Doença de Alzheimer (desenvolvimento da demência): o mais recente e amplo estudo sobre a demência e as proteínas plasmáticas que, tentando desnudar um pouco mais a intrincada biologia demencial, descobriu que o desenvolvimento desta doença está directamente relacionada e, associada, a níveis anormais de dezenas de proteínas no sangue que se revelam cinco anos antes do diagnóstico.
Prevendo a Alzheimer
A doença de Alzheimer (a forma mais comum de demência) sendo um tipo de doença que provoca indefectivelmente uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas, é uma das doenças que mais aflige e preocupa o contemporâneo ser humano não só pela evidente perda de faculdades como a memória, atenção, concentração, linguagem, pensamento, etc., como pela evidente limitação e debilidade a que ele fica submetido a partir daí.
Nesta óbvia e consequente deterioração verificada existem alterações comportamentais, tanto na personalidade como na capacidade funcional do ser humano ou da pessoa visada, pelo que lhe irá indubitavelmente dificultar a realização das suas actividades quotidianas.
Em relação á Doença de Alzheimer existem dois tipos: A Doença de Alzheimer Esporádica e a Doença de Alzheimer Familiar.
A Doença de Alzheimer Esporádica pode afectar adultos de qualquer idade, embora ocorra habitualmente após os 65 anos de idade.
Até ao momento não existem dados concretos que resumam existir hereditariedade da Doença de Alzheimer Esporádica, de início tardio. Contudo, é possível que algumas pessoas possam herdar uma maior ou menor probabilidade para desenvolverem a doença numa idade avançada. Como se deduz, algo de muito incapacitante e mesmo frustrante.
(O ApoE14 é o único gene associado a um ligeiro aumento do risco de desenvolver doença de Alzheimer, de início tardio. Todavia, e segundo dados estatísticos, metade das pessoas portadoras deste gene e que vivem uma longevidade segura, perto aproximadamente dos 85 anos, não desenvolve demência nesta idade.)
A Doença de Alzheimer Familiar (uma forma menos comum), é uma doença que é transmitida de uma geração para outra. Se um dos progenitores tem um gene mutado, cada filho por sua vez terá 50% de probabilidade de herdá-lo. A presença deste gene significa a possibilidade da pessoa desenvolver a doença de Alzheimer, normalmente entre a faixa etária que vai dos 40 aos 60 anos. Felizmente este tipo de doença de Alzheimer afecta um número muito reduzido de pessoas.
Em Termos Neuropatológicos, a Doença de Alzheimer caracteriza-se pela morte neuronal em determinadas partes do cérebro com algumas causas ainda por determinar ou mesmo identificar. Daí que seja urgente um maior conhecimento sobre esta doença ou, o que provoca o desenvolvimento da demência no ser humano.
É do conhecimento geral que os investigadores não cessam a sua actividade neste domínio, sendo assíduos e persistentes na busca de encontrar muitos outros factores de risco - muitos outros arautos de Alzheimer - sejam eles genéticos, ambientais ou outros, que possam tornar o desenvolvimento da doença de Alzheimer mais ou menos provável.
Foi o que fizeram os investigadores da Escola de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins (Baltimore, Maryland, nos EUA) em revelação ao mundo de mais uma notável descoberta.
Podendo contudo ainda não ser a tal descoberta «Eureka» na total abordagem ao combate à doença de Alzheimer, será sem dúvida alguma, uma das mais proeminentes e determinantes vias para se poder prever de futuro não só a doença em si mas, essencialmente, quais os tratamentos a seguir.
E sim, há que admitir, que até ao momento é de facto a descoberta mais abrangente «A análise mais abrangente até ao momento, pelo que lança luz sobre as várias vias biológicas conectadas ao Alzheimer», segundo expressa e, pelas próprias palavras, o autor sénior do estudo, o brilhante Dr. Josef Coresh - MD, Ph.D, professor de epidemiologia da Johns Hopkins University Bloomberg School of Public Health.
Estando hoje exactamente identificadas as proteínas que conduzem - e sequencialmente predizem - com toda a probabilidade científica ou biológica de existir num futuro próximo esse quadro clínico de demência ou o risco de se contrair Alzheimer, os cientistas admitem estar optimistas quanto à criação e motivação para se atingirem novos alvos em face às Terapias de Prevenção.
Em síntese, poder-se-á apenas acrescentar que, o que os investigadores e estudiosos da Escola de Saúde Pública Bloomberg da Universidade Johns Hopkins autenticaram foi que, o desenvolvimento de demência no final da vida do ser humano, está de facto associado a níveis anormais de dezenas de proteínas no sangue num previsto registo de cinco anos.
Uma vez que a maioria destas proteínas não era ainda conhecida ou correlacionada à demência, não havia até aqui uma terapia eficaz nesse sentido; actualmente e, com a disponibilidade deste conhecimento, haverá certamente uma outra preocupação e, de certa forma afinação terapêutica, para se atingirem alvos precisos quanto a esta doença.
De acordo com os investigadores das instituições já referidas, os resultados são baseados em Novas Análises de Amostras de Sangue de mais de 10.000 pessoas de meia idade e idosos - amostras que foram recolhidas e armazenadas durante décadas em referencial de grande escala de vários outros estudos já realizados - que viriam deste modo complementar e, fazer-se integrar, neste outro estudo em continuidade.
Daí que as conclusões se tivessem enunciado muito positivas, pelo que os investigadores da Bloomberg School of Public Health afectas à Johns Hopkins University relacionaram níveis anormais de cerca de 38 proteínas no sangue que induziam a maiores riscos de se desenvolver Alzheimer em cinco anos.
Ou seja, estas 38 proteínas emanam uma maior incidência nesse sentido, sendo que destas 38 proteínas, 16 pareciam prever o risco de Alzheimer com duas décadas de antecedência. O que, em termos preventivos, poderá ser algo de muito proveitoso à classe médica em relação aos seus pacientes.
Segundo os investigadores realçam «Embora a maioria desses marcadores de risco possam ser apenas subprodutos incidentais do processo lento da doença que leva ao Alzheimer, a análise realizada apontou para altos níveis de uma proteína - a SVEP1 - como um provável contribuinte causal para o processo da doença».
(Em Registo: este estudo foi publicado na revista científica «Nature Aging» em 14 de Maio de 2021 com o título «A análise proteómica do plasma em grande escala identifica proteínas e vias associadas ao risco de demência»)
Sendo uma doença neurodegenerativa extremamente incapacitante, é natural que a comunidade científica se preocupe em estudar mais - e saber sempre mais! - para de futuro se poder minimizar essa incapacidade, essa degradação celular irreversível.
Um Cérebro que deixa de funcionar...
Cientificamente é-nos descrito que, à medida que as células cerebrais vão sofrendo uma redução, de tamanho e número, formam-se tranças neurofibrilhares no seu interior e placas senis, no espaço exterior existente entre elas. Esta situação vai assim impossibilitar a comunicação dentro do cérebro danificando as conexões existentes entre as células cerebrais. Estas acabam então por morrer, traduzindo-se numa incapacidade de recordar a informação.
O aparecimento de tranças fibrilhares e, placas senis, impossibilitam a comunicação entre as células nervosas, o que vai provocar desde logo alterações ao nível do funcionamento global da pessoa. De grosso modo é isto.
Para o cidadão comum nada mais é do que o desligar de uma ficha eléctrica, sem que se possa de novo retomar essa funcionalidade. Mas, o que a Ciência nos diz é sempre muito mais, pelo que os investigadores da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health evidenciaram na descoberta que fizeram, sobre as proteínas directamente relacionadas ou que influíam no processo do desenvolvimento de demência.
Daí que George W. Comstock - Professor do Departamento de Epidemiologia na Escola Bloomberg (Bloomberg School of Public Health) - tenha aferido de igual modo ao já pronunciado Dr. Josef Coresh:
"Algumas destas proteínas que descobrimos são apenas indicadores de que esta doença pode ocorrer, mas um subconjunto pode ser casualmente relevante, o que é empolgante! porque aumenta assim a possibilidade de direccionar essas proteínas em tratamentos futuros."
Estima-se que mais de 6 milhões de Americanos tenham Alzheimer. Presentemente. Sendo o tipo mais comum de demência, é igualmente uma condição fatal irreversível que leva de forma absolutamente impressionante à perda de função cognitiva e física.
Apesar de décadas e décadas de estudos intensivos e por demais aplicativos nesta área, não existem ainda hoje tratamentos completamente eficazes ou que possam retardar o processo da doença, muito menos interrompê-o ou revertê-lo, o que vem danificar também as expectativas de muitos cientistas que procuram desesperadamente por uma saída que não seja de insucesso.
Os Cientistas assumem então amplamente que, o melhor momento para tratar a doença de Alzheimer, será provavelmente aquele em que os sintomas ainda se não sentiram; ou seja, aquele em que os sintomas de demência ainda se não desenvolveram, portanto, antes que tal suceda.
Os Esforços Havidos por parte dos cientistas para se avaliar os riscos de Alzheimer foram muitos. Houve que fazer de início uma aprimorada avaliação das pessoas (antes de qualquer sintoma de Alzheimer ou do surgimento de qualquer demência), pelo que se concentraram principalmente nas duas características mais óbvias da Patologia Cerebral de Alzheimer: Aglomerados de Proteína Beta Amilóide - conhecida como placas e emaranhados de Proteína Tau.
Os Cientistas da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health demonstraram então que, as imagens cerebrais de placas e níveis de sangue ou líquido cefalorraquidiano de Beta ou Tau amilóide possuem um significativo valor na previsão de Alzheimer com anos de antecedência.
Todavia esta anotação científica, há que mencionar também que os Seres Humanos possuem dezenas de milhares de outras proteínas, todas elas distintas nas suas células e no sangue, pelo que, há que evidenciar com algum ênfase, as actuais técnicas para medir muitas delas - a partir de uma única e pequena amostra de sangue. Técnicas essas, que avançaram extraordinariamente nos últimos anos.
"Uma análise mais abrangente usando tais técnicas revelaria outros arautos de Alzheimer?..."Essa é de facto a pergunta ou, a grande questão, que o Dr. Coresh e os seus inestimáveis colegas buscaram responder neste novo estudo. Tê-lo-ão conseguido? Pensamos que sim!
Errar é humano; duvidar também! No entanto, acreditando algumas vezes que se pode estar no caminho certo, há que enfrentar e seguir em frente. Foi o que fizeram muitos cientistas ao longo dos tempos na exigente determinação de se encontrarem respostas para o desenvolvimento da demência. Os resultados estão à vista: Uma análise rigorosa que teve uma ajuda enorme e ainda mais requintada e preciosa de uma inovadora tecnologia.
SomaScan: a imprescindível técnica!
Todos reconhecemos que hoje em dia nada se faz sem o auxílio e o complemento das técnicas inovadoras, das mais altas tecnologias que se dizem agora avançadas e que, actualmente, possuímos e dispomos quase que milagrosamente em diversos sectores de actividade; e além disso, se disponibilizam em benefício de todos nós. Aqui, não foi excepção.
A Análise Inicial dos Investigadores de Maryland consistiu em cobrir amostras de sangue recolhidas durante os anos de 2011 e 2013 de mais de 4.800 participantes de meia idade no Estudo de Risco de Aterosclerose em Comunidades (ARIC) - um imenso estudo epidemiológico de factores de risco relacionados com as doenças cardíacas e, com a constante obtenção de resultados, que continuamente se foram observando numa funcional associação de quatro comunidades dos EUA desde o ano de 1985.
Investigadores que se assumem também como auxiliares ou colaboradores de uma Empresa de Tecnologia de Laboratório chamada «SomaLogic», usaram uma inovadora tecnologia - que recentemente desenvolveram e tem por nome «SomaScan» - para registar níveis de quase 5.000 proteínas distintas nas amostras ARIC armazenadas.
Os Investigadores analisaram então os resultados tendo encontrado cerca de 38 proteínas cujos níveis anormais foram significativamente associados «A um Risco Maior de Desenvolver Alzheimer» nos cinco anos após a recolha de sangue.
Neste processo, os estudiosos utilizaram assim o SomaScan para medir os níveis de proteína de mais de 11.000 amostras de sangue - recolhidas de participantes muito mais jovens (de uma faixa etária abaixo das já mencionadas) do ARIC entre 1993 - 1995.
Descobriram então que os níveis anormais de 16 das 38 proteínas previamente identificadas, foram associadas ao Desenvolvimento de Alzheimer nas quase duas décadas entre a recolha de sangue e, uma avaliação clínica de acompanhamento entre 2011 e 2013.
Para que se pudesse verificar estas descobertas numa população diferente de pacientes, os cientistas conferiram os resultados de um SomaScan anterior de amostras de sangue recolhidas entre 2002 e 2006 durante um estudo islandês.
Esse estudo tinha o propósito ou objectivo de testar as proteínas, o que prontamente realizou, incluíndo 13 das 16 proteínas identificadas nas análises ARIC. Dessas 13 proteínas, seis foram novamente associadas ao risco de Alzheimer ao longo de um período de acompanhamento de aproximadamente 10 anos.
Numa Outra Análise Estatística, os investigadores compararam as proteínas identificadas com os dados de estudos anteriores de ligações genéticas ao Alzheimer.
A comparação realizada sugere de forma absolutamente distinta que, uma das proteínas identificadas, a SVEP1, não é apenas um casual ou acidental marcador do risco de Alzheimer, mas, uma séria influente que está envolvida no desencadeamento ou mesmo na condução da doença.
Mas afinal quem é esta SVEP1...? Segundo os especialistas, a SVEP1 é uma proteína cujas funções normais permanecem um tanto misteriosas, embora num estudo publicado no início deste corrente ano (2021) ela tenha sido associada ao «espessamento da artéria» - a Aterosclerose - que está por detrás de ataques cardíacos e derrames.
Outras Proteínas Associadas ao Risco de Alzheimer no Novo Estudo incluíram também várias proteínas imunológicas essenciais - o que perfila a condição de Consistência e Muita Persistência de Estudos Realizados ao longo de várias décadas - décadas de grandes descobertas! - ligando a doença de Alzheimer à actividade imunológica anormalmente intensa no cérebro.
Os Investigadores deste Estudo planeiam continuar assim a utilizar estas inovadoras técnicas como a já elencada e mui referenciada aqui «tecnologia SomaScan», para de futuro se poderem analisar proteínas em amostras de sangue armazenadas (em estudos de longo prazo), para deste modo também se poder identificar as possíveis vias de desencadeamento da doença de Alzheimer - uma potencial estratégia para sugerir Novas Abordagens para os Tratamentos de Alzheimer.
Os Cientistas têm simultânea e igualmente estudado de como os Níveis de Proteína nas amostras ARIC estão ligados a outras doenças, como doenças vasculares (AVC`s, Aneurismas, ou todas aquelas relacionadas aos vasos sanguíneos), no cérebro, coração e rins.
O autor principal deste estudo, Keenan Walker, PhD - e que tem investigado ao longo do tempo esta temática, elaborando nesse trajecto um fiel trabalho seu de análise sobre o mesmo (enquanto professor da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e do Centro Welch para Prevenção, Epidemiologia e Pesquisa Clínica da Escola Bloomberg) foi e será sempre, admite-se, um persistente investigador que jamais desistirá desta causa.
Actualmente, é investigador do Programa de Pesquisa Intramural do National Institute on Aging (NIA) em Baltimore, Maryland. The National Institute on Aging faz parte do sector da US National Institutes of Health (NIH), localizada em Bethesda, Maryland, nos Estados Unidos.
O estudo publicado na Nature Aging (em 14 de Maio de 2021) com o título «A análise proteómica do plasma em grande escala identifica proteínas e vias associadas ao risco de demência» foi condignamente financiado por doações do National Institutes of Health (NIH).
Os seus exemplares autores são: Keenan A. Walker; Jingsha Chen; Jingning Zhang; Myriam Fornage; Yunju Yang; Linda Zhou; Morgan E. Grams; Adrienne Tin; Natalie Daya; Ron C. Hoogeveen; Aozhou Wu; Kevin J. Sullivan; Peter Ganz; Scott L. Zeger; Elias F. Gudmundsson; Valur Emilsson; Lenore J. Launer; Lori L. Jennings; Vilmundur Gudnason; Nilanjan Chatterjee; Rebecca F. Gottesman; Thomas H. Mosley; Eric Boerwinkle; Christie M. Ballantyne e Josef Coresh.
Nada mais a dizer que não seja o dever intuído e, instituído certamente, de gratidão e aplauso por toda a devota pesquisa e sublimação com que estes cientistas se entregam todos os dias, todos os meses e anos, muitos e muitos anos, dedicados a uma causa maior: O conhecimento de todos os arautos que se pronunciam em nós!
Entretanto, novas tecnologias sobrepõem-se. À ignorância ou mesmo à opacidade que até aqui vivemos no obscurantismo do que não conhecíamos. Do que não entendíamos, sobre a doença de Alzheimer ou todas as outras que, desenvolvendo demência, nos prejudicam, fragilizando e degradando tudo aquilo que nos faz ser felizes e úteis não só à sociedade mas a nós próprios.
Conhecer as tormentas para depois compôr ou repôr as faculdades perdidas é tudo o que desejamos, mesmo que para isso tenhamos de subir a outros céus, a outros pensamentos, que nos digam quais os arautos pelos quais nos regemos. Os bons e os maus.
Os da bonança ou da intemperança, pois que só pela compreensão se ascenderá à evolução. Na saúde e na doença, na felicidade ou infelicidade de muitos outros arautos. Há apenas que os conhecer para depois os banir - ou confluir em nós - como bem ou mal os querermos... como bem ou mal os havermos em nós, e nada mais. Apenas isso!
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