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terça-feira, 19 de setembro de 2017

Portais Mágicos (III)

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Dólmen/Orca/Arca em solo português (Península Ibérica). Dólmen da Arcainha (Lageosa do Dão, Oliveira do Hospital, Portugal). Pedras Mágicas no horizonte, Arcas Sagradas na paisagem ou Dólmens que são almas vivas na Terra, em particular sob terras portuguesas, no esplendor de energia e matéria, luz e transporte para outras dimensões...

"Desejo ser um criador de Mitos, que é o mistério mais alto que pode obrar alguém da Humanidade!"
                                           Mensagem, de Fernando Pessoa (1888-1935)

Portais mágicos ou janelas do tempo? Câmaras fúnebres, estruturas pétreas tumulares (tumulus e cairns) ou simplesmente a porta de entrada para um outro mundo, uma outra realidade?...

Estará sepultado numa das Arcas Portuguesas - arcas sagradas desde sempre - o conhecimento sobre «A Origem do Homem», que, muitos defendem e impulsionam ter sido implantada e, implementada na Terra, pelos seres inteligentes do Universo em panspermia intencionalmente ramificada sobre o nosso planeta...?

Se Francis Crick - o famoso biólogo molecular inglês - assim o asseverou aquando a sua fantástica descoberta sobre a estrutura do ADN, em 1953, e o propagou desde então como referência máxima e mesmo requerimento estelar de que a vida biológica terrestre teve influência e origem interestelar (por mão própria do que então no nosso planeta induziram e fizeram disseminar, sobre as terras e mares do planeta). Por que então não se averigua em maior profundidade, propriedade e incidentes pesquisas, os poderes paranormais, extra-sensoriais ou mesmo xamânicos aí efectivos?

Para além da vida orgânica instituída (microbiológica e não só, no fundo, vida tal como a conhecemos), possuindo corpo mas também consciência - que ainda hoje, neurocirurgiões e demais homens da ciência não sabem explicar - por que não investigar, além o que o nosso cérebro identifica e o coração nos manda...? Ou, neste caso, o que as pedras nos dizem, dessa sua outra consciência (espiritual?) que homens e mulheres deste planeta (alguns deles) sentem como sua, sentem como parte de si nas pedras de Portais Mágicos envolta de si...?

E tanto que tentam fazer passar a mensagem sem filtros ou selecção de maior que não seja, o ouvirem-se os ventos da misericórdia que não os da discórdia de muitos afirmarem: «As Pedras não Sentem!» Pois estão errados, há muitas que choram, riem e até parem outras; e lamentam-se sim, mas da triste sorte ou má-condição de terem calhado num planeta que as não compreende, as não vê com outros olhos... outra mais lata consciência que não necessita de visão...

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A Porta do Sol, de Tiwanaku ou Tiauanaco, no território da actual Bolívia (América do Sul), e que, nos deixa perplexos ante a sua magnitude, imposição territorial - mas também estelar - na sua estóica e célebre porta virada ao Sol.

Soberba, magnânima e tão altiva quanto deificada por entre os seus 2 metros e 75 centímetros de altura, por 3 metros e 84 centímetros, com espessura de meio metro, dizem os especialistas. E nós, cidadãos comuns, que diremos nós desta Porta do Sol que se abre tal como os nossos mais megalíticos monumentos entre o Céu e a Terra?!

Absurdo! (dizem os historiadores) Será...?
Poder-se-à comparar ao incomparável, ou seja, que equivalência poderá ter esta majestosa e muito provavelmente arquitectura estelar que historicamente a compomos como cultura pré-colombiana - na Terra - (e que, segundo Maurice Chatelain, a sua construção data de há 27.000 a. C.) e, poder ser, alvo da mesma determinação e distinção dos monumentos megalíticos existentes por todo o globo terrestre? Os Arqueólogos e investigadores dizem que não; mas haverá absolutas certezas disso???

Constituída por um imponente bloco de andesita e pesando aproximadamente 13 toneladas, que serviria de porta de entrada (fazendo parte de uma maior edificação, afirma-se hoje), no que poderia eventualmente ter-se localizado sobre a pirâmide de Akapana.

Erigida através de alta tecnologia (supõe-se, uma vez que o corte é pronunciável de lâminas rigorosas, em laser ou em engenharia de corte altamente tecnológico), será esta mega-estrutura arquitectónica, um dos muitos fiéis exemplos, à semelhança das nossas antas ancestrais, a igual reprodução de Portais Mágicos, portais estelares para o Universo...?

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Pedras Mágicas ou mesas de gigantes, aqueles mesmos gigantes mitológicos - ou reais? - que percorreram a Antiguidade até terem sido expulsos ou extintos não só pela fértil imaginação dos contadores de histórias, como, pela adversidade de outros tempos que lhes ditou o fim sem recurso final?! Que contarão estas Pedras Mágicas de si???

Pedras que escondem a verdade...
Pedras Mágicas no horizonte, Arcas/Orcas Sagradas na paisagem ou Dólmens que são almas vivas nas muitas designações a todas elas prestadas, e que nos faz interrogar para onde nos levarão então estas pedras, estas mágicas ou sagradas pedras do infinito?

Pedras eleitas no tempo e no espaço que ainda não conhecemos, incrustadas na cosmovisão dos terrestres mas, alheadas por estes, das suas muitas propriedades que não são da Terra nem do Espaço mas, de outros mundos, outros espaços, ainda por conhecer.

Pedras Mágicas (ou portais estelares, presumivelmente), que nos foram deixadas na Terra para que assomássemos a uma outra presciência, a uma outra beneficência que não as de terrena condição e, sujeição, para que mais tarde soubéssemos que, também nós, humanos, poderíamos escalar a grande escadaria universal de todos os nomes, de todas as designações - planetárias e estelares - numa indómita magia que o não é!!!

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Galáxias das Antenas (localizadas a cerca de 62 milhões de anos-luz, da Terra): Uma das mais maravilhosas imagens da NASA/JPL (captada em 2010, pelo Observatório de raio-X, Chandra, a azul, do telescópio espacial Hubble, a ouro e castanho, e do telescópio espacial Spitzer, a vermelho), numa invulgar mas admirável colisão entre estas duas galáxias.

A imagem da NASA/JPL revela-nos duas Galáxias«abraçadas», emaranhadas entre si, numa fabulosa visão cósmica que nos mostra enormes nuvens de gás e, interestelar, que foram injectados (com depósitos ricos dos elementos) de explosões de supernova.

Em busca do Cosmos perdido...
Fernando Pessoa, um dos nossos mais ilustres, dignos e universais (supostamente) escritor, poeta, astrólogo e visionário português que até conseguiu fazer um mapa astral de quando seria a sua morte, ilustrou-nos através da sua poesia, dos seus escritos e do que nos deixou em imenso espólio literário, a sua incessante corrida ao conhecimento cósmico e, espiritual, na busca ao Quinto Império que ele admitiu tratar-se de: «A máxima Essência em ocorrência futura de toda a Espiritualidade».

E se não tivéssemos nós as já alencadas Arcas Sagradas na Paisagem Portuguesa que determinam a correlação entre o Cosmos e o Divino, o entendível e o não tangível pelo ser humano actual, que dizer dos dias 13 (número sagrado do Homem de Neandertal) e que, se fez vingar e expandir pelo divino, pela oração cristã em terras idas de Santa Maria - em início do nosso condado portucalense e por nome, honra e reino do nosso primeiro Rei de Portugal - e depois, santificado, aquando as Aparições de Fátima (Ourém, Leiria, Portugal)...?!

13: O Número Divino. E isto, por vias de três pastorinhos que viram a radiante e luminosa Senhora (Nossa Senhora) em profecias políticas de maior ordenamento geo-estratégico (ainda que fragmentado, pela divisão da União Soviética), o fim da Primeira Grande Guerra e o aviso de uma Segunda ou Terceira Guerras, caso o Homem não tomasse tento e aviso desta sublime e celestial mensagem, além da «exigência» de divulgação e disseminação da palavra do Senhor, em oração e reza pelos sete cantos do mundo, em união, convénio e congregação de todas as Religiões do Mundo.

Para aquelas três crianças da época (Lúcia, Francisco e Jacinta) não foi tarefa fácil, o ver-se o divino ou o estelar (na projecção holográfica para os mais cépticos) mas, de irreversível mudança destes novos tempos em que o Mito, o Imaginário ou o Ilusório (além do simbólico, da leitura académica  e da objectividade histórica) nem sempre virem de mãos dadas ou se arrevesarem de todas as certezas...

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Dólmen de Matança ou Orca de Corgas da Matança. (Matança, Fornos de Algodres), Portugal. A sua construção remonta ao final do neolítico (2900 a. C.-2640 a. C.) Apresenta uma câmara funerária de 9 esteios, nos quais se vêem representadas algumas pressupostas gravuras, sem exibir mamoa.

Dólmens que são almas vivas...
Do Megalitismo Dolménico ao mais incrementado poder xamânico, instituídos e consumados (e por vezes enfatizados!) nas arcas sagradas dos deuses, a importância e a beleza do que se distingue na paisagem destes Locais Sagrados, destes Portais Mágicos - divinos ou estelares - evocando o espírito da Terra. E quando tão profundamente o vivemos, que pronunciar do que está para além do próprio Além que muito poucos compreendem e quase nenhuns experimentam...?!

Dólmen é uma palavra da cultura megalítica de origem bretã que designa «túmulo» (em bretão, dol-men significa «mesa de pedra»). Assemelhando-se a gigantescas mesas (os franceses chamam-lhe «Table des Marchands», a «Mesa dos Comerciantes»), são exibidas como pedras de grandes dimensões que chegam, em muitos casos, a medir 21 metros de altura.

Para os Míticos, nossos contemporâneos, estas pedras antigas exortam e, confluem, os poderes cósmicos com as energias da Terra, criando centros de forças universais cujos efeitos se fazem sentir de modo tanto positivo quanto negativo, na diferenciação energética assistida ou havida por parte de quem aí se envolve - em magia ou em cumprimento - de uma força celestial maior, seja em poder xamânico ou não. Muito poucos o sentem; alguns, o testemunham, como mais adiante se poderá evidenciar.

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Anta de Pêra do Moço (Guarda, Portugal). A urgência de medidas rápidas a tomar, para que se não perca a originalidade destes magníficos exemplares megalíticos portugueses, no que pelo esventre, vandalismo e pura ignorância histórica, se faz perder todo o espólio físico destas antas/arcas secretas.

Servindo muitas vezes de refúgio pastorício, quebram-se elos e o rigor arqueológico que, sofrível ou não no que expõem, ficam para sempre devassadas. Clama-se então urgência estatal e rectificada para o efeito, ou quem perde somos todos nós, no arquivo geo-arqueológico existente no terreno destas belezas que têm alma, acredito.

Pedras Mágicas no Horizonte...
Seria comum falar-se de «simples» Pedras Mágicas que perduraram no tempo; mais simples ainda, relatar o que tantos apregoam de um culto sepulcral dos nossos antepassados. Mas, sabe-se - ou intui-se - que de entre o Mundos dos Vivos e o Mundo dos Mortos a fronteira é ténue ou mesmo inexistente, para quem infere aliás, de que as Câmaras Dolménicas ou Arcas Sacrossantas de Mito, se não traduz somente - única e exclusivamente -  em lugares de culto, sepultamento, oração e pensamento.

Não desvendadas ainda ou, «apenas», sugeridas mas não incitadas em maior esclarecimento, outras espiritualidades se reconhecem dessas outras proximidades ao Além e ao Cosmos presente. Mas mais há também e certamente...

Sensivelmente e cronologicamente também há 4.500 anos (4.500 a. C.-2.500 a. C.), que assim é ou foi, no megalitismo vigente (do grego «meta» = grande pedra «lithos»), num conjunto de testemunhos de aparência homogénea (em termos de estrutura ideotécnica), mas nem sempre contemporâneos ou culturalmente identificáveis entre si. Sendo um fenómeno arquetipal, de incontestáveis manifestações arquitectónicas megalíticas, não serão só e apenas o resultado da construção dessas grandes pedras; sabêmo-lo por pura intuição.

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Casa do Penedo (Fafe, Guimarães), em Portugal, obviamente! Mais, muito mais do que uma simples casa de pedra em fenómeno geofísico natural, geológico, morfológico e enquadrado geograficamente na perfeição ecológica que lhe é devida, esta singular casa de habitação e conforto, traduz uma nova mentalidade de coabitação também com a própria Natureza.

Pedras Mágicas ou outras mentalidades...
Mais questionável será, deste modo, o que estas ainda nos escondem, essas tais míticas Pedras Mágicas no Horizonte, indestrutíveis no tempo, indeléveis na memória e no que em si reportam de um conhecimento que consigo transportam. Vivê-lo, é estar próximo dessa outra realidade que, Lucien Boia, criterioso investigador na área das Ciências Humanas nos professa, em tom absolutamente incisivo quanto a muitas destas hoje pertinentes questões:

«Face à configuração de algum modo abstracta das mentalidades, o imaginário supõe uma colecção de «imagens sensíveis». Afirma-se como uma «outra realidade», imbricada na realidade tangível, mas não menos real do que esta. (...)  Tratar dos Mitos, identificando-os com objectos e lugares - lugares míticos, mais ou menos carregados, mais ou menos «activos», mas sempre altamente significantes do ponto de vista religioso, simbólico, mágico e mítico». Boia, especifica e vai mais além nessa sua concepção existente nos Lugares Mágicos e Míticos em toda a sua vertente:

« É uma construção imaginária: narrativa, representação ou ideia, procurando captar as essências dos fenómenos cósmicos e sociais,  em função de valores intrínsecos à comunidade e, com a finalidade de assegurar a coesa desta».

O que Boia nos refere é que, Lugares Mágicos, Lugares Míticos, lugares onde se condensam infinidades de histórias - espaços de História ou de estórias/lendas - sítios onde o sagrado, o divino ou o estelar se esconderam (ou se escolheu assim manifestar), sob lugares secretos, de ocultação e sombra (onde apenas se vê o brilho interrupto de uma chama bruxuleante) e, algumas vezes, ao invés disso, impressionantes lugares que exultam um brilho intenso!

Descobrir e descrever esses lugares, relatar-lhes os sentidos objectivos que consigo transportam, dá-los a ler, a conhecer e possivelmente a interiorizar (o que por vezes é bem mais difícil e raro nos intervenientes desta sabedoria), é o que de facto tem suma relevância: Iluminar a Paisagem, iluminar a Alma! Se o conseguimos ou não, isso, já é uma outra história...

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Anta do Monte da Ordem ou da Herdade da Ordem (Avis, Alentejo), Portugal. A idêntica realidade que liga o norte ao sul de Portugal, na arqueotopografia perfeita no pacto sagrado entre o Homem e o território. E que pacto será este que ainda hoje nos mantém reféns em si, do tanto que ainda desconhecemos...?!

Tal como Arcas do Enxoval...
Orcas (termo beirão) ou arca sagrada, de enxoval e espólio nubente subjacentes, estas arcas portuguesas lembram-nos as relíquias do passado, as arcas dos sótãos (onde tudo se guarda para mais tarde recordar...) até, ao desencadeamento de mistérios, e de enigmas e de lendas, sobre «mouras encantadas» que mais a sul se vislumbram nas planícies alentejanas de outras tantas lembranças...

Antas: estruturas constituídas por grandes pedras aproveitadas - ou afeiçoadas - configurando uma câmara circular ou subcircular,, à qual se acede por um corredor mais baixo. Encontram-se geralmente enterradas debaixo de colinas de terra (tumulus) ou de pedra (cairns).

Na sua globalidade, segundo Paulo Pereira, especialista neste assunto, trata-se de manifestações com um destino funcional concreto: o do enterramento colectivo, mas certamente também - e segundo as suas palavras - para cultos e rituais hoje difíceis de reconstituir.

A Variedade das Antas - apesar de uma certa unidade de tais manifestações no território português por contraste com as variantes britânicas ou francesas - leva-nos a conceder a cada um dos monumentos existentes, uma «personalidade» própria, tão marcante é a sua morfologia, o seu perfil na paisagem. Paulo Pereira expõe assim:
« Cada Anta é um modelo de existência de uma espécie gigantesca e extinta de monumentos. E daí adoptar-se uma atitude de reconhecimento - de preferência e simpatia - para com um monumento, atendendo à sua «personalidade».

Em relação à imagem acima exposta, na Anta da herdade da Ordem (Ordem de Avis) é, como também é visível, de uma monumentalidade ímpar!

Descarnada do «tumulus» ou mamoa, parece-se com alguns dos mais célebres exemplos do Megalitismo Dolménico Bretão. Trata-se de um monumento de dimensões apreciáveis constituído por uma câmara com 6 esteios (originalmente 7) e, dotada de um longo corredor com cerca de 6 metros.

Esta Anta, deverá ter sido reutilizada já em Período Calcolítico por povos conhecedores da metalurgia do cobre, pelo que se pressupôs estarem incluídas nesta, vários recipientes cerâmicos de bordos carenados não decorados, placas de xisto e lâminas de cobre. Os Esteios, com cerca de 2,5 metros de altura, apresentam actualmente uma morfologia afilada, tocando apenas com a sua extremidade na espessa pedra da mesa que sobre eles assenta. Encontra-se integrada numa vasta acrópole que inclui mais 6 elementos do mesmo tipo.

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Xamãs e Xamanismo: a insólita ou talvez não relação, entre os que praticam e contactam o Mundo dos Espíritos, dentro e fora das antas; dentro e fora do que pode ser à priori suposto no mundo ocidental...

O Xamanismo: a prática do transe...
De origem Evenca - uma tribo siberiana - designa os operadores espirituais existentes nessa comunidade. Xamanismo corresponde assim, ao corpo de práticas e crenças que se encontram associadas à prática dos Xamãs.

São por conseguinte, práticas e actos de Xamãs ou, de todos aqueles que contactam o Mundo dos Espíritos através de estados alterados de consciência (ao serviço e ao benefício de outros), e que detêm o estatuto de Xamãs ou o seu equivalente, no seio das suas comunidades, em práticas enquadradas por estados alterados de consciência através de uma indução de transe, quer por meios estritamente físicos, quer por meio do consumo de drogas psicotrópicas - ou por uma dramaturgia própria assistida por música, cânticos e danças sem recurso a qualquer droga ou estupefaciente.

Médiuns, feiticeiros ou Profetas...?
Médicos, Sacerdotes, Místicos ou vulgo trabalhadores sociais praticam-no; mesmo nas sociedades modernas. Dos tempos da velha e antiga Agricultura até aos tempos modernos, ainda que confinado, esse xamanismo e essa prática sofreu um revés que pôs fim a um certo secretismo reinante e, sucedâneo, da pouca aceitação por parte da sociedade ocidental até há pouco. Mas tudo muda, e a vida  contemporânea que agora se exerce, contempla este vector de «viagens mediúnicas» por entre outras dimensões; ou nem tanto...

Recebido como dom, fatalismo ou simplesmente atendendo a um chamamento superior, não muitas vezes é negado ou rejeitado por se tratar de práticas algo perigosas a nível físico e psicológico.

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Uma «Porta do Sol» portuguesa que a Mãe-natureza nos presenteou. Mesmo que fora do contexto (ou talvez não...) esta preciosidade documental da Natureza no abraço de duas árvores sobre uma rodoviária, perfaz exactamente do que então a Geografia Sagrada se terá imposto; não só nas pedras mas também no horizonte em florestação e vegetação ímpares que nos contam que, o Homem, é apenas um passageiro do tempo...

Mas concluindo...
No contexto antigo do Pré-Histórico Europeu, assim como no das paisagens arcaicas do território português, este fenómeno foi expandido e até incentivado, numa sugestão de quase possessão, do introsamento ao extra-corporal, sendo muito comum a analogia do voo para o Céu ou o mergulho em regiões subterrâneas.

Contactando os Espíritos da Natureza, dos animais e até de antepassados ou seres humanos vivos, o Xamã, controla-os a todos mas não sendo possuído por eles. Foi assim que, ao longo dos tempos, se foi determinando uma espécie de Cartografia Mágica e uma Geografia Sagrada, com paralelismos na paisagem física e real, centrando a sua atenção em lugares específicos considerados «lugares de poder»; inventados ou não...
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Anta da Candeeira, serra d`Ossa (entre Estremoz e Redondo, no Alentejo, Portugal). Aqui representado na Anta, os «Buracos da Alma», ou esventres crepusculares que se abrem ante uma janela também da alma, janela cósmica, que olha as estrelas e observa toda a maravilha da arcaica paisagem e de um Céu sem limites.

Buracos de Alma olhando o Céu...
A Anta da Candeirra é um monumento megalítico do Neolítico que remonta à bela idade de 4000 a. C. - 3000 a. C., sendo que, tendo sempre presente a cosmogonia xamânica, não se poderá ficar indiferente ao que ela expõe no seu todo; talvez muito mais do que o observado de imediato...

«Trou des Morts» ou «Dalle-Hublot» em designação francesa, são assim os orifícios que se encontram nos esteios dos Dólmens ou Antas (quase todos) de factura recente.

Um dos casos mais conhecidos é o Buraco de Alma» patente no esteio de cabeceira de uma das antas da serra d`Ossa, - A Anta da Candeeira - célebre pelo facto de ter sido reproduzida em gravura em Portugal e em diversas publicações europeias.

Todavia, o orifício relativamente regular, foi produzido com toda a certeza por um instrumento de metal já depois de, a Anta, se encontrar descarnada do seu tumulus ou mamoa. Mas terá sido assim...? E sendo, em que época o foi ou que utensílios se usaram na determinada nesga dessa janela, desse esventre tumular que tantos segredos esconde?!

Sabe-se que as Antas ou Dólmens - por vezes - encerram compartimentos «secretos», como se se tratasse de câmaras falsas no seu interior, facto documentado em alguns Dólmens e galerias cobertas bretãs e do grupo megalítico Seine-Oise-Marne. Estes pequeníssimos compartimentos, meramente «simbólicos», eram geralmente preparados por detrás de orifícios ou espaços intersticiais entre os esteios, no fundo da câmara principal. Seriam, segundo os entendidos, como que «passagens» para os Mortos ou Espíritos, neste caso, em conformidade com a já referida e mencionada Cosmogonia Xamânica.

Se a Suméria se lhe juntasse (cosmogonia suméria) então, seria o perfeito cocktail molotov dos que defendem - uma e outra - como as indissociáveis e mui organizadas irmãs dos deuses estelares em estrepitante cosmos de um Universo ainda tão pouco entendido ou compreendido...

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Um abraço ao Céu; um abraço ao mundo desconhecido: há quem o tenha vivido, experimentado e presenciado numa actividade ímpar extra-corpórea e talvez extra-dimensional, após o que por intervenção divina ou estelar, todas as questões se tenham levantado...

Experiências que se não esquecem!
Descontextualizado ou não deste texto, há que ter em conta os efeitos que por vezes se traduzem sobre quem pesquisa, invecta ou reproduz nestes Locais Mágicos, locais sagrados, na perfídia de o contradizer ou na humildade (ou cobardia!) de o esconder; pela causa-efeito do ridículo ou simplesmente pelo que ninguém lhe creditaria.

Sem fazer juízos de valor mas expondo-se à situação então vivida, há que relatar sem contemporizar que tudo não tenha passado de simples imaginação, alucinação ou somente um tenaz e estranho contratempo de quem o assistiu e viveu na primeira pessoa. Imaginação ou não, quem o saberá...?

Começando então: "Era uma bela manhã de Outono. Raiava a madrugada sem que o Sol se tivesse ainda totalmente exposto sobre a planície. E depois aquele monte, aquela herdade de ninguém onde só as silvas cresciam em fiadas de existência morna e pacífica de um solo agonizante de gotas de água. Descobrir o meu país era um misto de ansiedade e sofreguidão em que me via inserida de conhecer mais e, ter assim a certeza, de não ser classificada - ou qualificada - como ignorante ou idiota, sem procurar mais, sem sair do ninho e do nicho em que me encontrava, sem paralelo, numa vida insípida e amorfa. Havia que apanhar ar; longe, tão longe quanto a minha disponibilidade financeira o permitisse em caminhada pedonal e vento na fronha, que é como quem diz, vento na cara, e esquecer o cheiro a urina, a bosta, e a passageiros pouco precavidos que se aliviaram por detrás das sebes por onde passei mas aguentei.

O meu guia caminhante não me seguiu. Estacou ao sinal de aproximadamente 200 metros do vislumbre da Anta, a minha tão desejada Anta que parecera ter esperado por mim a vida inteira. Mas quem não esperou foi o meu guia-pastor que aí me deixou, dizendo-me atabalhoadamente ter de se recolher, e dar pasto ao gado, sair dali, portanto. Disse-mo sem delongas como se fugisse do Inferno, como se as sombras da Anta atrás de si viessem; disse-me que eram pedras malditas, amaldiçoadas e profanadas através dos tempos, daqueles tempos que não conhecendo, a avó lhe alvitrara não serem de boa passagem nem de boa miragem, quanto mais de se pisarem por ali. E ele acatou.

Disse-me que tinha de ir dar de comer ao gado, ao seu gado dos medos interiores e eu aquiesci. Até porque, ele, este meu guia-caminhante já tanto me dera, não em explicação histórica mas em posição geográfica daquele lugar ensandecido, maldito em si mas não em mim, que só queria entrar nele, como caverna profunda que me dissesse que a origem do Homem ou a da Terra são apenas Um e eu, o seu pequeno espaço no meio de um não-espaço, ou tempo que me regesse ou encaminhasse também para fora dali... para fora deste mundo; penso que Deus ou alguém me terá ouvido, secretamente...

De lanterna em riste e o coração apertado, soltei um gemido abafado e mais não sei. Fui arrancada de mim. Ouvira falar em voos, em desmandos ou desassossegos, como os de Fernando Pessoa, em que ele dizia: «Haja ou não deuses, deles somos servos!» e eu assim acredito. Até porque, não acreditando, de nada me valeria. E, havendo pedras no caminho, guardo-as todas, um dia vou construir um castelo, pensando novamente em Pessoa, sentindo-me ele, sentindo-me trasladada para não sei onde e o não sei quê, no que às tantas, tal como ele, já não sei quantas almas tenho..."

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Imagem da NGC 300 em generosidade da NASA e do telescópio espacial Spitzer. Vida e Morte, junção e separação, confluência e dissecação de todas as estrelas do Universo, das suas galáxias que se unem e se entrelaçam e morrem por fim abraçadas, tal como o ser humano que não está talhado para viver só e só, ser posto de lado...

O Cosmos aqui tão perto...
"No meu relato, eu só vi estrelas. Se voei, não sei, mas sei que senti o cheiro de todas as liberdades e de todas as sensações, perfurando-me o corpo e a alma, de um corpo que já não tinha e de uma alma que comigo falava sem se acanhar, sem se amedrontar até com os meus dislates de pensamentos mais velozes, fugidios de mim mas eloquentes de todo o saber ou querer saber...

Subindo a núbia desintegração de mim ou a desambiguada condição de me transpor para outra dimensão, calcorreei os degraus do conhecimento e, estando sós e de novo com os meus pensamentos, assim me vi transportar (ou teletransportar, não sei...) para a mais mágica de todas as coisas, de mundos exóticos aos mais distópicos planetas, e estrelas mais brilhantes do que o Sol - uns maiores outros mais pequenos - mas nunca por nunca sem me filtrarem a visão, não flamejando esta, e o discernimento havido de se me toldar a mente em franca perdição cósmica do que nunca pensei observar.

Não sou toxicodependente nem alcoólatra; ou seja, não me drogo, não fumo e nem bebo, pelo menos a níveis excedíveis ou em imoderadas quantidades que me bloqueassem o juízo ou o raciocínio para o que então vivi. E se latejei em fraqueza é porque temi, o quê? não o sabia bem. Mas digo-vos: o mais tóxico que ingeri, naquela manhã, foi um queijo fresco de ovelha em derretimento maior que o degelo na Antárctida, em cima de um pão quente a cheirar a manhã, a cheirar a vida, que me soube pela vida também. Ah, e um leite de vaca que ainda cheirava à teta materna da dita e mais não foi, pois que empaturrar-me não estava nos desígnios de quem se ia fazer à estrada, fazer-se à Anta como eu...

Não sofro de qualquer tipo de patologia psiquiátrica e não sou nada dada a depressões, sejam de que tipo forem. Sou apenas uma mulher. Talvez metediça demais ou previdente de menos, para que não saiba ou tenha a percepção hoje, do perigo em que me vi incorrer; mas continuo... a minha mente não me deixa parar. Não morri, mas devia de andar lá perto...

«Ouço um Xamã que não sei onde está; procura por mim, chama o meu nome e eu simplesmente sigo-o na mais indigente condição da possessão em completa entrega, em completa rendição. Aqui, não temo e não sei porquê. Deixo-me levar. Sou toda luz e sou Tudo! E isso é tão bom...
À minha volta vejo animais a voarem, a nadarem, a saltitarem tais borboletas esvoaçantes como almas dançantes e eu, sem saber como, acompanho-os nessa cósmica dança sem solução de me ver neles presenciada e tão estimada como jamais na Terra fui. E amada, tão amada que nem vos sei dizer; se isto é morrer, não quero mais voltar...

E depois, ah, esse depois que tanto foi e tanto há-de ser, por Deus e pelo Universo ou por todos aqueles deuses que não conhecendo, me deram a crença e o fulgor, de serem como eu.
E as estrelas de tão belas serem, inomináveis e fosforescentes em luz transcendente que jamais vi na vida, de todas as cores e outras que nem sei descrever, e Deus me perdoe este pensamento que nem charro ou lamento me poderiam dar tamanha viagem, dando-me a certeza de estar a viver um sonho real, místico e não ausente, e talvez só pertença de alguns deuses maiores...»

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O Cosmos: as suas ondas gravitacionais aladas e aliadas (inseridas também na teoria de Albert Einstein) de toda a energia possível, são o resultado de um cataclismo cósmico tal como a colisão de dois Buracos Negros.

No futuro, será possível observar os choques cósmicos que deixam marcas não só de luz mas também de ondas gravíticas. Estaremos em risco ou só o sentiremos aquando todas as forças nos abandonarem por essas outras forças do Universo que tudo tomam e tudo integram e desintegram sem que o possamos tocar ou sequer visualizar...?

Prisioneira de ondas gravíticas...?
"Difícil é dizê-lo. Mas ainda mais descrevê-lo sem fugir à realidade do que me sucedeu sem que nenhum físico quântico, feiticeiro ou bruxo, me diga o que comigo aconteceu. Mas mais contarei. E, por um tempo que não medi e um espaço que não entendi (logo no imediato) me vi imiscuir no meio de maravilhosos enxames estelares e estonteantes êxodos de nebulosas nunca vistas (nem pela NASA, acrescentei em mim), em que me vi ser o embrião cósmico de um ser que nem eu conhecia...

Numa radiação interactiva de luz e matéria, eu fui onda e partícula, grão de areia e tanto mais que nem sei dizer, na postulação certa da unificação de todas as forças e de todos os Universos.
Dancei com as estrelas, valsei por entre a matéria negra, quântica, que nem entendo mas sei sentir. E, passando por pulsares intermitentes em toda a sua beleza dinâmica, como a própria expiração e inspiração universais do cosmos, eu vi-me luminosa e radiante, tal Senhora de Fátima, tal anjos do Céu, tal tudo menos a vã e paupérima terrena que eu era ou assim me sentira até aí.

Deambulei na astrometria perfeita - e extasiante - que me disse eu ser um grão de luz, um grão pensante e com alma adjacente. E eu acreditei. Afinal, eu era o Tudo do Universo e amei sê-lo.
Unificado no Todo que rege o cosmos (ou na sua tridimensional força que tudo toma, da super-força do Universo) fui sustentada, calibrada em todos os defeitos, em todos os maus pensamentos (se é que os há!?), rejubilando depois numa indescritível órbita elíptica sem precedentes na ainda desconhecida mecânica celeste em que tudo interage, tudo se movimenta e se cumprimenta, a uma só voz, a um só sentido, numa não-partidarização exuberante que me disse então:

«Bem-vinda, a quem vem por Bem de entre nós...!» Aí, acordei. Por entre ervas daninhas, formigas a violarem-me o espaço físico e corporal numa comichão imparável e doida e, um misto de deslumbramento e confusão, iluminação e aparvalhamento - vendo-me escarrapachada num montículo de pedras graníticas e um vento suão que não dava tréguas, acalorado e também estonteado como eu - vi-me assim, desnorteada e assaz despojada de tudo o que na Terra pensamos ser, de corpo e mente em saudável cumprimento.

E desta feita, em febril estado de compaixão, aturdida, evasiva, insegura e... fodida! (perdoem-me a verborreia) fui a mais perdida dos seres, terrenos e extraterrenos, não sabendo ainda muito bem o que fazer com tanto desbragamento mais de alma que de corpo, pois que esse, volátil entre os fortes e vulnerável de entre os mais fracos, acabou por tudo ultrapassar, mas a alma essa só me gritava: Estás louca, mulher! Desta é que foi! Internam-te e pronto!

E mais haveria de chegar e tentar explicar (sem o conseguir, ante as autoridades locais que já me procuravam há dias e eu sem dar cor de mim) e tudo ter ficado enevoado, tresmalhado como o cordeiro bíblico que se perdeu daquele rebanho coeso mas distraído de mim. O telemóvel morto (sem rede ou bateria há muito também) e eu, lastimada ou lastimável no seu todo, tentando elucidar todo aquele onírico plantel de sonho real, translúcido de tudo mas avesso a quem me interrogava do porquê de não ter avisado os familiares, as autoridades, e até o meu simpático mas mui medroso guia-pastor que me deixou ás portas de tal agonia ou àquela endemoninhada porta da Anta que fica para lá de onde Jesus perdeu os calções e os alentejanos aferem ser logo ali...».

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A Autoridade Clínica (neurológica e cognitiva) do pensamento e das ondas cerebrais que emitem todo o fluxo neuronal da inteligência, da memória, do sono - da vida, enfim! - que não se pode ou não deve sobrepor à qualidade de vida do utente, paciente ou quem de ajuda precisa sem ter de ser necessariamente cobaia...

Além, a da sequência sobre os fenómenos ocorridos e, vividos, por seres não extraordinários mas, de extraordinárias experiências que lhes mudará, por certo, a vida para sempre...

Experiências, ou vivências de espaço-tempo?
Do Vaticano às mais icónicas instituições laboratoriais e hospitalares de toda a comunidade científica, há que haver uma outra consciência de que, certos indivíduos, seres humanos na Terra, possam experienciar e ultimar outras e diversificas experiências que não como cobaias ou outras urgências de maior, em interesses dúbios e esconsos que em nada contribuirão para o resumir e assumir de outros fenómenos, físicos e psíquicos.

Num acervo meramente pessoal e de direitos humanos adquiridos por quem os vive e, tem por direito próprio, guardá-los para si e não ser vítima da opinião contrária, dos esgares e da maledicência conspícua (que os coloca em ridículo ou em total descrédito sobre a sua idoneidade), há que percorrer ainda um longo e árduo caminho de mentalidades. Mentalidades essas que, não o compreendendo, se infertilizam de outros conhecimentos, outras aferições extra-terrenas, extra-planetárias de uma outra capacidade ou, poderes ditos sobrenaturais, que entretanto venham a adquirir e a estimular sem que para isso o tivessem sugerido ou sequer incentivado.

Mesmo que a submissão clínica seja uma prerrogativa institucionalmente imposta (até para se conhecerem os detalhes do que a memória nos alcança), além os direitos individuais, nacionais e mundiais do indivíduo e seus direitos humanos não invertidos ou pervertidos por outrem (Estado, nação ou instituição), os homens e mulheres da Terra, têm sempre de ter a última palavra. Nem sempre é assim. Como neste caso:

Há coisas que não se explicam e, se por vezes sabemos o início e o fim, em Prefácio e Prólogo, esbatidos e esboroados no espaço e no tempo que os assiste, também sabemos que por vezes se podem inverter tal como os eixos da Terra. Aqui, não foi diferente.

Passaram cinco dias após o inicial relato daquela bela e leda manhã de Outono (por incrível que pareça teve início num 13 de Outubro...) que, só por curiosidade e certa sublimação de retórica, analogia ou incutida narrativa da autora, se traduz em «viagem no tempo», pois que deste período de tempo, em lapso ou hiato inexplicável como agora se diz, o que poderiam ter sido duas ou no máximo três horas de vagueante exposição ao sono ou ao sonho, sê-lo-iam de cinco longos e inexplicáveis dias. Cinco lamentáveis dias em que, não fosse o gato de estimação estar a ser cuidado pelos familiares, e enfezaria por certo de tanta inanição (por falta de alimento e carinho), tal o prolongamento temporal a que foi sujeito sem ter a dona por perto...

«Coisas que o Império tece», arroga-se dizer; se foi o Quinto Império de Fernando Pessoa ou não, nunca o chegaremos a saber... mas, como ele diria em sua máxima expressão literária sobre também estes enigmáticos Portais Mágicos que nos reflectem um não saber de quantas almas temos:

"(...) Atento ao que eu sou e vejo, torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo, É do que nascer e não meu. Sou minha própria paisagem, Assisto à minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. (...) Noto à margem do que li, O que julguei que senti, Releio e digo: Fui eu? Deus sabe, porque o escreveu.» -

Poesia de Pessoa, que aqui em prosa se desmistifica, no que outros, génios e não-génios, poetas ou homens e mulheres simples que também supostamente viveram sob a inconformidade do que sentiram, sonharam ou viveram, e infelizmente se infligiram, sem recurso a saída. E isto, por entre Antas, arcas sagradas no território, locais ou portais mágicos, portais estelares de muitas viagens - ou, simplesmente, entre os seus muito difusos pensamentos de que quando um Homem sonha, o mundo muda e avança! Como avança...!

É nisso que acredito por tudo o que os meus olhos vêem e já sentiram nas muitas almas que por cá viveram e que, sendo uma só, se não reconhece de cada vez que tem de se assumir e regar essa nova consciência... essa nova liderança do berço à cova e, para todo o sempre, naquela alma que sempre também nos diz em eterna voz: «Acredita, pois há Bem lá fora...».

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