Há almas eternas, outras imortais e talvez até mesmo outras confortavelmente emanentes sobre o Universo; cabe-nos a nós descobrir quais as que nós somos, por outras que andam por aí...
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sexta-feira, 29 de dezembro de 2017
quarta-feira, 27 de dezembro de 2017
A Imagem da Vergonha!
Imagem absolutamente chocante de Udai Faisal, num hospital do Iémen (Março de 2016, divulgada pelo Mirror), no que lhe restava de vida em últimos momentos de todo um inenarrável sofrimento (e talvez um incompreensível compromisso com essa mesma vida), na também exposição mundial da Imagem da Vergonha - a nossa mundial vergonha de deixarmos morrer as nossas crianças...
FOME: "A privação deliberada de alimentos está claramente proibida como arma de guerra. Por extensão, o cerco de localidades também está." (Syrian Observatory For Human Rights)
A Todos um Bom Natal...
Já passou, eu sei. Como passou esta morte. Como passaram todas as outras, incontornáveis, inextinguíveis e impressionantemente fidelizáveis, em todos os países em guerra.
Udai Faisal não foi excepção. Consumido pela fome e pela sua abrupta passagem na vida em que contava apenas cinco meses de idade e, sobre uma nação que ele possivelmente nem escolhera para nascer (quem quer saber agora do livre arbítrio?!) viu-se trasladar para a mais dura das realidades: Morrer, sem ter vivido!
Quando os aviões vieram em rugido de morte, em esgana de cão vadio e em turbulência maldita de todos os demónios do mundo, Udai não soube o porquê mas soube intuir que a sua curta vida lhe daria o espaço devido e o tempo não perdido de se ter feito ser alma, de se ter feito vencer, ainda que a vitória essa, fosse a da morte faminta que lhe roía os ossos - que a carne já se fora - e o sentido de se fazer sobreviver. Do Iémen para o mundo ou do mundo para o nada, Udai foi uma vida brevemente contada. E muito poucas vezes lembrada...
Ninguém lhe cantou uma canção; ninguém o embalou na morte suave ou na brisa daquele anjo que lhe pegou na alma leve, ou do corpo retesado, hirto, içado na embolia do destroço humano que foi, descarnado de dentes que mal nasceram, cerrados e sangrentos, cravados num maxilar que cerrou também.
Ninguém o chorou, nem tal se pedia, pois que muitos iguais por ali havia, senão por escassas horas por breves dias que semelhante sorte a morte colheria. Desnutridos, enfezados, sem brilho nos olhos, sem viço ou suplício comovido de tantas almas a penarem, por uma guerra de outras tantas, no Iémen ou fora dele, por África ou pelo Médio Oriente, ou por aquela nesga de mundo que já não é mundo e nunca ninguém sabe onde fica ou finge não saber...
Imagem de outra criança faminta, em Madaya, na Síria (Foto captada em Julho de 2016/Twitter). Esta talvez ainda esteja viva, ou não. Ninguém sabe. A Fome que todos leva, leva em primeiro os inocentes. As Guerras, a dignidade... e a imagem de quem a tudo assiste impávido... além a vergonha que é a de todos nós aos sermos cúmplices ou pactuantes com estas duras realidades, imbecis verdades de uma era sem vergonha, de um império do mal em toda a linha!
Cercados pela Fome...
Ainda que tenha passado um ano e meio sobre esta imagem (e sobre a pronunciável mas não totalmente piedosa mensagem de Bashar al-Assad que autorizou na época o acesso humanitário à localidade cercada pelas forças afectas ao seu regime e onde se inferia estarem mais de 40 mil pessoas cerceadas e sem comida ou por onde pudessem escapar) e tudo seria tão actual como insidiosa e nevralgicamente nojento; e, pior, passivo ou irreversível de se mudar.
As situações são sempre iguais, tão idênticas e mórbidas que nem os cães, gatos ou espécie animal que por ali ande, se possa vangloriar de ter mais do que uns segundos de vida, os necessários ao seu pronto abate pela fome perpetrada. E tudo, por outros humanos segundos de vida...
Em Fua e Kafraya a mesma realidade: a mesma, ou quase sempre irremissível ou repetível situação de calamidade em que os ossos rangem pela carne que já não comportam e, pela demência do que já se não pensa nem raciocina ante tamanha debilidade, tamanha fraqueza insustentável, no fundo, um mundo de esqueletos.
Esqueletos que gritam para dentro, que sufocam o gemido mas não a dor, e se calam para sempre na dormência dos sentidos e naquele gosto do pão fresco que a memória apagou e o gosto não ficou, a não ser, de quando às portas desse outro mundo, um banquete se lhes ofereceu sem saberem que tanta oferta, tanta abastança já não era deste mundo...
2 de Janeiro de 2014 (Síria): Outra Imagem chocante (Twetter/BBCWorld). Como tantas outras. Desta vez, um menino que na sua revolta, na sua agonia e na sua muita dor - física e interior - se lastimou dizendo: "Quando eu morrer vou contar tudo a Deus."
"I`ll Tell Allah (God) Everything" (Vou contar tudo a Deus)
Este, o extracto postado no Twitter decifrado em inglês, no que na sua língua natal proferiu, este inocente menino sírio de três anos de idade, evocando em denúncia e desgosto toda a maldade do mundo, deste nosso imundo mundo.
Exortaria depois para a História Humana, um dos capítulos mais negros desta nossa contemporânea era de estúpidas guerras territoriais - ideológicas mas amorfas de contexto - sobre um planeta comandado por hediondos seres que matam os seus. E pior ainda, fazem-no por gosto, ao que parece. E essa, é talvez a mais repugnante de todas as imagens do mundo: a não-vergonha de o revelar ao mundo pela boca de uma inocente criança...
Não tem nome, apenas imagem, apenas a face da dor num corpo martirizado pelos estilhaços dos projécteis, do estuque das paredes esconsas que se abateram sobre ele e, sobre toda a mágoa do mundo, em lancinante dor que o fez sucumbir minutos ou horas depois, após não ter superado os muitos ferimentos havidos e, escrupulosamente sentidos.
Um menino, apenas um menino que se entregou à dor, a essa maior dor de ver que nada nem ninguém o poderia salvar, entregando-se a Deus, entregando a sua alma que, tal como Udai Faisal (ainda que o não tivesse clamado mas sentido igualmente devido à sua tenra idade), tivesse sabido que chegara a hora, aquela hora em que Deus o teria de ouvir...
O sofrimento parou. As lágrimas cessaram e as palavras também. Ficou apenas o silêncio da sua alma, a que lhe gritou de dentro para fora que Deus teria de lhe dar uma resposta - ou um argumento? - ou apenas um maior entendimento para a sua alma lhe ter buscado e feito partir em mil bocados sem deixar rasto, sem deixar um maior conhecimento de si.
E é isto a Humanidade, e não, não senhor, a culpa não é das estrelas nem de Deus nem sequer da injusta praga que na Terra se veio implantar mas, a dos deuses, a dos maléficos deuses que tão má obra fizeram, a da massa congénita deformada, anómala e sem graça que faz o ser humano ser bom e mau e, em simultâneo, genuíno e desgraçado, solidário e abençoado, mas também verdugo e endemoninhado.
E de todas as almas possíveis, salvar-se-ão as que não temem, as que se entregam placidamente, ainda que persistam nas questões ou inquirições mais profundas a Deus. E Ele, lá do alto do seu pedestal saberá como responder...
Outra imagem sobre tantas outras imagens de meninos que morrem à fome; na Síria, no Iémen ou... noutro qualquer inferno terrestre onde o Homem pensa ser rei, carrasco e mandatário de todas as vidas, todas as almas em seu redor. Esta imagem foi divulgada no Twitter em 1 de Fevereiro de 2014, no que muitos apelidaram de fascínio pela dor e pela morte em propagação ideológica dos rebeldes contra Bashar al-Assad - e outros o desdisseram na contra-informação perfeita para o digladiar eterno entre as facções contrárias existentes.
Epílogo que o não é...
Haver um ponto final na Fome, na Guerra e nas lutas contínuas do Mundo não só é uma utopia como uma quase heresia que nem o Papa Francisco poderia conter em hemorragia fatal. Mas, acreditar-se que um dia tudo isso seja possível, será talvez a rampa de lançamento necessária - ou mesmo obrigatória! - para se inverter todos estes males.
A Propagação da Fome no Iémen tem sido uma constante na consequência trágica dos desmandos de uma infinita guerra que começou desde que os rebeldes Xîitas cercaram a capital, criando assim uma guerra civil (a partir de 2015) com as forças então instituídas no país. Desde aí também, os muitos bombardeamentos por parte da Arábia Saudita e o subsequente bloqueio naval.
Tudo isso, provocou a morte de milhares de almas, de entre elas Udai Faisal que morreu pesando somente 2,4 kg em féretro seco, esquálido. Descansa em paz, afirmo eu, desejando-o a todos nesta situação.
Em relação à Síria, o debate é pungente, sendo que a ONU anuncia (sempre que pode) o imediato aproveitamento das suspensões ou do interregno das hostilidades no terreno para reforçar as suas operações humanitárias. E mesmo que nem todas tenham a sua finalidade cumprida - uma vez que muitas vezes os alimentos, os medicamentos e outros produtos urgentes de ajuda humanitária são bloqueados de forma reiterada - a missão da ONU se não quebranta, ainda que de muito difícil acesso ou objectivo final de chegar às populações carenciadas.
Piora tudo ainda, segundo o Alto Comissário desta organização das nações ou o porta-voz da OMS (além de outras entidades responsáveis), que aferem que muitas destas acções humanitárias não são aprovadas pelas autoridades sírias, o que vem complicar ainda mais o processo de auxílio às vítimas e a quem sofre em redor.
Recorde-se que, o Conflito Sírio, e numa estimativa de aproximadamente cinco anos, levou cerca de 270 mil almas (mortos, muitos dos quais, crianças), assim como milhares de deslocados/refugiados num impressionante êxodo.
A ONU estimou na altura que também houvesse um milhão de sírios completamente alheados desta ajuda humanitária, uma vez que esta não chegava a si, descrevendo estas localidades como potenciais cemitérios a muito curto prazo se a ajuda entretanto não chegasse. O que se veio lamentavelmente a confirmar meses depois. E anos. O aumento de mortos foi considerável, no que actualmente ainda é uma urgência devido a uma guerra sem fim. E as crianças morrem. Sem crianças não há futuro!
A Situação é Extremamente Alarmante (foi-o no passado e é-o no presente), sendo que os media o invocam mas parecem algo entorpecidos ou, anestesiados, perante não só a dor alheia dos que sofrem - em particular na das crianças esvaídas em sangue - como em geral na massificação sobre as mesmas. Ou repetição da atrocidade cometida; vezes e vezes sem fim...
Ou ainda, sobre períodos festivos ocidentais (como o presente) que em nada têm a ver com semelhante realidade funesta que está longe... muito longe dos nossos corações, empedernidos agora, sobre um Ocidente descabido que se entretém com «Black`s Fridays» ou outras feiras de vaidades sem olhar para o que não seja o seu próprio umbigo ou quintalinho...
Crianças-mártir; crianças que não têm culpa dos conflitos tribais, territoriais ou simplesmente demenciais que o Homem faz e aplica sobre o seu chão, o seu céu e o seu colo familiar que entretanto perdeu também. Segundo dados da UNICEF, em 7 anos de conflito sírio (até Março de 2017), houve a deslocação de 2.3 milhões de crianças sírias para campos de refugiados, sendo que, todos os dias, estão sendo violados os seus direitos. 2016, foi o Pior Ano para as Crianças Sírias, admitem.
"O nível de sofrimento não tem precedentes. Milhões de crianças na Síria estão permanentemente sob a ameaça de ataques; as suas vidas estão totalmente viradas do avesso. Todas estas crianças ficam marcadas para o resto da vida, com consequências terríveis para a sua saúde, bem-estar e futuro."
- Geert Cappelaere, Director Regional da UNICEF para o Médio-Oriente e Norte de África -
Segundo os Altos Responsáveis da UNICEF, estão a ser cometidos gravíssimos atentados aos Direitos da Criança, ou seja, gravíssimas violações dos seus direitos que, sem filtros, camuflagens ou embelezamentos da cruel realidade assistida, se inserem no contexto de Mortes, Mutilações e Recrutamento (tráfico humano de crianças para vários fins), em especial no ano de 2016.
Sendo as crianças um alvo fácil e por demais vulneráveis nesta horrorosa escalada de violência, talvez não seja de somenos importância apelar a todas as instituições mundiais e, aos seus ainda apiedados corações, que se não esqueçam de que «um dia eles, amanhã nós...», por muito distante que acreditemos que essa realidade esteja. Além de que todos já fomos crianças e voltaremos a sê-lo; um dia... se outros deuses maiores nos deixarem...
Por todos os Inocentes do Mundo, por todos os que sofrem na angústia de não ver um amanhã, a minha solidária compaixão que também tantas perguntas tem por fazer a Deus, só não sabendo se Ele mas responde; contudo, insisto...
E, sentindo penosa e infelizmente que mais Imagens da Vergonha surgirão após outras guerras, outras fomes e outras insanas dores neste louco e profano mundo em que nos encontramos de esquizofrenia absoluta sobre poderes que ninguém tem, eu assume desde já que bem gostaria de saber algumas respostas para o que o Homem faz, não se compadecendo nem ensandecendo de tamanha loucura. Um Feliz Natal e Um Bom Ano de 2018, se tal for possível...
sábado, 23 de dezembro de 2017
sexta-feira, 22 de dezembro de 2017
terça-feira, 19 de dezembro de 2017
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
A Vida além-Túmulo...
Zodíaco de Dendera (em honra da deusa Hathor), no Egipto. Do glorioso Mundo Celestial - repleto de divindades e seres celestiais que se acredita terem povoado e habitado terras e céus do Egipto - ao Reino Celestial, na não menos faustosa circunstância das relações endogâmicas entre o Céu e a Terra; entre a civilizacional essência cósmica e a permanência uterina terrestre desses deuses, desses seres muito especiais que marcariam para sempre a sua existência em mística magia e poderosa sabedoria.
«Eu sou esta pura flor de lótus que ascendeu através da luz solar e se encontra no nariz do deus-Sol, Ré. Eu sou o puro lótus que ascende aos céus.»
- Livro dos Mortos do Antigo Egipto -
E a tudo as Imperecíveis Estrelas acolheram em que os falecidos habitando o Mundo dos Mortos (e ao lado de Osíris) subiam aos céus tornando-se igualmente essas mesmas Estrelas Imperecíveis, reunindo-se também ao deus-Sol Ré (ou Rá) na «Barca dos Milhões», durante a sua viagem através dos céus.
E tanto mais que a Vida além-Túmulo nos arroga, de AEC (antes da era comum) até à actualidade. E que Khat (a forma física) não perdurando, desintegrando-se após a morte, no que a parte externa se conserva pela mumificação, segundo o processo egípcio, e o Ka nos oferece em assimilação de poder e energia, bem-estar e alquimia, para que Ka e Ba fossem um só, em indestrutível Akh (Akhu, Khu ou Ikhu), que se transfigura na morte, e sobe aos céus para viver com os deuses entre as estrelas...
Mitos posteriores juntam as histórias de Ré e de Osíris, quando os dois deuses se encontram todas as noites no Mundo dos Mortos no decorrer da viagem do Sol através da escuridão.
Todavia, perguntar-se-à: Que escuridão seria esta...? A do limbo do céu espiritual ou a da negritude espacial com que ambos se teriam de defrontar?! E que viagem se inaugurava então? Que saberiam os Egípcios (além de Ré e Osíris) para que o além fosse mais do que a simples entrega carnal - e mortal - de seres eternos; na Terra e no Céu, sobre um reino e outro...?!
A Vida além-Túmulo é mais, supostamente muito mais do que à priori se conhece, não só do multifacetado sistema de crenças do Egipto como, provavelmente também, do que todos eles implicavam na vida e na morte.
Os Tronos de Ré ou Rá, são um bom exemplo disso. Mais do que túmulos, muito mais do que imaginamos na retórica histórica convencional, serão, por hipótese, as evocações na Terra do que do Céu proveio. As Três Grandes Pirâmides de Gizé provam-no e, as recentes descobertas, comprovam-no. Estamos perante a mais magistral obra dos deuses na Terra, do que em vida fizeram e nos quiseram deixar em seu testemunho...
Alinhamento das Principais Três Pirâmides do Egipto em correspondência com o Alinhamento das Três Principais Estrelas da Constelação de Oríon. Segundo os investigadores, estas construções na planície de Gizé estão espectacularmente alinhadas, sendo uma acurada imagem espelhada das Três Marias (as estrelas Alnitak,Alnilam e Mintaka) que formam o cinturão de Oríon. Qual o fundamento, a funcionalidade prática ou a sabedoria astronómica deste alinhamento...? Qual o objectivo, a correspondência ou correlação das mesmas em alinhamento com Oríon???
«Ó Rei, és esta grande estrela, a companheira de Oríon, que gira pelo céu com Oríon, que navega o Duat com Osíris (...)»
O Mistério de Oríon...
A Mãe-Terra, casa identitária do ser humano, catalisadora de todas as emoções e, evoluções, foi-nos dada mas não consolidada em toda a sua origem. Do Mundo Celestial (Cosmos) para o Reino Celestial (Terra) em quase sistémico processo cósmico, a civilização egípcia regida por deuses magnânimos (faraós ou seres supremos), deixou-nos mais questões que respostas, tentando nós, ainda hoje, decifrar não só os extensos hieróglifos como todo esse conhecimento instado na Terra por eles, os seres superiores do Céu.
Os Tronos de Ré: As Pirâmides - O deus-Sol nasceu no primitivo monte de terra da criação. Dizia-se que este monte era representado pelas estruturas que são, sem sombra de dúvida, os monumentos mais conhecidos do Antigo Egipto. As mais bem conservadas e que resistiram até hoje datam do Império Antigo (entre a III e a V dinastias, 2675-2350 AEC) - todas elas situadas num raio de 20 quilómetros da antiga capital Mênfis.
À parte a intensa discussão ou debate sobre quem e como as terá construído, vem na actualidade impor mais outro tema que se mostra de facto pertinente: a interligação ou suposta interacção (ainda desconhecida por nós) que tem por base o alinhamento em correspondência com as estrelas, especificamente com Oríon. O mistério permanece mas as vozes não se calam.
Assim sendo, vários engenheiros, arquitectos, astrónomos, arqueólogos, historiadores e demais entendidos, debruçando-se sobre esta mestria egípcia, acabaram por chegar a conclusões espantosas:
No solstício de Verão, quando visto da esfinge (a Grande Esfinge), o Sol se põe exactamente no centro da Grande Pirâmide e da sua vizinha, a pirâmide de Quéfren. No dia do solstício de Inverno, visto da entrada da Grande Pirâmide, o Sol nasce exactamente do lado esquerdo da base da cabeça da Esfinge, passando esta até se pôr (ou colocar) do lado direito da sua base.
Sendo a mais velha estrutura radicada no planeta e à face da Terra, a Grande Pirâmide, é a mais correctamente orientada com os seus lados alinhados para o norte, sul, este e oeste, revelando-se um verdadeiro enigma de como com tanta precisão os Egípcios o fizeram em tão ardilosa geometria e quadratura perfeita em correspondência com as estrelas.
Geométrica e linearmente, estando a Grande Pirâmide ao centro da superfície terrestre (sendo considerada como estando no umbigo do mundo), os especialistas aferiram de que ela está no centro exacto da superfície terrestre do planeta, dividindo a massa de terra em quadrantes aproximadamente iguais.
O Meridiano terrestre a 31º a leste de Greenwich e o paralelo a 30º ao norte do equador, como sendo as linhas que passam pela maior parte da superfície terrestre e do globo, perfazem o que se estipulou de alinhamento perfeito nessa sequência. Daí que se observe que, no lugar onde essas linhas se cruzam está a Grande Pirâmide, no que os seus eixos norte-sul e leste-oeste se encontram alinhados com essas coordenadas.
Alinhamento das Pirâmides na Teoria da Correlação de Robert Bauval. Segundo Bauval afirma, Gizé está a oeste do Nilo da mesma forma que Oríon está a oeste da Via Láctea e, na mesma proporção em que Gizé está para o Nilo. Sendo fundamental para Bauval a Astronomia, nada ele descurou apesar da constante mudança das estrelas (na sua declinação) ao longo das épocas. Hoje, através dos mais sofisticados programas de computadores, já é possível projectar o céu num certo «regresso ao passado», ou seja, reconstituir-se esse retorno do tempo sobre uma maior aferição mas também verificação da teoria defendida por Bauval.
A Teoria de Bauval
Vários Egiptólogos e Astrónomos têm corroborado da tese dos alinhamentos não terem sido erguidos por pura coincidência mas, por um objectivo preciso. De entre eles, Robert Bauval e Adrian Gilbert, ambos autores de livros sobre esta temática, ainda que tenham sido inicialmente Virgina Trimble e Alexander Badawy, os descobridores de que os «respiradouros» da pirâmide de Quéops apontavam para a Constelação de Órion (aparentemente com o objectivo de mirar a alma do rei morto em direcção àquela constelação).
Robert Bauval entretanto, deu o nome de Teoria de Correlação» (a espinha dorsal de toda a sua pesquisa), sobre a observação que fez dos alinhamentos das três pirâmides que segundo ele, eram a acurada imagem espelhada das Três Marias (Alnitak, Alnilam e Mintaka) que formam o cinturão de Oríon.
Bauval colocou a precessão das Três Marias e descobriu que, devido à sua proximidade no espaço e à sua grande distância da Terra, há cinco mil anos as estrelas apareciam exactamente do mesmo modo como são observadas ou vistas hoje (ainda que elas tivessem mudado em declinação obviamente), estando antes abaixo do equador celeste - a cerca de 10 graus de declinação.
Pela precessão mas também pela própria expansão do Universo, as estrelas vão mudando de posição. No entanto, retêm por vezes a sua forma característica por causa da distância que, no caso relativo às Três Marias, se traduz em aproximadamente 1,4 mil anos luz de distância da Terra. Tendo mudado a sua declinação e nascendo ou pondo-se em tempos diferentes, elas retêm a sua forma.
A Egiptologia tradicional está muito focada no Sol e na religião solar, no culto a Ré ou Rá (no centro de culto do Sol - Iunu - e de seu grego nome Heliópolis ou «A Cidade do Sol»), onde o mito da Enéade ensinava que o poder criativo do Sol, na forma do deus Atum («o Todo»), criou todas as coisas. Como contraste, noutras versões do mito da criação, o próprio Sol foi criado juntamente com todo o resto do Universo. Em qualquer dos casos, O Sol é rei!
Daí que se clamasse essa mítica ou, essa prerrogativa estelar, em que o cosmos sempre presente também, se intuía num certo instrumento evocativo que fazia retornar ao tempo primordial; à génese ou origem das coisas. Acreditava-se (e possivelmente ainda hoje se acredita) que, o Duat (o mundo dos mortos), longe de ser uma tumba, será o ponto de partida do rei ou faraó morto de volta às estrelas, ao seu berço cósmico.
«Ré, estando associado a Aton, na forma de Ré-Aton, representa o Sol ao fim do dia. À medida que o Sol se punha a ocidente, pronto para ser devorado, Nut, a deusa do céu, mergulhava no Mundo dos Mortos (Duat). Durante a sua viagem nocturna pelo outro mundo, Ré defrontou as forças das trevas e do caos, lideradas pelo seu eterno inimigo Apep, ou Apófis, a gigantesca serpente do caos. Apófis ameaçava todas as noites devorar o Sol, destruindo assim a vida. A cada alvorada, depois de Apófis ter sido subjugada, Ré emergia vitorioso do outro mundo (em renascimento, ressuscitação ou regeneração?!) renascido a oriente, enquanto filho de Nut, por entre a vermelhidão do sangue do seu nascimento.»
Desta tradução egípcia em que Ré ou Rá se subleva, regenerando-se tal como alma renascida, tem o poder magnânimo da imortalidade, sendo veículo ou transmissor de uma outra realidade. Subleva-se então do que daqui se extrai: Almas que jazem e que partem...?! Almas que da origem regressam à origem?! Almas que renascem e que se revigoram. Ou apenas almas que sobre Órion se vislumbram na recordação etérea do que na Terra foram em toda a sua máxima compleição???
A Grande Esfinge de Gizé. Personificando as grandes forças divinas do poder real, esta esfinge posta-se e prostra-se, admite-se, de forma algo protectora no meio da necrópole de Guiza ou Gizé. Inicialmente construída como um retrato do rei Khafé (Quéfren), da IV dinastia, este monumento sólido e deveras compacto (que só nas últimas décadas se teve a total percepção de toda a sua dimensão, no que foi entretanto escavado e revelado em maior predominância) passou a ser considerado por muitos como, uma manifestação do deus-Sol, do Antigo Egipto.
A Alma do Antigo Egipto
Os Egípcios acreditavam que o equilíbrio entre a ordem e o caos do Universo só podia ser mantido pelos deuses e deusas e o seu representante na Terra - o Rei ou Faraó.
Originariamente, estas divindades limitavam-se a representar aspectos do mundo natural - o Sol, o Céu, a terra e o rio - até que cada um deles desenvolveu, de forma gradual, uma personalidade e uma história mais complexa, no que simultaneamente todas as regiões do país foram embelezando as suas histórias e mitos sobre a sua divindade local.
Muitas divindades acabaram por partilhar títulos e atributos e, deste modo, surgiu o padrão altamente sofisticado de crenças religiosas que era tão característico do Antigo Egipto. Mas terá sido apenas isso...? Extrapolação dos poderes divinos (contados sobre um poderoso imaginário além os tempos) ou simplesmente a reiteração do que então viam e não conheciam que fosse deste mundo, deste seu terrestre mundo de toda e qualquer contenção?!
Sabe-se que, as Forças Divinas, requeriam um reabastecimento constante por intermédio do culto se se quisesse que garantissem a continuidade do Equilíbrio Cósmico. Em consequência disso, eram veneradas em representações pictóricas repetidas que adornavam tudo, desde templos monumentais a delicadas obras de arte. Assim sendo, denota-se uma determinada e mui pormenorizada sensibilidade artística incomum para a época.
Todavia, era acima de tudo na execução dos seus ritos diários nos templos que os Egípcios veneravam as suas divindades. Os templos eram «armazéns» do poder divino, que era mantido e dirigido pelos sacerdotes para o bem de todo o país.
O Sumo-sacerdote - sempre nomeado pelo Rei ou Faraó, o filho dos deuses - agia como mediador entre os mundos morta e divino; ou seja, entre um estado físico e outro espiritual, um terreno (ou terrestre) e outro cósmico. Ele e os outros sacerdotes e sacerdotisas que o rodeavam glorificavam as suas divindades com um fluxo constante de oferendas, música e danças, que se acreditava encorajarem o Espírito Divino a residir dentro dos limites do templo - essencial se se pretendesse manter a ordem cósmica...
Templo de Hórus, em Edfu. Em Edfu, o palácio do Deus-Falcão exibem-se estelas maravilhosas que esculpidas na pedra nos denunciam estes fantásticos seres de grande influência sobre os Egípcios.
«O Senhor do Céu» e o deus do Oriente, assim era este deus-falcão. Hoje, à luz de todo o conhecimento poder-se-à perguntar: Quem seria este ser? De onde veio e por que na Terra (a Oriente) se implantou em conhecimentos e sabedoria num Egipto unificado de todas as forças, todas as divindades?!
O Senhor do Horizonte
O Sol sempre foi um factor determinante - e dominante! - na vida egípcia. Ele é o criador e ao mesmo tempo o destruidor, responsável pelo deserto estéril e pelas ricas plantações da planície inundada pelo rio.
No Antigo Egipto, o Sol era uma divindade suprema, muito embora tanto o Sol como o deus-Sol possuíssem inúmeras máscaras. Enquanto fonte universal de energia, a luz do Sol trouxe ordem ao caos das trevas; e quando a primeira aurora despontou sobre o primeiro monte da terra, assim começou a vida.
O deus-Sol assumia por norma a forma do deus Ré, cujo nome significa apenas «o Sol». Ré ou Rá é representado como um falcão, um carneiro ou um ser humano com cabeça de falcão ou de carneiro. A forma do deus mudava com a passagem diária do Sol através do céu. Ao amanhecer, o Sol era Khepri («O Que Está Em Expansão»), representado pelo escaravelho (que os Egípcios acreditavam que se auto-regenerava, uma vez que as crias surgiam do nada, de dentro de uma bola de excrementos onde eram incubadas).
À medida que o escaravelho ia empurrando essa bola de excrementos, Khepri era imaginado da mesma forma a impulsionar o Sol através do céu. O nascer do Sol a Oriente também estava associado ao deus-falcão Hórus («O Distante»), também conhecido por Horakhti ou Horemakhet («Hórus do Horizonte»). Os dois eram muitas vezes fundidos numa única divindade solar: Ré-Horakhti.
Ré ou deus-Sol/deus-falcão Hórus («O Distante»). Quão distante seria...? Ou de quão distante terá vindo em suplante terrestre de sua magna inteligência, aprumo, ordenança e supremacia...?! Ré-Horakhti, o deus-Sol com cabeça de falcão, munido dos símbolos que representam o poder, irradiando força, superioridade na criação de todas as coisas, do Sol ao Universo...
As Batalhas de Hórus
O deus-falcão Hórus era o «Senhor dos Céus» e o deus do Oriente. Os seus olhos representavam o Sol e a Lua e, tal como Horakhti («Hórus do Horizonte»), ele estava associado ao deus-Sol na forma de Ré-Horakhti. Geralmente apresentado como um falcão ou como um homem com cabeça de falcão, Hórus era filho de Ísis e Osíris. Os seus pais haviam governado o Egipto em conjunto até Osíris ter sido assassinado pelo seu invejoso e ciumento irmão Set, o Senhor do Caos, que usurpou o trono.
Mas Ísis não desistiu. Desolada mas não conformada, reconstruiu o corpo desmembrado do seu esposo através da magia (poderes superiores e estelares?) e de seguida gerou Hórus, o filho de ambos. Ela criou então o pequeno Hórus em total secretismo. Já adulto, Hórus (Haroeris ou «Hórus mais Velho») mostrou-se determinado em vingar o pai e, a reclamar o trono para si como herança sua por direito próprio.
Na História das batalhas entre Hórus e Set, Hórus levou primeiro o seu caso à consideração dos deuses e todos eles apoiaram a sua pretensão - excepto o deus-Sol Ré, que acreditava que Set era um deus mais impetuoso e mais forte, devendo por essa razão conservar o trono.
Incapazes de chegarem a uma decisão unânime, os deuses apelaram à Grande Deusa Neit, que decidiu a favor de Hórus. Os deuses concederam-lhe prontamente o trono, mas Set contestou a sua decisão e desafiou o sobrinho para um combate físico. O resultado foi uma série de batalhas ferozes e sangrentas, representadas em relevos no Templo de Hórus em Edfu, no Egipto.
Durante os seus combates titânicos, Set arrancou a Hórus o olho esquerdo, que lhe foi restituído pela deusa Hathor (regeneração celular imediata?). Mais uma vez Hórus apelou a a Neit, enquanto Osíris falou a Ré do Mundo dos Mortos, ameaçando soltar os espíritos da vingança se não fosse feita justiça.
Perante isto, aos deuses só lhes restou finalmente devolver a Hórus o seu trono. Set acatou a decisão no que, a partir desse momento, utilizou as suas energias formidáveis - e temíveis! - para ajudar Ré a combater as forças das trevas...
No pátio principal do templo de Edfu, o centro de culto de Hórus, ergue-se esta colossal figura do deus-falcão, usando a coroa dupla de um Egipto unificado. Tal como em grande parte do templo, esta estátua data do Período Ptolemaico.
O Palácio do Deus-Falcão
O Templo de Hórus em Edfu é o mais bem preservado de todos os templos do Antigo Egipto. Os edifícios actuais erguem-se no local da estrutura inicial do Império Novo, que foi construída ao longo do eixo-padrão este-oeste. No entanto, a maior parte dos edifícios que sobreviveram é relativamente tardia - a sua construção foi iniciada por Ptolomeu III em 237 AEC (anterior à era comum).
As partes interiores do templo foram terminadas por volta de 212 AEC por Ptolomeu IV e Ptolomeu VIII completou a sua decoração por volta de 142 AEC. Ptolomeu IX mandou acrescentar mais alguns pormenores, sendo que a decoração exterior só foi completada por Ptolomeu XII em 57 AEC.
Como é sabido, o templo possui uma estrutura associada aos rituais que rodeiam o nascimento do deus Hórus - esculpida com cenas que exibem as figuras do faraó Ptolomeu VIII (170-164 AEC, 145-116 AEC), da sua mãe, esposa e filho acompanhados pelo deus Bés, que estava associado ao parto.
Também existem cenas referentes à união divina entre o deus Hórus e a deusa Hathor, um enlace celebrado em Edfu durante o festival anual denominado «Festa do Belo Encontro».
Voltando ao Reino Celestial: o conhecimento da Astronomia no Antigo Egipto. Este, o famoso Zodíaco de Dendera (e uma série de esquifes romanos) retratam Nut rodeada pelos signos do zodíaco recém-chegados ao Egipto. Note-se que, a Astrologia, só chegou ao Egipto durante o Período Ptolemaico, inspirada por uma combinação entre as crenças babilónicas e as gregas.
O Reino Celestial sob papiros mágicos...
Os Egípcios estudaram os movimentos da Lua e das estrelas em observatórios situados nos telhados dos seus templos, e alguns dos sacerdotes eram formados em astronomia para garantir assim que, os rituais necessários eram realizados à hora correcta.
Os Motivos Estelares eram muitas vezes utilizados para embelezar os tectos tanto dos templos como dos túmulos. Muitas dessas decorações retratam Nut, a deusa do céu, como uma mulher coberta de estrelas estendendo as mãos por cima da superfície da Terra (sendo assim a «enviada» dos deuses para a Terra?) - onde ela é mostrada com frequência a realizar um acto semelhante de protecção junto dos mortos na parte inferior da tampa dos seus caixões.
Também se julgava que os próprios mortos se levantavam para se reunirem às fileiras de «Estrelas Imperecíveis» (cosmos) - uma expressão usada para designar as estrelas em torno da Estrela Polar, que eram visíveis no Céu nocturno em todas as alturas do ano. Esta crença é referida pela primeira vez nos «Textos das Pirâmides», do Império Antigo.
Por alturas do Império Médio, as tampas dos sarcófagos eram decoradas com calendários ilustrados com imagens de estrelas, em especial Sótis (Sírio, a Estrela Cão), cuja ascensão - a 19 de Julho - coincidiu com o início da inundação do Nilo, assinalando assim o Ano Novo egípcio.
Por alturas do Império Médio, os Egípcios também já haviam identificado 5 planetas e representavam-nos, tal como o Sol, com a máscara de vários deuses navegando nas suas barcas através dos céus: Marte era «Hórus do Horizonte», ou «Hórus, o vermelho»; Júpiter era «Hórus, o Touro do Céu», Mercúrio identificava-se com Set, e Vénus era o «Deus da Manhã».
Os Egípcios identificaram muitas das constelações que conhecemos actualmente, embora achassem que elas representavam imagens diferentes. Oríon - uma das constelações mais importantes da Astronomia Egípcia - era vista como um homem a segurar num bastão, identificando-se por conseguinte com o deus Osíris.
Existe ainda a teoria que afirma que, as Três Pirâmides de Guiza (Gizé) foram construídas de forma a alinharem com a Cintura de Oríon, como acima foi referido no texto.
Papiros Mágicos do Período Ptolemaico (período tardio) também exibem auspiciosos signos de estrelas, existindo assim uma grande variedade de obras astrológicas atribuídas a Tot (o deus da escrita, em revelada «escrita sagrada gravada» por volta de 3100 AEC) na sua máscara greco-romana com o nome de Hermes Trismegisto.
Vale dos Reis: onde tudo acaba e posteriormente começa; seja nas almas que procuram a sua origem, seja nas escavações que revelam ao mundo essa outra preparação - e percepção - para a vida além-túmulo...
«Vale dos Reis: À medida que o Sol se afundava nas Colinas Tebanas no horizonte, a oeste, As Almas dos Mortos mergulhavam no eterno abraço de Hathor - a deusa do Ocidente - que de uma maneira geral, era mostrada a emergir da encosta da colina no seu local sagrado de Deir el-Bahari.»
Aqui, o faraó da XI dinastia - Nebhepetré Mentuhotep II (c. 2008-1957 AEC) foi deposto para repousar no seu túmulo sob o seu templo funerário, rodeado por 6 sacerdotisas da deusa, que protegeriam o seu espírito.
Os posteriores faraós do Império Novo, desde Amen-hotep I até Ramsés XI, também associaram Deir el-Bahari e Hathor, mas rectificaram a disposição anterior, mandando então construir um templo e um túmulo separados; os seus templos funerários, virados para o rio, permanecem extremamente visíveis, a passo que os seus túmulos opostos foram construídos em vales no outro lado das colinas.
O Vale Principal - baptizado com o nome dos faraós que aí estão sepultados, no interior das suas profundezas silenciosas - está assinalado pela sua forma natural, em pirâmide, do Pico Tebano (um rochedo conhecido dos Egípcios pelo nome adequado de Meretseger, ou «Aquela Que Ama o Silêncio»).
Múmia de Ramsés II (O Grande) - faraó egípcio que governou aproximadamente entre 1279 a. C. e 1213 a. C., como terceiro faraó da XIX dinastia; uma das dinastias que compõem o Império Novo. O soberano egípcio foi um grande construtor e simultaneamente um grande lutador, reinando cerca de 67 anos. Encontra-se actualmente em exposição no Museu Egípcio do Cairo, no Egipto.
Túmulos que escondem Múmias...
Os Túmulos, escavados na rocha e com soberbas decorações, incluem as gigantescas câmaras funerárias de Tutmés III, Amen-hotep II, Horemheb, Seti II e os posteriores faraós de nome Ramsés.
Os cortesãos privilegiados, tais como Iuia e Tuia, também eram ocasionalmente sepultados aqui, como um sinal de grande honra.
No caso de Iuia, sogro de Amen-hotep III (c. 1390-1353 AEC) e bisavô de Tutankhamon (c. 1332-1322 AEC), aquando da descoberta do seu caixão, registou-se ser a múmia egípcia que melhor se conservou, mantendo ainda intactas as pestanas, as sobrancelhas, o queixo com barba, as unhas das mãos - cuidadosamente arranjadas - e o cabelo louro.
No caixão dourado de Iuia onde a sua múmia se inseria, estando a cabeça coberta por mais uma máscara funerária dourada, foi visível o pormenor e o rigor em que, os olhos embutidos e contornados a azul, evidenciavam traços de cosmética. Além de um riquíssimo adorno com jóias visível sobre o peito, no que se tornava relevante ser portador dessa mesma riqueza.
Tumba de Vale dos Reis, um túnel de 174 metros de comprimento, onde se adensa na profundidade de uma câmara funerária pertencente ao faraó Seti I (da décima terceira dinastia), pai de Ramsés II, um dos mais destacados governantes do Egipto. Nesta câmara encontraram-se as múmias do seu filho e do seu pai, Ramsés I. Posteriormente todas estas múmias foram trasladadas para outro esconderijo em Deir al Bahari para assim se protegerem de eventuais roubos ou saques dos ladrões de tumbas.
A Vida Além-Túmulo...
Na crença egípcia, a preservação do cadáver - mumificação - era fundamental para a continuação da Vida após a Morte. Nos primórdios da História do Egipto, os corpos eram simplesmente colocados em covas de areia, onde eram dissecados e, preservados de forma natural, pelas condições climatéricas quentes e secas.
Assim que as práticas funerárias entre a elite da população se tornaram cada vez mais sofisticadas, os túmulos rectangulares («mastabas»), construídos de propósito para o efeito, substituíram o sepultamento na areia, e a preservação natural cedeu o lugar às técnicas artificiais de conservação. A própria palavra «Múmia» deriva de «Moumia» - a palavra persa para designar «betume», a substância que em tempos se acreditou, erradamente, ser utilizada pelos Egípcios para a preservação dos corpos.
À medida que o Processo de Mumificação se tornava mais refinado e, elaborado, todos os órgãos internos (excepto o coração e os rins), eram removidos e preservados em separado no interior daquilo que se conhece como «vasos canopos». Entretanto, o corpo estripado, era seco depois de ter sido coberto por uma camada de carbonato de sódio. Em seguida, o cadáver era lavado e purificado, cosendo-se a incisão e untando-se a pele com uma variedade de óleos, especiarias, ervas aromáticas e resinas.
Por fim, o corpo era envolvido em finas ligaduras de linho. Instruções inscritas n`O Livro dos Mortos - o «manual» egípcio para assegurar um enterro condigno ao morto e a sua passagem segura para o paraíso - relatam que o morto tinha de estar «puro, limpo, vestido com frescas roupas de linho e ungido com o melhor óleo de mirra», para poder assim entrar na vida além-túmulo...
Imagem de um dos dois fetos do sexo/género femininos mumificados (apresentando um 5 meses de gestação e outro 9 meses) e que foram encontrados no túmulo de Tutankhamon por Howard Carter (no seu túmulo, em Luxor, na data de 1922), pelo que cientistas do Cairo, em 2008, se prontificaram a analisar o ADN, rectificando ou estabelecendo a consanguinidade dos mesmos em relação a Tutankhamon. A análise foi surpreendente.
Nesta realidade tomográfica actual efectuada pela Faculdade de Medicina do Cairo (soube-se mais tarde) que ambos os fetos, contendo ainda intactos alguns órgãos internos assim como os respectivos cordões umbilicais, apresentavam anomalias graves (possivelmente pela união consanguínea dos progenitores que em muitos casos eram irmãos e casavam entre si).
No caso do feto maior (de 9 meses) a Deformidade de Sprengel - doença rara e congénita. O feto menor (de 5 meses), a ocorrência de uma luxação vertebral, espinha bífida e escoliose; uma tragédia anunciada, portanto.
Quanto ao ADN ser correspondente ao de Tutankhamon (uma vez que houve a partilha tumular entre eles), a resposta ficou no «Segredo dos Deuses», pois os cientistas nada concluindo - ou não o querendo partilhar com o resto do mundo - acharam por bem dar por finalizadas as investigações forenses não admitindo poder tratar-se de eventuais «filhos» do tão famoso faraó ou Senhor dos Deuses que também precocemente faleceu sobre terras do Egipto.
A pesagem da Alma: Anúbis avaliava sempre a veracidade das negações, pesando o seu coração (o do morto) - a base do pensamento e da consciência - em confronto com uma pena que representava Maet (a Verdade). Se o coração e a pena apresentassem igual peso, declarava-se o morto «verdadeiro de expressão» e «justificado». Tot registava o julgamento e Hórus levava o falecido até ao trono de Osíris (de onde passaria para a bem-aventurada vida além-túmulo). Se o coração estivesse pesado e cheio de pecado - e a balança pendesse - era lançado a Ammit, um monstro híbrido que aniquilava os malfeitores, devorando ferozmente os seus corações...
Um Processo algo perturbador...
Enquanto os embalsamadores enfaixavam o corpo, neste já longo e minucioso processo de embalsamento, colocavam-se então amuletos protectores por entre as ligaduras, ao mesmo tempo que os sacerdotes recitavam os encantamentos necessários para activá-los.
A seguir ao processo tradicional de Embalsamento, que durava 70 dias, o cadáver - completado com a sua máscara funerária, que retratava o morto enquanto vivo e jovem - era colocado no seu esquife. Estava então pronto para o cortejo ritual do funeral, acompanhado por sacerdotes, dançarinas muu, carpideiras e escravos, que transportavam todo o equipamento funerário necessário.
Diante do Túmulo, e por entre nuvens de incenso purificador, os sacerdotes realizavam a cerimónia de «Abertura da Boca», essencial para reanimar o Ka (alma, criada pelo deus Khnum) e os sentidos do morto.
O Livro dos Mortos (produzido cerca de 1285 AEC e, para um escriba real Hunefer), relata-nos a transformação do morto num Akh (resultado da união do Ka e do Ba, a parte imortal, o ser radiante que vive dentro do Sahu, o corpo espiritual) - um espírito que podia ajudar os seus parentes vivos. Numa câmara do Mundo dos Mortos (denominada «Sala das Duas Verdades»), o morto era conduzido por Anúbis até à presença de Osíris (o supremo juiz dos mortos e de 42 deuses assessores).
O Duplo, a Alma e o espírito (Ka)
Acreditava-se que, o barulho e o movimento da música e das danças, reactivavam os sentidos da audição e da visão; o incenso e as flores despertavam o sentido do olfacto, e as oferendas de um sortido de peças de carne e de vinho que o morto comesse e bebesse na vida além-túmulo.
A Fórmula-padrão de oferendas recitada durante esta cerimónia rogava para o morto «um milhar de todas as coisas boas e puras para o vosso Ka, e todo o tipo de oferendas de que vivessem os deuses».
A Múmia, reanimada, era então deposta para repousar no seu túmulo rodeada de objectos funerários, que iam de utensílios usados na vida quotidiana até àqueles concebidos especificamente para o funeral, tais como «O Livro dos Mortos» e outros textos funerários instrutivos, e «shabits» (estatuetas mágicas que se acreditava regressarem á vida e agirem como escravos do seu proprietário).
Terminado o funeral, o morto iniciava uma viagem arriscada, partindo do seu túmulo e percorrendo o Mundo dos Mortos - que culminava no seu julgamento perante o trono de Osíris, o Senhor dos Mortos.
A Descoberta em 2017: Dois Túmulos encontrados no Vale dos Reis - na necrópole de Draa Abul Nagaa (nas margens do Nilo) - com aproximadamente 3500 anos. Um achado magnífico, sem dúvida! Dois antigos túmulos de Luxor (que remontam à época do Novo Reino, na 18ª dinastia egípcia) e que, segundo os arqueólogos, pertencem a elementos da nobreza ou, a altos funcionários, devido à ostensiva riqueza neles evidenciada.
A Descoberta em renovada análise...
"É verdadeiramente um dia excepcional!" - Afirmação do Ministro Egípcio das Antiguidades - Khaled al-Anani - que acrescenta que os túmulos privados da 18ª dinastia já eram conhecidos. Mas, é a primeira vez que se entra dentro dos dois túmulos, asseverou ainda, convicto da informação.
Os achados em elevado estado de conservação (para além dos já referidos muito ricos artefactos encontrados), contam-se uma múmia, diversos ossos, máscaras e estatuetas de madeira. Um colosso para a investigação egípcia mas também para o mundo, admite-se.
Os Túmulos agora dados a conhecer ao mundo já haviam sido descobertos pela arqueóloga alemã, Frederica Kampp, na década de 90 do século XX, mas só agora vão ser devidamente estudados. Já em Setembro passado e sobre este mesmo ano de 2017 se instou pelas entidades governamentais egípcias de, na cidade de Luxor, no sul do país, se encontrarem muitas mais múmias aí sepultadas da época faraónica de há mais de 3500 anos.
O Governo do Egipto realçando esta descoberta (num hercúleo esforço para revitalizar o sector do turismo e dos Historiadores/Antiguidades na profusão de um maior entendimento e até correlação de interesses, vem assim legitimar que esta descoberta possa finalmente impulsionar algo que estava adormecido; até porque, por atentados recentemente orquestrados pelo Daesh (e não só) que terão afastado viajantes e turistas deste meio, houve de facto o desequilíbrio na balança comercial - não a de Anúbis - mas a de toda a economia nacional.
Uma das mais magníficas fotos da NASA e do telescópio espacial Hubble sobre a nebulosa Cabeça de Cavalo, no Cinturão de Oríon, situada a 1500 anos-luz de distância da Terra. Terá sido esta a imagem de paraíso que os Egípcios viram aquando a sua transladação para os céus....? Oxalá que sim, e como tal, se tenham maravilhado com tão bela paisagem estelar nessa sua passagem terrena... para a tão desejada e eterna nova vida de todas as almas possíveis...
«Que a vossa Alma viva e que possais passar milhões de anos, é amante de Tebas, com o vosso rosto virado para o vento norte e, com os vossos olhos, observando a Felicidade.»
(Inscrição existente numa taça de beber de Tutankhamon que expressa o desejo supremo dos Egípcios)
O Paraíso: em visão e em entrega
O objectivo supremo dos Egípcios era viver para sempre na sua amada terra natal. Nada a opor. É certo que terão imaginado possivelmente um paraíso eterno como uma simples continuação das suas vidas na Terra, ainda que com pouco requinte.
Na idealizada Vida além-Túmulo, as imagens dos «shabits» executariam todo o trabalho manual - maquetas pormenorizadas colocadas nos túmulos, representavam muitas vezes o tipo de actividades que desempenhariam. As colheitas seriam fartas e a seca e as doenças seriam inexistentes. Os Mortos e as suas famílias desfrutariam de banquetes e de viagens de barco, ou então, descansariam nos seus jardins floridos.
Para ajudar os mortos a alcançar a eternidade abençoada, os textos funerários funcionavam como uma espécie de guia de viagem para a vida além-Túmulo. Dos mapas do Egipto que sobreviveram até aos nossos dias, os mais antigos são aqueles que representam a rota para a vida além-túmulo em textos conhecidos como: «O Livro dos Dois Caminhos», que se pintavam no interior dos esquifes do Império Médio.
Os Encantamentos posteriores de: O Livro dos Mortos do Império Novo intitulam-se: «Feitiço para não Morrer Uma Segunda Vez», «Feitiço para Não Apodrecer e para Não Trabalhar na Terra dos Mortos» (o que fica sempre bem); e «Feitiço para não Ver Retirada a Vossa Magia» - assim como os «Feitiços de Transformação», que mudavam as formas dos falecidos para facilitar a sua passagem através do Mundo dos Mortos.
Os Textos Funerários apresentam vários conceitos de paraíso. Por conseguinte, os falecidos podiam habitar o Mundo dos Mortos ao lado de Osíris; ou subir aos céus para se tornarem uma das Estrelas Imperecíveis; ou então reunir-se ao deus-Sol Ré ou Rá na «Barca dos Milhões», durante a sua viagem através do céu.
Da escuridão para o Sol, ou do negro do espaço para a Luz eterna, tanto os Egípcios como o restante de nós, em crença ou em mito, vamos aguardando esse infinito que tanto podem ser a causa como o efeito, de tanto por ele se ter esperado e, enfim, merecido condigna e fervorosamente...
Na Morte ou na Vida além-Túmulo, só teremos de o aguardar, de o acreditar em nós próprios (independentemente das crenças ou do vazio das mesmas) se os deuses quiserem e o nosso coração e penas nos não pesarem... E então a viagem será fantástica... na consumada realidade eterna do que faremos e, possivelmente sentiremos, de outras vidas passadas - e quiçá futuras - de um Ka eterno também. Sejamos dignos, e tudo nos será concedido pelos deuses e não só...
quinta-feira, 14 de dezembro de 2017
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
terça-feira, 12 de dezembro de 2017
A «Morte» a Oriente...
China: a grande incógnita do passado e do presente - na vida ou na morte. Da ancestralidade à actualidade, a idêntica nostalgia mas correcta simetria (ou talvez paralelismo) com o que «A Grande Unidade» ou Tai Yi, fomentou na Terra no seu auge evolutivo. Pelo Mandato Celestial a China cumpriu a sua História, no que, ainda hoje, tenta conseguir em bênção e em legitimidade nos seus sucessores... E, do mundo dos mortos sobre os vivos, pela China ou pelo resto do mundo, todos eles nos concedem em prestígio ou desamor...
«Os Mortos não querem muitas roupas. As pessoas pensam que envolver oferendas em palha branca as tornam auspiciosas, mas os espíritos acham que as oferendas são auspiciosas, independentemente da forma como são embrulhadas. Contudo, todos aqueles que oferecem sacrifícios não devem cuspir. Se cuspirem, os espíritos fogem assustados.»
- Relato de Dan, um espírito algo perturbado mas recompensado num voltar à vida, após lhe ter sido permitido essa ascensão (ou retorno físico) após a sua morte por suicídio ter sido considerada prematura. Daí que Dan tenha falado sobre alguns dos gostos e aversões dos mortos (em texto extraído de um túmulo descoberto em Fangmatan, na província ocidental chinesa de Gansu).
Os ossos falam. Falam para a História dos homens e das mulheres que na Terra singram. E dizem-nos que os Mortos têm influência no mundo dos vivos. Espíritos malignos ou benignos que residem no Céu, e que vêm sempre mas sempre, confluir e corrigir, alterar ou apenas confundir quem na Terra está. E disso, ninguém foge. E disso, ninguém fala...
Saberemos lidar com isso...? Saberemos estar à altura desses nossos mortos? Saberemos compreendê-los? E se, tal como no Budismo ou no Tauismo que descrevem as vidas após a morte expiatórias - completadas com juízes e carcereiros que puniam os mortos pelos pecados cometidos durante as suas vidas - alimentarmos esses «espíritos famintos»?! É esse o purgatório dos vivos, alimentar os vícios e as sevícias dos que já se foram...?
A dinastia Shang admite-o (nas inscrições em ossos oraculares), tal como as inscrições em bronze da dinastia Zhou que confirmam a influência que o mundo dos mortos tem sobre o dos vivos; acreditando nisso, a sociedade ocidental, poderá ter em conta a maior consideração sobre os que já partiram, ou incumbir-se-à de exorcizar todos e quaisquer espíritos que nos rodeiam???
Vida e Morte; criação e extinção. Benéficos ou maléficos os espíritos de outrora, alados aos mais recentes na capacidade de intervenção (ou interferência) sobre quem vive, audazes assim na supremacia e na urgência (tal como Di, o deus supremo dos Shang), no que providenciam em auxílio com as colheitas, com a construção de cidades e com as campanhas militares, entre outras iniciativas estatais. Tanto na Antiguidade como na actualidade, os deuses espreitam e os espíritos rondam... para o bem e para o mal...
O Céu, a Terra e o mundo dos Mortos
Na longa jornada da vida até ao céu - na fervorosa indicação da crença chinesa pré-budista, na ascensão da alma após a morte - os Chineses confiam, desde tempos imemoriais, que as almas se libertam do corpo e voam até ao Além; até às estrelas. E das estrelas outras vêm, na mais bela criação do mundo que povoa a Terra.
Mais audazes a Oriente que a Ocidente, que terão estes povos sabido e, conhecido então, que do Cosmos à Terra se sublevou, se identificou e legitimou, para que a Criação do Mundo não tenha sido apenas uma ocasião ou uma simples simulação que acabou por se fazer vida e morte?!
Da Antiguidade até aos nossos dias, o povo chinês mantém vivas as tradições e as aferições dos seus antepassados como inalterados e mesmo inquestionáveis seguimentos.
Que ventos ou que marés lhes sussurram essas brisas, essa espuma do mar que lhes dita e lhes aufere a maior de todas as certezas: a sua gente e o seu território como a personificação da Grande Unidade em sangue e em sémen espalhados pelos rios e pelos mares, pelos quatro cantos do mundo e, pelo Sol e pela Lua.
Quem pode duvidar disso então...? Ou quem o poderá contradizer, quando ao se aproximarem da morte os seus corpos explodem como supernovas (tal como Pangu ou Pan Ku)) em que a sua respiração se transformou no vento, o seu olho esquerdo no Sol e o seu olho direito na Lua...?!
E será contraditório, porém insistente e determinante, que, na mitologia inerente sobre a criação do género humano, se refira que os piolhos da sua pele (de Pangu) foram tocados pelo vento e assim transformados em pessoas dando origem à espécie humana?! Sabemos que sim, em parte. Piolhos ou células? Piolhos, ou processo microbiológico em concepção e replicação...?!
Da tradição ao relato mitológico e posteriormente à identificação científica, os dados estão sempre lançados, sendo que, de um lado ou de outro, haverá sempre a explicação para o que foi e, indelevelmente será, na Terra ou no Céu...
A Criação do Mundo:tradição e contemporaneidade. Mitos que contam batalhas entre os deuses, que parecem ter resultado na diferenciação do tempo. Do Imperador Amarelo até aos nossos dias, a evolução chinesa incomparavelmente súbita e exponencial que nos reflecte (e insinua!) o quanto este povo é árduo e forte, mas também cúmplice e devoto de um Cosmos-progenitor...
A Origem/A Criação do Mundo
Segundo as fontes filosóficas chinesas clássicas, as Origens do Mundo são um estado sem estado ou diferenciações: sem luz, sem escuridão; sem altos e sem baixos e toda a matéria está combinada numa bolsa húmida, semelhante a uma bolha. Segundo ainda uma destas fontes, fora deste estado indiferenciado, chamado Tai Yi - ou Grande Unidade - nasceu a água. Da mistura entre a água e a Grande Unidade nasceu o Céu, unindo-se este por sua vez à Grande Unidade a fim de criar a Terra.
Do Céu e da Terra havendo destes a união - na concepção cósmica e telúrica de ambos - foram dados à luz os espíritos e os luminares (o yin e o yang) que produziriam as seguintes quatro estações. Destas surgiram o calor e o frio, que criaram a humidade e a secura (o ano e o tempo em geral), no conceptualizado Auge da Evolução.
As Tradições: Nüwa - aquela a quem foi atribuída a criação da raça/espécie humana. Há a narrativa histórica de que ela utilizou o barro da terra para moldar as pessoas - para os nobres usou o amarelo e para os inferiores uma cor mais escura. Outra história revela-nos ainda de que ela se uniu ao seu irmão Fuxi - a única pessoa viva além dela (Adão e Eva do Oriente...?) e juntos tiveram filhos. Como se vê ou intui, a realidade da génese é sempre idêntica ou paralela à que no Ocidente se implanta.
Esses relatos dos primórdios do mundo imbuem-se de mais pormenores dizendo-nos: Quando os progenitores do mundo não estavam a copular (ou a terem relações sexuais), encontravam-se ocupados a combater.
Muitos mitos chineses falam sobre batalhas entre os deuses que parecem ter resultado na diferenciação do tempo, ou seja, à presunção hoje actualizada de, cada vez mais, se instaurar a ideia de que terão havido batalhas cósmicas entre si (mesmo entre as várias civilizações galácticas e sobre a Terra) havendo a possível manipulação ou certa orquestração do tempo daí derivados.
Chi You e Huangdi: a mais conhecida batalha na China entre Chi You, um monstro réptil (um ser reptiliano?) e Huangdi, o Imperador Amarelo que, ao que consta pelos relatos mitológicos chineses, se impulsionava como deus, ou ser vindo das estrelas, em supremacia cósmica. Este último levando a melhor sobre Chi You, matou-o. Chi You transformar-se-ia depois num cometa - uma estrela inconstante.
Uma admirável fotografia de Yuri Pustovoy apresentando a lide piscatória nocturna dos seus rurais habitantes sobre o lago Yangshuo, na China. Sabe-se dizer hoje com toda a certeza quem foi exactamente o antigo povo chinês...? Pensa-se que não. De origens múltiplas, a civilização chinesa disseminou-se na coexistência de inúmeras culturas locais.
A China e o seu Povo
O território chinês compreende a maior parte da massa terrestre da Ásia do Leste, incluindo quase todos os aspectos climatéricos e topográficos que se possa imaginar. Contudo, apesar de a China actual se estender desde os desertos da Ásia Central até aos pastos da Mongólia - e desde os altaneiros Himalaias até à ilha tropical de Hainan, ao sul - em geral estima-se que a China da Antiguidade foi talhada na curvatura do rio Amarelo.
Há uma ou duas gerações pensava-se que, a Arqueologia, daria prontamente a resposta sobre quem era exactamente o antigo povo chinês, havendo a simples percepção de que as civilizações mais antigas da China provinham das culturas neolíticas de Yangshao e Longshan (localizadas nos prolongamentos ocidental e oriental do vale do rio Amarelo).
A concepção da origem exibia-se na teoria predominante de então sobre o desenvolvimento histórico de que, a civilização chinesa se disseminara, a partir desta origem bipolar. No entanto, sabe-se hoje que esta mesma civilização chinesa possui múltiplas origens, por vezes em contacto com outras culturas e muitas delas isoladas numa saudável coexistência entre todas.
Diz-se muitas vezes que a China se gaba de possuir a civilização contínua mais longa do mundo, sendo certamente verdade que os antepassados do Povo Chinês já viviam em comunidades estabelecidas na área que é hoje conhecida como a Grande China por volta do ano 5000 AEC (antes da era comum).
Ao longo dos milénios foram-se acumulando sucessivos estratos históricos, em geral soterrando os estratos anteriores sem deixar grandes vestígios. Mas já no início do século III AEC, ossos de elefante descobertos em escavações, levaram os investigadores a imaginar de como teria sido a forma desses elefantes em vida.
Os Soldados de Terracota. A maravilhosa descoberta em incansável escavação sobre o túmulo de Qin Shi Huang Di Xi`an. O poderoso exército que consigo compunha a passagem da vida para a morte, ou seja, na inolvidável esperança de ressurgimento dessa inominável força e poder combativos face a um posterior inimigo para além da vida...
As Descobertas Arqueológicas
No início da década de 1970, após várias décadas de ruína devido à agressão estrangeira, à guerra civil e depois aos tumultos internos, o desenvolvimento da arqueologia chinesa alcançou novos patamares. Num período muito curto registaram-se três descobertas notáveis que atraíram a atracção mundial.
Entre 1972 e 1973 foram descobertos três túmulos através de escavações realizadas num local denominado Mawangdui, no coração da moderna cidade de Changasha, na província de Hunan. Os túmulos pertenciam a Li Cang, senhor do reino local de Dai (morreu em AEC), à sua esposa (data da morte desconhecida) e a um dos seus filhos (morreu em 168 AEC).
O corpo da Dama Dai foi encontrado quase perfeitamente preservado no seu túmulo, ao passo que no túmulo do seu filho descobriu-se uma extensa biblioteca de textos, muitos deles escritos em seda.
No ano seguinte - em 1974 - os agricultores que cultivavam um campo perto do túmulo de Qin Shihuangdi - o Primeiro Imperador - mesmo às portas de Xi`an, na província de Shaanxi, desenterraram um exército subterrâneo de guerreiros em terracota, concebidos para protegerem o Primeiro Imperador na vida após a morte.
Depois, um ano mais tarde, em Anyang, e por intermédio de escavações, os arqueólogos descobriram o túmulo intacto da Dama Hao, uma das consortes do rei Wu Ding, da dinastia Shang, e uma personagem já famosa devido às inúmeras inscrições em ossos oraculares sobre ela.
A perfeição em escultura e quase emoção. Na vida e na morte, a mesma condição: servir ao seu senhor, ao Grande Imperador, além todas as coisas. Retratados fielmente, que almas viventes, quiçá pungentes, teriam sido eles...? Que almas vagueantes teriam em si concebido além os tempos...? Ou o que sentiram, vendo-se espelhados e longe do mundo, do mundo dos vivos, mas para sempre recordados na pedra e na glória do que lhes fez ser vitória mesmo na morte?!
Em Memória dos Mortos
Não se sabe qual a razão plena para que o tenham feito, o tenham erguido na pedra em tão poderoso e garboso exército. No entanto, as descobertas, revelando inicialmente a ponta do iceberg, vieram acumular de certezas do que, em particular nestas últimas décadas, se cumpriu em dar luz e mostrar ao mundo tão fluente memória da história chinesa sobre tão magistral revelação.
E cada vez mais se tornaram notáveis em toda a linha as descobertas: Cerâmica e Jade de locais neolíticos em toda a China Central, assim como de áreas tão periféricas como Liangzhu, no Sudeste, e Hongshan, no Nordeste; inúmeros bronzes assombrosos, incluindo os mais antigos jamais descobertos - em Yanshi Erlitou, perto de Luoyang, na província de Henan.
Daqui se extraiu o extraordinário conjunto de 64 sinos do túmulo do Senhor Yi de Zeng (morreu em 433 AEC), as estátuas e máscaras exóticas de Sanxingdui, além de inúmeros bronzes de lugares mais tradicionais como Xingan, em Jiangsu, Zhouyuan, em Shaanxi, Sanmenxia, em Henan, e Tianma Qucun, em Shanxi.
De todos estes locais se evidenciaram os artefactos, muitos em laca, provenientes de túmulos de todo o Sul da China; muitos mais textos escritos em ripas de bambu que requereram um novo campo de estudo, e primorosos murais nas paredes dos túmulos da dinastia Tang, ao longo do Norte da China. Muitos mais foram entretanto sendo descobertos como é do domínio e conhecimento internacionais.
No total, um batalhão espectacular de magníficos artefactos feitos e utilizados pelo povo da antiga China, e que podem hoje em dia complementar os registos escritos a fim de nos ajudarem a entender quem foi realmente este povo.
O Cosmos na insondável Via Láctea por onde Tay Yi, a divindade astral andou e consigo levou outros que a Terra não mereceram. Muito conhecida também a história do Boeiro mortal e da divina Fiandeira (representados pelas estrelas Vega e Altair), cujo romance ofendeu as autoridades celestiais. Foram condenados a encontrarem-se apenas uma vez por ano, no sétimo dia do sétimo mês, quando se formava uma ponte de pombas por cima do rio Han - a Via Láctea. O dragão, o símbolo da sabedoria e do imperador só faz as suas aparições no céu nocturno.
O Mandato Celestial
A China gaba-se de possuir a História ininterrupta mais longa de todas as grandiosas civilizações do mundo, com registos escritos datados da dinastia Shang (cerca de 1550-1045 AEC).
Ao longo de todo o período antigo da China, as dinastias ocorreram uma após outra numa sucessão irregular, algumas delas durando séculos, outras mal conseguindo sobreviver aos seus fundadores.
Já por alturas do início da dinastia Zhou (1045-256 AEC), o problema da sucessão dera origem ao princípio governamental mais importante da China - O Mandato Celestial - segundo o qual o Céu confere a sua bênção e, por conseguinte, a legitimidade, apenas aos virtuosos.
O horizonte espelhando a sua crença cósmica e a sua História, conta-nos hoje que vida e morte são a mesma criação do mundo, num eterno Mandato Celestial de cordata bênção com os céus.
Mas sobre os céus há mais que contar, no que a lenda ou a pura essência jamais revelada acabou por ser relatada através dos tempos: Os irmãos rivais Shishen e Yanbo, deuses dos povos Xia e Shang, não suportavam olhar um para o outro. O pai de ambos, o imperador Gao Xin, baniu-os por isso para o Céu, onde aparecem agora como as estrelas Oríon e as Plêiades; uma ergue-a a Oriente e a outra põe-se a Ocidente. Uma vez mais, o fabuloso Cosmos está presente.
A Morte no conceito chinês. Não uma mas duas almas que se sublevam ante todas as expectativas etéreas... na imortal generosidade de «Po» e «Hun», as duas vertentes que, separadamente, dão vida e morte, impiedosamente também...
A Morte: As Duas Almas!
O conceito popular do corpo humano na antiga China - em oposição ao conceito médico da elite - era de que este era composto por dois tipos diferentes de elementos ou almas. Um deles, chamado «Po», era viscoso e material; o outro, chamado «Hun», era vaporoso e etéreo. Pensava-se que a convergência destes dois tipos de almas dava origem à vida e que, a sua dispersão, causava a morte.
As Almas «Hun», sendo mais leves e propensas a abandonar o corpo (coisa que faziam durante o sono profundo, sendo as suas deambulações a causa dos sonhos), eram as primeiras a partir no momento da morte. Imediatamente após a morte aparente de uma pessoa, o seu filho subia ao telhado da casa para «invocar» as almas Hun a regressarem. Só quando este ritual não conseguia ressuscitar a pessoa, era esta definitivamente declarada como estando «morta».
O Falecido era então preparado para o túmulo e tomavam-se previdências para preservar o corpo. No mínimo, inseria-se Jade - a mais bela de todas as pedras! - na boca, para assim impedir o processo de decomposição. Em outros casos, o cadáver era vestido com uma mortalha completa de peças de jade.
Numa notável descoberta arqueológica em 1971, o corpo da Dama Dai (morreu cerca de 165 AEC), esposa do rei de Changsha, nos primeiros anos da dinastia Han, foi encontrado em estado de conservação quase perfeito no seu túmulo, em Mawangdui, aparentemente como resultado de um processo deliberado de mumificação.
Contudo, para a maioria das pessoas, estava implícito que a morte implicava a decomposição do corpo. É por essa mesma razão que os túmulos eram escavados no solo, perto das Fontes Amarelas subterrâneas - a morada dos mortos! A substância material do corpo era transportada para aí quando as almas viscosas - «Po» - abandonavam o corpo e, escoavam através do solo.
Xi`an (mausoléu subterrâneo do Primeiro Imperador da China, o Imperador Quinshihuang): as descobertas, as fascinantes revelações ao mundo através das escavações dos arqueólogos chineses que recentemente (em 2015) descobriram mais de 1400 soldados de argila que datam de cerca de 200 a. C. (Fonte: China News Service). Escavações anteriores (em 1974) no local da província de Shaaxi, já tinham posto a descoberto mais de 7000 guerreiros e outros tantos cavalos de terracota.
Equipados para o Futuro!
A Arqueologia da China é esmagadoramente mortuária por natureza, sendo muito provável que o seja ainda mais do que em qualquer outra civilização. Numa terra onde quase todos os edifícios eram construídos em madeira e, a maioria deles fora ocupada de forma ininterrupta desde a época do Neolítico, poucas são as estruturas acima do solo que sobreviveram às devastações do tempo e do Homem. Lastimável, sem dúvida!
Felizmente, apesar das censuras em diversos textos antigos contra os gastos exorbitantes com os enterros, muitas das dezenas de milhares de túmulos que os arqueólogos chineses descobriram através de escavações efectuadas no século passado, foram guarnecidas com grande profusão de objectos. Devemos a maior parte dos nossos progressos, no que diz respeito à compreensão da antiga China, à estrutura e ao conteúdo desses túmulos.
A prática funerária passou por mudanças consideráveis no decorrer da Antiguidade, na China. Durante os períodos Shang e Zhou do Oeste, os túmulos consistiam essencialmente em covas verticais escavadas no solo. É evidente que eram diferenciados, consoante o seu tamanho e adereços.
Todos os túmulos dos reis Shang de Anyang foram pilhados na Antiguidade, provavelmente pouco depois da conquista dos Zhou, e os túmulos dos reis Zhou nunca foram encontrados (muito embora os relatórios mais recentes sugiram que em breve isso possa vir a mudar). No entanto, o túmulo de Fu Hao (morreu cerca de 1195 AEC), uma das consortes do rei Wu Ding (cerca de 1200 AEC), da dinastia Shang, dá-nos alguma ideia do que poderiam ter contido.
Apesar do túmulo ser modesto em termos de tamanho (segundo os padrões reais dos Shang), quando foi descoberto, em escavações realizadas em 1975, revelou mais de 440 bronzes, 590 esculturas de jade, quase 7000 conchas de cauril e vestígios de 16 seres humanos que foram sacrificados em sua honra. Uma nobreza de acto e gesto que não poderiam recusar...
A colossal esquadra do poderoso imperador: a indubitável franquia de seguir na morte o que em vida se lhe propôs. No Céu tal como na Terra, a bem-aventurança do imensurável exército que o seguiria naquela que seria a próxima vida para lá das portas de Xi`an. Tê-lo-ão conseguido?...
Mudanças Arquitectónicas
Por alturas do início dos Estados Guerreiros, surgiram os primeiros indícios do que viria a ser uma mudança completa na Arquitectura Funerária.
O Túmulo do senhor Yi de Zeng (morreu em 433 AEC) continuava a ser uma cova essencialmente vertical, se bem que fosse muito grande; mas pela primeira vez, para além da câmara do ataúde, o túmulo incluía também duas câmaras laterais guarnecidas com equipamento a fim de garantir que ele continuaria a desfrutar na vida além da morte dos inúmeros prazeres a que se acostumara na Terra.
Por volta da dinastia Han, os túmulos das classes mais elevadas transformaram-se em verdadeiros microcosmos do Universo. Muitos deles incluíam agora múltiplas câmaras, construídas com paredes de tijolo ou de pedra. Alguns exibiam tectos abobadados, onde se pintavam o Sol e a Lua, as estrelas e os planetas. As paredes eram esculpidas com cenas exortativas da História, sugerindo a virtude do defunto por associação.
Por volta da dinastia Tang, estas esculturas de pedra deram lugar a pinturas murais de tamanho natural, representando então a opulência da vida dos Tang, assim como a perícia dos pintores da antiga China. Uma ostentação sem paralelo!
A Morte espreita, a vida enjeita e a alma ensandece. Não há mão ensanguentada, corpo vilipendiado ou alma enguiçada que não se reveja nestes tempos mais endiabrados de zombies, almas penadas de mortos-vivos ou, somente, almas que perderam o rumo, o caminho que lhes era destinado...
Vida e Morte: a Oriente e a Ocidente...
Nada do que se possa dizer levará a que qualquer de nós tenha a certeza para onde vai ou de onde veio, por muitas questões que já tenham sido resolvidas ou bem decididas em explicações científicas (e outras históricas, religiosas ou de teor teológico) que nos fornecem todo o entendimento necessário para se não temerem nem uma nem outra. Mas temem-se. Continuamente.
As teorias da reencarnação e subsequente formatação da alma que no Oriente se fundamentam na vertente de Buda (concretamente no hinduismo) revertendo essa mesma alma aos céus, faz com que os indivíduos mais sensíveis possam ter a percepção de que nada acaba aqui, ou se possa ter um fim sem que haja seguimento algum.
Não sendo apenas uma questão religiosa - mesmo para os cépticos ou agnósticos que não acreditam em nada disso - há sempre a determinante da regressão por hipnose que instaura a consciência (escondida algures e no subconsciente de todos nós) em memórias exactas sobre vidas passadas.
Tal como o autor/escritor de vários livros, o famosíssimo Paulo Coelho escreveu um dia: «A vida é o comboio, e não a estação», no abrangente conceito de todos já termos vivido em algum lado, em alguma época - e em paz ou em guerra - mas sempre com a mesma alma.
A experiência vivida na primeira pessoa é sempre única. Assim como, o poder-se relembrar essa mesma experiência ou ter objectivamente a noção e, de certa forma empatia desse processo, de se recuperar em parte uma boa soma de uma ampliada consciência. O que fará de nós, todos, ou os que assim quiserem pensar e sentir, que, o mundo espiritual poderá enriquecer o nosso mundo, o mundo dos vivos.
Estimulando o subconsciente, rapidamente apaziguaremos outras dores, outros traumas ou talvez outras reminiscências nocivas que entretanto também tenham vindo à tona sem que o possamos explicar ou sequer afastar.
Seja em Buda, Alá ou Deus, a natureza de todos eles - que são um só! - permeia todo um Universo, existindo aqui e agora. Somos todos sencientes; somos todos seres fantásticos, de uma energética e concepção realizadas através de todo um processo molecular ainda mais fantástico e, surpreendente, que de Oriente a Ocidente, ou em todo o nosso global planeta sentimos e referencialmente possuímos.
Excruciante será a dor, se nos limitarmos a acreditar que o vazio ou o vácuo do Universo irá ser a nossa tumba cósmica, o nosso túmulo sacrificial e não, a sequencial e cíclica rampa para outros voos, outras vidas; aqui ou lá fora; na Terra ou fora dela.
Saber que há muitas portas ainda por abrir é um meio-caminho... saber que há outras tantas que nos estão fechadas, um incentivo, um eterno desafio a sabermos superar, a sabermos melhorar nessa nossa condição de indigência ou simplesmente preguiça para que, de Oriente a Ocidente, em vida ou em morte, todas as portas se nos não neguem a abrir... ininterrupta e eternamente. Assim seja e Deus o bafeje; a Oriente e a Ocidente...
sábado, 9 de dezembro de 2017
quinta-feira, 7 de dezembro de 2017
Parabéns, CR7!
O sorriso de quem está de bem com a vida e, com as suas agora cinco Bolas de Ouro. Antes de ser magia, é a sua mais pura natureza, raça e destreza, por tudo o que abençoadamente (ainda que com muito esforço e trabalho!) a vida lhe concedeu. Parabéns, CR7!
"Estou Muito Feliz!" (Palavras de Cristiano Ronaldo)
«Non, Rien de Rien, Non, Je ne Regrette Rien...» (poderás dizer sem mácula ou capricho teu de algum dia teres sofrido comparável e, abusivamente, essa idêntica maleita tal como Edith Piaf, em sintomática biografia de todo um seu percurso de vida enviesado e algo malfadado pela doença e pela desgraça de se estar só, ou, de um dia ver de si apartados todos os amores do mundo). Não. Nem por isso. Tu, CR7, és dos que vences - por vezes a chorar mas a sorrir por dentro; e, numa ou noutra ocasião, sabendo reconhecer a derrota ou a vitória - e sabendo também distanciar ambas - sabes agradecer tal dádiva.
Tu, CR7, és dos que sorris, sorrindo para vida e, tal como Piaf, só aqui, não teres de te arrepender de nada, nem sequer das lágrimas já choradas, dos sacrifícios já demonstrados ou das intempestivas e sexuais tertúlias de uma juventude inquieta que, tal como tantos outros em erros e em desmandos, lá cumpriste sem te absolveres; ou sem te condenares. Ficaste adulto. Ficaste homem... e com mais bolas do que qualquer outro cidadão comum (perdoa-me a brejeirice saloia).
Sobre Paris e sobre a Torre Eiffel (a que agora se já ilumina e se não abstém de se coroar de outras novas cores em domínios não seus) que tu viste erguer, de novo, em consagração e certamente alguma obstinação, a tua mais que merecida Quinta Bola de Ouro - entregue pela revista francesa France Football - pelo que cumpriste a nível futebolístico no ano de 2017. Esta já cá canta (terás dito em surdina), tal como se previra anteriormente nos muitos troféus já adquiridos e absolutamente justíssimos que a ti se impunham. Obtê-la agora e na cidade-Luz, então o sonho está cumprido, ou quase, pois que a ambição é muita e a força também.
"Sinto-me muito feliz e tenho um orgulho muito grande." (Palavras da mãe Dolores)
Desta vez não descuraste a mãe. A Grande Mãe! (porventura a mãe de todas as mães, que acolhe em seu seio e em seu colo maternos do que já foi e sempre será, aquela mãe ou aquela avó que todos desejam para si...). Sempre linda, a sorrir ou a chorar, de alegria, de comoção!
E aí vai ela, falar pois então, que não é todos os dias (nem todos os anos) que se invadem os palcos da vida. E sobre este palco, sobre esta vida de tantas vidas, ou sobre o grande púlpito de estandarte francófono mas aberto ao mundo que foi pequeno para si, e depois tão grande como o seu amor de mãe, ela timidamente falou... como mãe, apenas isso.
E, sendo apenas isso, uma mãe, igual a qualquer outra no mundo, que é o mesmo que dizer uma mãe orgulhosamente babada do seu menino-homem que enche as bocas deste ou de outro mundo qualquer (que de outro mundo não é, mas só meu e deste em que nasceu, terá dito a mãe Dolores). E tudo, por todas estas honras, estas entregas, pelo que os pés do seu menino-jogador praticam e, a sua cabeça estima, mesmo de quando lhe arremessam fraudes ou fugas ao fisco...
(2008, 2013, 2014, 2016 e 2017): As Cinco Bolas de Ouro. Quem diria...? E quem o pressagiou outra medalha levaria por tão certeiro ter sido; ainda que de lá do Céu onde o seu progenitor se encontra, há muito que o sabia...
E a família reunida, sempre a família que, ano após ano (ou quase tudo no mesmo ano como sucedeu com os filhos-gémeos e a mais recente «bomboca» linda que irá ter duas línguas, duas pátrias e quiçá duas bandeiras para lhe encherem o coração), mais as manas Aveiro de lado (a loura e a morena) e o Cristianinho sempre presente. Uma bênção!
E a Georgina que está linda de morrer (perdão, de se viver, pois que tanta jovialidade e beleza só se podem comemorar em vida e não em morte!) e tudo ser perfeito, não fosse o Messi estar à espreita da sexta bola e, o Neymar fazer por merecer a sua primeira, pois que há mais quem queira e não abuse da sorte mas também tenha direito a ela. E mais não afirmo nem posso; o destino a Deus pertence.
"Sinto-me feliz, é um grande momento da minha carreira, é algo com que sonho ter todos estes anos. O último ano foi uma época maravilhosa. Agradeço aos meus colegas de equipa, toda a equipa é muito importante, e a todos os outros que me ajudaram a ficar em grande forma." (CR7)
«Nós também. Nós, os Portugueses, os pequenos da Europa que se põem em bicos dos pés só para te verem jogar, seja num qualquer café de bairro, associação, ou no conforto do lar (a que horas forem, em que fuso horário diferente estiveres, de dia ou de noite.»
O Mundo rejubila (aquele outro mundo que não torce por Messi ou pelo Neymar, ainda que tal seja justo e até compreensível) mas que no fundo acaba por ter a certeza de que esta «luta» é saudável e até admissível, ou então não haveria gozo nenhum de ano após ano ver quem afinal fica com a dita que é tão bela e é tão boa mas não é de Lisboa (como a canção portuguesa), mas é de todos aqueles que fazem por isso, por merecê-la. E este ano de 2017, foi o Cristiano Ronaldo!
Depois de vencer a Liga dos Campeões, a Liga espanhola, a Supertaça europeia e a Supertaça espanhola pelo Real Madrid, CR7 é, inconfundivelmente, o beneficiário de tudo isso. E mais, se Deus quiser e ajudar. Se tal não suceder, tudo bem. A competição sendo farta e séria, será também uma benesse e nunca um castigo ou anátema, pois que só assim se pode chegar ao pódium dos melhores.
Fiorentino Pérez - Presidente do Real Madrid - em relação à Quinta Bola de Ouro (ainda na gala, aquando o interpelaram sobre a sua opinião) revelou em tom peremptório: "Cristiano Ronaldo é o melhor jogador do Mundo, um símbolo para todos os Madridistas!"
Concorda-se. Por ora. Para o ano logo se verá. E se outro for, tudo bem. O Cristiano não desiste, mesmo que vá sendo tempo de pensar nesses outros tempos que aí vêm, nesses tempos em que a idade já vai fazendo mossa, já vai pesando e, 33, sendo aquela idade em que Jesus Cristo nos não abandonando mas a Terra foi deixando (apesar de ter ressuscitado...), tenha de confidenciar a CR7 que será tempo das chuteiras terem outro lugar que não os relvados.
Mas desengane-se quem pense que tal aconteça logo aí. A energia, a vontade, o empenho, a determinação (por vezes até a teimosia) e um pouco de imaginação aliados todos à genialidade em extensão e alguma longevidade, farão de CR7 um ser quase robótico em ascensão sénior que não em reforma tão cedo. É o que pressinto mas posso enganar-me. Ou talvez não.
O futuro o dirá e CR7 o julgará por si mesmo. Até lá, venham mais Bolas, nem que sejam as de pechisbeque ou, as de comum mérito pessoal, desde os tempos (aqueles velhos tempos) em que não havia dinheiro nem para mandar cantar um cego, ou seja, para outras que não aquelas que se rompiam ao primeiro pontapé, à primeira chutada com toda a força do mundo.
Como o texto já vai longo e a coisa está a pender para o disparate, mais não digo; a não ser: «Muitos Parabéns (mais uma vez) Cristiano Ronaldo. Tu sim, és o «nosso» Menino de Oiro! E para sempre! Com, ou sem bolas...
terça-feira, 5 de dezembro de 2017
Entre Deus e o Universo
Galáxia Henize 2-10 (galáxia starbust anã localizada a cerca de 30 milhões de anos-luz de distância da Terra); ou seja, em enxame ou surto de formação estelar na combinação de uma explosão de formação de estrelas e um Buraco Negro maciço (análoga às condições do Universo inicial).
Créditos da imagem: Raio-X NASA/CXC/Virginia/A. Reines et al; Rádio NRAO/ AUI/NSF; Óptico: NASA/STScl.
«Este centro do Céu / Este âmago da Terra / Este coração do Mundo / Rodeado por montanhas cobertas de neve / O promontório de todos os rios / Onde os cumes são elevados e a terra é pura / Um país tão bom / Onde os homens nascem sábios e heróis / E agem de acordo com leis boas e justas.»
- Ancestral descrição poética do Tibete do século IX EC -
(EC: Era Comum)
De todos os povos e de todos os locais sagrados do Mundo, o Tibete, é aquele que mais se define como o mais sagrado e possivelmente o mais resguardado do poder que os deuses lhe confiaram: na paisagem e no sentimento - únicos no planeta - de terem sido ambos (povo e geografia local) o epicentro de todo o poder místico que toca o Céu e que ampara a Terra.
Que poderes são esses, perguntar-se-à? Que magia é essa que só Dalai-Lama parece ter sido bafejado?! Que êxtase geofísico aí se encontra, aí se estabelece, para que o resto do mundo, este nosso pequeno mundo agora, tanto se achegue como se distancie - e simultaneamente se diminua perante toda essa grandiosidade intimista mas espiritual desta abençoada terra longínqua - e tudo se torne, emblematicamente fascinante e iluminado, como se só a Deus e ao Cosmos esta terra pertencesse....?!
Repleta de poderes místicos, paisagens sagradas e um povo não omisso ou consciente deste seu enorme poder interior, sobre montanhas e espaços de irrefutável domínio das divindades, que poderá o resto do planeta, o resto de todas as outras populações aprenderem com o seu silêncio, a sua sapiência, o seu poderoso e inviolável reconhecimento espiritual e não profano que os liga a Deus e aos céus, ao divino e ao Universo, no fundo, ao Todo que na Terra se aplica e no Céu se instiga?!
Tibete: entre a magia e o insondável; entre o misterioso e o mítico; entre o Céu e a Terra de todos os segredos, de todas as confissões dos deuses que nos mostraram que é possível acreditar-se e, absorver-se, na plenitude e quiçá infinitude, esse mesmo poder da imortalidade... na Terra ou fora dela, ou seja, dentro ou fora do Tibete...
«O Tecto do Mundo»
É sabido pelos conhecedores e entendidos que o Tibete, último reduto puro dos homens de bem, se define como: «O Tecto do Mundo». E isto, por razões óbvias na concepção geográfica (topográfica e não raras vezes toponímica) deste país quase a roçar o Céu com a ponta dos dedos, neste caso das suas cordilheiras, das suas altas montanhas sobre trilhos que só aos deuses, por certo, eram dados percorrer; pelo menos até às últimas décadas.
Sendo o país mais elevado da Terra - e até mesmo Lassa, a sua capital, um dos seus pontos mais baixos, situando-se a 3590 metros acima do nível do mar - há a certeza porém, de nada ter sido conquistado ao acaso num dos mais míticos senão o mais enigmático lugar do planeta, em toda a sua imponente mas especial inferência deifica ante todos os outros. A deferência é inquestionável; antes mesmo de se observar essa mística, absorve-se em inconsciência algo que é intraduzível...
Reinos de deuses malévolos? A dureza (que segundo a crença tibetana revela todo um potencial de melevolência) de grande parte do meio ambiente do Tibete, regista-se como mais extrema no grande planalto setentrional - o Jang Tang - revelado aqui mais ostensivamente do que noutra qualquer parte do país.
Com uma elevação média de 4500 metros, trata-se de uma vasta região desértica a grande altitude. Salpicado de lagos de água salgada, o Jang Tang, é famoso pelo seu clima duro e rigoroso de ventos cortantes - na verdade, tão violentos que se sabe que os viajantes que atravessam a região chegam ao seu destino com marcas de queimaduras solares num dos lados da face e, ulceração causada pelo frio no outro lado da face, em fenómeno algo estranho mas surpreendente.
Palácio Potala, na capital do Tibete, em Lassa (Lhasa), a residência oficial dos dalai-lamas até 1959, altura em que os comunistas chineses forçaram Tenzin Gyatso, o décimo quarto Dalai-lama, ao exílio. A sua construção foi iniciada em 1645 (pouco depois de Ngag-Wang Lobsang Gyatso) - o quinto Dali-Lama, conhecido como o «Grande Quinto» devido à sua sabedoria, tolerância e eficiência como soberano - chegar ao poder.
O Potala, recebeu o seu nome em homenagem ao monte Potalaka, a residência celestial de Avaloquitexevara, o Bodisatva da Compaixão e a divindade padroeira do Tibete. Mais uma vez, inferindo-se um poder imensurável das estrelas, do Cosmos portanto, Tibete foi o lar dos deuses por alguns dias, meses, anos e porventura séculos e milénios que aqui se não deixarão morrer...
Território inóspito (fora de Lassa, capital do Tibete)
No Território de Jang Tang: Sabe-se, em particular nestes últimos tempos (de uma maior abertura para investigadores ou exploradores no território), de que apenas alguns guardadores de gado errantes habitam este local desolado e ermo. Outras partes do território são menos hostis. No entanto, só os muito corajosos ou atrevidos montanheses/escaladores internacionais se atrevem a desafiar tamanha severidade.
Apesar da sua Altitude, os vales meridionais do Tibete e as regiões férteis ao longo dos rios produzem Cevada, Aveia, feijão e outros géneros alimentícios básicos. Nas encostas das montanhas mais acima, todavia, sabe-se apenas ser possível a pastorícia sazonal, ao passo que os cumes elevados são completamente estéreis e, em geral, encontram-se cobertos de neve durante o ano inteiro.
Ou seja, terreno tão inóspito quanto desagregado de qualquer possível civilização aí se estabelecer, a não ser esporadicamente através dos mais impetuosos (como já se referiu) em retiro espiritual ou sequência de um qualquer ritual mais incompreendido, podendo inclusive não se regressar de tão difícil expedição...
Templo Budista no Tibete (região de planalto da Ásia): a meditação e a urgência de se estar só, de se estar em paz, no total ou completo desprendimento do mundo material, no acalentado encontro entre o Espírito e o Mundo, o Divino e o Cosmos, e tudo, persistente e naturalmente, entre o que pode ser ou sempre será, de uma vivência dos deuses na Terra.
A Alma do Tibete
Segundo as caridosas mas mui assertivas palavras de Dalai-Lama: «O Tibete alberga uma cultura riquíssima e ancestral que tem sido objecto de muitas influências formativas. Entre elas, o nosso ambiente natural acalentou um espírito forte de liberdade e flexibilidade no carácter tibetano», o que pressupõe, claro está, que este povo se não deixa subverter ou quebrantar mesmo por máximos poderes (China). Ou por outros que dos céus advenham...
Protegidos pelas montanhas mais altas do mundo (e pelas «boas leis» do Budismo e dos cumes elevados dos Himalaias), assim como do que extraíram das civilizações vizinhas da Índia e da China apenas aquilo de que precisavam, os Tibetanos criaram uma sociedade, uma filosofia e uma arte únicas que desde há muito inspiram um profundo respeito e um digno fascínio sobre o que os rege.
A Alma do Tibete regida pele Iluminação, pelo estado mental único caracterizado pelo completo desprendimento do mundo material, releva os Tibetanos para a mais alta essência do chamado «Nirvana» (nirvana, à letra «sem desejo»).
Toda a estrutura Filosófica, Religiosa, Social e Artística da civilização budista do Tibete assenta sobre estes quatro princípios »As Quatro Nobres Verdades» que indicia que: «Todos os seres passam inevitavelmente pelo sofrimento (Dukkha); a causa (Samudaya) do sofrimento é o desejo; a causa do desejo pode ser contida (Nirodha); e, para conter a causa do desejo, um indivíduo deve seguir um caminho (Marga) do Buda.
Ou seja, não sendo o Budismo simplesmente uma escola de Filosofia (segundo os Tibetanos) mas uma incumbência de ordem prática que visa revolucionar a vida humana, colocará todos aqueles que buscam a via da iluminação no dito Nirvana.
Como diriam os Budistas, o Nirvana não é nem a plenitude nem o vazio, nem o Ser ou o não-Ser, nem a Substância ou a não-Substância. Atingir este estado de liberdade indescritível requer assim aplicação e dedicação - todo aquele que busca precisa de um estilo de vida e de um ambiente que esteja em conformidade com a pureza da Palavra, do Pensamento e das Acções!
Estes requisitos conduzem directamente à instituição do Monasticismo - uma característica fundamental do Budismo no Tibete, e noutros lugares. No entanto, é no Tibete que maior vínculo este atinge.
Yumbu Lagang: um fortificado palácio (fundado pelo primeiro rei do Tibete, Nyatri Tsenpo) que já conheceu diversas reconstruções (a mais recente iniciada em 1982, no seguimento da Revolução Cultural da China). As capelas existentes no seu interior contêm imagens do Buda e estátuas de figuras históricas, incluindo os Reis de Yarlung e seus ministros.
Que nos diriam eles (Buda, reis de Yarlung e seus ministros) se acaso retomassem a vida ali deixada, e nos revelassem os feitos, as agruras, mas também as majestosas e selvagens práticas de outrora....? Que segredos esconderão de nós, simples mortais? Ou nem tanto assim...
A História do Tibete
O Tibete tornou-se um reino unificado no século VII EC. (Era comum), sob o domínio do rei Songsten Gampo, ou Srong-Tsan-Gampo, um líder dinâmico que conduziu os seus exércitos até junto das fronteiras da China e da Índia.
Songsten Gampo (ou Srong-Tsan-Gampo), cujos antepassados eram oriundos do vale Yarlung, não era um budista praticante, mas as suas rainhas consortes - desde o Nepal até à China - mandaram construir o primeiro templo budista em Lassa (Lhasa) e equiparam-no com imagens.
O Império Yarlung dissolveu-se no século IX e o Tibete passou a ser um conjunto de reinos e de Principados dispersos. O interesse pelo Budismo permaneceu limitado até ao século X, altura em que os Tibetanos foram para a Índia a fim de estudarem os textos sagrados.
Os Mestres, ou professores indianos, também foram para o Tibete, sendo o mais famoso deles Atisha, cuja chegada em 1042 assinala tradicionalmente a «Segunda Propagação» do Budismo no país. Os seguidores de Atisha fundaram a ordem religiosa Kadampa, que salientava a importância da aplicação dos ideais de um Bodisatva na vida quotidiana do praticante.
Outras Ordens Religiosas fundadas por esta cultura incluíram a Sakyapa, que conquistou poderosos aliados (ou convertidos) no Império Mongol, em especial o próprio Imperador Kubilai Cã (1215-1294). A queda do referido império, em meados do século XIV, pôs termo ao domínio da ordem Sakyapa, dando assim início a uma era de reavaliação e de renovação no seio do Tibete.
A Arquitectura da Iluminação: O Templo de Utse, em Samye (no centro do complexo monástico do século VIII EC.), no Tibete. No que é o mosteiro mais antigo do Tibete, o Samye, a sua arquitectura representa a a visão renovada do Universo (toda a fundação monástica constitui um gigantesco diagrama cósmico budista - um mandala).
Uma nova dinastia - os Pamotrupa - procurou reviver a glória dos Reis de Yarlung, ao mesmo tempo que a descoberta de alguns textos «ocultos» por parte de Padmsambava que conferiu então uma nova frescura e, um vigor renovado, à ordem de Nyingmapa que este havia fundado.
O Estudioso, Erudito e Reformador mais influente da época foi Tsong Khapa, ou Tsong-Kha-Pa (1357-1419). Inspirado por Atisha, defendia uma observância estrita da disciplina monástica. As suas doutrinas motivaram os seus discípulos a fundarem a ordem religiosa Gelugpa, ou do «Chapéu Amarelo».
De início, a ordem Gelugpa evitou o envolvimento directo nos assuntos seculares, mas a sua piedade atraiu a atenção mongol. Em 1578, o líder mongol Altan Khan atribuiu a um eminente lama desta ordem o título de Dalai-Lama. Meio século mais tarde, com a ajuda da Mongólia, o Dalai-Lama tornou-se o líder sagrado e, secular, do Tibete. O seu sistema teocrático de governo sobreviveu até 1959, altura em que os comunistas chineses forçaram o décimo quarto Dalai-Lama ao exílio.
«Yamdrok Yumtsu»: Lago sagrado do Tibete. Ao fundo as águas, ao cimo os enfeites das gentes sãs e humildes, sobre os cultos votivos adornados pela cor e pela sobranceria de quem do cimo vê os deuses a cumprimentarem quem, tão distante está de outros ventos, outras cercanias cósmicas. Um dia se banharam nestas águas, um dia se elevaram delas e jamais voltaram... (sente-se a sua gente dizer...) e nós, acreditamos.
O Cosmos Sagrado
O Povo Tibetano concebe o seu país como sendo um Cosmos Sagrado numa paisagem sagrada guardada por deuses poderosos e, repleta de centros de ritual, de elevado poder místico. No seio desta paisagem, cada traço característico natural, cada edifício e cada acção estão impregnados de um significado religioso.
As Montanhas são, muitas vezes, consideradas como sendo o domínio das divindades que inspiram temor e respeito; as cavernas, como locais de meditação, e os seus trilhos sinuosos são emblemáticos do caminho rumo à Iluminação.
Ao assinalarem a paisagem com marcos de pedra, inscrições, pinturas na rocha, estandartes e oferendas votivas (como os que se vêem na imagem acima reportados), os Tibetanos reinventam incessantemente o seu mundo, reafirmando as vidas dos antigos santos e sábios, cujos actos heróicos infundiam um portentoso significado espiritual ao Universo!
O Rio Tsangpo ou Bramaputra («Filho de Brama»): um dos rios mais extensos e imponentes de toda a Ásia! Tem mais de 2900 quilómetros de comprimento desde a sua nascente, no Oeste do Tibete, até à sua confluência com o rio Ganges, nas vastas planícies aluviais do Bangladesh. Navegável por mais de 600 quilómetros a parti de Lartse, perto de Dingri, as viagens ao longo do rio e as suas travessias são feitas em embarcações de fundo chato.
Em Busca de Solidão e Recolhimento...
Os locais de peregrinação do Tibete devem a sua importância a um ancestral sentido de lugar, um sentimento profundamente enraizado de que, as Montanhas, os Lagos e os Rios, são locais inerentes de pureza e de poder. Nada a opor, até porque, se concorda em pleno.
Sabe-se que nenhum outro sitio é mais sagrado do que o monte Kailas (onde reside eternamente Shiva, o grande deus hindu), sendo este um local de transcendência e de renovação pessoal, na região ocidental dos Himalaias.
A partir de um ponto mais próximo do cume coberto de neve do monte Kailas correm quatro grandes rios asiáticos: o Indo, o Sutlej, o Tsangpo (Bramaputra) e o Karnali (sendo este último um afluente do Ganges). Ao longo dos séculos, os peregrinos seguiram estes rios até à sua nascente, conferindo assim à região uma série de significados religiosos justapostos e competitivos.
Milarepa (em estatueta dourada): o santo mais amado do Tibete! Na sua juventude ele foi vingativo por natureza, praticando artes de bruxaria e de magia negra. No entanto, pleno de remorsos sobre os seus actos pérfidos e malévolos, Milarepa recorreu a Marpa, um mestre, um professor do Sul do Tibete, que depressa lhe fez ver o tão errático percurso havido até então.
Invocar o Divino
O Mundo Sagrado do Tibete está repleto de cânticos celebrando os textos budistas, da recitação da mantras, do repicar de sinos e de címbalos, do sopro de trombetas e do rufar de tambores. Todas elas essenciais na vida e nos rituais budistas. Mas tempos houve em que Buda e os seus seguidores apenas tivessem ouvido o «barulho» ensurdecedor do silêncio...
Sob um extenso código de regulamentos - o Vinaya - da época de Buda até ao momento presente, a maioria dos monges vivendo em mosteiros altamente organizados, compõe esta mística religiosa ou de alto valor ritual, seguindo de acordo este rigoroso código de honra budista.
A despeito da importância do Monasticismo, o Budismo também nunca descurou o facto de que o Buda atingiu o Nirvana enquanto deambulador solitário, assim como, sobre todos aqueles que se esforçam por alcançar tal, ou seja, no caminho da iluminação.
Iluminação essa, que cada um tem de procurar de entre si mesmos, arroga esta corrente. Infere-se então que, cada um dos grandes Mestres do Budismo Tibetano, tenha permanecido e durante longos períodos de tempo em locais solitários ou grutas isoladas, tentando assim buscar a perfeição e a libertação. Tê-lo-ão conseguido? Pensa-se que sim, ou pelo menos tentaram...
Milarepa foi um deles. Estudando por longos períodos nos maiores mosteiros budistas da Índia Oriental (iniciado nos segredos da meditação budista, em especial nas práticas místicas de Naropa, o mestre e mentor indiano de Marpa), Milarepa fez a perfeita travessia, não a do deserto mas, a do recolhimento e meditação na demanda espiritual a que então se propôs.
Milarepa aperfeiçoou os ensinamentos que vertiam percepções extra-sensoriais e inúmeros poderes sobre-humanos. Santo ou deus, Milarepa mais perto deles assim ficou, vencendo o seu próprio demónio passado. Suportou os Invernos amargamente frios dos Himalaias, conferindo em si uma surpreendente força física, além da psíquica que porventura conquistou, ao banir e subjugar as outras forças enfurecidas e malévolas (existentes dentro do coração humano) e de antigas divindades inimigas do Budismo.
Entregue à vida contemplativa em total isolamento no monte Kailas ou na gruta de Namkading, perto de Nayalam (onde passou tão grandes períodos de meditação que existem ainda hoje marcas na rocha onde costumava sentar-se, afirmam os crentes), Milarepa tornou-se um «deles», um Buda.
Milarepa é actualmente venerado pelos Tibetanos (juntamente com Padmsambava e Buda), como um dos membros do grande trio dos conquistadores iluminados, que utilizavam o seu poder espiritual interior para transformar os deuses hostis em protectores da fé budista. Um aplauso então para Milarepa!
Budistas Tibetanos: os seguimentos de Buda na escala máxima da meditação e envolvimento espirituais. O Budismo Tibetano: A religião aparentemente politeísta, com inúmeras divindades e outros seres sobrenaturais, o que se nos oferece dizer ou inquirir se, não seriam eles (Buda, Padmsambava e Milarepa), os eleitos dos tais seres vindos das estrelas?... E que, sobre estas montanhas sagradas, estas grutas endeusadas e estes rios beatificados, consagraram o bem instado na Terra, na oferta suprema de todas as coisas! Ou será presunção pensar-se tal...? Certamente que não.
Os Budas Cósmicos
Intuindo-se de que todos os deuses pertencem ao Mundo dos Fenómenos e estão portanto - à semelhança de todas as coisas - sujeitos à mudança, à morte e à reencarnação, sabe-se também que a verdade suprema é Imortal, Imutável, Absoluta e Eterna! Esta verdade suprema é conhecida como: «Adi Buda», ou «Buda Primordial».
Diz-se que a sua essência é «pura consciência» - a mesma consciência que reside no coração de todos os indivíduos. Por esta razão, pensa-se que toda a população possui um portão de acesso ao Adi Buda, à Verdade Suprema, dentro de si mesma. Confiamos que sim, esperando muito proximamente requisitar resultados...
A escola Nyingmapa descreve Adi Buda como sendo Samantabhadra (Inteiramente Auspicioso); para a ordem Kadampa, a realidade suprema é Vajra Sattva (Ser de Diamante); ao passo que a escola Gelugpa vê Adi Buda como Vajra Dhara (Detento do Diamante). Muito embora sejam entendidos como divindades, não são deuses competidores, mas sim aspectos ou abordagens, diferentes do Ser Supremo. Seriam deuses vindos dos céus...? Certamente!
Tanto Vajra Sattva como Vajra Dhara são representados a empunhar o diamante vajra - ou relâmpago (uma arma laser, atómica ou nuclear de elevada tecnologia?) - em símbolo de indestrutibilidade de Sunyata - o nome atribuído pelos budistas ao «estado final». Ou, na imperecível da realidade, que não se encontra intimamente ligado à existência. Ou seja, algo sobrenatural e supostamente sobre-humano, apenas consignado aos deuses do Cosmos!
(Dakini witn Nagas - Sera Monastery, em foto de Graig Lovell) sobre o poder do «Dakini» de todos os Budas; das ferozes deusas conhecidas no Tibete como Dakinis. Do Cosmos para a Terra e da Terra para o Cosmos (voando em idênticas Vimanas?), estas eternas deusas de altos conhecimentos, de altos ensinamentos mas também caridade, compaixão e entrega aos povos da Terra, dando-lhes a sorver poderes que jamais voltariam a ter...
As Ferozes Dakinis
Existe uma velha crença no Tibete de que todas as mulheres que adquirem poderes sobrenaturais se transformam em ferozes deusas conhecidas como: Dakinis. Esta crença encontra-se bem ilustrada na história de Ghantapa, um grande adepto (mahasiddha) que é muito admirado no Tibete.
Residiu na Universidade Monástica de Nalanda durante o século IX EC, e tomou a filha de um cortesão local como sua companheira e consorte ritual. No entanto, uma vez que os monges estão obrigados ao voto do celibato, estas atitudes causaram um grande escândalo público. Quando confrontado com esta aparente violação das regras monásticas, Ghantapa e a sua consorte elevaram-se no ar, transformando-se nas divindades Chakra Samvara e Vajra Dakini.
Indissolúvel a questão que permanece no ar: Quem seriam estes dois seres que se elevaram então? Seres das estrelas? Seres sobrenaturais que hoje se chamam de extraterrestres? A questão é pertinente sem dúvida, mas ainda assim merece uma resposta plausível. Vulgares seres humanos é que não seriam certamente...
Estatueta/escultura representando a deusa Vajra Dakini ou Vajra Varahi, uma Dakini do Tibete, nos Himalaias. Poderes sobrenaturais, mulheres da Terra que se transformam em deusas...?! E que mais se poderá aludir que não seja, o terem-se dado de conhecimentos e ensinamentos dos deuses e com «eles» terem subido aos céus, depois de infernizarem na Terra, os seus múltiplos e estranhos dotes estelares?! Que mulheres eram estas? De onde vieram e para onde foram???
As Viajantes Etéreas...
Conhecidas no Tibete como Khagro-ma («viajantes etéreas»), as ferozes Dakinis são muitas vezes mencionadas na literatura da ordem Nyingmapa, que narra a maneira como elas eram capazes de voar pelos céus como anjos, transportando sábios através de longas distâncias.
Enquanto Consortes, ou «Companheiras de Sabedoria» - dos Budas ou Supremos - as Dakinis possuíam um conhecimento íntimo e, imediato, sobre os mantras especiais, as práticas de Ioga e os Ritos Esotéricos. Por esta razão, os grandes adeptos aproximavam-se das Dakinis para aprenderem as técnicas secretas e os rituais que lhes poderiam proporcionar ou granjear percepções sobre-humanas e poderes incríveis, só comuns de facto aos deuses!
Vajra Dakini, também conhecida como Vajra Varahi, foi considerada como sendo especialmente acessível, uma vez que era famosa pela sua compaixão maternal e altruísmo. A própria Vajra Dakini encarna na figura da abadessa de Samding, a encarnação feminina mais venerada do Tibete! As ruínas do Mosteiro de Samding erguem-se nas margens do lago Yamdrok, a leste de Gyantse.
Concluindo: estas formosas e não tão ferozes assim Dakinis, viajantes entre o Céu e a Terra, que é como quem diz, entre o planeta Terra e algures no Cosmos como viajantes interestelares (já na época citada) foram, exemplarmente, as propulsoras de todos os conhecimentos, de todas as sapiências e alquimias estelares na Terra. Abençoadas sejam por isso!
A Morte no Budismo: não é um fim, antes um início para outro começo, outra entrada num outro mundo. O Livro Tibetano dos Mortos explica-o. Compreendendo-o ou não, e não enjeitando a meditação, a introspecção e mesmo a reflexão sobre o que fazemos na vida de bom ou de mau, guiar-nos-à para esse outro caminho fora da Terra; ou seja, como num livro aberto, longe de tudo o que conhecemos até aqui.
O Caminho das Almas
No Budismo, a morte não se limita de facto a ser um fim; a ter um abrupto ponto final sobre todas as coisas. A Morte para os Budistas não passa de uma simples passagem para uma nova reencarnação como é sabido por todos os entendidos ou os que estudam estas matérias; inclusive psiquiatras que têm na sua especialidade o tema e as práticas usuais das sessões por hipnose em que se faz a regressão a vidas passadas dos seus clientes/utentes. Daí que seja natural a abordagem desta temática mesmo por parte dos actuais médicos nesta área.
Tal como Buda um dia o encetou, todos nós o podemos fazer intervir; ou para todos aqueles que para tal se sintam suficientemente preparados - para completar a já mencionada Libertação.
O período que se segue à morte do corpo físico é referido como sendo um «estado intermédio» (bardo, em tibetano) e é descrito numa série de fontes, sendo a mais famosa de todas a que data de cerca do século XIV e que, é conhecida no Ocidente, pelo título utilizado pelos primeiros tradutores: «O Livro Tibetano dos Mortos».
Para os Budistas Tibetanos, a Morte e o Bardo, proporcionam uma oportunidade excelente de expulsar as ilusões engastadas no corpo físico (e por vezes libertação da dor física), assim como de ficar frente a frente com a Realidade! Seja ela qual for...
O Budismo Vajrayana recriou o «bardo» através dos rituais e das técnicas mentais que imitavam a experiência da morte. Fazia-se isto a fim de preparar os indivíduos para o inevitável confronto - ou passagem - e para lhes permitir assim reflectirem sobre a vida com muito mais clareza.
Esta Realidade é conhecida como a «Natureza do Buda». Encontra-se latente em todos os indivíduos e manifesta-se na forma das Divindades Pacíficas - e furiosas! - que se acredita residirem na mente e no coração.
Nos dias que se seguem à morte, à medida que o Falso Universo de um indivíduo desmorona, essas divindades aparecem numa sucessão de poderosas visões. No caso de se ser cristão-católico será Jesus, se for judeu, será Moisés porventura, e no caso dos islamitas, será Maomé e por aí fora. A figura amena e libertadora será aquela com que nos identificaremos mais.
A Morte/Vida ou, a entrada no Cosmos, nessa outra dimensão para a qual todos nós entraremos um dia, e que sentiremos, estou em crer, que será a triunfal porta de entrada para outros mundos, outras dimensões ou outras vibrações de tantas outras cores e emoções; basta deixarmo-nos ir... basta contemplar o que vem ter connosco, sabendo que do Cosmos ao Cosmos (em tantos outros planetas existentes nele), ou entre Deus e o Universo só estamos nós... e outras muitas biliões, triliões ou tanto mais de almas por ali...
A Morte: apenas uma viragem de página...
Muitas pessoas - população em geral e por todo o globo, e mesmo sem qualquer referência religiosa - aquando se deparam com o estado de quase-morte, ficam aterradas pelo que vêem surgir de dentro de si, ou não, encontrando a paz e a harmonia jamais sentidas. Nas experiências havidas de retorno à vida, são muitos os testemunhos de uma tranquilidade sem limites e uma vontade inquestionável de aí permanecerem sem querer voltar.
No entanto, no Código Budista, legitima-se esse certo terror inicial no que é comum a todas as pessoas esse sentimento de fragilidade mas também alguma vulnerabilidade (lembrem-se que estamos a falar somente da parte cognitiva e emocional, sem haver a parte física, logicamente), elas tendem a fugir em direcção às coisas que lhes são familiares e que as fazem sentir bem - ligações que, inevitavelmente, as conduzem ao Renascimento!
Ainda segundo o Budismo, as Almas Boas e Virtuosas, podem mesmo renascer no Céu e o mal poderá acabar por ir parar ao Inferno. Note-se que, neste caso, existe mesmo o Inferno! Convém então não prevaricar, acreditamos.
Nenhum destes Outros Mundos (supostamente coesos e imbuídos de muitas outras almas!) é permanente e, a Reencarnação, é considerada como sendo inevitável e incontornável.
No entanto, os Puros e os Heróicos, são capazes de ver para além das aparências e, procurando refúgio junto do Buda, alcançam uma libertação completa dos laços que os unem à existência condicionada.
Sendo irreversível o processo da Morte, assim como o da Vida (a não ser em casos extremos ou pontualmente de interrupção, divina ou não) o processo é mesmo imparável mas, inegavelmente também, uma sugestão optimista de se estar continuamente a criar vida, a gerar algo mais do que uma só vida. Aqui também, existe um ciclo interminável até se atingir a perfeição...
Havendo a percepção e, sensibilidade de se possuir uma Alma, então o caminho é esse, no que é de facto mirabolante e tão estrondoso (ou fantástico!) quanto o das estrelas no céu que nos guiam e nos identificam como parte de si. Na Terra ou algures no Cosmos, seremos sempre parte integrante desse todo. Esse Todo que é Tudo do Uno, é mesmo uma parte de nós, e isso, ninguém nos tira!
Só temos de acreditar e, desejar, que assim seja. Entre o Cosmos e o Divino, Deus e o Universo, ou, essa idêntica e pujante força do Uno que se encarrega de nos dar sabedoria e inteligência, raciocínio e assimilação para saber o que fazemos no mundo (seja ele que mundo for...) então, o caminho está traçado, possivelmente há muito.
Seja na Terra ou por aí... nesse tão vasto e maravilhoso Cosmos que é de todos nós, a nossa alma irradiará em maravilhoso arco-íris; mesmo que Deus não seja Deus e o Universo outros Universos... Brevemente o saberemos...
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