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sábado, 29 de julho de 2017

Human Exploration of Mars

Mars Exploration Zones

Mars One's human mission to Mars - Destination Mars Trailer

Memórias do Mar (III)

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2017: A idêntica e misteriosa realidade sobre os mares da Terra (luzes estranhas, desconhecidas); algo que Cristóvão Colombo terá observado, aquando a sua viagem até à suposta Índia (América), sob o olhar incauto, desconfiado e mui receoso de seu timoneiro da nau Santa Clara (Niña).

«A Alma do Homem é como a água; Dos Céus provém para os Céus - ascende - e depois retorna à Terra, para sempre alternando.»                                                  - Goethe -

1492 - Algures no Atlântico...
A noite estava límpida. E de tão fresca e pura estar, nada faria prever o que por breves mas persistentes instantes se alocaria sobre a nau de tão garboso e enfatuado Almirante de supostas origens humildes, genovês de seu berço, mas de mais nascenças e outras bem ou malquerenças que aqui não dá para contar.

Tudo calmo, tudo ténue, sob o espumado pratear do mar e a sonolência de um homem ao leme que tanto já tinha visto mas tão pouco tinha a ordenar, não fora aquela luz, duas delas, e depois outras tantas que lhe cegaram o olhar e deturparam a mente - turva e rude esta - que mais não podia ser... acorrendo de imediato ao seu Mestre, esfogueante, em imprecisão e aluimento:

«Mestre, vinde à proa, vinde ao leme que está endemoninhado, que nam (não) tem regras, que parece nam ter rumo nem aprumo de quem o leve; Mestre, vede algo que nunca vi por terras de Santa Maria (Portugal) - ou de Castela, por onde servis agora. O Céu brilha, e como brilha!
Vede as estrelas, Mestre, como se abrem... como se enunciam pera (para) vossas naus, meu Almirante, pera bordo e estibordo, e pera o rumo que nos levará até às Índias...

Meu Mestre dizei-me, que luzes são estas? Que querem elas dizer, pera neste mar, pera sobre vós e sobre vossos destinos? E, seguindo-vos eu como cão danado, como «perro» açaimado de vossa vigília, ordem e comandos, dizei-me Mestre, vós, que tudo saibais de mares e marés, que nos vem do Céu agora que pera noite era e dia se abriu, em espanto e em luz, que mais parece guiar-nos e levar-nos as naus, pera onde o Senhor nos ditou...?!»

Mudo mas não quedo, silencioso, mas jamais petrificado pela ausência momentânea de uma resposta firme, ainda que acossado pela mesma ignorância de factos ou argumentos que justificassem semelhante fenómeno vindo dos céus, Colombo, ante este seu quase escravo - devoto súbdito do mar e do leme - marinheiro de longas estadas e outras praças, apenas advertiria:

«Calai-vos de uma vez! Chamai o meirinho - que nam tabelião! (frisou com ar austero) - pera que anote cousa assi (coisa assim); mas daqui nam sai!» - vociferou em confidências suas, Cristóvão Colombo, sentindo que muito para lá da terra ou do Céu, jamais se vira algo assim...

- Abreviado trecho fictício, porém hipotético, do que se terá passado então (em 1492) sobre o mar do Atlântico e um Céu errática e enigmaticamente estranhos, por onde luzes vindas do nada, velozes e cimeiras, se pronunciaram sobre as naus de Colombo.

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Poderia Colombo saber sobre que bandeira navegava (castelhana que não portuguesa) mas que seu coração repicava, denotando a clemência ou a vã urgência de se abeirar dos seus, aquando voltou das «Índias», Índias Ocidentais, aquando desses territórios selvagens aportou nos Açores, mesmo antes de ter dado as novas aos reis católicos de Castela e outros reinos, fundeando depois sua nau em Lisboa, encontrando-se com o Rei de Portugal.

                                                                 - Colombo: El Portugues -
O Retorno das «Índias»...
E Colombo voltou, se com luzes ou sem elas, não o sabemos mas, a verdade histórica contempla-nos outras sequências, outras verdades que cabe a muitos desvendar e a outros sonegar, sem que com isso se descubra de Toda a Verdade...

Se não fosse verdade documental, dizer-se-ia irrisório ou ridículo quem assim pensasse, quem assim o administrasse em praça pública, por tais actos lhe serem tão inoportunos quanto estranhos, para com uma nação e um reino que, supostamente, o tinham subestimado e talvez ostracizado sob a voz e comando de El-rei Dom João II. Espionagem ou absoluta sordidez de quem se ajoelharia a quem o «rejeitou»...? Coisas que só o mundo pode invocar, os investigadores analisarem e a História proclamar, um dia destes...

Mas fica-nos a incerteza, a clamorosa ou porém tenebrosa alquimia (extemporânea ou não) de se acreditar que tais luzes da ribalta e no Céu de Colombo observadas, não seriam somente as de outras luas ou outras enlevações da Natureza que também se desconhecem, ainda, no seu todo...

Que luzes eram essas, que caminhos dos deuses o terão salvo (do naufrágio de Colombo, o Velho, até àquele dia) que o fez levitar, que o fez adensar ainda mais a questão de tudo lhe estar predestinado, de tudo lhe estar designado como o Grande Descobridor das Índias que mais não eram que as Américas do povo Ameríndio, desconhecido até aí...?!

E porque o terão guiado, alumiado e perseguido então nesse seu almejado sonho de abrir ao Velho Mundo um outro - mais frutuoso e mais novo - de um novo rumo, de uma nova história? E porque o deixaram «eles», sabendo de seu futuro,  de sua condição e ilusão (ou de todas as que lhes concederam, mesmo às que vieram depois...) no despojar de todas as portas, todas as entradas de navegação e abeiramento, ou, de todos esses «castelos» desse outro Novo Mundo em saque - e esventre - de tudo o que até aí lhes fora uma bênção e não uma punição...?!

Saberia Colombo o que lhe foi doado mas não domesticado como ser descobridor e, muito mais explorador, do que a sua condição permitia...? E, tendo-o sabido, ter-se-à arrependido de tanto lhe ter sido não precavido, de tanto lhe ter sido desapercebido...? Se sim, talvez a História lhe faça justiça, um dia, pois que a dos homens depressa fenece e em breve se esquece - por outras as quais não reza essa mesma história...

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Retrato da época que fideliza na perfeição o grão-mestre da navegação a mando, ordem e licença dos Reis de Espanha - Fernando e Isabel, os reis católicos - que lhe financiaram a viagem, o sonho ou quiçá a demanda de espionagem (a favor, ordem e lei de um seu outro rei - El-Rei Dom João II, rei de Portugal) naquele que não ficou para a História (ainda), como: «O Alentejano que descobriu a América...»

«Com três caravelas conquistarei, um Reino que não é o meu!» - Cristóvão Colombo.

Genovês, Castelhano ou Português???
(Cristoforo Colombo, Génova, 1451 - Castela, 1506). Este, o registo genovês de Cristóvão Colombo, filho de Domenico Colombo, de pai e mãe laneiros (além de tecedores e taberneiros) e irmãos cardadores; ou seja, oriundo de uma família plebeia de tecelões. Segundo os registos genoveses ou documentos notariais actualmente analisados, em Itália, Cristoforo, terá tido um percurso de mestria e aprendizagem da arte da navegação, em Portugal; e isto, correlacionado com um estudo de Rumeu de Armas que, enquadrado no trânsito mercantil de importação de lã de Lisboa - entre outras cidades peninsulares - para Génova, reabilitou esta circunstância da nascença de Cristóvão Colombo.

Estes factos, documentos e registos apresentados têm sido muito questionados ao longo dos séculos e, em particular, nestas últimas décadas, em que os historiadores e demais investigadores sobre esta temática se têm debruçado em refutar.

Cristóbal Colon, Castela, 1447(?) - 1451: Com fortes raízes judaicas (recorde-se que os cristãos-novos repudiados ou rejeitados do reino de Portugal, eram sempre muito bem aceites, embora estranhamente, no reino de Castela dos reis católicos), em que Colombo, eventualmente, se terá induzido em favores maiores sobre os reis espanhóis em sua nobre missão. Por falar em nobreza, aqui, Colombo destaca-se por ter havido foros tardios de nobreza; algo que em documentação fraudulenta e manipulada se veio a constatar ser de um logro tal, que nem havia mesura para se ter desenvolvido mais esta tese de um Colombo galego.

Segundo o doutor Patrocínio Ribeiro - o iniciador da Escola Portuguesa de Estudos Colombinos - referenciando que por razões de prestígio nacional dos países envolvidos na origem e berço de Colombo e, em conformidade com as políticas do momento, não queiram chegar a nenhuma conclusão definitiva, muito embora reconheçam, grande parte deles, toda essa documentação galega e genovesa serem ou terem sido de facto forjadas, incentivando ainda mais a já mui acesa polémica à volta da figura, personalidade e local de nascença de Colombo.

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A encriptada mensagem de Cristóvão Colombo ao seu filho Diogo Colombo (em 29 de Abril de 1498) na criptografia cabalística de grande relevância: Que mistérios encerra esta, perguntar-se-à, ou que mensagem oculta teria querido Colombo transmitir a seu filho e, posteriormente, «A Suas Magestades» (majestades), os reis de Portugal, com tal missiva rebuscada?

A Misteriosa Mensagem
«Salve: X - Cristo, M - Maria, Y - José». Cristo salve, Maria salve, José salve (expressão equivalente a Cristo, Maria et Yoseph gonsalvis (ou seja, Joseph Gonçalves). XMY (sendo santo e senha, por conseguinte) do que Colombo terá querido guardar para si mas revelá-lo em código nesta sua mensagem, reportando a Cruz Trinitária (ou Ordem da Santíssima Trindade, na perfilhada ideia messiânica das Três Idades do Mundo) que enfuna as velas das naus capitaneadas na rota certa do Continente Americano; algo que, supostamente, só ele e o seu rei saberiam, ele, Colombo, e Dom João II, rei de Portugal!

«Xpoferens ou Xpo Ferens como sendo a designação de: Salvador. Xpo (em grego, significa Cristo). E, acrescente-se,Colon significa: Membro, Falo ou Zarco... daí que seja um pulo, o avistar-se o seu nome de: Salvador Fernandes Zarco, filho de Fernando e Isabel, em que o nome ou apelido da mãe operava em detrimento do paterno - Isabel Zarco (filha de João Gonçalves Zarco, o descobridor das ilhas de Porto Santo e Madeira).

Por curiosidade mas também legitimidade genética histórica, há a referir que, se encontra uma lápide de nome «Zarco» (no que foi recentemente descoberta como pedra tumular de alto valor histórico) numa pequena aldeia a somente 15 quilómetros de Cuba, chamada Albergaria dos Fusos. Não é de somenos importância que se afira tratar-se, possivelmente, do mais verídico cunho histórico de descendência de Cristóvão Colombo, uma vez que Isabel Zarco para ali terá sido mandada em refúgio e acolhimento até ao nascimento de seu filho: Salvador Fernandes Zarco, o nosso Cristóvão Colombo, filho ilegítimo de Dom Fernando, o nobre!

Mas continuando a decifrar a mensagem: «Ferens», em latim, significa: aquele que leva, que transporta. Vários historiadores, de entre eles, Santos Ferreira, considerou então e de seguida os três SSS como, Gonçalves/Colon/Zarco (obtendo assim o nome civil do almirante das Índias Ocidentais: Salvador Gonçalves Zarco. Mas, aferir-se-à, não terá Colombo ido buscar o nome de seu avô materno para assim se identificar...? Gonçalves Zarco ou Fernandes Zarco, o certo é que a ligação é ténue mas o suficientemente forte em argumentação histórica, para assim se não debelar tão intenso debate mundial sobre as verdadeiras origens de Colombo.
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Christofom Colombo: o registo escrito em toda a confusa destrinça do que é ou não é - verdadeiramente - o nome e a identificação verdadeira de Colombo.

Colombo: o cristão-novo???
Os Trinitários, jurados de boas relações com a Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, vulgo Ordem de Cristo (sucessora directa e herdeira universal da Ordem dos Templários) - e supostos descendentes dos «Cavaleiros Pobres de Cristo e da Santíssima Trindade (Pauperes Comilitones Christi Santaeque Trinitatis)» - assume Colombo como joaquimita confesso como atestam os seus escritos. E como João Rupescissa da Roca Talhada concerne em textos seus (este, condenado posteriormente por heresia), no que então revela ou, divulga, sobre os Trinitários. Algo que o levaria à morte em tempos difíceis de uma não-aceitação de quem era então seguidor dessa vertente ou somente parafraseador dessa Ordem.

Seria de facto um cristão novo, Colombo? Seria nobre? Seria o primo directo da rainha portuguesa, da rainha Dª Leonor de Aviz ou Leonor de Portugal? Seria, como muitos historiadores e autores de vários livros sobre o tema afirmam (de entre eles Patrocínio Ribeiro), o filho bastardo do infante Dom Fernando - Duque de Viseu e de Beja e Mestre da Ordem de Cristo, tendo nascido no Baixo Alentejo (na herdade do Monte dos Colombais), perto das vilas de Colos e Cuba???

Quem sabe da verdade de sua nascença e crença que não só Colombo já morto e enfezado de corpo e alma que dos ossos se não sabe e das cinzas o tempo não fala?!

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Bula de 1493 (em latim) do Papa Alexandre VI, que redige o nome de Cristóvão Colombo, em português, não Cristofom Colon ou Salvador Gonçalves Zarco/Salvador Fernandes Zarco (consoante a interpretação dos historiadores), de seu nome e estirpe portuguesas que, cinco séculos após tão épicas viagens, ainda se luta ou digladia (internacionalmente) por uma requisição fiel de sua nascença.

Carta datada de 1474 - de Génova para Lisboa, para Colombo:
«Não me surpreende, pois, por estas e muitas outras coisas que sobre o assunto poderiam ainda dizer-se, que tu, que és dotado de uma tão grande alma, e a mui nobre Nação Portuguesa, que em todos os tempos tem sido sempre enobrecida pelos mais heróicos feitos de tantos homens ilustres, tenhais tão grande interesse que essa viagem se realize».

            - Carta de Paolo Toscanelli, célebre cosmógrafo italiano, em correspondência afirmada a Cristóvão Colombo, exaltando Portugal entusiasticamente, além a proximidade de relacionamento que ostenta sobre Colombo nas suas tão afectuosas palavras dirigidas a si.

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Reconstituição histórica (ou hipotética ilustração) da carta geográfica - em projecção cilíndrica - de Paolo Pozzo Toscanelli, o cosmógrafo italiano que entabulava conversação com Cristóvão Colombo.

O que os Historiadores contam...
Mais do que a «mera» historiografia cronológica, segundo nos relata Victor Manuel Adrião sobre este tema e sobre o tanto que já pesquisou nesta área, se tem de abordar a sua fácies oculta, mítica e iniciática sobre Colombo, pois, nela decerto estará, a interpretação secular deste enigma!

Em 1927, o Dr. Patrocínio Ribeiro publicou um livro sobre esta temática colombina, no que lhe seguiu, Pestana Júnior, Ministro das Finanças à época (em 1928), que também abordou este tema.

Neste envolvido percurso sobre o tema, revestiu-se de primordial importância o que o professor Mascarenhas Barreto, em 1988, veio rematar magistralmente (segundo as palavras de Manuel Adrião) sobre estas duas obras pioneiras, sobre as quais procurou então provar por exaustivo cardápio documental (assentando a sua tese na Kaballah judaico-cristã, nomeadamente a Gematria) ter sido português, o Almirante Cristóvão Colombo!

Sem descurar pormenores, Victor Manuel Adrião refere-nos também e muito em particular, o luso-descendente/luso-brasileiro (que descende de Tomé de Souza, 1º Vice-Rei do Brasil), o inestimável Professor Henrique José de Souza , que legitima a sua obra numa maior clarificação do esoterismo colombino em três textos magistrais.

Por muita averiguação e investigação feitas, também Mascarenhas Barreto, autor de dois intensos volumes de grande integridade e investigação históricas que, desde 1988 até 1997 rubrica e desenvolve, no seu livro: "Colombo Português - Provas Documentais" do que então elaborou e, recolheu, no Arquivo Nacional da Torre do Tombo, em Lisboa, Portugal (e junto do descendente directo do navegador) na firme convicção histórica de Cristóvão Colombo ser português!

José Rodrigues dos Santos, o famoso jornalista português e autor de diversas obras também e assim o tem relatado e, documentado sobre o mesmo tema, no seu livro: "Codex 632 (2005)". Corroborante desta igual tese, de Colombo ser oriundo de Cuba, no Alentejo, e ter estado, escrupulosamente, ao serviço do seu único rei, Rei de Portugal de então.

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Ilustração histórica de Cristóvão Colombo numa das suas naus, a Santa Clara ou Niña (pois que a de Santa Maria naufragou na véspera do Natal de 1492, em Hispaniola (ilha nas Antilhas, dividida hoje entre o Haiti e a República Dominicana). Restaria a Pinta e a Niña, esta última a preferida e escolhida por Colombo na sua primeira viagem ao Novo Mundo, sendo escolhida para ser capitânea também numa segunda e terceira viagens, integradas ambas na frota do navegador.

O Primeiro Grande Espião do Mundo!
Ao que se sabe, Cristóvão Colombo, terá aprendido a arte da navegação em Portugal; e já em 1476, terá surgido nessas andanças de mares e marinheiros, ele incluído, sobre os mares e marés das Caraíbas, a mando e capitânia de João Coelho.

Não se sabe se fora aí (ou mais tarde) que Colombo terá usado e utilizado da melhor forma, o pseudónimo de Cristóvão Cólon (em vez de, Salvador Fernandes Zarco), refugiado depois nos préstimos de Espanha e de seus reis, em bonomia ou fidalguia de outros ideais, outras aventuras. O que se sabe é que, Colombo, ainda tinha muito por guardar e esconder dos demais...

Consolidado amigo íntimo do Rei Dom João II de Portugal e de Dª Leonor de Portugal (de quem se disse tê-lo recebido em seus próprios aposentes, aquando chegado das Índias Ocidentais, vulgo Américas, a rainha fez tenção de ali o receber; algo inédito e mesmo vedado a todos os que lhe não fossem próximos...) participaria desde sempre em diversas missões marítimas - altamente secretas! - ao serviço e honras de Suas Majestades, os Reis de Portugal e à Coroa Portuguesa, por todo o Atlântico.

Colombo, era um auto-didacta mas acérrimo defensor da boa arte de navegação, tendo mestria e perfeição em tudo o que fazia e, exibia, em escrita (em português e castelhano, numa versão aportuguesada, nunca em italiano ou latim), mas ofertando ânimos de ser um exímio poliglota, versado noutras línguas.

Expressando-se com altos conhecimentos científicos (que seria absurdo justificar os de nascença como tecelão...) e, sabendo ele ser nobre, casaria com uma fidalga portuguesa, da pequena ilha de Porto Santo (Madeira) de seu nome: Dª Filipa de Moniz Perestrelo, em 1479, desposando aquela que era a nobre filha de Bartolomeu Perestrelo, capitão donatário de Porto Santo, descendente de Egas Moniz e familiar de Dom Nuno Álvares Pereira.

Obviamente que Dª Filipa terá obtido a autorização do Rei de Portugal (uma vez que se tratava de uma das 12 elogiosas Comendadoras do Mosteiro de Todos os Santos), sendo designada : "Nobre Comendadora".

Para quem era um simples marinheiro, ainda que mestre da navegação, que honrarias e alcavalas seriam estas para que desposasse tão nobre dama sem ele o ser...? Não se acredita nessa tese, evidentemente. Colombo, ao serviço de Portugal, seria nobre e afecto à Casa Real, à Coroa Portuguesa. Só dessa forma e conluio, poderia ter chegado a tão alta nobreza de alcova e sustento nobiliárquicos - que não monásticos como os da desposada agora Filipa Moniz Perestrelo - mas, que até aí muitos mantinham ele não ter; mas tinha, só que muito poucos o sabiam...

Da união nasceu-lhes um lindo filho, supõe-se, de nome: Diogo Colombo. Isto, em 1480. Enviuvando em 1485, desgostado ou simplesmente desmotivado, rumou a Castela onde se embeiçou por Beatriz Enríquez, no que em 1488 nasceu desta união, o seu filho Fernando Colombo.

Quando Bartolomeu Dias, em 1488, regressou da sua viagem ao Cabo da Boa Esperança (embora Colombo se encontrasse em Espanha há já 4 anos) desloca-se a Lisboa para assistir à sua chegada. Fala aprazivelmente com o Rei Dom João II que apelida este de «meu fiel amigo», executa novos estudos, novas rotas de navegação e, muito mais lhe terá sido acedido e concedido, pois que desse momento não há provas, pelo que o próprio Colombo terá mantido em máximo segredo ante todos.

Para apimentar mais esta correlação genética sobre Colombo, a Condessa de Lemos afiança numa carta em que assume Colombo ser seu sobrinho; carta esta reescrita por Dom Duarte de Almeida (um Perestrelo) ao seu rei Dom João III, já mais tarde e sob a égide de outro rei e reino.

Além do que já se sabe e tanto se refere nos anais históricos de, Colombo, ter prolongado a sua estadia em Portugal, pormenorizando ou maximizando essa epopeia ante o seu rei, Dom João II, no regresso das Américas (tendo feito escala e pontão nos Açores), fazendo esperar em Castela (para malgrado destes), os reis católicos, Fernando e Isabel. Mais que uma afronta, fora rebelião, sentiu-se dizer, nos olhares e nas mentes de todos os que à época pactuaram com esta estadia assaz invulgar nos domínios portugueses...

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Saberia Colombo que estava pisando a América, essa outra terra de outras crenças, outros medos mas também outros sonhos que não os dele e de seu reino ou, para quem agora trabalhava (ou espiava) de reis católicos que tanto esperaram por novas de si...? E porque os fizera ele tanto esperar...???

Segredos de Estado???
Não se sabe de descendentes de Colombo, em Itália. Os filhos do navegador - Diogo e Fernando (Diego e Hernan) - embora muito azougados ou pressionados que tenham estado sobre a identidade de seu pai, Colombo, pouco terão acrescentado, mas ainda assim reverteriam sobre a ilustre obra biográfica « Vida del Almirante»:

"Ele quis que fosse incerta e desconhecida a sua origem e Pátria." - Ao que se arroga hoje dizer que sim, que Colombo tanto em vida como em morte terá guardado segredo e sigilo sobre a sua verdadeira origem. Fosse por motivos políticos, sigilosa constituição de aferição e ordenamento por seu rei e senhor El-rei Dom João II, Colombo terá para sempre lacrado essa união, esse seu consentimento de nada dizer; mesmo além os tempos ou à sua própria descendência.

Como Portugal esteve sempre na dianteira ou vanguarda de todo esse processo de navegação marítima para outras terras, outros mares e outros mundos, seria natural que se mantivesse em completo sigilo, ou mesmo algum secretismo.

E tudo isso sobre as suas realizações, a sua mestria de navegação e orientação, objectivos e finalizações; muitas delas já concretizadas ou a perspectivar sem que castelhanos, genoveses ou demais mundo (entre eles, ingleses, holandeses, turcos e por aí fora...) lhes dessem desmando do que então já tinham alcançado, no que demais sobraria do que há muito sabiam haver além o mapeado.

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Bandeiras da Ordem de Cristo (Ordem dos Templários): as viagens reais ou, a sua mui esclarecida nobreza, em porte e brasão de cruz, na ostensiva propriedade de Translatio Trinitatis, da corrente que Colombo seguia. San Salvador, Cuba e a cidade de Trinidad não são meras palavras indicativas de registo mas, da confluência de berço e nascença de Colombo, ao baptizá-las assim, em homenagem e glória, supostamente, das primeiras terras em que aportou e abençoou.

A Título de curiosidades...
Pedro Álvares Cabral, redescobridor oficial do Brasil, casou-se com Isabel de Castro, neta de Isabel Perestrelo (mãe de Filipa Perestrelo), pelo que, por afinidade, era primo de Cristóvão Colombo.

Luís Vaz de Camões - o celebérrimo autor de: «Os Lusíadas» - era bisneto de João Vaz de Camões, irmão de Gonçalo Vaz de Camões, avô do marido de Inês Maria da Câmara (e como esta era meia-irmã de Cristóvão Colombo) este era, por afinidade e em terceiro grau ascendente, parente do poeta épico.

Finalizando esta épica epopeia escrita de ligações «perigosas» mas mui dignas aqui de serem retratadas, há a referir que Vasco da Gama (sendo bisneto de Estêvão da Gama, tio de Guiomar Vasco da Gama), seria tio-avô de Luís Vaz de Camões que o tornou assim, na principal personagem da sua obra épica. E como a mesma Guiomar Vaz da Gama era tia-avó de Lopo Vaz de Camões, casado com Inês Dias da Câmara (a tal meia-irmã de Cristóvão Colombo), o descobridor do caminho marítimo para as Índias Orientais, era parente do almirante das Índias Ocidentais.

E agora? Estão satisfeitos? Nada melhor do que rebuscar na árvore genealógica dos nossos antepassados, para se saber de nossa verdadeira condição e, estirpe nacionalista, ou então de nada valeu todo esse longo e espinhoso percurso dos que nos foram antecessores ou quiçá precursores de outros valores e de outros mundos! Mas há quem, insistente e teimosamente o continue a refutar. Lamenta-se tal a bem da verdade histórica; doa a quem doer!!!

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2020: a epopeia do Espaço - a abertura do nosso campo visual de um planeta vermelho que espera por nós, humanos. Tal como outrora, somos todos exploradores de outras terras, outros povos e outros mundos que entretanto venhamos a conhecer e, a integrar como um todo...

A Exploração: ontem e hoje, a mesma aventura!
E quando a exploração é espacial sobre o que o Cosmos ainda nos guarda - ou aguarda - sentimos que talvez não fosse de todo despiciendo homenageá-los, endeusá-los, e não, o termos negado ou renegado esses outros exploradores, outros homens que do Velho Mundo encontraram um Novo - e hoje, além a Terra, além o almejado Marte, seremos - porventura - prevenida e preferencialmente, todos os renovados ou reciclados exploradores/colonizadores de outras eras, outros tempos.

E dessa investida, dessa permanente corrida ao Espaço, nós, terrestres, esperamos quase ensandecidos e pouco comedidos, que esses navegantes do Cosmos, das estrelas e dos planetas e tudo o mais, nos venham cumprimentar - hoje e sempre - na conquista, na colonização (nossa, e não «deles em nós») e na sequencial evolução dos povos; mesmo que de outros mundos...

Por mais homenagens que houvessem, nada lhe seria póstumo em rigor e pertinência, audácia e justeza, de tudo o que Cristóvão Colombo fez por nós; todos!

Em 1992, tendo-se comemorado os 500 anos da chegada à América deste tão falado navegador de origem ainda possivelmente desconhecida, porém assumidamente discutida em grande polémica e alguma não-contenção dos interesses instalados, intui-se que não será para breve que uma verdadeira e última anunciação se lhe coloque em derradeiro ponto final.

O mais curioso (para não dizer estupefacção...) foi o admitir-se ninguém estar muito interessado em celebrar ou comemorar este grande feito da viagem do descobridor. Na verdade, as celebrações ver-se-iam envoltas em grande polémica e, protestos, não sendo mitigado, a cada passo, que a chegada do homem branco - neste caso à América do Norte - tenha feito correr demasiado sangue; sangue que ainda se sente, acredita-se, escorrendo nas almas dos que, recobrando vidas ressuscitadas de outras vidas, o perdão não incentivam e as desculpas não impelem ou sim contrariam, o tanto mal que se infestou sobre terras das Índias Ocidentais...

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As Réplicas das Naus: Pinta, Niña e Santa Maria. (Foto Multimédia)

O Empenho e o desleixo...
A Columbus Fundation em inícios de de 1988, foi incumbida de estimular o desenho e a construção destas naus perdidas, através de exímios historiadores e engenheiros navais naquela que seria a réplica da Niña, a nau de Colombo.

Utilizando técnicas e métodos de construção naval idênticos aos utilizados no século XV e XVI pelos mestres Espanhóis e Portugueses (e com base em documentos da época) armou-se a Niña com quatro metros e respectivas velas; e tudo sob o comando técnico aperfeiçoado de Jonathan Morton Nance, historiador naval britânico e um dos principais investigadores a trabalhar no projecto que concluísse a construção da Niña.

Em 1991, a Réplica da Caravela Preferida de Colombo largou da margem do rio Uno, de Valença, Brasil, rumo à Costa Rica, na sua primeira viagem oceânica, em que percorreu 4 mil milhas sem qualquer escolta.

Aí chegou em Janeiro de 1992, para participar no filme de Ridley Scott - 1492 - que revelou erros crassos e uma ignorância histórica sem limites (em datas, nomes e acontecimentos históricos errados) no que se não enlevaria em honraria cinematográfica ou de maior relevo que não fosse, o termos presenciado o tão prestigioso e mui talentoso actor Gérard Dépardieu que se vestiu de Colombo, dando luz (fraca, convenhamos...) à tão exuberante e ainda enigmática figura de Cristóvão Colombo.

Deplorável, diz-se por aí, foi também a consideração que a convenção histórica mundial asseverou por tão mal tratados terem sido os verdadeiros documentos sobre este tão eminente navegador; tão deploráveis e lamentavelmente inúteis e sem história, as naus-réplica entretanto construídas e mostradas ao mundo como o exemplo do que foram estes navios de outrora, jazendo em pé, por milagre, por invasão infesta de térmitas (ao que se soube) das naus-réplica « Santa Maria, Niña e Pinta» no risco de se perderem para sempre.

Isto, em ocorrências de 2001... dezasseis anos passados sobre este infortúnio nada se sabe ou se não quer saber, perdendo-se a reconstrução não só das naus, mas, de toda a História Naval dos nossos avós e tios-avós, enfim, de todos os nossos antepassados que tanto lutaram - e muitos morreram - para que houvessem outros mundos ao Mundo.

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Buzz Aldrin no seu mais heróico gesto de boa vontade em captação fotográfica sobre a Lua. Aldrin, o tripulante da primeira missão da NASA a explorar o satélite lunar (natural ou artificial, no que hoje ainda se debate...) e, o segundo a pisar a Lua. Em silêncio se mantiveram, até que os anos, pesados, lhes ditaram na consciência e no âmago de homens de bem, que a verdade alguma vez teria de ser dita...

Hoje Lua, amanhã, Marte!
E se Marte não é a estrela mais reluzente do Céu (algo que se deixa para Vénus), ser-nos-à, um dia destes, o nosso mais belo berço de nascença à cova, como sempre digo, de estrelas brilhantes no céu, tão brilhantes como as que Apolo 11 e os seus astronautas viram ou observaram em êxtase, em sublimação de tudo o que jamais lhes fora contado, insinuado ou até alvitrado.

As luzes de Colombo, talvez as mesmas ou idênticas luzes que em flashes iridescentes ofuscaram e encadearam - em encantamento ou deslumbramento - Buzz Aldrin e Neil Armstrong (além Michael Collins que permaneceu no no módulo de comando, na órbita lunar, o pobre, que assim perdeu o tanto que nem em sonhos imaginaria vir a suceder...) quando pousaram na Lua, no fantástico dia 20 de Julho de 1969, por bênção exclusiva da NASA!

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Foto captada pelos astronautas da Apolo 11, aquando a sua missão espacial à Lua. O que a NASA então ocultou e os seus astronautas, na época, também omitiram; por medo ou vergonha, imposição e legislação contraditória com o que o Homem deve compor e, repor, sobre todas as coisas, sobre toda a verdade... e essa verdade... saber-se-ia!

Magia estelar...?
E que valsa mais bela, que sinfonia mais encantatória, magistral ou deambulatória que alguma vez jamais alguém ouvira; e dessa valsa, e dessa sinfonia nada se soube, nada franqueou para a Terra.

Que luzes são estas...? Que magia é esta...? - diriam para si, de entre eles, assumindo-se aparvalhados mas ao mesmo tempo rodeados daquela doce fantasia de seres e naves estelares - ou voadores objectos em viagem, talvez (se a mente lhes não falha) as mais esfuziantes e maravilhosas luzes no Espaço... absurdas mas belas, muito belas -  dessa surda sinfonia, dessa estelar e estonteante magia, dessa sua valsa rodopiada e não desatinada, que se lhes pronunciou sem que para isso estivessem preparados... Que luzes eram aquelas??? (Os momentos dos astronautas da Apolo 11, na Lua).

E Colombo, que sentiu ele, em 1492...?
Como poderia ter Colombo reagido, ter insistido consigo próprio que tudo não passaria de simples loucura, simples devaneio de quem sorve o sentimento da solidão, o néctar azedo do que já fora bom vinho ou, da insolência do que a mente traga, por tantos dias, tantas noites passadas no mar...?

E que alucinação ou aberração dos deuses pode ser esta, terá instado Colombo, amassado e tão contrariado, fustigado pelo sal do mar, pelas agruras de uma nau, sua, que tanto embarca, que tanto resfolega ante as vagas traiçoeiras daquele mar alto, mar de ninguém...? Que doideira ou feitiço desses povos que em vez de arregaçarem mangas se lamentam e inventam males maiores, males de outros ou sobre outros, para se comprazerem assim...?

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A fraude ou a verídica anunciação da existência de outros seres, de outros mundos, na Lua???

Pensar e sentir como Cristóvão Colombo...
Nas Américas ou na Lua (ou noutro satélite qualquer), como reagiríamos, se tal nos sucedesse, ali, bem na frente, um «mero» ser que deve ser algo ou alguém que de igual forma nossa não é, mas vive e foge; e esconde-se, pois que o Homem não é alma boa, alma gentia (terá inferido este ser lunar que aí anda sem fato e sem camuflado). E sendo talvez de outra estirpe, outra formação que não a humana ou simplesmente a farsa apresentada de quem quer ser mais do que é ou imaginar que, na Lua, algo ou alguém, um dia destes, nos cumprimenta e toma café ou chá connosco... um dia destes...

Teria Colombo sentido igual, tal como os astronautas da Apolo 11 em completa estranheza mas muita subtileza, convenhamos, de serem arrastados para algo que nem eles nem outro alguém para isso estaria preparado...?!

Deambulações de Colombo
Interrogações de Colombo ou as iguais evidências de quando se viu chegar ao Novo Mundo, com criaturas diversas, despidas, seminuas ou simplesmente diferentes, do que em noites mal dormidas e outras insónias assistidas, Colombo jamais esqueceria quem ali o levou, sob luzes que jamais voltou a ver também...

«Que luzes malditas (ou benditas sejam, se me levarem até onde quero) - terá invocado Colombo -  por tam (tão) força ignota, tam desconhecida dos homens e de reis, de nobres e povo que tanto se matariam por tê-las visto assi (assim). E se nam houvera loucura no que meus olhos vêem, que dirá meu rei, meu senhor e amigo, se lhe contasse deste feito, desta agonia ou desta luz de Deus que me encaminha para as Índias, para aquelas terras que só eu e meu senhor sabem de que falo; Quem me acreditaria...???»

Para sempre, Cristóvão Colombo, que a luz te acompanhe e a força te persiga nos caminhos do Além e que voltes, um dia, para todos nós. Marte é o caminho agora; entre outras terras, outros mundos...

Olha as estrelas, Colombo, e guia-te por elas, que nós, cá em baixo, vamos compondo os passos (pequenos) do Homem. Mas que, passos esses, gigantes para a Humanidade, vamos deslaçando e ainda mais desbravando, o que outras gentes, gentes inteligentes têm para nos dizer, para nos contar - e salvaguardar - de outros tesouros, outras riquezas de além Espaço...

Até sempre, Colombo! Até Marte! Até à eternidade planetária na viagem sempre presente do que as Memórias do Mar se nos entregaram de ti. Até lá, Colombo!

segunda-feira, 24 de julho de 2017

NASA - Moon, Mars, and Beyond

50 Years of Mars Exploration

Descoberto navio de guerra do século 16 com tesouro

Memórias do Mar (II)

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O que a História nos conta do que os mares nos escondem - e reservam - ante toda uma misteriosa conformidade do que o Homem pode e a natureza marinha nos acolhe, ante também toda a beleza envolvente que se não deixa admoestar perante os uivos dos lamentos dos que já se foram...

«De Veneza chegaram agora cartas. Um português me escreve agora que as naus d`especeria (especiaria), que os venezianos lançaram nova que lhe vinham, fora tudo bulra (burla, engano ou fraude) e que nam (não) havia especeria nem naus por onde Vossa Alteza deve crer que a Índia está bem guardada. Escreve-me este que todas as cartas que vem de Constantinopla falam da grande armada que o turco faz pera (para) a Índia».

                          1531, Flandres: carta de Dom Pedro de Mascarenhas de Bruxelas ao Rei de Portugal.
                                  (Gavetas, 1964, tom. IV, p. 113 - História de Portugal de José Mattoso)

Havendo a coerência e talvez persistência dos que acorrem ao chamamento do mar ou, à procura do que então lhe ficou submerso na quantidade disforme do que este recolheu em si, em tesouros e em bem graças (de moedas de ouro a artefactos valiosíssimos), o Homem atendeu-se e submeteu-se à mais cruel capitania da sua vida: A ambição desmedida de enriquecer pelo que outros desmereceram e deixaram petrificar no fundo do mar.

À medida que os níveis dos Oceanos e das águas interiores do Planeta se foram alterando - pela força da Natureza ou mais recentemente pela acção do Homem - e os mares e os rios se transformaram em vias de comunicação, os homens foram deixando testemunhos da sua passagem nas profundezas das águas: de pinturas rupestres a povoações submersas (passando obviamente, pelos naufrágios), segundo Mónica Bello nos relata sobre os Enigmas da Costa Portuguesa.

Mas mais há e haverá certamente. Desde o esbulho territorial ao marítimo; e isto, ao longo dos séculos no intento e na consideração política das nações que se debatiam ou esgrimiam entre si, sobre a potencialidade dos mares e de suas riquezas.

A Expansão dos Impérios alada aos caprichos da Natureza (com influência inevitável das alterações climáticas) veio pôr a nu - ou a descoberto - certas e determinadas realidades que se supunham enterradas/sepultadas há muito no mar; de entre elas, as irrefutáveis provas dessas tão imponentes rotas comerciais que as gerações passadas edificaram - e para as seguintes identificaram - como um dos mais gloriosos eventos marítimos do passado, não fossem os piratas, os terríveis corsários de outros intentos, outras manigâncias (mais coercivas e de grande violência) de roubar, violar e usurpar o que outros detinham por «similares» roubos, extorsão ou estupro a outras terras, outras gentes...

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Do Império Atlântico quinhentista à razia nacional de umas quantas traineiras em actividade piscatória ou, na versão moderna da era actual do século XXI (esta menos aventureira mas mais eloquente e voluntariosa), numas quantas fragatas portuguesas da Marinha Portuguesa que se prontificam (em tripulação e armada portuguesas) a recolherem os exilados/migrantes/refugiados da Síria, Afeganistão, Iraque, Eritreia e outros tantos que se fazem ao mar para fugir à fome e à guerra, sem tesouros, sem nada de seu...

O que a História nos conta...
Segundo nos relata José Mattoso, o prestigiado historiador português, no seu livro/enciclopédia da História de Portugal - O Império Atlântico - advogava-se por uma Conjuntura Política Internacional, com a ascensão dos Países Baixos do Norte e da Inglaterra, sobretudo a partir de 1573, redistribuindo assim a configuração do mercado mundial.

A Pirataria Moura, bem mais grave e depredadora que a francesa ou inglesa, obriga a um recolher do grande comércio. Mas, com essa redefinição, e em que Lisboa perde sobejamente, os pequenos portos e de um modo relativo ou até pontual, mostram-se mais activos num ritmado jogo de balancé, segundo alguns extractos. (Cortesão, 1940; Mauro, 1960, pp. 491-492). É que a Economia do Império Atlântico, ao contrário da do Oriental, não passava obrigatoriamente pelo filtro das estratégias dos organismos centrais da coroa.

A Colonização do Brasil, ao contrário da exploração quatrocentista da África - ou depois quinhentista da Ásia - não teve, de início, a participação directa do Rei. Este reserva para si e apenas, os direitos do pau-brasil, o estimado corante que acabou por dar o nome à terra nova que Pedro Álvares Cabral avistou em 22 de Abril de 1500 (...).

Mattoso afere ainda de que, O Comércio Régio, no entanto, com dificuldade se consegue manter no almejado domínio monopolista. E reforçam-se reestruturações tonteantes, que se iniciam por 1560-1570, com outras formas menos centralizadas. Até espacialmente!

Mantendo o exclusivo do Grande Comércio Oriental, mas erguendo-se outros portos (como de partida e de chegada dos tratos atlânticos), a posição relativa de Lisboa monopolista enfraquece-se; mas nem por isso alguma outra cidade se lhe aproxima...

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Da Antiguidade para os nossos dias (2015): Atlântida e os seus mistérios... artefactos e minérios agora encontrados sob o destino ou segredo dos deuses que nos contam de outras histórias...

Recuando no tempo...
Uma equipa de mergulhadores italianos descobriu de uma embarcação naufragada há cerca de 2600 anos (ou mais exactamente há 550 anos a. C.) - na região de Gela, a 300 metros dos seu porto, no sul da Sicília, ou seja, nos mares de Itália - 39 barras de Oricalco (orichalcum), mineral lendário ou mítico que, segundo Platão, se encontraria em vasta profusão sob a terra ou sob o mar de minas perdidas dessa tão esplêndida terra denominada: Atlântida.

«Nada similar jamais havia sido encontrado», convicta afirmação de Sebastiano Tusa da agência marítima local ao Discovery News. Acrescenta em tom efusivo mas conhecedor:

« Nós conhecíamos o Oricalco (ou orihalcon) de textos antigos e de alguns objectos ornamentais». De acordo com Tusa, a descoberta chama a atenção para a importância da cidade no cenário económico e cultural do Mediterrâneo, da época. Remata dizendo: « O achado confirma que cerca de um século após a sua fundação em 689 a. C., Gela veio a se tornar uma cidade rica, com oficinas de artesanato especializadas na produção de artefactos valiosos». Concorda-se com tal.

O que Tusa não soube explicar mas os especialistas mais em pormenor e concordância admitiram posteriormente, foi, de que se trataria de uma liga metálica semelhante ao Bronze, obtida através da reacção entre os minérios de Zinco (15-20%), Cobre (75-80%) e Carvão, além pequenas quantidades de Ferro, Níquel e Chumbo (por rigorosa tecnologia realizada através da fluorescência de raios-X).

Todavia, a sua composição, bem como a sua origem, continuam incertas ou ainda por identificar devidamente, uma vez que os analistas científicos ainda em debate, não chegaram propriamente a uma conclusão definitiva ou assaz convergente sobre essa sua origem. Esperemos então pela confirmação do que se tratará efectivamente este tão misterioso ou lendário mineral que tantos coloca em sua análise e aprofundamento.

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Arqueólogos em escavação na ilha de Al Hallaniyah, em Omã (foto gentilmente cedida  pela Blue Water Recoververies, BWR). Nau de Vasco da Gama descoberta, em Omã, há cerca de 20 anos; mas só agora se sabe desta e, ao que se presume por actuais averiguações, tratar-se-à de uma nau da frota de Vasco de Gama, o tão famoso navegador português, aquando a sua segunda viagem à Índia, na ilha de Al Hallaniyah, no sultanato de Omã.

A Polémica!
No primeiro texto apresentado, inferia-se tratar-se de uma nau de Vasco da Gama de sua pertença e nome: Esmeralda. Até aqui, tudo bem. O que se segue é que já não condiz com as últimas aferições do que entretanto todo um processo evolutivo de argumentação e esclarecimento se lhe sucedeu (ou que em maior registo se foi debatendo); porém, também em maior confusão mas também maior trato, segundo os especialistas.

Segundo a publicação do International Journal of Nautical Archaeology sobre o espólio recuperado, sublima-se então: Existe a principal hipótese que os materiais identificados pertençam à nau Esmeralda, muito embora se reconheça que estão ali documentados dois naufrágios, em 1503 (numa referência directa à nau São Pedro, embarcação que também faria parte da frota de Vasco da Gama).

Estes dados estão presentes no artigo desta publicação, que são da responsabilidade de David L. Mearns, director da BWR (empresa britânica de salvados marítimos em associação com o Ministério do Património de Omã) , de Bruno Frohlich, antropólogo da Smithsonian Institution e ainda do arqueólogo, David Parham, da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido.

Segundo o que dita o jornal Público, estas duas naus eram comandadas por Vicente e Brás Sodré, tios do tão bravo navegador português, Vasco da Gama, e que, num pequeno esquadrão de 5 embarcações com um objectivo preciso (por obra, missiva e graça d`El-rei e Senhor Dom Manuel I) de se dedicarem a combater os muçulmanos na costa do Malabar (e à entrada do Mar Vermelho), assegurando o controlo do comércio de especiarias.

Ignorando as instruções do Rei, passaram eles, os irmãos Sodré, ao saque total dos navegantes árabes por aquelas zonas. Actuando como verdadeiros corsários, a pena capital foi divina, senão justa ainda que cruel, tão cruel quanto os actos impunes que entretanto eles fizeram, não se apiedando das suas vítimas que degolavam e mandavam ao mar, ficando-lhes com os tesouros, as riquezas.

A ganância tem limites e a tempestade pôs freio então a esta: os irmãos Sodré morreriam sob os escombros do saque e da malfazeja vida que até então levaram, naquele fundão de baía amaldiçoada ou de justiça aplicada, segundo alguns.

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Esquadras que imperavam e, ultimavam, quem afronta lhes fazia; até mesmo indo contra ordens e seguimentos por palavra e lei de seu rei. Tesouros que o mar esconde mas outros descobrem em ordem e palavra de outra lei, outra grei, e quiçá de outros senhores...

Debate e análise...
Luís Filipe Vieira de Castro, da Universidade do Texas, não corrobora desta tese, do espólio ser de pertença da nau afundada, Esmeralda (ainda que admita ser plausível a sua história assim como os artefactos encontrados serem da primeira metade do século XVI).

Vieira de Castro enaltece ainda: «Não creio que se possa identificar o navio, como não se pode identificar a Nossa Senhora dos Mártires, em S. Julião da Barra (Oeiras, Portugal). Mas esta colecção de artefactos bem estudada (pronunciou o investigador ao Público), pode contar mil histórias fantásticas, não só sobre Portugal». Mas vai ainda mais longe no ímpeto verbal:

«Faz-me pena ainda andarmos dentro deste paradigma das nacionalidades. A Expansão Portuguesa é uma história de cosmopolitismo», reverte este professor sob a égide dos muitos estudos por si efectuados (navios ibéricos do século XVI), no que também classifica o achado, associado ou não à frota de Vasco da Gama, como, extraordinário!

Opinião igual tem José Virgílio Pissarra, historiador naval e investigador do Centro de História da Faculdade de Letras de Lisboa, em Portugal, que admite sim, que eventualmente se pode tratar das naus dos irmãos saqueadores Sodré mas não da aferição do espólio à nau, acrescentando ainda que é insustentável (do ponto de vista científico) quem o possa afirmar com toda a certeza, uma vez que se encontram dois navios naufragados nessa mesma zona.

 No entanto, Pissarra reconhece: « A confirmar-se que o espólio saiu das naus dos Sodré, podemos dizer que nunca antes se tinha localizado um naufrágio da armada de Dom Manuel I, no Índico!»

Este autor de uma tese de mestrado sobre esta armada - José Virgílio Pissarra - reverbera que na fase inicial do comando de Vicente Sodré, a frota era ainda pequena (de apenas 5 navios, passando para 200, só em 1530). Refere peremptoriamente que:
«É a Primeira Armada Europeia com um destacamento transoceânico. É algo de realmente novo!»

Sem haver provas conclusivas de que o espólio encontrado pertence à nau Esmeralda num manancial de 2800 objectos capturados, Pissarra pontua também de que os achados revelados de balas com inscrições em «VS», podem ser identificados como «AS» e não VS, de Vicente Sodré, de leituras ou interpretações erradas... no que sugere não se tratar efectivamente das naus correspondentes aos irmãos corsários Sodré de proveitos próprios - em desordem ou desmandos seus - pela palavra e leis a eles dadas de seu rei Dom Manuel I, Rei de Portugal.

Manufracturados ou não no século XVI (todos estes materiais agora recolhidos) - podendo terem-no sido no século XV, segundo Tânia Casimiro, arqueóloga e investigadora da Universidade Nova de Lisboa, Portugal - e que estudou muitos dos materiais deste espólio, há que se ser cauteloso na análise e na conclusão.

Em relação ao artigo publicado por elementos e responsáveis ou associados ao BWR,  existe a garantia oficial de que todos os artigos/artefactos resgatados e por eles recolhidos serão mantidos numa Única Colecção Coerente (seja lá isso o que for...) e que será - obviamente - de futura propriedade do Ministério de Omã, numa também futura exposição no novo Museu Nacional de Omã.

Há ainda a registar que, foi este mesmo sultanato de Omã quem financiou e incentivou o trabalho de investigação, aparte ou excepção das bolsas que David L. Mearns recebeu da National Geographic Society e da Fundação Waitt.

Como Omã não rectificou a Convenção sobre a Protecção do Património Cultural Subaquático da UNESCO (em 2001), ficámos a saber, nós - portugueses - que o acesso ao sítio do naufrágio depende da sua cooperação, mesmo sendo um navio com pavilhão português.

E mais se inquiriu, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros em email enviado ao jornal Público, sobre a suposta eventualidade de, um dia, em futuro próximo, se poder fazer uma exposição de todo esse espólio (ou de parte do acervo, o que já não era mau de todo...), em Portugal. A resposta foi unânime mas também, de certa forma, pusilânime ou de uma impotência atroz, afirmando-se:

«Dado o estado em que se encontra a investigação científica, será prematuro especular sobre o espólio encontrado». Em bom português, dizemos nós, todos os portugueses, estamos conversados. Mais uma vez, se viu imperar a sensatez geo-estratégica de não se ferirem susceptibilidades ou inconformidades de ordem suprema, de ordem tangivelmente exo-política - igual ou tão mítica quanto os naufragados navios e seus achados por esse mundo fora.

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Vasco da Gama, o nosso maior navegador português! Nasceu em Sines em 1468/69 e faleceu em Cochim, na Índia, a 24 de Dezembro de 1524.

O Nosso Grande Vasco da Gama!
Vasco da Gama descobriu o caminho marítimo para a Índia (onde chega a Calecut, em Maio de 1498) na sua viagem inaugural, conhecida como «A carreira da Índia», indo numa frota exemplar da caravela Bérrio, nau de São Gabriel - esta, capitaneada por ele, Vasco da Gama - e a nau São Rafael. E isto, quase 10 meses depois de ter deixado o Reino (o quase equivalente a uma nossa futura ida a Marte nos dias de hoje...).

Mas, como em tudo na vida, há que o dizer (não escolhendo nós família), e Vasco da Gama deparar-se-ia com os mesmos dislates e contradições de muitos de nós, a ter de limpar o seu nome por vias de seus apaniguados e aparentados tios piratas, que a nação e o Reino de Dom Manuel I, haviam ofuscado ou quiçá conspurcado com tamanha ambição desmedida e fraco poder de decidirem por eles, no saque a na abastança de outros reinos, outros senhores...

Em todas as famílias raia a maldição, a insensatez ou a perdição de ir contra quem manda e coordena; neste caso, os seus tios, os tão ingratos irmãos Sodré que tudo aviltaram e tudo pagaram com a própria vida. Maldição, ou justiça feita ante tamanha ingratidão e deslize...?

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A Lisboa dos Descobrimentos e que, actualmente, nos enche de orgulho  (mas também estranheza e insubmissa vontade) de lhe não sermos menos do que uma ténue ou leve mestria do que outrora foi - em sumptuosidade e riqueza de caravelas abertas ao mundo - de rotas comerciais desempoeiradas e fantasticamente empenhadas em progressão de domínios marítimos e, colonização de ilhas, por parte dos portugueses.

O Comércio Ultramarino
Lisboa é o Porto, Lisboa É o Mar Oceano! Quem o afirma não se confunde com esta outrora realidade dos Descobrimentos Portugueses. E se Vasco da Gama tão bem lhe soube cuidar, melhor houvera saber incorporar em toda a linha de navegação de tantos mares, tantos oceanos por si já navegados. Depois de limpa a sua imagem (que nunca houvera estado suja ou prenhe de algo infesto, terá dito o sue rei...) Vasco da Gama impera-se em novas rotas, dele e de muitos, em ouro, malagueta, marfim e escravos africanos nos fins do século XV.

Depois de iniciada a conquista, navegação e comércio da Índia, as exóticas e ricas especiarias, as raras drogas das partes do mundo Malaio-Indonésio, mais tarde as louças e sedas da China.
Vinha já o açúcar da ilha da Madeira, das ilhas de Cabo Verde (pouco) e de São Tomé, depois as generosas quantias produzidas no Brasil, que dá ainda o pau de de tinturaria e o tabaco.

Antes de, o Príncipe Dom João tomar conta da Expansão Comercial Portuguesa, a coroa tivera arrendado o comércio africano. Das condições do contrato, fazia parte a progressão do reconhecimento do Litoral Africano. Com esse reconhecimento avançou também o resgate de mercadorias.

Portugal instala-se nesse cavalgamento de espaços diferentes e neste alargamento de uma Economia-mundo a outros horizontes que, vão assim caracterizar a alvorada da Modernidade, segundo o historiador José Mattoso.

«Em nenhuma parte do mundo, e muito mais no Oriente, se negocea (se negoceia) sem os presentes irem diante», prosápia e esclarecimento de Bõtaibo (nome estropiado de Mõçaide) - o mouro tunisino de relevante papel no no primeiro contacto entre os seus velhos conhecidos portugueses com o senhor de Calecut (Castanheda, 1979, livro I, cap. XIX, p. 53).

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Navio-galeão San José, na costa do Caribe-colombiano (Cartagena das Índias): naufragados os destroços (há cerca de 300 anos), incumbe-nos a persistência de o divulgar, no que seria um galeão, uma nau frutuosa de grande ou valiosa riqueza em si.

De pertença ou origem espanhola, este galeão - San José - continua ainda hoje em batalha metafórica; ou seja, em sequência (e talvez sequela) verbal e política com os britânicos, nessa guerrilha política na aquisição e, pertença agora a quem de direito, em avolumada carga de ouro e pedras preciosas.

Achados que se perdem no tempo...
Naus que se afundam, homens que naufragam e morrem, tenham sido pelas mãos dos Sodré quer pelas de Malik Ayaz, Governador de Diu - e principal adversário dos portugueses no Gujarate - tudo se perdeu então. Essa perca era de todos; as das almas e as das embarcações, estas perdidas para sempre, no que houveram sido as mais bem preparadas, as mui aladas para o combate naval que lhes não deu saída mas afundamento, para sempre, nas suas mui parcas vidas de marinheiros e homens de bem, por outros que o não eram, acredita-se.

E desses achados agora que é feito? E que nós, portugueses, raiámos e demos mundos ao mundos, nessa tão eloquente mas também já tão estafada ou inútil frase-cliché de termos sido grandes e, hoje, tão pequenos e tão omissos quanto a mais pequena bactéria (ou microbiológica qualquer coisa) que nos faz ser, em subserviência e quase demência, uns seres abjectos de força nenhuma, de querer algum ou de vontades cimeiras que nos levaram a outras terras, a outros ideais, em tempos perdidos que não achados como os de agora - os de ninguém ou de alguém que se faz passar por nós; e isso é triste, muito triste, digo-vos eu de aquém e além-mar.

Afinal, Nós, Portugueses, temos uma Alma Velha de outros tempos e outros afagos, sentidos e afectos, como se diz agora; mas somos novos (descendentes dos cristãos-novos e outros...) e sempre acreditámos que algo pode mudar; que algo vai mesmo mudar... seja hoje, seja sempre... Oxalá tal se cumpra, por nossa bênção de terra e mar!

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Arqueologia Subaquática, no rio Arade, Portimão (Portugal). Rio Arade (Algarve): o que o mar nos reporta em lições e aprendizagem de tudo o que neste se insere e acoberta de tantas naus, tantos sonhos agora depositados no conhecimento dos homens, dos que querem saber mais, atingir mais.

Atlântida, ou apenas a extensa língua oceânica...?
E se tudo não fosse um mar de magia, de glórias de outros tempos, ser-nos-ia a História recontada de uma outra forma, uma outra alegoria que seria, de futuro, tudo aquilo que outros homens já viram...!

Quando alguns afirmam serem os despojos de Atlântida e outros, mais comedidos, o lançam sobre outras idades, outras geografias ou mesmo outros tempos de navegação/civilização romana e outras (das tantas que por cá já tivemos e que por cá exibimos) que nos são, agora, os mais fiéis testemunhos de uma terra que já foi mar, oceano - e tudo o mais - e agora se descobre em maravilhosa condição subaquática dos não menos maravilhosos homens-peixe (na arqueologia subaquática) que tudo evocam...

Naus de Colombo, «O Velho»
Algarve (1476): Em finais de Agosto, reza a História, ou princípios de Setembro de 1476, quatro navios genoveses - e um flamengo - dirigiam-se de Cádis para a Flandres, quando, ao largo do cabo de Santa Maria, encontraram uma forte armada navegando sob bandeira portuguesa.

Doze navios pertenciam a Colombo - o Velho - corsário genovês que, já por várias vezes tinha prestado serviços à coroa de Portugal; os restantes (entre 3 e 5, não se sabe ao certo), estavam sob o comando de Pêro de Ataíde (o mesmo que, em 1503, posteriormente então, terá ficado à frente da frota reduzida a 3 embarcações, ordenando que se recuperasse toda a carga possível e se queimassem os destroços visíveis das naus, aquando a tal tempestade fatal aos irmãos Sodré, ainda que Brás tivesse sobrevivido a Vicente mas falecendo pouco tempo depois) na história aqui anteriormente referida mas de futuro anunciado para Ataíde, sem que ele o soubesse de antemão...

Tornando a 1476: Esta Armada Portuguesa, comandada (e combinada) por Pêro de Ataíde devia correr e proteger os mares do Algarve contra Castela, já que, mais uma vez, ambas as nações se encontravam em guerra. Às cinco naus estrangeiras, no entanto, de nada valeu mostrarem o salvo-conduto do rei de França, aliado de Portugal contra Castela.

Para Colombo, o corsário, era suficiente a suspeita de que as naus iam ricamente carregadas, para se lançar ao ataque. Quatro navios da armada combinada abalroam então duas naus genovesas e a nau flamenga, pondo-se as restantes duas em fuga.

Rezam as crónicas que o combate nos navios foi feroz, com arremessos de pedras, lanças de fogo e combates corpo a corpo. Mas, no calor da batalha, ninguém reparou que as sete naus - empurradas pelo vento - acabariam por ficar encostadas umas às outras. Bastou que uma delas pegasse fogo para que este alastrasse às outras, acabando por se perder todos os navios.

Na tragédia terão morrido cerca de 2000 homens, entre Genoveses, Flamengos, Franceses e Portugueses. A maior parte deles afogados, uma vez que a costa se encontrava demasiado longe para se salvarem a nado.

Reza a lenda também de que um dos que terá conseguido chegar a terra, agarrado a um bocado de madeira, foi Cristóvão Colombo, que iria embarcado na nau do seu parente Colombo, o Velho.

Como no caso de tantos outros navios naufragados na costa portuguesa, também neste não se sabem mais pormenores sobre a localização exacta da batalha ou, a carga que os navios abalroados transportavam.

Curiosamente, Quirino da Fonseca, no seu livro: «Os Portugueses no Mar», refere que, nesse mesmo ano de 1476, Pêro de Ataíde terá morrido o decurso de um combate contra quatro navios genoveses ao largo do cabo de São Vicente, perdendo-se numerosas embarcações na sequência da explosão de um barril de pólvora. O que se sabe, é que Pêro de Ataíde, o verdadeiro, terá falecido em 1504, no Índico (Moçambique) no decurso da viagem de regresso ao Reino (Portugal) que nunca chegou a vislumbrar.

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O eterno espólio português, descoberto agora, sobre naus e navios da Armada Portuguesa na estonteante e rica época dos Descobrimentos. Naus afundadas por ventos e marés, naufragadas por canhões ou invasão de corsários e tantas outras intempéries e não só atmosféricas, que levaram a que tudo se perdesse de seu rumo e destino. E que destino será agora esse, por tantas mãos desejadas???

Império e Impérios
Segundo ainda José Mattoso, no sua epopeia bibliográfica que reverteu nos mui elaborados livros sobre a História de Portugal, terá afiançado a todos nós portugueses, em cunho e conhecimentos, de que apesar dos ataques que Holandeses e Ingleses nos desferiam um pouco por toda a parte (e isto, extensível até meados de 1620), conseguimos sobreviver.

E, de tal forma o fizemos, que nos chegavam produtos dos reinos e senhorios ultramarinos, que atraíam «navegações de todos os Reinos»: da Galiza e Biscaia, de França, Flandres, Inglaterra, Dinamarca, Polónia, Alemanha e outras partes, trazendo pão, carnes e queijos principalmente.

Do Mediterrâneo, vinham navios da Andaluzia e demais Espanha, Itália e Grécia (ou mesmo de África). Mas o grande comércio ainda era o que tinha como origem a Ásia e, crescentemente, o Brasil (o açúcar) e a África atlântica (escravos).

O Império Comercial Português, começado em fins do século XV pela África a sul do Sahara, depois do auge oriental, redefinia-se então como atlântico (Cortesão, 1940, p.70).
O que se autentica aqui, é que um dia fomos poderosos - e ricos! Parca fortuna de quem não sabe guardar na História esse ou esses Impérios perdidos...Imagem relacionada
«Flor do Mar», a actual réplica da antiga nau de Afonso de Albuquerque, sitiada hoje no Museu Marítimo de Malaca, na Malásia. O que outros intentam (no bom sentido) e os seus esquecem... na infelicidade sempre presente de, outros fazerem jus à nossa História Portuguesa, e nós, o negligenciemos... dizendo então à boca fechada, que somos pobres, demasiado pobres para reinventar a nossa história marítima perdida...

Império ou Impérios...?
Império e Impérios, cujas configurações e espaços sofrem modificações estruturais a uma escala agora mundial. A Economia-mundo é um conjunto de actividades convergentes e, conflituais, que sofrem modificações e também crises. Ainda hoje assim é, admite-se.

Segundo explana Mattoso, algumas dessas modificações e crises são tão profundas que só se resolvem na busca e assentamento de diferentes espaços, resultantes de expansões e contracções (Godinho, 1978, pp. 247-280), o que se legitima actualmente até em relação ao Espaço; ou seja, ao próprio Universo...

De Dominações Económicas e Políticas,, que mudam de sentido e de mãos. Que afectam os preços correntes como a vida das pessoas, na generalidade. Que abrem para profundas perturbações como para enquistamentos sociais. Não há um factor ou factores previamente determinados que permitam a arrumação e, predeterminação da conjuntura. Nem a regularidade das crises cíclicas vai além de uma tendência. Mas, a Economia-mundo, vai-se construindo sempre através de crises, que, uma vez resolvidas, geram consequente ou ciclicamente também, numa periodicidade tendencial.

Não se pode colocar um fim neste texto, sem se aludir ao que José Mattoso reitera sobre «Império e impérios» sem antes confidenciar aqui que, o Capitalismo Mercantil, ao articular realidades e espaços económicos diversos, faz com que se repercutam a uma escala antes impossível as alterações - e flutuações -  que antes apenas afectavam confinadas economias e sociedades relativamente estáveis.

O Mundo mudou e nós, com ele, infere-se. Segundo a História de Portugal de José Mattoso, o Mundo mudou, porque agora há mais mundo! Daí que a célebre e mui portuguesa frase, eclética sim mas sempre verdadeira nos nossos portugueses corações de tantas almas - as de ontem e as de hoje - «dar mundos ao mundo» não seja de todo em vão, mesmo, para as gerações futuras do que hoje se descobre e ramifica desses antepassados e dessas economias-mundo de que Mattoso fala.

«Lançam-se os primeiros e ainda imprecisos delineamentos da Modernidade. À escala do espaço do Planeta, que entretanto se fora descobrindo e construindo». Assim é. Sabemos-lo todos ou quase todos; ou até aqueles que fingem esquecê-lo!

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Padrão dos Descobrimentos na evocação do maior feito português! Em fundo, um dos nossos mais emblemáticos monumentos de eleição em homenagem aos Descobrimentos - A Torre de Belém (Lisboa) - que concerne uma das mais belas peças arquitectónicas da nossa Nação-Estado.

Algo que nos lembra - ou relembra - um grande passado histórico da circum-navegação marítima; além as almas que por esse mar ficaram, do corrosivo escorbuto às ratazanas que lhes roíam os pés e as mãos, aquando definhavam razões ou outras sensações de maior (não fora a loucura imediata, as febres, as náuseas e os vómitos certeiros de agonia imensa) e o suicídio não que seria desonra, tal o débil estado mas consciência de outro (Estado como nação a defender) desses homens mártires sob as mais rudes condições havidas no mar.

Ser Português e ter uma alma de sal...
Por mares nunca antes navegados, por terras nunca antes desbravadas, somos nós portugueses, a maior de toda a perdição - que não rendição - a outros ventos, outras marés, e até outras glórias de outras galés. Bebemos lágrimas de sal e de conduto nunca havido; choramos por quem perdemos mas sorrimos por quem nos dê honras e outras lisonjas de aquém ou além mar, pois que fomos pioneiros e hoje somos apenas aventureiros de outras migrações, outras obreiras verdades de cruzarmos o mundo...

Somos o que somos; somos o que fizeram de nós em esventre de um passado recente ou de um futuro distante que tudo pode, que tudo maneja e tudo volteja consoante as brisas, as correntes, ou as dementes insinuações de que somos pobres, fracos e imprecisos, depois de lestos colonizadores e maus perdedores de terras que nunca foram nossas.

Somos uma nação de muitos mares, muitas oceanias e porquanto assim seja (do que já foi) ser-nos-à, talvez, uma outra, ou mais afortunadas vitórias de outras histórias de almas devassadas, amortalhadas quem sabe? mas justiçadas agora, mesmo que expostas ou não no fundo do mar.

Somos almas que se afogaram mas que nadaram mundo fora; que se deixaram engolir pelo infortúnio das ondas e desse sal, amargo e sem glória, de nos termos sufocado e orgulhosamente enfunado sobre outras que se finaram. Mas somos almas boas, sãs, e com algum decoro ainda de, sentirmos que valeu a pena, pois que, como diria o poeta, a alma não nos é pequena, e nisso, todos estamos de acordo.

Seja num turismo exacerbado ou naquela legítima hospitalidade que nos identifica como povo simpático e de bem acolher ou receber, hoje  e sempre, seremos aquele mesmo povo que um dia se abriu ao mundo, franqueando a razão de existir, libertando esse voo ou essa ânsia de ser mais, procurar mais, ser por ser, apenas isso, seja onde for, como for, deixando-se noutros mundos entrar; aqui e lá, onde houver mar e terra por encontrar.

Portugal, no mapa, é mais, muito mais do que o seu registo de quem o vá procurar; cabe-nos a nós agora, portugueses, no-lo mostrar - ou Cristóvão Colombo jamais se perderia - não fosse este seu percurso, seu berço e alquimia, ainda que muitos o neguem e digam ser genovês, catalão ou português (espião e ao serviço de Suas Majestades, os reis portugueses que não os de Castela, os católicos), para onde Colombo se dirigiu em avença de «procurar» ou descobrir as Índias, sabendo serem as Américas... mas isso é uma outra história que Memórias do Mar evocará, se esta terra, este mar, e esta minha língua de Camões assim o permitirem... Até lá!

terça-feira, 18 de julho de 2017

Caravelas, Naus e Galeões Portugueses, um choque tecnológico no sec XVI ...

Memórias do Mar (I)

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Navios naufragados: Fantasmas adormecidos, submersos nas memórias do mar! (imagem do JN, exibindo os destroços do submarino alemão U-581 da Segunda Guerra Mundial encontrados no mar dos Açores, no dia 13 de Setembro de 2016).

Há quem lhes chame cápsulas do tempo. Há quem lhes consigne a maior fortuna em reduto último do conhecimento e da memória até aí ausentes, sobre tudo o que guardavam, sobre tudo o que legitimavam - e muitas vezes ocultavam - de mundanos segredos de rei e de alcofa, de tesouros  e arcas sagradas, revestidos todos, de uma miríade incomensurável de riquezas e outras pertenças que não haviam de onde houveram partido.

E muitos, no-lo puderam mostrar, pois jazeram para sempre nos despojos dos seus navios, nos destroços amaldiçoados desses fantasmas adormecidos que, hoje, se alumiam assim que os investigadores e homens do mar se anunciam, em total afronta e desventura, desta sua sonolência mórbida que dá protecção e guarida a todos no fundo do mar...

E das memórias que nos fica então: dos sussurros, dos sons magoados, destilados no tempo e sobre um vento que os não apazigua, dos lamentos, ou da ausência dos sonhos e das esperanças do que sobre tantos mares se domaram, tantos cabos se dobraram e tantas vidas se ceifaram...?

E quantos gritos ecoaram, quantas lágrimas se derramaram, quantas vidas pereceram ou quantas almas se perderam, por tanto lhes teres roubado, Ó Mar...?!

E se em vão tantos choraram e se em vão todos se perderam, por entre gemidos e lamentos, súplicas e tormentos, que dizer dos que ficaram sem chão para governar, sem tecto para albergar tanta dor, tanto desatino sem pertença ou avença de algo poder mudar...?!

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Náufragos: a mera existência ou desistência de quem fez História Marítima, por terra e por mar e deu voz a outros povos, outros ideais, outros mundos ao mundo na diáspora navegante da descoberta e da esperança mas também desesperança de ser ver botado ao mar...

«Os marinheiros olham num estupor o negrume absoluto e total desencadeado, olham-no como a morte, ligados aos mastros, sem uma ideia no crânio diante da catástrofe que redemoinha e grita. (...)
Durante dois dias vivi fincado a uma tábua, molhado da cabeça aos pés, e sem poder tirar os olhos daquele inferno».

                                                 - As Ilhas Desconhecidas, de Raul Brandão -
Cápsulas do Tempo
Há de facto quem o afirme: Que os navios afundados são cápsulas do tempo que congelaram no momento em que iniciaram a sua descida para o fundo, levando consigo armas, objectos pessoais, mercadorias e ideias. Que um navio afundado evoca, em simultâneo, tanto uma história trágica, como os mortos e desapossados costumeiros, mas também uma mudança inusitada, uma colecção esquecida de bens e artefactos abandonados que de repente se coloca ao alcance da nossa curiosidade, segundo as personalizadas palavras de Filipe Vieira de Castro, coordenador do programa de arqueologia náutica da Universidade do Texas, nos EUA (Texas A&M University College Station, USA).

«Ainda há tanta coisa desconhecida...!» Esta, a melodiosa ou quase perdida no horizonte mensagem, aberta agora ao mundo através de Vieira de Castro, ao referir-se a uma recente descoberta (em 2008/2012 em divulgação) de um navio português do século XVI, em Oranjemunde, na Namíbia.

Há aproximadamente duas décadas que este prestigiado investigador e acirrado estudioso das naus portuguesas se tem investido no desenvolvimento de modelos computorizados, baseados nos escassos achados arqueológicos disponíveis. E com ele - e outros - vamos então partilhar esta aventura de um ou mais mares que nos viram um dia ser mastro e corrente, solfejo e maré, aventura e vento; e tanto mais que nos ficou dos que, não voltando, nos quiseram entregar as suas últimas dádivas do que por lá deixaram...

Revela Filipe Vieira de Castro que, para os Arqueólogos e os Historiadores, os navios afundados encerram ainda respostas a perguntas ainda por responder, resolvem mistérios até aí sem solução. Afirma também de que, os navios foram durante milénios as máquinas mais complicadas que os homens construíram e, o estudo das ideias que orientaram a sua concepção e construção, é hoje um dos ramos mais apaixonantes da Arqueologia.

Concorda-se em absoluto com a sua visão, a sua autonomia e brilhante explicação do que nos fez outrora grandes e, hoje, um pouco e apenas mais distantes dessa heroicidade navegante de outros tempos, outras eras...

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Costa Vicentina: Cabo de São Vicente, Sagres - Portugal (imagem aérea que nos dá a óptica e percepção perfeitas da dimensão territorial e marítima que ladeia a costa portuguesa).

Tragédia e Oportunidade
Se para uns os navios naufragados são a tragédia anunciada de tantos desastres marítimos ao longo dos anos, das datas, mas também da certeza do muito que ainda há por desvendar no fundo do mar, existe hoje (como sempre existiu, convenhamos) a oportunidade abusiva e muito pouco altruísta de se saber governar com os despojos dos que sofreram e morreram em alto mar, dando à costa seus tesouros, seus arrecadados, e toda a sua escassa história marítima que aí teve um fim...

A rapina dos homens sempre endémica, sempre sequiosa dos bens de outros, fez acumular de outras histórias o que se hoje se pode ainda reportar de achados em mãos alheias e outros recatos perdidos no tempo; além a demanda geopolítica entre Portugal e Castela.

E dessa História Naval de guerras e batalhas se contam outros contos, como por exemplo, o passado nas galés portuguesas, no Cabo de São Vicente, em Sagres, em 1337 (perfazendo no dia 21 de Julho de 2017, 680 anos passados, em registo e anotação desta ocorrência de confronto entre estas duas coroas europeias, num desaguisado que levou ao afundamento de 6 galés portuguesas e de um número indeterminado de galés castelhanas).

Galés: Cabo de São Vicente (1337)
No dia 21 de Julho de 1337 encontram-se ao largo do cabo de São Vicente, em Sagres (Portugal) duas armadas: galés comandadas por Manuel Pessanha, outra de Castela com três dezenas de galés e naus, sob o comando de Dom Afonso Jofre Tenório.

A Guerra tinha sido declarada no ano anterior porque, entre outras razões, Dom Afonso IV de Portugal (curiosamente o rei mandante da execução de Dª Inês de Castro, o grande e eterno amor de seu filho Dom Pedro) parece que não se conformava com a forma como o seu genro - Dom Afonso XI de Castela - desprezava a mulher, a infanta portuguesa Dª Maria.

O Recontro entre as duas armadas já por várias vezes tinha sido adiado pela força de grandes temporais, obrigando ambas a recolher aos respectivos portos para reparações.
Finalmente, a 21 de Julho de 1337, iam medir forças. A batalha começou por correr de feição aos portugueses, que chegaram a apresar 9 galés ao inimigo, mas, devido provavelmente à entrada em acção das naus de Castela, o recontro acabaria com uma derrota portuguesa.

Quando Manuel Pessanha e o filho são feitos prisioneiros e, o estandarte real de Dom Afonso IV é derrubado, os navios sobreviventes portugueses põem-se em fuga. Rezam as crónicas de que o número de mortos e feridos foi muito pesado para ambos os lados e, Castela, fez ainda centenas de prisioneiros que obrigou a desfilar pelas ruas de Sevilha (como humilhação máxima) com cangas ao pescoço.

Do local exacto da batalha, no entanto, não há notícia. Sabe-se contudo que, algures ao largo do cabo de São Vicente, estará muito provavelmente o que resta de seis galés portuguesas e o tal número indeterminado ainda de tantas outras castelhanas. Uma mui má memória para ambas as partes, reconhece-se; de ambos os lados também...

Todos estes dados históricos foram recolhidos do inestimável trabalho histórico-científico de Francisco J. S. Alves, do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática de Lisboa (Portugal); além o seu talento, tarefa acumulada de mais de 6000 casos de navios naufragados, e a indefectível dedicação à causa da salvaguarda do património cultural subaquático (assim como à dos seus admiráveis colaboradores) que editaram uma obra magnífica de título: «A Costa dos Tesouros» da qual me empenhei em extrair esta referência de 1337, o que desde já agradeço ter o privilégio de ler deliciosa e enigmaticamente todos os textos aqui apresentados.

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Moeda Portuguesa (de cunho real da era quinhentista/seiscentista, no que se admite haver o cunho preciso entre 1525 e 1538). O que o mar outrora colheu e reverteu agora, no deserto da Namíbia, sob os destroços ainda visíveis de uma nau portuguesa do século XVI, de 1533, «O Bom Jesus». Uma empresa da Indústria Mineira descobriu-o e Portugal omitiu-o, ou antes, abdicou da sua pertença...

A Caça ao Tesouro...
Partindo de Lisboa (a 7 de Março de 1533, numa bela sexta-feira) rumou a Goa - na Índia - este navio, O Bom Jesus, que zarpou das costas portuguesas sem saber que se afundaria, para mau grado de seu Rei e Senhor e toda uma população faminta de glórias e fortunas (que se avolumavam com as descobertas e as recentes trocas comerciais entre eles), transportando a bordo um verdadeiro tesouro das Índias...

Moedas de ouro, estanho, cobre e marfim, além de cerca de 300 pessoas (tripulação e comitiva) numa constituição de marinheiros, soldados, padres, nobres e escravos, que tiveram igual sorte e destino de naufrágio num afundamento de pessoas e bens que foi também requisitado ao mar na época por um magnânimo espólio de canhões de bronze, lingotes de cobre, instrumentos de navegação, utensílios domésticos também em cobre (tal a riqueza revelada sobre a coroa portuguesa), espadas, mosquetes, cinco âncoras e um sem número de moedas de ouro - portuguesas e espanholas - e muitos outros artefactos de alto valor cultural e científico.

500 anos afundado e, em excelente estado de preservação, segundo nos relata o arqueólogo Dieter Noli em divulgação à Fox News de um verdadeiro tesouro que se estende por cerca de 13 milhões de dólares e um valor incalculável histórico! Valores que reverterão todos para o governo da Namíbia por suposta e altruísta «generosidade» do governo português que teve a «hombridade» (em sua hermética opinião) de o não requisitar mas antes doar sem aconselhamento, divulgação ou mera compreensão do povo português em tão alto e nobre gesto (incompreensível para muitos) desta generosidade alheia a todos nós. Provavelmente enriquecemos e não sabemos...

Fosse vivo Dom Francisco de Noronha hoje - o capitão português do Bom Jesus - e de novo desfaleceria ou deixar-se-ia afundar com o seu navio, por tamanha carga prestigiosa e rica lhe ter sido sacada de igual modo, pior do que a da guarida e coral aos peixes, que não a outra de uma sua não-bandeira, de uma outra pátria imerecida.

Pior do que não atravessar o cabo da Boa Esperança, é sentir que se não fez justiça a si e aos seus de dentro do seu navio, após cinco séculos de muita espera e pouco desafio - e final infeliz - para quem merecia de facto mais, muito mais! Pena ter-se sido capitão ou comandante português numa salva de desonra e algas, numa salva de desperdício e nada!

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Moeda de Prata raríssima encontrada e que, os arqueólogos identificam como moeda de 1499, aquando a entusiasmante descoberta dos destroços de uma nau naufragada de pertença e comandos de Vasco da Gama, o famoso descobridor português do caminho marítimo para a Índia.

O sonho desfeito de Esmeralda...
Entre 1502 e 1503, Vasco da Gama seguindo numa frota de cinco naus fez-se ao mar, em direcção para a terra das especiarias (Índia). Esmeralda e São Pedro seguiam lado a lado, mas quis o destino que a nau Esmeralda sucumbisse e deixasse para sempre todas as outras.

Acredita-se que Vasco da Gama não tenha ficado feliz nem soalheiro de sorriso ao ver perder uma sua nau para aquele endemoninhado mar de todas as tormentas. Uma tempestade, em 1503, desfez-lhe o sonho de seguir caminho; desta vez, devido à intempérie e não ao seu mau génio de homem dos comandos, de lobo do mar, que aí fez sentir. E tal como a tempestade, se viu esbracejar perante o agitar do mar e toda a sua impotência para o evitar, provocando-se inevitavelmente o naufrágio do navio Esmeralda, na costa da ilha de Al Hallaniyat, na região de Dhofar, em Omã, no Médio Oriente.

O que os arqueólogos hoje afirmam, apesar desta descoberta se ter realizado em meados de 1998 (data da celebração dos 500 anos sobre a rota de Vasco da Gama à Índia), só por volta dos anos de 2013/2015 até agora, é que se aprofundaram nas investigações subaquáticas, segundo informação publicada em 2016, na revista científica internacional «Journal of Nautical Archaeology» que pertence à Sociedade de Arqueologia Náutica de Inglaterra, no Reino Unido.

Um espólio, veio a saber-se depois, de mais de 3 mil artefactos retirados do mar e previamente analisados, em Omã, mas jamais devolvidos à precedência, ou seja, à República Portuguesa; mais uma vez...

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O que o mar esconde e os mergulhadores profissionais, arqueólogos marinhos e demais cientistas se maravilham na descoberta e, honra, do que em secretos lamentos estes fantasmas adormecidos lhes contam...

Retornando ao Bom Jesus...
A ironia de todas as ironias: este navio português do século XVI, quedar-se pela tempestade mas jamais pelo que não lhe coube observar nos reluzentes areais da Namíbia, onde o navio português, destroçado e quebrado, se viria a afundar numa misteriosa costa envolta em nevoeiro - salpicada com mais de 100 milhões de quilates em extensão e profundidade - na mais pura crueldade de que há memória sob os escombros ou esqueletos sem alma de todos os que aí pereceram, sem que vissem esta afortunada riqueza, desafortunada de todos eles!

Carregado de ouro e marfim, nunca chegaria a bom porto, um famoso porto recheado de especiarias na costa indiana. Afundado sobre um tesouro nunca visto, foi a empresa NAMDEB (um consórcio do Estado e da empresa privada De Beers) que se envolveu nesta expedição (não na descoberta em si mas na de minério U-60) quando, junto à foz do rio Orange, na costa meridional da Namíbia, se deparou com tão frutuoso achado.

Nada passou despercebido então a este geólogo, funcionário desta empresa nesse projecto de mineração (de minas ricas em ouro), observando um lingote de cobre que mais tarde se descobriria tratar-se de pertença de um dos mais ricos ou abastados homens da alta finança da Europa Renascentista - Anton Fugger.

D.João III exultava riqueza e concomitantemente disseminava-la através das suas famosas rotas mercantilistas e de comércio agora aberto entre a Europa, África e Ásia. Era digno de muitas invejas, supõe-se; mas neste caso o que interferiu foram somente as tempestades, ao que se sabe.
Só sob a areia escaldante daquela praia surgiram 22 lingotes; canhões e espadas, marfim e astrolábios como já se referiu, mas ainda mosquetes e cotas de malha. Tudo derramado, despojado de seus fins.

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Moedas de cunho portuguesas e espanholas; entre outras. Outros achados, completam igualmente esta e outras descobertas de moedas de valor incalculável (o reportado na imagem refere-se exactamente ao adquirido de um tesouro de mais de 1 milhão de euros de um navio-almirante espanhol que naufragou ao largo da costa da Florida (EUA) em 1715, devido a um furacão); descoberta esta realizada por uma família de mergulhadores.

Neste particular caso do Bom Jesus, o espólio hoje analisado e devidamente identificado está em pose do Estado da Namíbia. Porquanto isso, vão-se intensificando averiguações e demais investigações entre cá e lá (Portugal e Namíbia) em maior cooperação na procura e análise de mais dados sobre este tão poderoso achado de El-Rei e Senhor, Dom João III, Rei de Portugal! E dos Algarves!

A Excitação Arqueológica
Tantos os tesouros de tantas glórias - e quiçá misérias - agora afundadas e tão lastimadas que não reavivaram memória alguma de tal tragédia, terão dito todos, os que na pátria ficaram e os seus não viram voltar, jamais, e sobre o tanto de desperdício e tragédia; ou tanta desdita, por terras longínquas e não suas, por terras distantes de amores não seus...

Os Arqueólogos souberam-no em primeiro; não foi necessário exteriorizá-lo, pois que há muito sabiam, por estudos e convénios, do que se trataria esta tão rica nau do glorioso tempo dos Descobrimentos Portugueses aquém e além mar.

O enfoque dado e o estímulo demonstrado, veio coadunar e reagrupar um pouco mais, se tal seria possível, este evento em fantástica descoberta de nau naufragada por meados de 1533, mais exactamente a 7 de Março desse nefasto ano, teriam dito os marinheiros moribundos, quase desfalecidos de todas as glórias.

E que mãos cheias de ouro seriam, mãos cheias de nada agora, pronunciariam ainda no estertor de suas parcas vidas em busca da luz da morte...

Ouro, muito ouro, para mais de 2 mil belas e pesadas moedas (muitas, cunhadas com as esfinges de Fernando e Isabel, os reis católicos de Espanha) e requintadas armas portuguesas de cunho e brasão real da Casa-Mãe Portuguesa, da coroa e nação de El-Rei Dom João III e, ainda, muitas outras moedas: venezianas, islâmicas, florentinas, etc.

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Estuário/Foz do rio Laranja (Orange River estuary), na Namíbia - na costa ocidental de África - onde se descobriu fundeado o navio português do século XVI de Dom João III (de cognome "o Piedoso" e "o Colonizador") pertença da Coroa Portuguesa à época...

O que dizem os entendidos...
Segundo relatou Francisco J. S. Alves, o já mencionado e excelentíssimo arqueólogo-veterano nestas andanças, do mundo subaquático português, chefe da Divisão de Arqueologia Náutica e Subaquática do Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico  do Ministério da Cultura e consultor da edição portuguesa da National Geographic:

«Sabemos tão pouco sobre estes navios antigos. Esta, é apenas a segunda nau escavada por arqueólogos; todas as outras foram pilhadas por caçadores de tesouros». Mas afere ainda: «É uma oportunidade única!».

Francisco Alves reverbera de que os caçadores de tesouros nunca serão aqui um problema, e di-lo com toda a severidade possível de quem sabe do que fala. Reitera então: «Não aqui, no coração de uma das minas de diamantes, mais bem guardadas do mundo, numa costa cujo próprio nome "Sperrgebiet" significa - Zona Proibida - em alemão.

Os funcionários do consórcio suspenderam as operações em redor do local do naufrágio, contrataram uma equipa de arqueólogos e, durante algumas semanas de esplêndida distracção, escavaram História em vez de diamantes».

Algo que Filipe Vieira de Castro também corrobora e sublima, enaltecendo:
«Ainda há tanta coisa desconhecida... Estes destroços vão proporcionar-nos novos conhecimentos sobre tudo - desde o projecto do casco ao cordame, à maneira como estes navios evoluíram, às pequenas coisas do dia-a-dia, como por exemplo, a forma como cozinhavam as refeições a bordo ou os bens que os marinheiros traziam consigo nestas grandes viagens».

Ao abrigo entre uma parceria entre Portugal e a Namíbia, os Ministérios Portugueses da Cultura e dos Negócios Estrangeiros, permitiram assim a deslocação de uma equipa de peritos nacionais ao país africano. Menos mal, admite-se.

Os Arqueólogos satisfeitos com esta bonomia entre Estados, referem que só assim se pode chegar a melhores ou mais eficazes conclusões sobre o achado, no que já clarificaram algumas questões como, a de se encontrarem muitas moedas espanholas entre as portuguesas, no que os historiadores vêem complementar acrescentando tratar-se de algo absolutamente natural, uma vez que havia à época uma grande influência ou participação vorazmente activa/forte na armada de 1533. Ou seja, havia mais força e trato no que os unia do que o que os separava... entre Portugueses e Castelhanos, vulgo espanhóis no seu todo, mesmo sobre a separação ténue ou união dos seus reinos de Aragão, Leão e Castela em poderio exemplar!

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Mar dos Açores (Portugal): destroços de submarino alemão da Segunda Guerra Mundial.

Descobertas no fundo do Mar...
13 de Setembro de 2016: os destroços do submarino alemão U-581, utilizado na II Guerra Mundial,foram encontrados a quase 900 metros de profundidade no mar dos Açores por uma equipa de investigadores da Fundação Rebikoff-Niggeler.

O Naufrágio do submarino alemão da Segunda Grande Guerra encontra-se situado a sul de São Mateus - na ilha do Pico - declarou à agência Lusa, Kristen Jakobsen (que conjuntamente com o marido, Joachim Jakobsen) encontrou os destroços do submarino, entretanto transformados, segundo a própria, num autêntico recife de coral de águas frias.

Este corajoso e mui observador casal sobre águas profundas dos Açores - uma vez que aí vivem há já 17 anos (na ilha do Faial) - admitiu tratar-se de um achado fantástico. Kristen adiantou que sabia tratar-se do submarino alemão U-581 que foi afundado a 2 de Fevereiro de 1942 pela própria tripulação junto à ilha do Pico, após ter sido perseguido e atacado pelo navio inglês «HMS Westcott».

Kristen Jakobsen sublinhou ainda com toda a distinção sobre este submarino:
«O naufrágio tornou-se num autêntico recife de coral de águas frias; está a 870 metros de profundidade e, na minha opinião, é uma oportunidade para estudo científico - grande - porque foi colonizada por corais, sobretudo esponjas. Estamos perante ecossistemas vulneráveis, dos quais se sabe ainda muito pouco sobre as taxas de crescimento».

O que Kristen Jakobsen veio instar, há muito os investigadores se debruçam, no que, muitas vezes, estas carcaças de navios abandonados à sua sorte subaquática, desde sempre, acabam por servir de casulo, habitat e desenvolvimento de populações marinhas diversas (nesse tal ecossistema vulnerável sim, mas muito caprichoso e de certa forma auspicioso), se tivermos em conta o que ainda há e haverá por explorar sobre as espécies que se atolam com os navios/submarinos nas profundezas.

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Astrolábio Português (do século XVI) no fundo do mar da Namíbia. Portugal foi longe, sobre a terra e sobre o mar. Quão longe mais se irá, se o deixarem, se o engrandecerem, sob a égide dos Descobrimentos não de outrora mas da actualidade (em profusão e desenvolvimento, investigação arqueológica e marítima) sobre riquezas de todos os tempos... E que riqueza maior não será que a do conhecimento que não a do açambarcamento, se todos ganharmos com isso?!

Deixai falar os do Conhecimento...
«(...) É difícil pensar na História da Humanidade sem pensar em barcos, em marinheiros e em viagens. Muito antes de haver agricultores e pastores, já havia Marinheiros!
A colonização da Austrália, que só pode ter sido feita por mar, data pelo menos de há 60.000 anos, fazendo prova das navegações oceânicas mais antigas que se conhecem. Estudos recentes, levaram alguns cientistas a colocar a hipótese de ter havido uma migração da Península Ibérica para o Continente Norte-Americano há cerca de 12.000 anos.

Esta teoria baseia-se em semelhanças encontradas no ADN mitocondrial dos membros de uma cultura do Paleolítico Superior Ibérico - o Solutrense - e dos povos da cultura pré-histórica Clovis que ocupou o continente americano desde pelo menos há 11.600 anos. Mas muito embora esta e outras teorias sobre navegações transatlânticas no Pelolítico europeu não estejam ainda sólida e definitivamente provadas, sabemos contudo que desde há mais de 9000 anos, os Gregos do Peloponeso se aventuravam pelo mar dentro.

Na Gruta pré-histórica de Franchthi encontraram-se instrumentos feitos de obsidiana obtida na ilha de Melos - a mais de 100 quilómetros da costa - datando do oitavo milénio antes de Cristo.

A História das Navegações Europeias é assim longa e rica e, como se sabe, Portugal desempenhou nela um papel muito especial. É pena que a maioria dos Historiadores e Arqueólogos se tenha dedicado quase exclusivamente ao estudo do período da Expansão Europeia  pós-Medieval, porque Portugal tem uma história de viagens marítimas que remonta ao final da Idade do Cobre e, se estende até à revolução do vapor e ao estabelecimento de carreiras regulares entre Lisboa e Porto.

As Costas Portuguesas foram visitadas e habitadas por inúmeros povos mediterrânicos durante o primeiro milénio antes de Cristo e, mais tarde, durante o milénio que se seguiu, foram invadidas e populadas pelos Romanos, que foram provavelmente os melhores construtores de navios de Pisa e Génova, que também eram dos melhores da Europa de então. Mas não é só a Construção Naval Erudita que interessa aos arqueólogos.

A Pesca e a Pirataria foram um motor do desenvolvimento da construção naval durante a Idade Média com uma importância incontornável para os historiadores.

Portugal continuou a enviar navios à Índia, à China, à África e ao Brasil, e o tráfego nos portos portugueses durante os séculos XVIII e XIX era intensíssimo. (...)
Todos estes navios diferentes sulcaram as águas portuguesas e muitos por cá se perderam. Alguns, desintegraram-se para sempre, outros foram recuperados pelas populações ribeirinhas, outros destruídos por processos naturais, por redes de arrasto, dragas e mergulhadores desportivos, outros jazem no fundo ainda à espera de ser descobertos pelos mergulhadores da nossa Era (...)».

         - Extracto parcial das sábias e mui dignas palavras de Filipe Vieira de Castro (Texas A&M University College Station), na introdução do livro sobre os Enigmas da Costa Portuguesa: «A Costa dos Tesouros» -

Um abençoado muito obrigado pela disponibilidade de conhecimentos com que nos abraça nesta causa da costa portuguesa e de seus navios outrora cheios de vida -  enfunados e não contrariados - dessa sua outra missão de segurar ânimos e esperanças (que não morte e desesperança) através dos tempos ou dos destroços ainda não descobertos por alguns de nós.

Um Muito Obrigado em nome de todos os Portugueses e Portuguesas ( e povo do mundo) que desejam e merecem saber mais de seus antepassados de braçais condições e outras afeições, e de seus navios atracados, ainda hoje, no fundo do mar...  em vagas memórias que sempre para si ficam...