer, idêntica e fatalmente inseridas nas doenças neurologicamente debilitantes.
Progressão na Degeneração, esta a terrível confirmação médica que nenhum de nós quer ouvir por boca e diagnóstico do seu estado de saúde. Daí que se aplauda cada vez mais estas descobertas e inovadores conhecimentos científicos, numa nova abordagem em relação a estas neurodegenerativas patologias que tanto nos afectam e amedrontam.
CRISPR-Cas13: da revolução do Cas9 para o Cas13 em autêntica revolução genética ou de incessante pragmatismo sobre a edição genómica que evolui numa dinâmica científica imparável - e em crescente progressão também - em relação ao que até aqui conhecíamos. O mundo é agora do CRISPR. A engenharia genética está ao rubro. O corte, o aperfeiçoamento e a manipulação genéticas criam hoje o estabelecimento do que é e será no futuro o ser humano.
Dominamos a técnica e a performance do que não queremos gerar ou continuar a lastimar pelas falhas em que incorremos. Somos deuses e gostamos disso. Cada vez mais. Somos como eles, pois inventamos agora o futuro, o nosso futuro. Apenas temos que o saber merecer e soldar - e talvez lacrar - para que outros não no-lo tirem, do que tão arduamente nos custou a ganhar como «jorna» ou salário diário de toda uma vida!...
CRISPR-Cas13
Parece uma marca de óleo de automóvel. Mas não é. Nem o é o Cas9 nem o 13. CRISPR-Cas13 é «somente» o futuro que se traduz num dos maiores ou mais emblemáticos desafios no mundo científico, na mais viável opção de tratamento (ou método apropriado dessa sua entrega ou investida biológica em tecidos humanos) na sequência de cura das doenças genéticas.
Os recentes avanços conduziram a que muitas empresas biotecnológicas e ligadas a este sector - em empreendedorismo mas também desenvolvimento - se dedicassem com os seus mui rigorosos cientistas a aflorar o que concerne a edição de genes; em particular ao agora CRISPR-Cas13 em espantosa revelação científica, que subleva em muito o ARN mensageiro.
Na biologia e medicina moleculares, O CRISPR-Cas13 (também conhecido como Cas tipo VI, ARN-alvo CRISPR-Cas13a, e anteriormente conhecido como C2c2) é considerado uma tecnologia de edição de ácido nucleico - particularmente ao nível de ARN (análoga ao sistema CRISPR-Cas9).
O Sistema CRISPR-Cas Tipo Vi contém o programável efetor único guiado ARN com ARNs Cas13, podendo ser eventualmente manipulado para derrubar e ligar o ARN de células de mamíferos.
CRISPR Cas13 pode ser utilizado como uma plataforma flexível no estudo de ARN em células não só de mamíferos mas para com o desenvolvimento terapêutico.
O Sistema CRISPR-Cas13 pretende assim e, futuramente, editar a expressão genética sem os sérios riscos havidos ou associados com as mutações que se perpetuam ou fazem permanecer no genoma.
Poderá provavelmente ser usado no tratamento de doenças ou patologias agudas e na provisória redução em relação à inflamação gerada durante a transplantação do órgão no paciente. Além das várias práticas terapêuticas ou procedimentos clínicos possíveis, o sistema CRISPR-Cas13 pode igualmente fornecer introspecções no ARN que se processa na doença - por exemplo, no ARN que edita e que emenda o alternativo.
Esbatendo um pouco toda esta informação técnica, ou mais exactamente generalizando do que se trata, os cientistas têm actualmente uma das mais poderosas ferramentas para reconhecerem o gene por assim dizer, defeituoso.
Sendo as mutações «transcientes» (transitórias ou passageiras ou, quando pelo menos uma variável no processo se encontra ainda em mudança) na referência génica ou ao nível dos genes, os cientistas colocam-se hoje bem mais confortáveis em detectar o «erro». Ou seja, conseguem investigar mais em pormenor o gene causador da mutação.
De realçar que - Os níveis de ARN/RNA - podem sempre retornar ao normal não sendo depois transmissível esse gene mutante.
Algumas doenças são identicamente provocadas devido ao anormal - ou elevado índice/níveis - de ARN de um gene específico. Consequentemente, este processo/sistema poderá ser usado no tratamento destas doenças sem permanentemente «efetuar» o genoma (sem exercerem uma acção ou actividade como resposta a um estímulo no genoma) - o que na prática molecular se poderia traduzir num erro crasso levando a efeitos secundários desastrosos, segundo os especialistas.
Humanos: Seres Mutantes...? Sê-lo-ão. Aliás, como sempre foram! (Não esqueçam que há quem afirme convictamente que sempre fomos geneticamente modificados ao longo dos séculos e dos milénios por entidades inteligentes do Cosmos).
Por tudo ou o que em parte aqui foi dito e tentado explicar de uma forma prática (perdoem-me a explicação científica mas ela é necessária, mesmo que confusa por vezes para quem não lidera estas matérias), no que penso não haver dúvidas sobre o Homem estar a subir esse grande degrau da sabedoria e do conhecimento. Além o que hoje os cientistas avolumam e reproduzem de um conhecimento outrora só digno de deuses.
Um estudo recente veio mostrar que, o CRISPR-Cas13a, por exemplo, pode ser usado para reduzir a expressão genética do «Cancer Associated Fibroblasto (um fibroblasto associado ao cancro, sendo um tipo de célula dentro do micro-ambiente do tumor que promove características tumorigénicas (em potencial de tumorigenicidade), iniciando o remodelamento da matriz extra-celular ou expelindo citocinas.
Em maior controlo e projecto anunciado, os cientistas criaram uma versão fluorescente etiquetada do endonuclease que não fende o ARN do alvo, mas pelo contrário, indo supostamente criar ligações permitindo assim uma mais exímia análise de localização. Se isto não é ser um deus, então digam lá o que será?!...
A Edição do ADN. A Edição do Genoma. A Edição Genética no ser humano no futuro cumprimento (ou incumprimento) de um código anti-ético que não olha a meios para atingir os fins na incoerente finalidade de se usarem embriões humanos para se poder «fabricar» vida.
Novas tecnologias direccionadas à modificação do Genoma Humano são plausíveis se com o propósito de evitar doenças e malformações, nunca por nunca com o direito abusivo de se «criar» vida artificial que impliquem riscos imprevisíveis (e potencialmente irreversíveis) sobre gerações presentes e futuras.
Mesmo com avanços e recuos, proezas inimagináveis e outras censuráveis a Ciência não pára. Mas os abusos também não. Não queremos «Anjos da Morte» versus doutores-nazis à semelhança de Josef Mengele mas também não somos nem queremos ser (ou não devemos ser) retrógrados e primitivos. Há que haver equilíbrio e sustentação legislativa e executiva para não sobrarem depois os despojos do que jamais se deveria ter feito...
Edição do ADN/DNA
A Edição do Genoma assim como o realce genético nos Embriões Humanos tem feito acender um sinal vermelho na comunidade científica em incisivo alerta para o perigo de certas intervenções e procedimentos à margem da lei - ou da legislação verificada segundo os códigos bioéticos já reiterados.
Tudo o que está envolvido neste complexo quadro científico de Edição de ADN, sugere ter-se muito cuidado para não extravasar ou mesmo extrapolar certos direitos éticos sobre o ser humano e a sociedade em geral.
O anúncio feito pelo investigador He Jiankui, da Universidade de Shanzen, na China, sobre a realização «com sucesso» de uma modificação genética efectuada em Embriões Humanos - com recurso à técnica de «Edição de Genoma» (designada por CRISPR-Cas9) - levou a que o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (Portugal) tornasse pública a sua veemente condenação, algo que foi devidamente esclarecido em comunicado oficial pelo CNECV do meu pequeno país europeu. Somos pequenos mas somos determinados!
Seguiu-se a retaliação por todos os pontos do globo; uns mais do que outros, na expectativa gerada - ou gorada - de que houvesse alguma pancadaria verbal em torno do mesmo.
A Comunidade Científica Internacional - através de instituições idóneas e respeitadas - associou-se desde logo com a CNEVC em total repúdio, rejeição e nenhuma contenção em mostrar o seu desagrado em relação a esta intervenção chinesa, como uma situação tecnicamente imprudente que tem graves insuficiências de fundamentação científica, configurando também uma situação moralmente irresponsável e eticamente inaceitável.
Sendo uma tecnologia inovadora que se ressalva pela positiva na maior eficácia terapêutica ou mesmo de cura sobre certas doenças, há que reconhecer também certos limites ou identificáveis autorizações éticas para não se fazer de Deus o Diabo.
Ou, um novo ser humano, que seja desprovido de sensibilidade e consciência, provindo talvez das entranhas de um qualquer progenitor de Frankenstein. Nisso estamos todos de acordo, presumo.
Não é admissível nem passível de ser reconhecido pela ciência médica por mais avanços que hajam nesse campo. Somos seres humanos, mutantes o quanto baste, para termos a certeza de como seres sencientes que somos poder dizer «basta»; ou apenas que haja de facto sensatez e absoluta certeza do que se está a fazer em prol de todos nós, ainda seres humanos.
Como Seres Mutantes ou não, haverá que destrinçar o que será bom ou mau para o nosso futuro, para o Futuro da Humanidade, movidos ou não pelas mutações da Vida, cruéis ou benditas; cabe-nos a nós então (de forma globalizada mas também abalizada com os critérios que defendemos) decifrar qual delas seguirmos em bonomia e apetência para o discernir de ambas em total clarividência, só isso!
Progresso sim! Retrocesso não! Mas com ética, sempre!
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